Altering the course of history by strategic change: the case of Bunge/ Reescrevendo uma trajetoria a partir de mudancas estrategicas: um estudo de caso na Bunge/Reescribiendo una trayectoria a partir de mudanzas estrategicas: un estudio de caso en la Bunge.
Ribeiro, Fernando A. ; Ferreira, Manuel Portugal ; Contrigiane, Evandro 等
1. INTRODUCAO
A teoria do ciclo de vida organizacional nos leva a crer que a
trajetoria natural de uma organizacao a conduzira inexoravelmente ao
envelhecimento e extincao. No entanto, essa teoria tem sido questionada
pela pratica, que nos apresenta uma realidade nem sempre tao linear.
Enquanto algumas organizacoes, de fato, sucumbem e morrem, outras
superam as turbulencias na industria, no mercado e no proprio ciclo de
vida de seus produtos, para emergir competitivas. As empresas com maior
longevidade sobreviveram a mais crises e, em sua maioria, efetuaram
reposicionamentos estrategicos que renovaram a sua capacidade de
competir (GEUS, 1999).
A sobrevivencia e a prosperidade das organizacoes tem sido objeto
de preocupacao dos gestores, pesquisadores e de orgaos governamentais. O
Relatorio de Pesquisa 2004 (1), publicado pelo Sistema SEBRAE, no
Brasil, relata que o indice de mortalidade de micros e pequenas empresas
brasileiras com ate quatro anos de atividade chega a 59,9%. Mas, se a
maioria das empresas falha durante a sua infancia, outras chegam a ser
centenarias. Apesar da importancia do tema, poucos estudos buscaram
identificar os fatores que explicariam essa longevidade, assim como
ainda e pouco explorada a capacidade das empresas de procederem a
turnarounds em seus negocios. Apesar disso, ha evidencias casuisticas
que apontam alguns fatores internos e externos que poderiam levar a
empresa a situacoes extremas, bem como alguns fatores essenciais para o
desenvolvimento de um turnaround bem-sucedido (por exemplo, HOFER, 1980;
BIBEAULT, 1982; SLATTER, 1984; ROBBINS; PEARCE, 1992).
O foco deste artigo e examinar como as empresas reestruturam seus
negocios e se recuperam das crises ao longo do ciclo de vida.
Especificamente, buscar-se-a analisar como uma empresa e capaz de
utilizar seus elementos estrategicos e os fatores internos de alocacao
de recursos para alavancar a sua capacidade de efetuar mudancas
estrategicas quase radicais. Para esse fim, adotou-se uma estrategia de
estudo de caso, a partir da qual foi selecionada a empresa Bunge
Limited, que por suas caracteristicas e historia pode ser considerada um
revelatory case (YIN, 2005). O processo de turnaround da empresa ocorreu
no periodo entre 1991 e 2006, o que permitiu uma analise longitudinal. O
estudo de caso possibilitou apresentar uma descricao da empresa, da
situacao que a levou a necessidade de proceder a uma transformacao
substancial em seus negocios, das causas e do processo de mudanca na
Bunge. Dessa forma foi possivel investigar a estrategia seguida pela
empresa para efetuar com sucesso o turnaround.
Este artigo esta organizado em quatro partes. Inicia com uma
revisao da literatura fundamental, apresentando os principais teoricos
do tema mudanca estrategica e os conceitos de integracao vertical,
aprendizagem, aquisicoes e turnaround, com o foco teorico da
resource-based view (RBV). A seguir, revelam-se os aspectos
metodologicos do estudo do caso. Na sequencia, apresentam-se a empresa e
seu processo de turnaround, usando-se os conceitos de Mckiernan (2003)
para analisar as decisoes estrategicas assumidas pela empresa.
Conclui-se o artigo com uma discussao alargada, apontando pistas para
investigacoes futuras e implicacoes para a teoria e a pratica.
2. REVISAO DA LITERATURA
Nos ultimos anos, diversos estudos vem sendo desenvolvidos para
compreender a variacao do desempenho das empresas no decorrer de seu
ciclo de vida. De acordo com Serra, Fiates e Ferreira (2007), a perda de
competitividade, ou mesmo a mortalidade de algumas empresas, pode ser
observada no ranking da revista Exame--Maiores e Melhores, no qual se
percebe que grande parte das empresas que o integravam em 1974 ja foi
excluida da lista ou perdeu sua posicao. Tambem Williamson (2003)
mostrou que o numero de empresas capazes de sustentar lucros acima da
media por um periodo relativamente longo tem diminuido nas ultimas
decadas. A partir dos indices S&P 500 dos EUA e FT 100 da
Inglaterra, o autor notou que, desde o inicio da decada de 1990, menos
de 5% das empresas listadas conseguiram devolver lucros acima da media
aos seus acionistas durante cinco anos consecutivos. Essas constatacoes
caracterizam o declinio estrategico, ou strategy decay, que manifesta a
perda de capacidade competitiva de algumas empresas.
As empresas podem entrar em declinio estrategico por diversos
motivos internos ou externos, como transformacoes no setor de atividade
e progressos tecnologicos. No entanto, ao se depararem com esse
processo, precisam ter rapidez e flexibilidade para renovar os seus
modelos de gestao e/ou de producao, construindo novas fontes de vantagem
competitiva. Ainda de acordo com Williamson (2003), o processo de
renovacao nao requer apenas renovacao na carteira de produtos ou um
enfoque superficial na reducao de custos--exige tambem uma mudanca
significativa na forma pela qual a empresa constroi novas competencias,
capacidades e recursos que deem corpo a novas fontes de vantagem
competitiva. Na realidade, uma mudanca estrategica com inovacao pode
alterar: a quem a companhia serve (uma mudanca da sua base de clientes);
o que a companhia oferece aos seus clientes (uma mudanca na oferta); e
como a companhia prove valor ao seu cliente (uma mudanca na cadeia de
atividades e nos custos e/ou valores associados com cada atividade).
Williamson (2003) explica que, a fim de melhorar ou manter sua
posicao no mercado, uma organizacao deveria renovar continuamente o seu
modelo empresarial, criando um fluxo ininterrupto de inovacoes
estrategicas lucrativas, lancadas no mercado no momento oportuno. Ou
seja, a organizacao deve construir e gerir um portfolio de "opcoes
de futuro", alem de gerir as atividades atuais. O processo de criar
novas opcoes estrategicas envolve combinar a prospeccao de novos
recursos e competencias, que ampliam a base de conhecimento da companhia
sobre mercados e clientes, com a alavancagem de novas capacidades para
lidar com as mudancas. Uma empresa pode entrar num novo mercado
(geografico, industria ou tecnologico) simplesmente para aprender sobre
o mercado ou para ter acesso a conhecimentos que ainda nao possui. Essas
novas entradas sao, na realidade, investimentos na ampliacao do
portfolio de opcoes estrategicas. As aquisicoes de empresas ja
existentes, por exemplo, permitem o acesso a novos conhecimentos,
promovendo a aprendizagem (HAYWARD, 2002; FERREIRA, 2005).
2.1. Mudanca Estrategica
Varios sao os estudos acerca da mudanca. Hrebiniak e Joyce (1985)
apontam duas abordagens distintas: a voluntarista, que se destaca como
uma acao autonoma da organizacao, e a determinista, que reflete uma
imposicao ambiental da mudanca. Nos casos de turnaround, apesar de as
mudancas serem desenvolvidas por uma necessidade imposta por uma crise,
sao pensadas estrategicamente, de forma autonoma e voluntaria.
Nesse sentido, um processo de mudanca estrategica pode ser
realizado pela reconfiguracao do portfolio de negocios. Em alguns casos
isso pode significar um novo foco no core business ou core competences
da empresa (HAMEL; PRAHALAD, 1995). Williamson (2003) estabelece que a
empresa deveria escolher um portfolio limitado de opcoes estrategicas a
serem desenvolvidas ou melhoradas. Para isso, a empresa necessita saber:
I) quais capacidades alternativas precisa desenvolver para
satisfazer as provaveis necessidades dos clientes no futuro--por
exemplo, tecnologia digital ou analogica, globalizacao ou customizacao
local, grande ou pequena variedade de produtos, servicos padronizados ou
customizados, e assim por diante;
II) quais mercados potenciais poderao despontar no futuro, tanto do
ponto de vista de novos setores geograficos, ampliacao do atendimento
aos clientes atuais ou prospeccao de novos clientes, expansao da atuacao
no segmento atual ou exploracao de novos segmentos, quanto de novos
mercados surgidos de mudancas no comportamento dos clientes. O
conhecimento sobre a mudanca do comportamento dos clientes em razao do
crescimento do comercio eletronico, por exemplo, e relevante para
estimular um processo de aprendizagem organizacional que permita
responder eficazmente a essa demanda emergente no futuro.
Segundo Williamson (2003), a empresa tem que saber avaliar essas
visoes de futuro que se apresentam como possibilidades objetivas para
criar um bom portfolio de opcoes estrategicas. As diferentes
expectativas dos gestores, a percepcao dos gestores sobre sua propria capacidade (que Hambrick (1987) designa por managerial hubris) e as
heterogeneas dotacoes de recursos determinam que diferentes empresas
assumam diferentes opcoes estrategicas.
Quando a empresa decidir movimentar uma opcao, ela estara
investindo mais recursos nisso, movendo a opcao da fase da ideia para a
fase da experimentacao e, finalmente, para a fase da aventura. A partir
desta fase a opcao passara a fazer parte, ou nao, do portfolio de
negocios da companhia. Manter, entao, uma "pasta de opcoes"
envolve criar e administrar, segundo Williamson (2003), um
"duto" de opcoes em diferentes fases de desenvolvimento.
2.2. Integracao vertical
Uma das possibilidades estrategicas que se apresentam e a
Integracao Vertical, porem algumas empresas exploram seus beneficios a
tal ponto que constroem um nivel demasiadamente elevado de
diversificacao. Uma empresa e verticalmente integrada quando possui ou
controla os ativos em fases sucessivas da cadeia de valor, seja a
montante seja a jusante da sua atividade principal, e usa as producoes
de atividades a montante nas suas proprias producoes a jusante
(FRONMUELLER; REED, 1996). Ha, geralmente, um incentivo a integracao
vertical, como indicado na literatura existente. No entanto, isso
depende do tipo de produto, dos custos de transacao, da quantidade de
ativos especializados, do grau de poder de mercado em cada fase da
cadeia de valor e do grau de incerteza quanto a precos, quantidade e
qualidade que os fornecedores sao capazes de entregar. Em sintese, a
decisao de integrar verticalmente deve considerar os custos de mercado
(JONES; HILL, 1988), as imperfeicoes de mercado nos produtos
intermediarios (HENNART, 1982; RUGMAN, 1981; AFUAH, 2001), os custos de
transacao (MAHONEY, 1992; WILLIAMSON, 1971) e potenciais assimetrias de
informacao (RIORDAN; SAPPINGTON, 1987). As oportunidades de mercado ou o
proprio consumo interno que a empresa realiza podem tornar-se um
atrativo a integracao vertical; mas, consubstanciada na realidade, uma
maior diversificacao pode representar a perda de foco do seu core
business.
Os beneficios estrategicos da integracao vertical sao: a reducao da
dependencia de empresas fornecedoras, particularmente em mercados
cartelizados e quando o acesso a fornecimentos for dificil ou
ineficiente (WILLIAMSON, 1985), a criacao de barreiras a entrada de
novas empresas no setor (BAIN, 1954; SALOP; SCHEFFMAN, 1983) e a
possibilidade de um poder de negociacao com clientes e fornecedores
(PORTER, 1985). Adicionalmente, a integracao vertical permite maior
eficiencia por meio do controle da cadeia de valor (REEVE, 1990). No
entanto, a integracao vertical e uma faca de dois gumes
("two-edged" sword) (AFUAH, 2001). A integracao vertical
talvez nao seja a melhor opcao em mercados instaveis, em razao da
rigidez a que pode induzir (TEECE, 1992), que leva a empresa a ficar
presa numa competency trap (LEVINTHAL; MARCH, 1993), com custos
administrativos superiores (WILLIAMSON, 1985) e, assim, maior
probabilidade de insucesso na ocorrencia de alteracoes tecnologicas
(AFUAH, 2001).
Do ponto de vista estrategico e de manutencao da capacidade
competitiva, a integracao vertical isola a empresa, uma vez que esta
passa a olhar mais para dentro e se limita a comportamentos locais
(ROSENKOPF; NERKAR, 2001), tendo dificuldade de observar as mudancas no
mercado (RICHARDSON, 1996) que ocorrem para alem da sua visao imediata
(LEVINTHAL, 1997; MARCH, 1991). Alem disso, a gestao de empresas
verticalmente integradas e mais complexa e pode resultar em
ineficiencias administrativas e possivelmente custos mais altos de
producao (MAHONEY, 1992). Na realidade, considerando as desvantagens da
integracao vertical, e de acordo com a resource-based view, a empresa
deveria realizar apenas aquelas atividades que contribuem para atingir
os seus objetivos e que sao suportadas pelas vantagens (recursos ou
capabilities) especificas a empresa (HAMEL, 1991; TEECE; PISANO; SHUEN,
1997) ou pelo conhecimento especifico a empresa (GRANT, 1996).
2.3. Aprendizagem e Entrada Por Meio de Aquisicoes
As empresas podem investir em novos mercados por uma variedade de
motivos, tais como: atender a um maior numero de clientes, ter acesso a
recursos mais baratos, acompanhar a evolucao de clientes ou de
competidores, ultrapassar barreiras diversas e aprender (FERREIRA,
2005). De forma semelhante, as empresas podem optar por investir em
aquisicoes por muitos motivos, que Scherer e Ross (1990:159)
sintetizaram como segue: (a) monopolizar um setor e reduzir a
competicao; (b) obter eficiencia na producao reduzindo os custos e
promovendo economias de escala e especializacao; (c) atingir sinergias
por meio da coordenacao eficaz dos recursos complementares (exemplo:
P&D, capacidade de producao, capacidade de gestao, marketing, etc.);
(d) ultrapassar imperfeicoes no mercado de capitais e reduzir o custo do
capital, (e) reestruturar empresas fracamente geridas que passam por
dificuldades; e (f) beneficiar-se da especulacao que os efeitos de uma
aquisicao provocam no mercado de capitais (isto e, na Bolsa).
Por todas essas razoes, a decisao de realizar uma aquisicao e uma
decisao estrategica nao trivial. As estrategias das empresas, e em
particular as estrategias de conhecimento, podem incluir nao apenas a
alavancagem (ou exploracao) mas tambem a construcao (ou melhor, a
prospeccao) de novas knowledge-based capabilities (TALLMAN;
FLADMOE-LINDQUIST, 2002; FERREIRA, 2005). Por meio da aquisicao de
empresas ja instaladas, as empresas podem atender a novos mercados ou
aumentar seu portfolio de recursos e conhecimentos (KUEMMERLE, 1999;
FERREIRA et al., 2007) no mesmo setor ou em setores diferentes.
Presumivelmente, quanto mais a nova empresa operar em mercados
diferentes daqueles nos quais a empresa adquirente opera, maior o
potencial para aprender.
2.4. Turnaround
Todas as organizacoes passam por periodos de oscilacao em seu
desempenho e nem todas sobrevivem a esses altos e baixos. Uma lideranca
consciente e sensivel, capaz de adaptar-se a mudancas, pode conduzir um
processo de turnaround de sucesso. Segundo Mckiernan (2003), este e um
processo complexo e arriscado, que exige solucoes e percursos
idiossincraticos porque leva em conta as condicoes culturais,
financeiras e tecnologicas da organizacao e do contexto ambiental em que
esta inserida.
Nos processos de turnarounds, pesquisadores identificaram dois
estagios principais: o estagio da reducao e o estagio da recuperacao. O
primeiro compreende o corte de gastos e/ou a reducao das operacoes a um
ambiente controlavel, a fim de conter o declinio; os executivos sao
chamados a entrar em acao e a concentrar seus esforcos naquilo que
melhor sabem fazer. Em certos casos, e possivel que a medida de reducao
de custos e aumento da eficiencia operacional seja suficiente. No
entanto, quando o risco e elevado e iminente, acoes mais drasticas sao
necessarias, tais como a reducao dos ativos e a consolidacao das
operacoes pelo desinvestimento de atividades menos rentaveis, para
ganhar recursos financeiros e aumentar a eficiencia (ROBBINS; PEARCE,
1993). O segundo compreende um periodo em que a organizacao emprega
acoes apropriadas e especificas com o objetivo de reconquistar uma
posicao melhor no mercado. Para descrever como ocorre esse processo,
Mckiernan (2003) desenvolveu um modelo de seis fases (Figura 1), que
incorporam esses dois estagios.
Dessa forma, um primeiro passo numa estrategia de turnaround pode
embasar-se em estrategias de retrenchment, o que implica a empresa focar
a defesa das posicoes em que ainda mantem alguma competitividade
(ROBBINS; PEARCE, 1992). Por que? Em parte, porque o declinio
economico--acima designado de strategy decay--reduziu os recursos da
empresa; assim, e fundamental salvaguardar o que remanesceu, como
primeiro passo para a reconstrucao por meio da redistribuicao dos
recursos. Esse passo permite ainda ganhar maior flexibilidade
estrategica para tentar ultrapassar os problemas criados por uma
estrategia obsoleta e permitir implementar novas estrategias. Ou seja,
essa diminuicao no ritmo das operacoes (retrenchment) e essencial para
estabilizar a situacao, conceder viabilidade a empresa e permitir a
recuperacao de suas financas (SMITH; GRAVES, 2005).
Bibeault (1982) aponta quatro fatores-chave para um turnaround
bem-sucedido: um core business estavel, financeiramente solido e
competitivo tem de ser identificado e atingido (reduzindo-se, se
necessario, o escopo dos outros negocios ou mesmo desinvestindo
agressivamente); trabalhadores motivados; acesso aos recursos
financeiros necessarios para inovar e reforcar a posicao no seu negocio
central; e uma nova equipe de gestao competente e apoiada. Esses sao
fatores interdependentes. Em relacao a nova equipe de gestao, Schendel,
Patton e Riggs (1976) tambem a elegeram como um componente essencial ao
sucesso do turnaround.
As causas do declinio, geralmente descritas na literatura sobre
processos de mudanca, sao apresentadas como: comuns, semelhantes e
facilmente identificaveis. Essas causas incluem fatores como: fraco
controle financeiro, administracao ineficiente e colapso de mercados
fundamentais. Mckiernan (2003) propoe que essas sao causas secundarias
de declinio, pois em sua visao as razoes fundamentais do declinio estao
ligadas a aprendizagem organizacional.
[FIGURE 1 OMITTED]
E importante distinguir neste momento os termos reducao
organizacional e declinio organizacional. O primeiro, tambem designado
como downsizing ou retrenchment, e uma estrategia intencional para
ajustar a dimensao da organizacao em razao de fatores como diminuicao de
demanda, mercado em contracao ou sobrecapacidade de producao. O
declinio, por outro lado, e uma contracao nao intencional da discricao
(2) estrategica dos executivos da empresa (MCKIERNAN, 2003). O autor
classificou os varios conceitos de declinio evidenciados na literatura
em quatro grupos principais: (1) o declinio como uma deterioracao dos
recursos ou variaveis de acao (por exemplo: pessoal, ativos, patrimonio
liquido, tamanho da administracao ou outras variaveis medidas num certo
periodo/tempo); (2) o declinio como uma deterioracao do desempenho ou
variaveis de fluxo (por exemplo: lucros, vendas, fluxo de caixa,
produtividade, renda liquida, ou outras variaveis medidas em um
periodo/tempo); (3) o declinio como uma deterioracao da habilidade de
adaptacao a pressoes externas e internas; e (4) o declinio como uma fase
no ciclo de vida organizacional. Independentemente dos motivos de
declinio, as empresas poderao ter de proceder a turnarounds na tentativa
de uma recuperacao. Na Tabela 1 sao apresentados os sintomas mais comuns
de declinio, que nao sao exaustivos, mas representativos.
Nas secoes seguintes serao apresentados o metodo de caso usado, o
caso em si e sua analise, com suporte do referencial teorico exposto.
3. METODO
3.1. O Estudo de Caso
Este artigo e baseado num estudo de caso, portanto tem natureza
qualitativa (RICHARDSON et al., 1989). A pesquisa quanto aos fins e
descritiva, porque pretende apresentar de forma detalhada a realidade
investigada (VERGARA, 1997; BABBIE, 1979) para entender os fatores de
declinio e a estrategia de turnaround implementada. Quanto aos meios, a
pesquisa e bibliografica, documental e de campo (VERGARA, 1997; GODOY,
1995a, 1995b).
O estudo de caso e o metodo apropriado quando: se quer responder a
questoes do tipo 'como' e 'por que' certos fenomenos
ocorrem; nao se tem controle sobre os eventos que estao sendo estudados;
procura-se analisar fenomenos que estejam no contexto da vida real (YIN,
2005). A capacidade de contribuicao dos estudos de caso para a afirmacao
de modelos e frameworks teoricos foi reconhecida por Porter (1991:99):
"[o] maior uso de estudos de caso, tanto em livros, como em
artigos, sera necessario para o progresso real neste estagio". No
entanto, como afirmou Eisenhardt (1989), para que haja contribuicao
significativa e essencial escolher casos que sejam capazes de replicar
ou estender uma teoria emergente. Yin (2005) argumenta que a escolha de
casos unicos e direta, pois estes sao escolhidos seja por serem raros e
reveladores, seja por explicarem a existencia de um fenomeno. De acordo
com Eisenhardt e Graebner (2007:27), "a pesquisa de caso unico
oferece a oportunidade de explorar um fenomeno sob circunstancias raras
ou extremas".
A escolha do caso da Bunge para este estudo justifica-se por ser um
caso raro--uma empresa com quase duzentos anos de idade, ha mais de um
seculo no Brasil, e que passou recentemente por dificuldades,
recuperou-se e tornou-se lider. A restricao do periodo de estudo, de
1991 a 2006, e devida ao fato de o processo de reestruturacao ter
ocorrido nesses 17 anos. O resultado foi o recentramento do foco da
Bunge nas areas do agronegocio, fertilizantes e alimentos, com operacoes
em toda a cadeia produtiva--do produtor rural ao consumidor final. Mas,
em essencia, o caso mostra os principais componentes da capacidade de
uma organizacao de se renovar, alterar a sua estrategia e crescer
novamente.
A pesquisa bibliografica procurou abordar o referencial teorico e
teorico-empirico relacionado com a questao da pesquisa e com a empresa
estudada.
3.2. A Coleta e Analise dos Dados
Serra, Costa e Ferreira (2007) abordaram os aspectos fundamentais
referentes aos projetos de pesquisa com estudos de caso, indicando o
cuidado necessario com a coleta de dados de organizacoes e de seus
atores. Yin (2005) sugere diversas fontes para a coleta de dados em
estudos de caso: documentos e registros; entrevistas; observacao direta
e participante; evidencias fisicas. Yin (2005) tambem aponta tres
orientacoes na coleta de dados: triangulacao de dados, criacao de banco
de dados e relatorios do pesquisador, e encadeamento das evidencias das
questoes ao relatorio e vice- versa. A triangulacao de dados e
assegurada neste estudo pelo acesso a diferentes fontes de evidencias:
documentos internos e externos e entrevista com quatro executivos. A
pesquisa documental beneficiou-se do acesso ao Acervo do Centro de
Memoria da Bunge, em Sao Paulo, que disponibiliza dados historicos sobre
a empresa. Como a Bunge e uma companhia aberta desde 2001, os seus
relatorios anuais estao disponiveis para observacao.
De acordo com Gil (1994) e Yin (2005), apos a coleta de dados
procede-se a uma etapa de compilacao cujo objetivo e organizar e resumir
os dados--examinando, categorizando, classificando e recombinando as
evidencias quantitativas e qualitativas, de tal forma que possam
responder aos objetivos da pesquisa--, interpretando-os depois face o
referencial teorico utilizado. Utilizou-se da tecnica de analise de
conteudo para a analise dos documentos e das entrevistas, como proposto
por Bardin (1977). Essa tecnica, fundamental para a construcao,
descricao e interpretacao dos dados, tambem demanda que se considere a
adequacao do conteudo aos objetivos da pesquisa e a relevancia deste
para esses objetivos (MORAES, 1999). A analise de conteudo efetuada
seguiu Barin-Cruz, Pedrozo e Silva (2005), para os documentos e
entrevistas: (a) pre-analise, com selecao das partes e documentos a
serem analisados; (b) investigacao dos materiais, que foram extraidos e
divididos em unidades de discurso, as quais focaram os topicos para a
proposicao das categorias iniciais; (c) tratamento dos resultados,
quando sao feitas inferencias nas categorias iniciais, que sao
suportadas pelos documentos ou testemunhos dos entrevistados e pelo
referencial teorico.
O referencial teorico usado foi o da resource-based view (RBV),
especificamente porque permitia a analise da crise da Bunge, da sua
recuperacao e dos quesitos considerados restritivos ao seu desempenho
(SERRA; FIATES; FERREIRA, 2007). Nota-se que Alves-Mazzotti e
Gewandsznajder (1998) referem-se ao fato de que adotar uma corrente
teorica nao e impeditivo de adicionar outras categorias no decurso do
trabalho, desde que nao sejam incompativeis com o ponto de vista
inicial. A revisao teorica efetuada na primeira parte deste artigo
reflete o principal dos aspectos que foram abordados.
4. O CASO BUNGE LIMITED
4.1. A Empresa Bunge
A Bunge, uma empresa transnacional, foi fundada em 1818 na Holanda.
Trata-se de uma empresa quase lider mundial no processamento de
oleaginosas e na venda de oleos vegetais, cujo faturamento foi de US$
26.2 bilhoes em 2006. Atualmente, esta presente em mais de 30 paises, em
quatro continentes, e emprega diretamente mais de 22 mil pessoas (BUNGE,
2007d).
A Bunge foi fundada pelo alemao Johannpeter Bunge, com o objetivo
de comercializar os produtos e graos das colonias holandesas. Desde
entao, a empresa mudou de sede varias vezes, passando por diversos
paises, incluindo o Brasil, onde detem sua operacao mais importante
(Tabela 2). Hoje, a sede corporativa mundial da Bunge esta localizada em
White Plains, Estado de Nova York, nos Estados Unidos (HISTORICO DO
GRUPO BUNGE, 2006).
A Bunge se tornou um grande expoente do agronegocio brasileiro e
mundial depois de implementar uma mudanca estrategica que transformou a
face de seus negocios. O grupo entrou na decada de 90 com atuacoes muito
diversificadas, que incluiam, dentre outros, cimento, tintas,
agronegocio, financeiro, empreendimentos imobiliarios, informatica e
seguros. Eram mais de uma centena de empresas de diversos setores
(Tabela 3) espalhadas pelo mundo. No inicio da decada de 90, a Bunge
estava em dificuldades, acumulando quatro anos de prejuizos consecutivos
e perdida em sua propria e excessiva diversificacao.
Em 1991 a empresa havia acumulado, so no Brasil, dividas de 472
milhoes de dolares e um prejuizo admitido de 93 milhoes, sendo notorio o
declinio gradual do faturamento e os resultados negativos (prejuizos).
Algo estava profundamente errado, o que fez emergir a necessidade de
iniciar um processo de reestruturacao e redirecionamento estrategicos. A
nova estrategia, definida por uma nova equipe executiva (Top Management
Team), foi concentrar-se no processo que vai do cultivo a fase de
industrializacao de apenas alguns produtos agricolas. Essa nova
estrategia deu resultado e, em 2006, a Bunge ja faturou mais de 26
bilhoes de dolares, com um lucro bruto de 1.571 bilhao de dolares
(BUNGE, 2007d).
A Bunge e hoje a maior processadora mundial de oleaginosas, atuando
no Brasil, Estados Unidos da America, Argentina, Canada e Leste Europeu.
E lider mundial na venda de oleos vegetais para consumidores. E a
principal fornecedora norteamericana de oleo refinado para as cadeias de
food service e a lider sul-americana na producao de fertilizantes e
ingredientes para nutricao animal. No Brasil, tem operacoes em 16
Estados, produz fertilizantes e ingredientes para a nutricao animal, bem
como processa e comercializa soja, trigo, milho e outros graos e prepara
materia-prima para a industria de alimentos e produtos alimenticios para
o consumidor final (BUNGE, 2007d).
4.2. O Conundrum e a Acao
O historico da Bunge mostra um padrao estrategico magnifico na
forma pela qual a empresa usa a aquisicao de outras empresas para entrar
em novos espacos de atuacao--sejam estes mercados geograficos, sejam
novos setores de atividade. A Bunge emerge nos anos 90 como um grande
conglomerado, no qual ha algum potencial para sinergias, as quais,
porem, nao sao exploradas. Em consequencia, nessas condicoes os custos
administrativos tem de ser significativos e a perda de foco estrategico
e uma consequencia da ampla gama de negocios e empresas nao relacionadas
que a Bunge controla.
Analisando-se a evolucao dos negocios da Bunge, percebe-se que, no
inicio, dedicando-se ao agronegocio, a empresa valeu-se de
oportunidades, como a ida para a Argentina, aproveitando-se do potencial
de producao de graos e dos canais ja existentes na empresa europeia. De
outra parceria no Brasil, ja no inicio do seculo XX, passa a produzir
oleo de algodao da sobra do caroco no beneficiamento do algodao. Alem do
aproveitamento de residuos, criou um novo mercado, pois a cultura
brasileira da epoca era a de usar banha de porco na cozinha. De forma
similar, o lancamento do oleo de amendoim tambem mudou os habitos
alimentares dos brasileiros.
A atividade textil aconteceu pela necessidade de sacos de algodao
para embalar a farinha do Moinho Santista. Neste caso, a integracao
vertical foi possivel em razao da diversificacao, que permitiu o
aproveitamento das instalacoes ja existentes no conglomerado e o
fornecimento do algodao para as lojas de tecidos e confeccoes. Do
algodao, a empresa passou a la e aos fios, expandindo sua atuacao e
tornando-se um grande grupo textil.
As estrategias de diversificacao e de integracao vertical nao foram
adotadas de forma aleatoria, mas sim como consequencia de um negocio ja
em operacao. A entrada na industria quimica, por exemplo, foi uma
consequencia de sua atuacao no setor de fertilizantes. Para a exploracao
dos fertilizantes, importantes para a atividade agricola, que sempre foi
fundamental na economia brasileira, era necessario o acido sulfurico, o
que levou a empresa a atuar no setor quimico e, pelos conhecimentos
adquiridos, na producao de tintas, em razao da demanda da construcao
civil durante o milagre brasileiro.
Assim, o problema e que, no inicio da decada de 90, o Grupo
tornou-se bastante diversificado, possuia mais de 100 empresas em
diversos setores, desenvolvidas a partir de oportunidades/necessidades e
da propria integracao: industrias, bancos, imobiliaria, processamento de
dados, producao de comutadores, entre outros.
Do ponto de vista do ambiente externo, emergiram os desafios que
apontavam para a necessidade de mudanca. A empresa deixou assim de
conseguir competir. A crescente abertura da economia brasileira, somada
as reducoes das barreiras de importacao, durante o Governo Collor e
depois com o Plano Real, levaram a Bunge a enfrentar problemas com os
resultados de seus negocios e a entrar numa aspiral de declinio
corporativo, causada por problemas internos (controle financeiro pobre,
politica financeira ineficiente, capital de giro insuficiente, estrutura
com altos custos e formulacao estrategica pobre) e externos (elevacao da
competicao, novas politicas de governo e mudancas na macroeconomia).
Mckiernan (2003) considera esses problemas como causas secundarias de
declinio (ver Tabela 4).
4.3. Recentrando no Core Business
Essa combinacao de fatores forca o Grupo a iniciar uma
reestruturacao no seu modelo de negocios. O processo de turnaround
iniciado na decada de 90 e urgente, depois de quatro anos consecutivos
acumulando prejuizos elevados. Em essencia, a Bunge iniciou uma mudanca
estrategica significativa no final da decada de 90, voltando as origens
e dedicando-se ao agronegocio, explorando integradamente a cadeia de
valor ligada aos graos e aos fertilizantes. Assim, a atuacao do
turnaround centrou-se na reducao dos niveis de diversificacao de
negocios e na diminuicao da integracao vertical em alguns negocios. Isto
e, ha um claro retrenchment ou redimensionamento, com diminuicao das
operacoes nao relacionadas. Os principais movimentos estrategicos, no
Brasil, ao longo da vida do grupo Bunge e na origem de suas duas
subsidiarias integrais, a Bunge Fertilizantes e a Bunge Alimentos, antes da reestruturacao, sao mostrados na Tabela 5 e apresentados em seguida.
As apostas e acoes estrategicas eram aparentemente coerentes,
sobretudo a diversificacao de negocios--na sua maioria pela integracao
vertical--, dado que visavam explorar oportunidades existentes. Em
grande medida, as oportunidades resultavam de imperfeicoes do mercado
brasileiro, muito isolado e protegido por barreiras comerciais, que
favoreciam os grandes conglomerados. Um novo cenario externo rapidamente
revelou a falta de competitividade e imprimiu urgencia a necessidade de
reestruturacao.
O dilema era patente: reestruturar sim, mas como, se manter os
negocios isolados e descentralizados estava minando os resultados? A
opcao adotada foi desfazer-se de ativos nao relacionados (alguns deles
bastante rentaveis), a fim de apostar nas origens da organizacao. Foi
uma decisao dificil e que implicou a criacao de uma nova estrutura
organizacional e de poder no Grupo. A decisao da Bunge consistiu em
focar suas atividades no agronegocio, de forma integrada e global,
desfazendo-se dos negocios que nao tinham relacao com o core business
definido e direcionando seus investimentos para aquisicoes e
implementacao da nova estrategia (ver Tabela 6).
As acoes da Bunge materializaram-se em uma reestruturacao apoiada
em aquisicoes, investimento em novas instalacoes, foco na qualidade e no
desenvolvimento de novos produtos, alem de nas atividades de
responsabilidade social e de qualidade de vida no trabalho. A grande
diferenca em relacao aos anos anteriores foi o foco em uma estrategia
clara e a convergencia de fatores em torno dessa estrategia: sustentacao
financeira e recursos humanos e organizacionais. Essas mudancas foram a
base para a aposta global da Bunge.
4.4. Elementos do Turnaround
A necessidade de turnaround da Bunge foi motivada pelos maus
resultados do conglomerado das empresas ao longo do final da decada de
80. Seguindo-se a classificacao sugerida por McKiernan (2003), o
declinio da Bunge ocorreu tanto por aspectos ligados a deterioracao dos
seus recursos ou variaveis de acao (dispersao de ativos, tamanho da
administracao, por exemplo), somados a deterioracao do seu desempenho
(reducao de lucros, problemas de caixa, produtividade e faturamento),
quanto pela deterioracao da habilidade de se adaptar a pressoes externas
e internas.
O turnaround, iniciado na decada de 90, comeca com uma mudanca na
equipe dirigente--a contratacao de um executivo, Ludwig
Schmitt-Radhen--, para trazer arrojo e agressividade a empresa. No
momento inicial do turnaround (a "recuperacao", como definida
por Mckiernan, 2003), focaram-se o enxugamento da administracao, a
adequacao da estrutura, as atividades de negocio em cinco areas e a
redefinicao da vocacao estrategica dos negocios. Na pratica, essas
medidas resultaram na descentralizacao da administracao e na reducao dos
niveis hierarquicos, o que significou uma poupanca anual de cerca de US$
150 milhoes, bem como na implantacao de um projeto de TQM (Total Quality
Management) para racionalizacao de custos e de processos. A lideranca,
como referido por McKiernan (2003), foi um dos elementos criticos da
recuperacao, e o novo CEO da Bunge trouxe uma nova estrategia e uma nova
forma de atuacao.
O segundo elemento foi a consolidacao dos negocios, para aumentar a
sinergia estrategica entre os mesmos. A consolidacao foi feita em cinco
areas de negocios: trigo e derivados (Moinho Santista Alimentos); soja e
produtos de consumo (Sanbra/Sanrig); textil (Tecidos Tatuape); cimento e
fosfatados (Serrana); tintas (Tintas Coral). Ainda assim, o grupo
continuava tentando buscar aliancas para aumentar o potencial de outros
negocios em que mantinha operacoes: seguros, informatica, imobiliaria e
financas. O resultado desta primeira fase foi a alienacao de patrimonio,
com a reducao do numero de empresas do grupo de 100 para 30. A Tabela 7
resume as acoes de Ludwig Schmitt-Radhen para esta fase do turnaround da
Bunge.
A partir dessa primeira fase de turnaround, a Bunge passou a uma
fase de "renovacao" (McKiernan, 2003). Apos centrar o foco de
atuacao nas areas de alimentos, textil e quimico, fosfatados e tintas,
pela incorporacao de diversas empresas e pela transferencia de outras, a
partir de 1994 a empresa reorientou seu foco estrategico para uma volta
ao crescimento. Desse periodo ate 1996, sob a lideranca de Weisser,
reduziu suas areas de atuacao de cinco para tres: agronegocios,
alimentos e fertilizantes. Desta vez alienou tudo o que estava fora do
foco estrategico pretendido e utilizou-se dos recursos, neste caso cerca
de US$ 2 bilhoes, para fazer novas aquisicoes de empresas que estavam no
seu core business. Assim, este periodo foi fortemente marcado por novas
aquisicoes, mas de empresas cujas atividades estavam dentro do foco
estrategico pretendido, e pela continuada alienacao das empresas fora do
foco.
5. DISCUSSAO
Este estudo nao versou sobre a longevidade de empresas, mas sobre
como empresas com maior longevidade conseguem fugir a tentacao de ficar
presas as suas atividades correntes e conseguem mudar, quer face aos
eventos ambientais, quer pela necessidade de reposicionar
estrategicamente sua carteira de negocios, recursos e ativos. Nesse
contexto, o estudo deste caso tornou possivel a compreensao da forma
pela qual uma empresa conseguiu operar com sucesso processos de
reestruturacao e turnaround que impactaram significativamente a
configuracao de suas atividades desenvolvidas. E assim uma importante
contribuicao para a area de estrategia, e mais especificamente para o
estudo das mudancas estrategicas em contextos de declinio.
O caso da Bunge demonstra a importancia da mudanca da equipe
executiva num processo de reestruturacao. O CEO e quem estabelece a
visao e a direcao que a empresa persegue, sendo assim um recurso
fundamental (BARNEY, 1991; AMIT; SCHOEMAKER, 1993; PETERAF, 1993; SERRA;
FIATES; FERREIRA, 2007). Neste caso, como nos casos estudados por Serra
e Lissoni (2006) e Serra, Fiates e Ferreira (2007), o lider e a equipe
executiva emergiram como um recurso determinante para o sucesso da
organizacao. No inicio do processo de reestruturacao da Bunge e, a
seguir, na passagem deste para o processo de recuperacao, durante o
turnaround da empresa, aconteceram mudancas importantes na lideranca e
na equipe executiva. Segundo um executivo do Grupo Bunge: "O atual
presidente da companhia, Alberto Weisser, era o CFO na epoca e teve uma
participacao decisiva na conducao do processo de recuperacao da
Bunge". De fato, varios pesquisadores, tais como Robbins e Pearce
(1992) e Barker e Mone (1994), haviam sugerido que a forma com que os
executivos tratam os problemas da empresa e fundamental, uma vez que o
sucesso, ou o fracasso, do turnaround depende mais da implementacao da
estrategia do que da escolha da estrategia em si. Por outro lado,
observa-se tambem como mudancas no ambiente externo podem exigir
alteracoes no proprio portfolio de negocios das empresas, situacao que
caracteriza um ambiente determinista de mudanca (HREBINIAK; JOYCE,
1985). Nesse sentido, este assunto requer uma investigacao mais
aprofundada para determinar o real impacto da equipe executiva em um
processo de reconfiguracao de competencias.
Na analise das causas do declinio, observou-se, como dito
anteriormente, que o ambiente externo teve uma forte influencia no
declinio organizacional. Os prejuizos acumulados tiveram algumas causas
externas, como as mudancas na macroeconomia brasileira, que passou de um
modelo de economia fechada para um regime de economia aberta, e as
reducoes nas barreiras de importacao, ambas ocorridas no decurso do
Governo Collor, de 1990 a 1992, seguidas do lancamento do Plano Real, em
1993.
Adicionalmente, as causas internas de declinio, de acordo com os
dados e informacoes analisados, foram: controle financeiro pobre,
politica financeira ineficiente, capital de giro insuficiente, estrutura
com altos custos, erros na formulacao estrategica e administracao
ineficiente. Essas causas sao apontadas na fundamentacao teorica de
McKiernan (2003), conforme a Tabela 8.
A literatura sobre estrategia estipula a importancia de manter o
foco estrategico da empresa, concentrando sua atencao e seus recursos
nas atividades fundamentais geradoras de valor (isto e, no core
business) (ver, por exemplo, Hamel e Prahalad, 1995, ou Serra, Fiates e
Ferreira, 2007). A reestruturacao da Bunge visou exatamente uma
reorientacao para o crescimento global focado no agronegocio, o que e
aconselhavel ante as perspectivas de crescimento do mercado. Como afirma
Alberto Weisser, presidente da Bunge:
A demanda mundial por graos cresce 3% ao ano e vai continuar a se
expandir, principalmente na Asia. As agriculturas dos Estados Unidos,
Europa e Asia estao limitadas ou ate diminuindo. Isso significa que a
responsabilidade do Brasil de prover o mundo com graos vai aumentar. Em
cinco anos, a exportacao de milho e soja vai ter de dobrar. O Brasil
tera de alimentar o mundo. E nao e um direito ou uma oportunidade. E uma
obrigacao.
Temos que olhar o mundo como um todo. E uma cadeia. Entao, vemos a
originacao do negocio na America do Sul e o destino na Asia. Fazemos a
ponte. No Brasil, estamos investindo US$ 1 bilhao ate 2007.
O nosso objetivo e melhorar a cadeia do agronegocio. Quanto mais
eficientes nos formos, maior vai ser a receita ao produtor.
Comecamos com soja e temos grande importancia na area de
fertilizantes. O casamento da cadeia e importante: fertilizantes com
soja. Em outros paises do mundo, somos hoje o maior processador de
girassol. O Brasil tambem vai ter de ser muito importante na producao de
milho, uma vez que vai faltar milho no mundo. Se surgirem outras
oportunidades, por que nao? (BUNGE, 2007b).
A escolha do foco e suportada pela estrategia da Bunge (2004):
Nosso objetivo e tornarmo-nos a melhor companhia do mundo em
alimentos e agronegocios por intermedio de: satisfacao de clientes e
fazendeiros, excelencia operacional, retornos financeiros e funcionarios
motivados.
Esse e o foco estrategico que direcionou a formulacao da
estrategia, estabelecendo os criterios para alocacao, desdobramento e
desenvolvimento de recursos. E de salientar a forma pela qual a Bunge
efetuou o seu reposicionamento: tanto pela alienacao da maioria das suas
empresas como pela aquisicao de novas empresas. Serra, Fiates e Ferreira
(2007:12) sugeriram que a "aposta esta ligada ao risco para uma
grande mudanca ou, principalmente, para uma grande recompensa". No
caso da Bunge, o foco foram as commodities. O negocio foi todo
reestruturado para atender ao foco pretendido de agronegocios.
Nas palavras de um executivo da Bunge:
Ate os anos 90, o mercado brasileiro era protegido contra os
produtos importados... Com a eleicao do Presidente Collor, subitamente,
o mercado brasileiros foi aberto para a concorrencia estrangeira. Nessa
epoca, a Bunge era um conglomerado de diversas companhias em diferentes
setores: agribusiness, cimento, tinta, banco, seguradora, textil e
outras. Era dificil tornar-se eficiente em varias frentes ao mesmo
tempo. Com a globalizacao, a competicao ficou muito forte. A Bunge
decidiu concentrar-se em seu core business--desde sua fundacao em 1818
na Holanda -, o agribusiness.
Adicionalmente, a operacao financeira saudavel foi fundamental
tanto para o sucesso da Bunge como para dar suporte ao desenvolvimento
de outros recursos (SERRA; FIATES; FERREIRA, 2007). As financas foram
equilibradas e foram liberados meios financeiros para efetuar o
crescimento no core business com a alienacao de mais de 70 empresas do
grupo. Esses recursos oriundos das vendas de ativos foram empregados de
forma consistente na reestruturacao. Enfim, os resultados bem-sucedidos
sao demonstrados pelo crescimento tanto do volume de negocios quanto do
lucro (Tabela 9).
6. NOTAS FINAIS
Neste estudo buscou-se contribuir para o entendimento da forma pela
qual as empresas se reestruturam e se recuperam de crises ao longo de
seu ciclo de vida. O estudo foi suportado pela analise do caso do
processo de turnaround da empresa Bunge Limited durante a decada de
1990. Este caso e revelador nao apenas por ser o de uma empresa com
quase duzentos anos, mas tambem por esta ter ultrapassado, no final dos
anos 80, um periodo dificil do qual saiu apos grandes mudancas
estrategicas como um dos maiores grupos do mundo em agronegocios. O
trabalho teve como objetivo geral verificar como os elementos
estrategicos e os fatores internos de alocacao de recursos influenciaram
na capacidade de recuperacao em momentos de crise e na implementacao das
recentes mudancas estrategicas na Bunge. No estudo do caso destacou-se a
necessidade de mudanca na Bunge e descreveu-se o processo percorrido,
procurando-se identificar os aspectos importantes. A analise, a partir
deste objetivo, contribuiu para que se alcancasse o segundo objetivo
especifico: identificar os recursos fundamentais utilizados e
desenvolvidos para a mudanca.
As implicacoes e recomendacoes para a teoria e a pratica sao
varias. Para os academicos, este trabalho mostra a importancia de fazer
uma analise profunda de quais sao efetivamente os recursos fundamentais
da empresa. Ainda que muitas variaveis possam ser consideradas recursos,
o que tem rendido muitas criticas a RBV (PRIEM; BUTLER, 2001; FOSS;
KNUDSEN, 2003), o conhecimento dos pilares fundamentais da estrategia ou
os recursos estrategicos basilares ainda sao mal conhecidos (SERRA;
FIATES; FERREIRA, 2007). Efetivamente, o trabalho de Serra, Fiates e
Ferreira (2007) aponta alguns recursos fundamentais que incluem a
generalidade de outros fatores analisados na literatura existente (lider
e equipe executiva e recursos humanos e financeiros) e restricoes para a
escolha e desdobramento de recursos estrategicos (foco estrategico e
aposta estrategica) que orientam a formulacao e implementacao da
estrategia.
E tambem importante que os academicos foquem os estudos de caso
para melhor compreender a estrategia das empresas. O estudo de casos
"reveladores" possibilita obter a perspectiva longitudinal que
os dados empiricos geralmente nao permitem, por nao estarem disponiveis.
Possibilita, assim, analisar, por exemplo, os fatores de longevidade e a
forma pela qual, ao longo dos anos as empresas conseguem reestruturar-se
reconfigurando o portfolio nao apenas de negocios, mas tambem de
competencias e recursos.
Para os executivos, e evidente a importancia de manter o seu foco
estrategico. Esta recomendacao, que nao e nova nem original, vai ao
encontro de varios outros trabalhos bastante conhecidos que estipulam a
importancia de focar o core business ou as core competences.
Efetivamente, as estrategias de crescimento em conglomerado, com
elevados niveis de diversificacao, em particular de diversificacao nao
relacionada, sao dificilmente sustentaveis na atualidade. De forma
similar, a integracao vertical nem sempre e uma estrategia otima. Hoje,
a concorrencia e cada vez mais global e empresas especializadas de todos
os quadrantes do mundo operam internacionalmente. Pensar que a empresa
consegue ser competitiva realizando internamente uma ampla gama de
atividades da cadeia de valor e pouco razoavel.
Em sintese, um processo de turnaround bem-sucedido exige que a
empresa reavalie o seu portfolio de negocios e competencias para fazer
face as alteracoes no mercado e na concorrencia. Em primeira instancia,
este processo pode requerer a mudanca da lideranca, mas assenta tambem
na definicao clara de qual e o foco estrategico para se manter
competitivo e na disponibilidade de recursos (humanos, tecnicos e
financeiros) para a reorientacao da empresa.
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(1) Relatorio de pesquisa--agosto de 2004: pesquisa amostral nas 26
unidades da Federacao e no Distrito Federal, visando a identificacao das
taxas de mortalidade das empresas de pequeno porte no Brasil. Disponivel
em: <http://www.sebrae.com.br /br/mortalidade%5Fempresas>.
(2) Discricao, neste contexto, refere-se a extensao do dominio que
os executivos/gerentes possuem sobre os recursos (MCKIERNAM, 2003).
Fernando A. Ribeiro Serra, Manuel Portugal Ferreira, Evandro
Contrigiane e Gabriela Goncalves Silveira Fiates
Fernando A. Ribeiro
Serra Doutor em Engenharia pela PUC-Rio. Pos-graduado em Management
pela FGV. Pos-doutorando na FEA-USP com pesquisa em Estrategia,
principalmente em Declinio das Organizacoes. Professor e Pesquisador da
Universidade do Sul de Santa Catarina--SC, Brasil E-mail:
fernando.serra@unisul.br
Manuel Portugal Ferreira
Doutor em Business Administration pela David Eccles School of
Business da Universidade de Utah, EUA. Professor Coordenador no
Instituto Politecnico de Leiria (IPL), Portugal. Diretor do centro de
investigacao globADVANTAGE--Center of Research in International Business
& Strategy E-mail: portugal@estg.ipleiria.pt
Evandro Contrigiane
Pos-Graduacao em Administracao Estrategica pela Universidade do Sul
de Santa Catarina. MBA em Marketing pela FGV-RJ. Pos-Graduacao em
Desenvolvimento Gerencial pela Fundacao Faculdade Estadual de Ed.
Ciencias e Letras de Paranavai--PR, Brasil E-mail: contrev@bol.com.br
Gabriela Goncalves Silveira Fiates
Mestre e Doutora em Engenharia de Producao pela Universidade
Federal de Santa Catarina. Professora e Pesquisadora da Universidade do
Sul de Santa Catarina--SC, Brasil E-mail: gabriela.fiates@unisul.br
Recebido em: 1/7/2008
Aprovado em: 14/12/2009
Tabela 1: Sintomas comuns de declinio
Material Administrativo Comportamental
* Plantas e * Paralisia * Cultura de fatalismo
equipamentos velhos administrativa e cinismo
* Dificuldade de * Alto turnover * Aumento da burocracia
acesso as materias- de bons empregados * Empregados nao
primas * Reunioes de assumem a culpa por
* Repetidos fracassos emergencia suas falhas.
no lancamento de das diretorias * Carencia de senso de
produtos * Perda de urgencia
* Carencia de credibilidade da * Falta de estrategias
investimentos em assessoria senior * Declinio nos niveis
novas tecnologias * Alto absenteismo de servicos
* Produtos obsoletos * Perdas embaracosas * Problemas sao
de CEOs ignorados
* Carencia de
lideranca
Material Financeiro
* Plantas e * Problemas de
equipamentos velhos contabilidade
* Dificuldade de * Planos financeiros de
acesso as materias- reestruturacao
primas * Decrescimo: lucros,
* Repetidos fracassos vendas, liquidez e
no lancamento de dividendos
produtos * Deterioracao da geracao
* Carencia de de valor para o acionista
investimentos em * Aumento das dividas
novas tecnologias * Criacao de fundos para
* Produtos obsoletos repor perdas
* Refinanciamento publico
Fonte: Adaptado de Slatter e Lovett (1999), Grinyer, Mayes e McKiernan
(1988) e Neumair (1998) apud Mckiernan (2003).
Tabela 2: Evolucao da Bunge
ANO FATOS
1818 Fundada em 1818, em Amsterda, Holanda, por Johannpeter G.
Bunge, um negociante de origem alema, para comercializar
produtos importados das colonias holandesas e graos.
1859 Transfere sua sede para Antuerpia, Belgica, e inicia negocios
na Asia e Africa, ja sob o comando de Edouard Bunge, neto do
fundador.
1884 Em 1884, Ernest Bunge, irmao de Edouard, muda-se para Buenos
Aires, Argentina, onde, com outros socios, constitui uma
empresa coligada de nome Bunge Y Born, com o objetivo de
participar do mercado de exportacao de graos do pais.
1905 Expandiu-se para o Brasil, onde cresceu enormemente. Em Santos,
no Estado de Sao Paulo, a Bunge participa do capital da S.A.
Moinho Santista Industrias Gerais, empresa de compra e moagem
de trigo, e comeca a adquirir diversas empresas nos ramos de
alimentacao, agribusiness, quimico, textil, entre outros.
1923 Compra a empresa Cavalcanti & Cia., em Recife, que resultou na
formacao da Sanbra--Sociedade Algodoeira do Nordeste
Brasileiro, empresa especializada na compra, beneficiamento e
exportacao de algodao.
1929 A demanda por sacos de algodao para embalar as farinhas
produzidas nos moinhos de trigo levou a compra da Fabrica de
Tecidos Tatuape S.A., em Sao Paulo. Lancamento do Oleo Salada,
primeira marca de oleo de algodao para fins alimenticios.
1938 Iniciadas as atividades de mineracao de rocha fosfatica,
industrializacao e comercializacao de fertilizantes, materias/
primas e nutrientes fosfatados, com a constituicao da Serrana
Mineracao, em Jacupiranga/SP, para explorar uma reserva de
calcario na Serra do Mar.
1947 Constitui a Fertimport, em Santos-SP, para administrar o
transporte de materia-prima da Serrana.
1955 Constitui uma Fundacao dedicada ao incentivo da educacao e da
cultura do Pais.
1991 Decide centrar o foco de atuacao nas areas de alimentos, textil
e quimico, fosfatados e tintas, incorporando diversas empresas
e transferindo outras que diferiam de suas areas de negocio.
1995 Procede a uma reorientacao estrategica e abandona os negocios
nas areas textil, cimentos e tintas, mantendo-se nos setores de
alimentos, agribusiness e fertilizantes.
1997 Adquire a Ceval, maior esmagadora e processadora de soja do
Brasil, hoje Bunge Alimentos. E, para ampliar a sua
participacao no setor de fertilizantes, adquire o controle da
IAP, hoje Bunge Fertilizantes. Incorpora a unidade de negocios
de fertilizantes da Elekeiroz, adquire parte do capital da
Takenaka e inicia a venda de fertilizante aplicado.
1998 Criada a Bunge Global Market, hoje Bunge Global Agribusiness,
uma empresa de atuacao mundial, especialmente voltada ao
cliente e responsavel pelo comercio internacional de
commodities da empresa. Com ela, a Bunge tem acesso aos
mercados mais promissores do mundo e amplia consideravelmente
sua presenca internacional, firmando-se, cada vez mais, como
uma empresa globalizada.
Sai do mercado de produtos alimenticios industrializados para
voltar aos mercados de origem, ou seja, commodities agricolas,
fertilizantes e produtos alimenticios com alto volume de
consumo, tais como oleos comestiveis, margarinas, lecitinas e
farinhas para a industria de alimentos.
2000 Adquire a industria de fertilizantes Manah, lider no setor de
fertilizantes, e, para fortalecer sua posicao no mercado de
fertilizantes e alimentos no Brasil, cria a Bunge
Fertilizantes, pela juncao da Serrana com a Manah, a IAP e a
Ouro Verde.
2001 Reestrutura o capital acionario das empresas Bunge Alimentos e
Bunge Fertilizantes, criando a Bunge Brasil S.A. A nova empresa
nasce como a maior produtora de fertilizantes da America do
Sul, maior processadora de trigo e soja da America Latina e
maior fabricante brasileira de margarinas, oleos comestiveis,
gorduras vegetais e farinhas de trigo. Faz a aquisicao da La
Plata Cereal, uma das maiores empresas de agribusiness da
Argentina, com atividades no processamento de soja,
industrializacao de fertilizantes e instalacoes portuarias
nesse pais. Com essa aquisicao, a Bunge torna-se a maior
processadora de soja nesse pais.
2002 Adquire o controle da Cereol, empresa de agribusiness com forte
atuacao na Europa e Estados Unidos, ampliando assim seus
negocios na area de ingredientes e fortalecendo sua atuacao no
setor de oleos comestiveis. Torna-se a maior processadora de
graos oleaginosos do mundo.
2003 Em Sant Louis, Estados Unidos, Bunge e Dupont se associam na
joint venture Solae, para atuar no desenvolvimento e na
producao de ingredientes funcionais, setor do qual a Bunge e
uma das lideres por meio da Bunge Alimentos.
2004 Adquire 40% da Polska Oil, produtor polones de oleo comestivel
engarrafado, e, no Vietna, assina um acordo de processamento
exclusivo com a Phu My Port. No Brasil inicia uma parceria com
a America Latina Logistica (ALL), para o transporte dos seus
produtos.
2005 Para melhorar seu posicionamento em mercados crescentes,
adquire a primeira planta para processamento de soja na China.
2006 Abre uma nova fabrica de esmagamento de soja em Bilbao, na
Espanha. Abre uma engarrafadora de oleo em Fort Worth, Texas, e
inicia a construcao de uma refinaria de oleo em Ontario, EUA.
2007 Tem unidades industriais, silos e armazens nas Americas do
Norte e do Sul, Europa, Australia e India, alem de escritorios
da Bunge Global Agribusiness em varios paises europeus,
americanos, asiaticos e do Oriente Medio. No Brasil, controla a
Bunge Alimentos, a Bunge Fertilizantes e a Fertimport, e mantem
a Fundacao Bunge.
Fonte: BUNGE LIMITED, 2007; HISTORICO DO GRUPO BUNGE, 2006; HISTORICO
BUNGE ALIMENTOS, 2006; MANO, 2001; BUNGE, 2007a; BUNGE, 2007b; BUNGE,
2007c; BUNGE, 2007d.
Tabela 3: Portfolio de negocios da Bunge (1990 a 1996)
* Alimonda Ind. e Com. Ltda. * Monydata Teleinformatica Ltda.
* Alipro-Alimentos Proteicos Ltda. * Natal Industrial S.A.
* Amazonia Agropecuaria S.A. * Panamby Empreendimentos Ltda.
* Amazonia Industrial S.A. * Petybon Ind. Alimenticias
* Arafertil S.A. * Plus Vita S.A.
* Banco Frances e Brasileiro S.A. * Proceda Administracao Ltda.
* Cabedelo Industrial S.A. * Proceda Tecnologia
* Cenesp Alimentacao Ltda. * Quimbrasil Quimica S.A.
* Cimento e Mineracao Bage * Quimichrom Ltda.
* Companhia Brasileira de Arm. * Samrig--Moinhos Rio-Grandenses
Gerais
* CSS Com. Ind. de Refrigerantes * Sanbra Finance Limited
* Disbra Distribuidora de Produtos * Sanbra International Finance
Limited
* Fabrica de Salame Rio Preto * Sanbra S.A.
* Fabrica de Tecidos Tatuape * Santista Ind. Textil do
Nordeste S.A.
* Family Com. Ind. de Prod. * Santista Ind. Textil do Sergipe
Limpeza S.A.
* Fertimport S.A. * Seguradora Roma S.A.
* Fiume Transp. e Navegacao Ltda. * Serfina S.A.
* Florestal Agroservice Ltda. * Serfina S.A.
* Fosbrasil S.A. * Serrana Agenciamento Ltda.
* Ind. Textil de Salto S.A. * Serrana S.A.
* Industrias Marilu S.A. * Serta Servicos de Treinamento
S/C
* Inverbras * Syntechrom Ltda.
* Ipiranga-Serrana Fertilizantes * Taxi Aereo Flamingo Ltda.
* Karibe Ind. e Com. Ltda. * Tintas Coral do Nordeste S.A.
* Kovi S.A. * Tintas Coral S.A.
* Moinho Fluminense S.A. * Tintas Hempel Coral S.A.
* Moinho Recife S.A. * Toalia Ind. Textil
* Moinho Santista Alimentos S.A. * Vanguarda Com. e Servicos Ltda.
* Moinho Santista Ind. Gerais * Vera Cruz Previdencia
* Molinos Rio de La Plata S.A. * Vera Cruz Seguradora
Nota: Principais empresas do Grupo Bunge e coligadas.
Fonte: CEVAL, 1996, 1997, 1998; SANTISTA ALIMENTOS, 1996, 1997;
HISTORICO BUNGE ALIMENTOS, 2006.
Tabela 4: Principais causas secundarias de declinio na Bunge
Financeiro Demanda
* Controle financeiro pobre * Mudancas de mercado
* Politica financeira ineficiente * Elevacao da competicao
* Capital de giro insuficiente * Inovacao tecnologica
* Estrutura com altos custos * Politicas de governo
Financeiro Administrativo
* Controle financeiro pobre * Administracao ineficiente
* Politica financeira ineficiente * Problemas administrativos
* Capital de giro insuficiente * Formulacao estrategica pobre
* Estrutura com altos custos
Fonte: Adaptado de Slatter e Lovett (1999), Grinyer, Mayes e
McKiernan (1988), Argenti (1976), Robbins e Pearce (1994)
apud Mckiernan (2003).
Tabela 5: Acoes Estrategicas, no Brasil, ao longo da vida da Bunge
Periodo Grupo Bunge Area de Fertilizantes
1900-1930 * Diversificacao (algodao
e textil)
* Inovacao em alimentos
1930-1960 * Diversificacao * P&D
(fertilizantes e soja) * Diversificacao (acido
* Logistica sulfuricoe pigmentos)
* Logistica
1960-1990 * Responsabilidade social * P&D (novos processos)
* Diversificacao de * Diversificacao de produtos
produtos * Responsabilidade social e
* P&D meio ambiente
1990-sec. Reestruturacao Bunge Fertilizantes
XXI
Periodo Area de Alimentos
1900-1930 * Crescimento por associacoes
e aquisicoes
* Diversificacao de produtos
* Atuacao regional e nacional
1930-1960 * Inicio de exportacao
* Diversificacao em produtos
* Incentivo aos produtores
1960-1990 * P&D
* Design
* Responsabilidade social
1990-sec. Bunge Alimentos
XXI
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 6: A Bunge apos 1994
Fatos marcantes no Acoes e fatos da Bunge
Brasil Fertilizantes
1994 Plano Real e abertura
da economia.
1995 Estabilidade da Aquisicao e controle de empresas
economia. no ramo de fertilizantes.
1996 Explosao do Certificacao de qualidade.
consumo.
1997 Explosao das Novos servicos ao agricultor.
privatizacoes. Aquisicao da IAP Fertilizantes.
Desenvolvimento de novos
produtos para fertilizantes.
Ampliacao e modernizacao de
fabricas.
1998 Aquisicao de empresas na area de
fertilizantes.
1999 Flutuacao do real e Modernizacao de instalacoes para
subida dos juros. reducao de residuos e aumento da
producao.
2000 Aquisicao e controle de empresas.
Acoes de responsabilidade social.
Formacao da Bunge Fertilizantes.
2001 Apagao. Construcao e inauguracao de novas
unidades.
Producao e reducao do consumo de
energia.
2002 Subida do dolar. Inauguracao de nova unidade.
2003 Estabilizacao do Reformulacao da gestao das
dolar. marcas para melhor atendimento
ao cliente.
Inauguracao de nova instalacao.
2004 Recorde de Ampliados os servicos de
exportacoes. informacao e assistencia tecnica ao
cliente.
Acoes e fatos da Bunge
Alimentos
1994 Fusao das empresas do grupo.
1995 Novos produtos.
Joint ventures e aquisicoes
ainda fora do foco.
1996 Aquisicoes.
Desenvolvimento de novos
produtos.
Certificacao de Qualidade.
1997 Aquisicao da Ceval.
Inauguracao de novas
instalacoes.
1998 Descontinuidade de joint
ventures defasadas do foco
estrategico.
1999 Consolidacao da lideranca.
Inauguracao de novas
instalacoes.
2000 Formacao da Bunge
Alimentos.
2001 Venda de ativos defasados do
foco estrategico.
Inauguracao de novas
instalacoes.
2002 Inauguracao de novas
instalacoes.
Lancamento de novos
produtos.
Programa de Qualidade de
Vida.
Construcao de Centros de
Pesquisas.
2003 Novos produtos.
Certificacao ambiental.
Aumento de produtividade.
Aquisicao de empresas.
Investimento em logistica.
2004 Lancamento de novos
produtos.
Responsabilidade social.
Investimento em logistica.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 7: Estrategias genericas de turnarounds aplicadas na Bunge
Estrategia Tipos de acoes Condicoes satisfatorias
Economia
Reducao de custos * Reducao de despesas * Causas internas de
declinio
Reorganizacao de * Vendas de ativos * Entrada de novos
recursos competidores
* Fechamento ou * Insuficiencia nas
realocacao de reducoes de custo
unidades
* Reducao de dividas * Estagio de declinio
Geral/Comum
Reestruturacao * Substituicao do CEO * Causas internas
das liderancas * Mudancas na alta
e gerencias gerencia
Cultura * Mudanca na
organizacional estrutura
* Descentralizacao * Mudanca de cultura
Fonte: Adaptado de McKiernan (2003).
Tabela 8: Principais causas secundarias de declinio na Bunge
Financeiro Demanda Administrativo
Controle financeiro pobre Mudancas de Administracao
mercado ineficiente
Politica financeira Elevacao da Problemas
ineficiente competicao administrativos
Capital de giro Inovacao Formulacao estrategica
insuficiente tecnologica pobre
Estrutura com altos Politicas de
custos governo
Fonte: Adaptado de Slatter e Lovett (1999), Grinyer, Mayes e McKiernan
(1988), Argenti (1976), Robbins e Pearce (1994) apud Mckie
Tabela 9: Resultados da Bunge: 1999-2005
(em milhoes de dolares) 1999 2000 2001 2002
Vendas liquidas 8,075 9,667 11,484 14,074
Lucro bruto 612 683 963 1,331
Ativos totais 4,611 5,854 5,443 8,349
Volumes comercializados * 40 60 71 86
Numero de empregados 14,860 18,098 17,360 24,207
Ganho diluido por acao (0,08) 0,19 1,86 2,63
(em milhoes de dolares) 2003 2004 2005
Vendas liquidas 22,165 25,234 24,377
Lucro bruto 1,305 1,886 1,571
Ativos totais 9,884 10,907 11,446
Volumes comercializados * 106 109 117
Numero de empregados 23,295 24,621 23,495
Ganho diluido por acao 3,83 4,10 4,43
* em milhoes de toneladas
Fonte: Bunge (2008a, 2008b, 2007a, 2007b, 2007c, 2007d).