Business women, strategies and progress: a study in Vitoria da Conquista /Trajetorias e estrategias de mulheres: um Estudo Conquistense/Trayectorias y estrategias de mujeres: un Estudio Conquistense.
Gomes, Almiralva Ferraz ; Santana, Weslei Gusmao Piau ; Antonialli, Luiz Marcelo 等
1. INTRODUCAO
As transformacoes politicas, sociais e economicas, cada vez mais
aceleradas, mudam o ambiente dos negocios no mundo inteiro. Nesse
cenario de profundas transformacoes, empresas de diferentes dimensoes,
ramos e nacionalidades estabelecem o objetivo de ganhar mais mercado ou
simplesmente garantir um espaco no mercado. Aquelas de grande porte
ainda se sustentam pela concentracao de capital e pelas economias de
escala. Esses fatores lhes propiciam poder de barganha, a ponto de
conferir-lhes influencia sobre os poderes governamentais em diferentes
esferas. As pequenas empresas, por sua vez, padecem de dificuldades de
ordem economica, fiscal e trabalhista para se manter sustentaveis. Isso
faz com que haja uma necessidade proeminente de definicao de estrategias
nao so de crescimento, mas tambem de sobrevivencia, principalmente para
as pequenas. Portanto, caracteristicas como proatividade, dinamismo,
disposicao para o risco, capacidade de planejamento e de inovacao,
habilidade de lidar com pessoas, entre outros fatores, tem se revelado
fundamentais na busca de diferenciacao e competitividade no mercado.
Esse conjunto complexo de elementos que caracteriza o atual
ambiente de negocios tem levado muitos pesquisadores a investigar o
campo do empreendedorismo. Isso se deve, principalmente, ao fato de o
empreendedorismo ser considerado uma importante pratica para o
desenvolvimento economico de alguns paises (1).
Ao se caracterizar o contexto atual, nao se pode deixar de
considerar o aumento da participacao feminina no mercado de trabalho. O
crescimento consistente da presenca das mulheres na esfera economica (2)
demonstra um movimento diverso daquele tradicionalmente verificado na
sociedade. Nao se trata apenas de episodios de ingresso no mercado de
trabalho para complementar a renda familiar, embora essa motivacao
tambem esteja presente, especialmente quando se consideram as sucessivas
crises da economia brasileira e as altas taxas de desemprego. Trata-se,
antes, de uma mudanca social de grandes proporcoes, pois envolve
transformacoes na expectativa de vida pessoal, nas relacoes familiares,
nas demandas por servicos publicos, entre outras.
De fato, o ingresso da mulher no mercado de trabalho nao se da
apenas na condicao de empregada, mas tambem de empregadora. Com efeito,
o desenvolvimento economico de varias localidades favoreceu-se com a
atuacao dessas mulheres. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor
(GEM), da Babson College, o Brasil vem se situando, nos ultimos anos,
numa boa posicao no que tange a igualdade dos generos no conjunto dos
paises pesquisados. Em 2007, as mulheres representaram 52% dos
empreendedores no Brasil, invertendo uma tendencia historica se
considerado o periodo 20012007. Pode-se observar com mais clareza essa
inversao quando se destaca o ano de 2001, periodo em que os homens
empreendedores representavam 71% e as mulheres apenas 29% (GEM, 2008).
Diante desse contexto, surge a seguinte questao: o que fazem essas
mulheres para que seus negocios sobrevivam? Ou seja, quais as
estrategias adotadas por mulheres empreendedoras? A denominacao de
empreendedoras deve-se ao fato de que o nosso universo de pesquisa
participou de uma pesquisa anterior, quando se verificou que, das cem
mulheres entrevistadas, pouco mais da metade era fortemente empreendedora (GOMES, 2006). Essa pesquisa tinha como principal objetivo
verificar se as caracteristicas do perfil empreendedor estabelecidas
pela literatura especializada adequavam-se aquelas mulheres que
trabalhavam por conta propria. Como resultado, verificou-se que elas se
diferenciavam por grau de empreendedorismo. Ou seja, nao foi possivel
classifica-las como empreendedoras ou simplesmente operadoras de
pequenos negocios (FILION, 1999), mas ficou constatado haver graus de
diferenca quanto ao seu espirito empreendedor. Os dados coletados por
meio da pesquisa de campo levaram a criacao de uma tipologia que
classificava as empresarias em graus diferenciados de empreendedorismo.
Essa tipologia foi elaborada com base em diferencas estatisticas
apresentadas pelas informantes relativamente aos atributos pesquisados.
Desse universo de mulheres fortemente empreendedoras foi selecionada uma
amostra, com o objetivo de conhecer as estrategias adotadas por elas na
cidade de Vitoria da Conquista, regiao sudoeste da Bahia. Preferiu-se
investigar as fortemente empreendedoras, tendo em vista a possibilidade
de, entre elas, haver maior possibilidade de ocorrencia de uma visao
estrategica.
Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi conhecer o
comportamento estrategico de mulheres empreendedoras. Para tanto, fez-se
uma breve revisao da literatura sobre estrategia; em seguida, foram
apresentadas algumas caracteristicas da gestao feminina encontradas na
literatura. O proximo passo foi apresentar a proposta metodologica para
a realizacao da presente investigacao e os resultados obtidos na
pesquisa de campo.
2. ESTRATEGIA: COMPREENDENDO SEU(S) CONCEITO(S)
Abordar o tema "estrategia" nao e uma tarefa facil, visto que existe uma variedade de interpretacoes sobre o assunto pelos
diversos campos do conhecimento, e mesmo uma certa
"vulgarizacao" de seu uso tanto pelo meio academico quanto
pelo senso comum (WIPP, 1996). A palavra estrategia e originaria do
grego estrategos, "a arte do general da guerra" (NOORDERHAVEN,
1995). Portanto, nao se pode falar em estrategia sem associa-la a
metafora militar.
Para Wipp (1996), uma das primeiras utilizacoes deste termo deu-se
na Inglaterra, em 1688. Entretanto, outros autores ressaltam que o
conceito de estrategia tem uma origem mais remota, como os escritos
militares de Sun Tzu por volta do seculo VI a.C. (LUNDELL, 1997;
CARVALHO; LAURINDO, 2003). A arte da guerra do chines Sun Tzu trata de
principios de carater geral que auxiliam um soberano a triunfar na
guerra. No relato do James's Military Dictionary (WIPP, 1996), de
1810, estrategia e algo feito fora da visao do inimigo, diferentemente
de tatica, que sao acoes realizadas diante do adversario.
A predominancia da visao militar e, ainda hoje, muito marcante nas
discussoes e na literatura. A ideia de estrategia militar foi adotada
pelo mundo dos negocios na segunda metade do seculo XX, nao sendo incomum o uso de seus conceitos e de seus termos pelas empresas
(CARVALHO; LAURINDO, 2003). A partir da 2a Guerra Mundial, a ideia de
estrategia passou a fazer sentido para as empresas, que cresceram
sobremaneira e necessitaram de diretrizes, linhas e caminhos a serem
seguidos por toda a sua estrutura. A palavra estrategia e descrita,
geralmente, como a arte de tracar planos de guerra com fins de combate
ao inimigo. Essa tendencia, no campo organizacional, deve-se
principalmente ao pouco tempo de maturacao e pratica dos conceitos,
estudos e debates nesta area de conhecimento--um pouco mais de meio
seculo.
No ambito dos negocios, assim como na area militar de onde se
originou, o conceito de estrategia comporta varias abordagens e
permanece em constante evolucao. Em razao disso, ha diferentes formas de
entender o pensamento estrategico e, a depender do contexto, havera uma
forma de pensamento predominante.
Comparados as disciplinas mais tradicionais como a sociologia e a
economia, os estudos de teoria administrativa em geral e,
principalmente, de estrategia empresarial tiveram uma formacao bastante
tardia. A estrategia empresarial somente se constituiu como uma
disciplina academica a partir da segunda metade do seculo XX. Diversos
fatores podem ter interferido nessa constituicao tardia. Vasconcelos
(2001) cita dois fatores: a) um ambiente academico fortemente
influenciado pela economia neoclassica, no qual a ideia de mercado como
um sistema autorregulado implica transitoriedade e, em ultima analise,
irrelevancia das estrategias das firmas; b) uma baixa profissionalizacao
na gestao de grandes firmas, cujos empreendimentos, ate a segunda metade
do seculo XX, caracterizavam-se basicamente por sua natureza
exclusivamente familiar. Entretanto, a partir dos anos 1950, estudiosos
como Henri Fayol, Chester Barnard, Herbert Simon, John Von Neumann,
Oskar Morgenstern, Philip Selznick e Alfred Chandler comecaram a
delimitar os elementos basicos que viriam a constituir o campo da
estrategia empresarial.
Para Mintzberg (1990), as primeiras reflexoes sobre estrategia nos
negocios apareceram em 1932, com McKinsey, e em 1955, com um artigo
publicado por Reilley. Tambem em 1955 Peter Drucker abordou, de forma
simples, questoes estrategicas tais como "qual e o seu
negocio?" e "o que ele deveria ser?" Entretanto, pode-se
dizer que os primeiros passos rumo ao planejamento estrategico foram
dados por Frederick Taylor, que defendeu a separacao entre pensar e
fazer, e pela pratica de Alfred Sloan, que deu aos gerentes da sede da
GM, na decada de 1920, a responsabilidade pelo desenvolvimento de planos
de longo prazo para toda a organizacao (MICKLETHWAIT; WOOLDRIDGE, 1998).
Dessa forma, a estrategia empresarial nasceu nos anos 1960 nos EUA como
uma disciplina hibrida, influenciada pela sociologia e pela economia,
mas essencialmente como uma evolucao da teoria das organizacoes.
Todavia, a estrategia empresarial se diferencia da tendencia atual da
teoria organizacional por adotar mais claramente uma atitude pragmatica,
voltada para a acao administrativa e para a criacao de modelos
"fechados" de analise. Apesar de seu nascimento tardio, a area
de estrategia desenvolveu-se rapidamente, sofrendo influencia ate mesmo
de outras areas do conhecimento, como a historia militar, a fisica
teorica, a biologia evolucionaria, a ciencia cognitiva, a inteligencia
artificial e a psicologia educacional (VASCONCELOS, 2001). Como se ve, a
diversidade de interpretacoes atinge diretamente o campo dos estudos
organizacionais. Nota-se, assim, que o conceito de estrategia evoluiu,
com o passar do tempo, de uma nocao de planejamento estrategico para a
de pensamento ou administracao estrategica, chegando a ideia de visao
estrategica. Isso tudo da mais complexidade teorica a area.
Apesar dessas contribuicoes precursoras, so na decada de 1960 a
ideia de estrategia comecou a fortalecer a literatura sobre
Administracao. Ela esteve associada ao planejamento de longo prazo, que
foi uma evolucao dos planos financeiros que dominaram os anos 1950. Em
seguida, com o aumento da complexidade do ambiente, os planos de longo
prazo foram ampliados e substituidos pelo planejamento estrategico,
contando, principalmente, com as contribuicoes de Alfred Chandler e de
Igor Ansoff (ANSOFF, 1993). Esses dois autores marcam o inicio das
formulacoes de maior conteudo sobre o Planejamento Estrategico. Em 1962,
Alfred Chandler publicou um estudo intitulado Estrategia e Estrutura, e,
em 1965, Igor Ansoff lancou Estrategia Corporativa, uma analise
prescritiva da atuacao das empresas diante do ambiente externo.
Certamente, essas obras foram reflexo do amadurecimento de uma linha de
pensamento que vinha evoluindo desde anos anteriores.
Nos anos 1960 e 1970 ocorreram maturacao e aumento da complexidade
do planejamento estrategico. Surgiram varios trabalhos de carater
prescritivo e normativo, que analisaram o planejamento estrategico e
demonstraram como elabora-lo e implanta-lo. A disseminacao desse
processo aumentou ainda mais com o sucesso alcancado pela Shell na crise
do petroleo de 1973 (WIPP, 1996), quando a empresa utilizou-se de
ferramentas como o estudo de cenarios e a matriz de negocio/atratividade
do setor, e dividiu a estrategia em tres niveis: corporativo, unidades
estrategicas de negocios e funcionais/produtos. Foi uma epoca de grande
sucesso das consultorias e da disseminacao das equipes de planejamento
estrategico nas empresas. Tornou-se famosa a matriz de participacao no
mercado do Boston Consulting Group, a matriz BCG, uma solucao universal
para os problemas estrategicos. Posicao divergente foi adotada pela
Harvard Business School, o que indicou a necessidade de solucoes
especificas para cada caso (MICKLETHWAIT; WOOLDRIDGE, 1998). Nesse
momento, era grande o numero de publicacoes e metodologias sobre
estrategia.
Entretanto, apos uma decada de euforia e disseminacao das ideias
sobre o planejamento estrategico, os anos 1980 marcaram a paralisia nas
atividades de planejamento estrategico. As empresas desmontaram suas
equipes de planejamento e as consultorias procuraram outras formas de
renda. O proprio Ansoff ja previa a crise do planejamento quando
publicou, em 1981, o classico artigo "Do planejamento estrategico a
administracao estrategica", analisando o falecimento da funcao
planejamento e a ascensao de uma forma mais flexivel, abrangente e
dinamica de tratamento da questao--o gerenciamento ou administracao
estrategica. Essa linha fortaleceu a necessidade de um pensamento
estrategico mais do que de acoes normativas (MICKLETHWAIT; WOOLDRIDGE,
1998).
Mas por que a maquina de planejamento parou? Segundo Micklethwait e
Wooldridge (1998), entre as causas basicas estavam a falta de resultados
para as empresas, apesar dos grandes investimentos, e o sucesso do
modelo japones, que nao dava excessiva importancia ao planejamento.
Mintzberg (1994), tambem, fez uma longa analise da ascensao e queda do
planejamento estrategico, destacando as dificuldades praticas da
metodologia: o plano nao levava ao pensamento estrategico, faltava
alinhamento entre os setores e o quadro geral, e faltavam discussoes
sobre o futuro da empresa. O planejamento era visto como conservador,
projetando praticas da epoca, ignorando o papel das inovacoes e
impedindo a criatividade. Para Mintzberg, os conhecimentos mais
importantes da organizacao nao estao escritos nos relatorios formais e
nem expressos nos numeros, mas nas trocas obtidas em conversas informais
com clientes, fornecedores, funcionarios, etc. Um dos pontos basicos das
criticas de Mintzberg esta na separacao entre o pensar e o agir, ato
critico na teoria administrativa, no planejamento estrategico e no
pensamento ocidental (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). E preciso pensar
estrategicamente e democratizar a acao estrategica, nao separando o
pensar do fazer. Isso facilitaria os processos de aprendizagem e nao
impediria a criatividade dentro das empresas, como acontece no
planejamento estrategico.
Alguns autores mais divulgados buscaram renovar a pratica da
estrategia nas organizacoes. Hamel (1996) procurou formular a estrategia
como um ato subversivo, compromissado, que deve ser flexivel e
processual. Porter (1989a; 1989b) buscou um meio-termo entre licoes
especificas e genericas, criando estrategias gerais, mas enfatizando que
diferentes empresas escolhem diferentes caminhos por meio das cinco
forcas competitivas. Segundo Porter (1989b), a vantagem competitiva de
uma empresa depende, em essencia, da estrategia escolhida para competir,
da diferenciacao ou lideranca em custo, ou ainda do enfoque em segmentos
especificos em busca de diferenciacao ou custo.
Essas tentativas de renovar as ideias sobre estrategia mostram que,
se por um lado o planejamento faliu, por outro a estrategia nao morreu.
Ao contrario, a estrategia ganhou novas formas. Os primeiros livros e
publicacoes na area se referiam ao planejamento estrategico. Entretanto,
hoje se fala em administracao estrategica. Zaccarelli (1995) chega a
dizer "o velho planejamento estrategico". Todavia, o
"velho planejamento estrategico" iniciou a abertura de um
enorme campo de trabalho para o aprimoramento da gestao empresarial.
Deve-se lembrar que essa transicao nao foi repentina e, de certa forma,
ainda ocorre em muitas organizacoes. Essa evolucao, se assim se pode
dizer, ocorreu por conta da necessidade empresarial e organizacional, ou
seja, da exigencia crescente de melhores e mais abrangentes estrategias
nas empresas. Apesar das falhas no planejamento, a turbulencia dos anos
1990 mostrou que e preciso pensar no futuro da empresa e na manutencao
das vantagens competitivas com uma analise mais aberta e vinculada a
pratica. Administrar estrategicamente, hoje, implica mais ter uma visao
e um comportamento estrategicos. Para Hamel e Prahalad (1995), a melhor
forma de competir e dominar oportunidades emergentes por meio de um
pensamento e uma visao voltados para o futuro, para novos campos de
competicao, para um novo modelo de competicao/cooperacao, baseado,
principalmente, na busca da inovacao e do pioneirismo.
Nesse quadro de evolucao, o estudo de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel
(2000) identifica dez abordagens distintas de escolas de estrategia.
Tres dessas escolas sao de natureza prescritiva. Uma delas trata da
formacao de estrategias como um processo conscientemente deliberado, que
alinha a organizacao com seu ambiente e envolve uma projecao conceitual
(Escola do Design); uma outra escola vincula-se estreitamente ao
planejamento formal (Escola do Planejamento); e a terceira do grupo
explora o posicionamento analitico (Escola do Posicionamento). Seis outras escolas sao denominadas descritivas. Entre estas, as que lidam
com os aspectos especificos do processo sao: a) a Escola do
Empreendedorismo, na qual a formulacao de estrategias e um processo
visionario; b) a Escola de Cognicao, que ve a estrategia como um
processo mental; c) a Escola de Aprendizagem, que trata a estrategia
como um processo emergente; d) a Escola Politica, segundo a qual a
estrategia surge de um processo de conflito e disputa de poder; e) a
Escola Cultural, que ressalta a natureza ideologica do processo; f) e a
Escola Ambiental, que trata a estrategia como um processo passivo. Uma
ultima escola e descritiva e, tambem, integrativa (a Escola
Configuracional), e procura delinear estagios e processos como um todo
integrado.
Esse quadro demonstra que, pari passu ao desenvolvimento de
abordagens de estrategias, surgiram pensamentos divergentes, nem sempre prescritivos. Chama-se a atencao aqui para as estrategias processuais e
flexiveis, originadas no auge do planejamento estrategico como forma de
desmistificar a complexidade do processo.
As abordagens de estrategias processuais e flexiveis estao baseadas
nos estudos dos "limites" da racionalidade desenvolvidos por
Herbert Simon a partir dos anos 1940. Simon enfatiza que, no processo de
tomada de decisao, os agentes tem um conhecimento "limitado"
da realidade em virtude da incerteza e da complexidade do ambiente
economico (SIMON, 1979; MARCH; SIMON, 1981). Para autores como March e
Simon, os fatores de restricao da racionalidade devem-se ao carater nao
ergodico e nao estacionario do processo economico capitalista, visao
compartilhada pelas correntes economicas nao ortodoxas (poskeynesianos,
neoschumpeterianos e
neoinstitucionalistas). Assim, as restricoes de informacoes, de
capacidade cognitiva e de tempo limitam a capacidade de decisao racional
dos agentes, tornando a tomada de decisao, ou formulacao de estrategia,
uma acao "processual" (procedural) com solucoes multiplas e
abertas.
Mintzberg (1987) chamou a atencao para o processo artesanal de
formacao de estrategia. A criacao artesanal de estrategias e um processo
de envolvimento, intimidade e harmonia com o objeto manipulado, fruto de
uma longa experiencia e comprometimento. E diferente do processo formal,
em que impera o controle racional e sistematizado, que da origem a
estrategias claras, explicitas e completas, prontas para serem
implementadas. Em essencia, o pensamento de Mintzberg e de que a criacao
e a implementacao de estrategias artesanais sao processos continuos de
aprendizagem que originam estrategias criativas.
2.1. Miles e Snow e sua tipologia
Ao se enfocar a estrategia neste estudo, optou-se por adotar a
tipologia de estrategia desenvolvida por Miles e Snow (1978). Essa
tipologia e uma abordagem classica e tem ampla aceitacao entre os
pesquisadores da area de administracao estrategica (SEGEV, 1987; JAMES;
HATTEN, 1995). Para alguns pesquisadores, essa tipologia e uma das
melhores para se entender a realidade estrategica de negocios e seu
processo de adaptacao as mudancas (DAVIG, 1986; RUGMAN; VERBEKE, 1987;
GIMENEZ et al, 1998).
O modelo de Miles e Snow procura enfatizar o processo de adaptacao
das empresas as mudancas que ocorrem constantemente no ambiente
competitivo, conforme pode-se verificar na Figura 1. Esses autores
denominaram tal processo de tomada de decisoes estrategicas de ciclo
adaptativo (adaptive cycle), o qual envolve tres problemas de adaptacao
organizacional:
a) problema empreendedorial (entrepreneurial problem), relacionado
com a definicao do dominio organizacional, ou seja, preocupa-se com a
escolha do produto ou servico especifico e com a escolha dos objetivos
estrategicos e do segmento de mercado onde a empresa atua. As variaveis
ambientais sao o principal aspecto nesta analise, pois seu mapeamento
permite uma melhor definicao do portfolio de produtos e dos segmentos de
mercado que devem ser atendidos. A forma pela qual esta decisao ocorre
permite tracar diferentes perfis estrategicos de empreendedores;
b) problema de engenharia (engineering problem): envolve a criacao
de um sistema que operacionaliza solucoes para as decisoes criadas no
problema empreendedorial. A criacao desse sistema requer uma gestao que
selecione uma tecnologia apropriada para produzir e distribuir produtos
e servicos e gerar novos meios de informacao, comunicacao e controle. E
a criacao de uma estrategia tecnologica;
c) problema administrativo (administrative problem): procura
reduzir a incerteza dentro do processo organizacional por meio da
racionalizacao e estabilizacao das atividades que solucionarao os
problemas criados na organizacao durante as duas fases anteriores.
Solucionar o problema administrativo envolve, alem da racionalizacao do
sistema, a formulacao e a implementacao de processos que permitirao a
organizacao continuar seu desenvolvimento ou seu processo de inovacao.
[FIGURE 1 OMITTED]
A partir do estudo do ciclo adaptativo no comportamento de tomada
de decisoes das organizacoes, Miles e Snow (1978:29) identificaram
quatro categorias de comportamentos estrategicos: prospectores,
defensores, analistas e reativos. Essas estrategias tem a funcao
didatica de descrever modos particulares de relacionamento das
organizacoes com seus mercados e configuracoes de tecnologias, estrutura
e processo, como pode ser visto no Quadro 1.
Cada tipo de estrategia responde a uma demanda do seu mercado com
uma configuracao particular de tecnologia, estrutura e processo. Suas
caracteristicas particulares sao:
* estrategia prospectora: as organizacoes que possuem esta
estrategia caracterizam-se por apresentar elevada busca de oportunidade
em novos mercados e inovacao de produtos e processos, atuando em
mercados dinamicos; possuem uma grande flexibilidade em sua tecnologia e
sistema administrativo, enfatizando o marketing e a pesquisa e
desenvolvimento. Sao organizacoes criadoras de mudancas e incertezas em
seus segmentos;
* estrategia defensiva: as organizacoes que adotam este tipo de
estrategia sao caracterizadas por estreitos dominios de
produtos/mercados e dao uma enfase muito grande a eficiencia; atuam em
ambientes mais estaveis, procurando competir por meio de precos
competitivos ou qualidade de produtos;
* estrategia analitica: um meio-termo entre as estrategias
anteriores; as organizacoes que a adotam possuem uma area central de
negocios mais estavel e componente de negocio mais dinamico, tratado de
forma prospectora. Assim, a tecnologia possui variacoes de flexibilidade
e estabilidade;
* estrategia reativa ou a nao-estrategia: empresas que a adotam
parecem nao apresentar reacao coerente, mas sim impulsivas, a eventos do
ambiente.
A partir do modelo acima, a presente pesquisa se propos a avaliar o
comportamento estrategico das mulheres empreendedoras, conforme o
procedimento metodologico que sera descrito posteriormente.
3. A GESTAO FEMININA
A discussao sobre a diferenciacao entre as caracteristicas
femininas e as masculinas no ambiente de trabalho e alvo de muito
debate. De um modo geral, os estudiosos do assunto acreditam que as
mulheres possuem suas diferencas em relacao aos homens. Entretanto, as
organizacoes estao impregnadas de valores masculinos. Afinal de contas,
apesar das oportunidades que vem surgindo, a maioria das empresas ainda
e um ambiente majoritariamente masculino e quase nao contou, na sua
criacao e implantacao, com a participacao da mulher.
Existem aqueles estudiosos que fazem questao de esclarecer que as
principais diferencas entre o modo de trabalhar feminino e o masculino
vao muito alem das questoes biologicas: sao os fatores sociais que as
colocam em vantagem no mercado diante da atual crise do
emprego--possibilidade de receber menos pelo mesmo trabalho, habilidade
de relacionamento e flexibilidade quanto a horario (CASTELLS, 1999).
Alem disso, caracteristicas como objetividade, perseveranca, estilo
cooperativo, disposicao de trabalhar em equipe e de dividir decisoes e
uso de intuicao na analise e na solucao de problemas tem sido citadas
por varios pesquisadores (LEITE, 1994; GOMES, 1997; BETIOL, 1998, 2000;
MUNHOZ, 2000). Estes dados, que sao apenas reflexos de uma mudanca que
pode estar ocorrendo a passos pequenos, talvez estejam querendo dizer
que o modelo masculino de gestao esta sendo questionado nao so pelas
mulheres, que nao se adaptam a ele, mas tambem pelas organizacoes mais
modernas e proativas. Na verdade, o jeito feminino de administrar nao e
superior ou substituto do modelo masculino, mas complementar--ambos,
homens e mulheres, podem, portanto, contribuir com suas habilidades para
o sucesso de uma organizacao. De qualquer forma, nao se pode negar que o
novo modelo de gestao das organizacoes modernas parece exigir um perfil
de profissional mais flexivel, sensivel e cooperativo.
O campo de estudos voltado para o empreendedorismo feminino e
recente e poucas sao as pesquisas realizadas ate o momento com mulheres
empreendedoras, principalmente no Brasil. Machado (2002) realizou uma
investigacao dessa natureza e delineou um quadro do comportamento
gerencial de mulheres empreendedoras, considerando suas principais
caracteristicas gerenciais a partir dos cinco elementos organizacionais
da pesquisa etnografica desenvolvida por Koen (3) (apud CALAS; SMIRCICH,
1998) e que refletem os valores feministas em organizacoes: processo
decisorio participativo, sistema de lideranca rotativa, desenhos de
trabalho flexiveis e interativos, sistema de distribuicao de renda
equitativo, responsabilizacao politica e interpessoal. Assim, Machado
(2002) propos a seguinte classificacao: processo decisorio e estilo de
lideranca, postura face ao risco e comportamento financeiro, escolhas
estrategicas e estrutura organizacional (vide Quadro 2). A partir das
principais caracteristicas gerenciais pesquisadas por Machado (2002),
essa autora chegou ao seguinte quadro do comportamento gerencial de
mulheres empreendedoras (Quadro 2).
No que diz respeito, especificamente, ao comportamento estrategico
feminino, quase nao ha registro do assunto na literatura especializada.
Machado identificou algumas pesquisas realizadas em outros paises
voltadas para o estilo estrategico e as escolhas estrategicas femininas.
Algumas escolhas estrategicas, por exemplo, tem se mostrado comuns em
organizacoes dirigidas por mulheres, tal como a preocupacao com a
qualidade dos servicos (BRUSH, 1996; VOKINS, 1993 apud MACHADO, 2002).
Lerner, Brush e Hisrich (1997 apud MACHADO, 2002), examinando escolhas
estrategicas de homens e mulheres empreendedores, concluiram que as
mulheres tendem a enfatizar a qualidade mais do que os homens. As
mulheres tendem mais a empregar mulheres do que os homens (ALLEN;
TRUMAN, 1993 apud MACHADO, 2002). As mulheres manifestam uma postura
favoravel ao envolvimento familiar na organizacao (GIMENEZ; MACHADO;
BIAZIN, 1998 apud MACHADO, 2002).
Olson e Currie (apud MACHADO, 2002) analisaram as escolhas
estrategicas de mulheres empresarias utilizando a tipologia de Miles e
Snow, e encontraram como escolhas predominantes, em 80% dos casos, os
tipos: defensor, analitico e prospectivo. Para o tipo defensor, na
formulacao de estrategias esta presente, por exemplo, a preocupacao com
a qualidade, o servico, melhores precos e uma limitada linha de produtos
ou servicos. O analitico caracteriza-se por um comportamento que observa
cuidadosamente seus concorrentes e aprende com seus erros. O prospectivo
busca ser o primeiro no oferecimento de novos produtos ou servicos. O
tipo reator da tipologia de Miles e Snow (1978), que e caracterizado
como um tipo que sempre responde ao ambiente e a concorrencia, nao foi
predominante nessas mulheres. Para Vokins (1993 apud MACHADO, 2002), o
estilo estrategico predominante nas mulheres empreendedoras e o estilo
inovativo. Para o autor, as mulheres preferem estrategias ganha-ganha,
que resultam em satisfacao para todas as partes. Pettit (1997 apud
MACHADO, 2002) menciona a inovacao e a busca de satisfacao dos
empregados como estrategias gerenciais adotadas por mulheres
empreendedoras.
De acordo com Machado (2002), no processo de gestao conduzido por
mulheres empreendedoras ha uma preocupacao no sentido de que os
objetivos sejam claros e difundidos entre todos na organizacao, pois e
buscada a satisfacao dos interesses de todos. Esse estilo esta presente
nas mulheres e as conduz a buscar a combinacao na realizacao de suas
atividades que resulte na satisfacao de todos os envolvidos.
Munhoz (2000) acredita que um dos fatores de sucesso do
empreendedorismo passa pelo entendimento da questao de genero e pela
compreensao de que as mulheres, de um modo geral, desenvolvem um estilo
singular quando administram, haja vista que sua abordagem de lideranca e
fruto de um aprendizado desde a infancia sobre valores, comportamentos e
interesses voltados mais para a cooperacao (no entanto, apesar de este
estilo estar presente no genero feminino, nao se pode considera-lo como
sendo exclusivo das mulheres).
No que diz respeito ao processo decisorio e ao estilo de lideranca,
foram ressaltadas na pesquisa de Machado acoes como encorajar a
participacao, compartilhar poder e informacao, assim como estimular,
valorizar e motivar os outros no trabalho. Em pesquisa realizada por
Betiol (1998) com mulheres administradoras formadas pela FGV-SP,
constatou-se que as mulheres, em relacao aos homens, sao em geral mais
sensiveis, mais preocupadas com o lado emocional das pessoas, mais
compreensivas e conciliadoras, tem mais espirito de grupo, lideram pelo
consenso e tem mais facilidade de trabalhar em equipe, caracteristicas
que podem ser associadas a uma maior competencia comunicativa.
Alem disso, aos poucos, alguns valores femininos comecam a ser
absorvidos pelas companhias, como a valorizacao do relacionamento
interpessoal, da cooperacao no lugar da competicao e do uso de motivacao
e persuasao em vez da ordem e do controle. Segundo Arruda (2000), a
atual forma de globalizacao, na qual a nova ordem e a competitividade,
vem conduzindo o ser humano para uma condicao de produto da economia,
oprimindo-o em funcao de valores desumanos. Para o autor, ja chegou o
momento de a humanidade desenvolver um sentido de corresponsabilidade e
respeito pela natureza e o bem-estar de todos os seres que habitam a
Terra. Para tanto, o despertar do modo feminino se faz necessario.
Arruda propoe ainda a humanoeconomia, uma economia da reciprocidade, do
acolhimento, da gratuidade, da partilha e do afeto. Esta "economia
do afeto" ou "economia do feminino criador" nao aceita
estar divorciada do social, do humano, do afetivo e do intuitivo.
Partindo do pressuposto de que essas caracteristicas estao mais
presentes naqueles individuos que possuem o lado feminino mais
desenvolvido, pode-se dizer que a mulher, de um modo geral, pode
contribuir muito com essa proposta.
No tocante a postura em relacao ao risco financeiro, ha a tendencia
predominante de uma postura um pouco mais conservadora para evitar
grandes riscos. De acordo com Wilkens (1989), existe um estereotipo
popular de que as mulheres sao mais timidas do que os homens, sao menos
aventureiras e tem mais necessidade de seguranca, portanto, naturalmente
elas teriam menor disposicao para arriscar. Nao serao discutidas aqui as
questoes psicossociais que interferem nesse jeito de ser feminino, mas
de fato algumas pesquisas confirmam o perfil comedido das mulheres em
relacao aos riscos (LEITE, 1994; GOMES, 1997; MACHADO, 1999).
Para Leite (1994), como as mulheres preferem ouvir outras pessoas,
pois sao mais adeptas da administracao participativa, e se armar de
argumentos antes de decidir, acabam por ser mais lentas na hora de tomar
uma decisao, o que para muitos traduz um certo temor de correr riscos.
Estudos que comparam as atividades masculinas e femininas no trabalho
revelam que o homem decide instantaneamente e preocupa-se com a
repercussao de sua decisao no curto prazo. As mulheres tenderiam a
considerar mais detalhadamente as consequencias de longo prazo de seus
atos (LEITE, 1994; GOMES, 1997).
Finalmente, outro ponto a ser considerado e que a sobrevivencia de
empresas dirigidas por mulheres tem atingido um tempo alem dos padroes
encontrados como tempos medios de sobrevivencia de pequenos negocios.
Talvez isso se deva a combinacao de caracteristicas masculinas, como a
iniciativa, a coragem e a determinacao, com caracteristicas femininas,
como a sensibilidade, a intuicao e a cooperacao, o que define um estilo
proprio de gerenciar. Esse estilo, aliado a intensa dedicacao ao
trabalho, contribui para as altas taxas de sobrevivencia de empresas
geridas por mulheres. Em pesquisa realizada na Bahia (GOMES, 2004) esse
pressuposto parece ter sido confirmado, pois as empresas pesquisadas
possuiam, em media, 9 anos de idade. Para um pais em que a taxa de
mortalidade das empresas e alta, principalmente nos primeiros anos (4),
a media de idade dessas empresas geridas por mulheres chega a ser muito
satisfatoria.
Vale salientar que essas pesquisas que tem tratado das diferencas
das mulheres nao como um problema, mas como uma vantagem, destacando que
os "diferentes tracos de carater e socializacao" diferenciados
dos papeis sexuais nao sao deficiencias a serem superadas, mas uma
vantagem para a efetividade corporativa, ainda nao questionam se o foco
nas vantagens das mulheres realmente as deixam em posicao mais vantajosa
ou se isso reforca os estereotipos de genero (CALAS; SMIRCICH, 1998).
De qualquer forma, nao se pode concluir que os valores femininos
estao consolidados como parte da cultura empresarial. O mais provavel e
que, com o tempo, cristalize-se nas empresas uma combinacao interessante
do jeito feminino com os valores tradicionais que atravessam os tempos.
Sao, afinal, valores baseados em paradigmas da competicao darwinista
propria dos negocios. Dessa combinacao resultara maior equilibrio nas
relacoes entre homens e mulheres. Alem disso, deve-se considerar que ha
homens com caracteristicas predominantemente femininas e vice-versa. O
genero nao garante o estilo de gestao. Todavia, as diferencas entre os
estilos podem ser complementares para uma gestao efetiva.
4. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
No presente estudo, de natureza qualitativa e descritiva (sem
dispensar as analises quantitativas), optou-se por investigar as
mulheres consideradas como fortemente empreendedoras em pesquisa
anterior, tendo em vista a possibilidade de, entre elas, haver maior
ocorrencia de uma visao estrategica. Desse modo, o objetivo da pesquisa
ficou delimitado a analise do comportamento estrategico de mulheres
empreendedoras na cidade de Vitoria da Conquista, regiao sudoeste da
Bahia, baseada principalmente na tipologia de comportamento estrategico
de Miles e Snow (1978). Com isso, a abordagem adotada foi o estudo de
caso, metodo indicado quando se examinam eventos contemporaneos, mas nao
se tem controle sobre os comportamentos relevantes envolvidos (YIN,
2001).
O instrumento de pesquisa adotado foi um questionario
semiestruturado, encaminhado para uma amostra de 22 mulheres
classificadas como fortemente empreendedoras na pesquisa realizada
anteriormente. A escolha da amostra obedeceu ao criterio intencional e
de acessibilidade, e tinha como objetivo conhecer as estrategias
adotadas por mulheres empreendedoras em suas empresas, todas localizadas
na cidade de Vitoria da Conquista. Quinze questionarios foram
devolvidos, sendo esta a amostra final.
O procedimento para a organizacao e analise dos dados combinou
elementos teoricos e praticos. Com esse proposito, aplicou-se um
questionario composto de 17 (dezessete) questoes que procuraram
reproduzir as dimensoes e escolhas estrategicas a partir do modelo
escolhido. Para cada questao foram apresentadas varias alternativas de
respostas. Houve tambem algumas perguntas abertas, para coleta de
maiores informacoes sobre o objeto de estudo. As respostas foram
tabuladas com uso do software Excel, para posterior analise.
A delimitacao espacial e amostral limita a possibilidade de
generalizacao, pois se restringe as empreendedoras de pequenos negocios
contextualizadas no processo de adaptacao as mudancas que ocorrem
constantemente no ambiente competitivo do municipio de Vitoria da
Conquista. Alem disso, esta pesquisa pode ter sido vitima do jogo de
ocultacao, as indagacoes que foram feitas, daquilo que pensam, sentem e
fazem as empresarias. E possivel que as entrevistadas, muitas vezes,
revelem por meio dos questionarios o que elas gostariam ou pensam que
sao e nao aquilo que realmente sao e fazem.
5. ESTRATEGIAS ADOTADAS POR MULHERES EMPREENDEDORAS: O CASO DE
VITORIA DA CONQUISTA (BA)
A analise dos resultados da presente pesquisa comeca com a
definicao do perfil das 15 empresarias da amostra. As empreendedoras
dirigem predominantemente microempresas (11 casos), do setor de servicos
(13 casos), com mais de 10 anos de existencia (12 casos), criando 214
empregos diretos. Tais dados indicam que essas empresarias conseguiram
superar os desafios de sobrevivencia dos anos iniciais e,
consequentemente, demonstram uma preocupacao com a manutencao do negocio
a longo prazo.
A partir desse perfil, buscou-se verificar como essas mulheres
trabalham com os principais aspectos do comportamento estrategico.
Avaliaramse os motivos da criacao do negocio e da definicao da sua
localizacao. Analisaram-se a formulacao da missao e dos objetivos da
empresa, a visao estrategica do negocio e as perspectivas de
sobrevivencia e crescimento no mercado. Por fim, classificou-se o
comportamento de cada empreendedora de acordo com a tipologia de
comportamento estrategico de Miles e Snow (1978).
A capacidade de perceber no ambiente oportunidades onde os outros
so veem ameacas, identificando tendencias e necessidades atuais e
futuras dos clientes, esta relacionada a sensibilidade empresarial.
Esta, portanto, esta presente nas pessoas que observam tudo a sua volta
a procura de oportunidades. Ao responderem sobre os tres principais
motivos que influenciaram a criacao da sua empresa, as mulheres
empreendedoras destacaram, em 14 casos (93%), o atendimento das
necessidades do mercado; em 7 casos (45%), a identidade com a profissao;
em 6 casos (40%), a experiencia; e finalmente, em 4 casos (27%),
indicaram a influencia da referencia familiar na criacao da empresa.
Quando perguntadas sobre os tres motivos que mais influenciaram a
decisao a respeito do local de instalacao da empresa, 11 respondentes
disseram ter buscado a "boa localizacao", referindo-se a
facilidade de acesso e ao fluxo de pessoas. O segundo motivo mais
relevante, para 10 respondentes, foi um espaco adequado, relativamente a
instalacao e ao ambiente. Para 6 respondentes, a proximidade com o
mercado concorrente ou consumidor foi o mais importante. Cinco
respondentes indicaram a existencia de imovel proprio. A seguranca foi
um motivo de instalacao apenas para 4 respondentes. Verificou-se, com
isso, que o posicionamento no mercado e um dos elementos mais influentes
nas decisoes iniciais da empresa, associado a uma preocupacao em atender
as necessidades e carencias dos clientes como oportunidades de negocios
nao vislumbradas por outras empresas.
[FIGURE 2 OMITTED]
Em relacao aos aspectos de implantacao do negocio, foi indagado
como estava a definicao do ramo de negocio (vide Figura 2) e a missao da
empresa (vide Figura 3). Nesse sentido, observou-se que para 11
respondentes o negocio esta bem definido dentro do ramo de atividade e
que 4 respondentes acreditam que ele esta razoavelmente bem definido7.
Q3u%anto a missao, observou-se que 12 respondentes a consideram bem
definida e delimitada, 2 respondentes acreditam que ela esta
razoavelmente definida e apenas uma respondente considera que a missao
ainda nao foi adequadamente definida.
[FIGURE 3 OMITTED]
Conforme pode ser verificado na Figura 4, 13 empreendedoras
afirmaram que sempre fixam objetivos de crescimento para suas empresas,
uma alegou que raramente faz isso e, uma outra, que o faz as vezes. O
intervalo de tempo projetado para a obtencao dos resultados foi de um
ano para 6 respondentes, dois anos para 5 respondentes, 2 nao
estabelecem tempo para o cumprimento das metas, uma estabelece tres anos
e, outra, cinco anos (vide Figura 5). Tal fato confirma a preocupacao
das mulheres que participaram da pesquisa em estabelecer suas metas,
tanto de longo como de curto prazo, de forma clara e objetiva, assim
como em planejar suas acoes e fazer o seu monitoramento
sistematicamente, avaliando os seus resultados, atitude que podera dar
subsidios para que as metas e o planejamento das acoes sejam revistos.
[FIGURE 4 OMITTED]
[FIGURE 5 OMITTED]
Verificou-se tambem que 14 entrevistadas 393%) consideram
fundamental a participacao dos funcionarios no processo de formulacao
dos objetivos, o que demonstra que o comprometimento e um elemento
indispensavel para a criacao de conhecimento e para a concretizacao das
estrategias formuladas. Esse alto percentual indica que dentro da
organizacao ninguem desempenha funcoes isoladas e que tudo o que uma
pessoa faz no trabalho esta sempre relacionado a atividade de outra
pessoa. Em razao desse relacionamento, ha a necessidade de que todos se
entendam em busca de objetivos comuns. Nesse contexto, o empreendedor e
lider, facilitador e induz o grupo a atingir objetivos e resultados.
Sabe que a experiencia acumulada por todos, na vida pessoal e
profissional, e o elemento mais importante da organizacao. Em razao
disso, busca convivio harmonioso em seu ambiente de trabalho. Essa
postura revela a adocao da administracao participativa, caracteristica
cminuictoo an valorizada na literatura sobre empreendedorismo feminino.
No aspecto da visao estrategica, observou-se que existe uma
preocupacao com o acompanhamento das tendencias de mercado e da
tecnologia, o atendimento as necessidades dos clientes e o investimento
na capacitacao profissional dos empregados e das proprias
empreendedoras. A maioria das entrevistadas (14, ou seja, 93%) demonstra
que vislumbra um futuro promissor para os seus negocios, o que mostra
que as empresas possuem uma estrategia de crescimento continuo. Apenas
uma empreendedora nao pretende permanecer no mercado.
Quando as empreendedoras foram indagadas a respeito de como
poderiam garantir a sobrevivencia de seus negocios nos proximos 10 anos,
verificou-se que a maioria apontou a necessidade de caracteristicas
empreendedoras como disposicao para correr riscos, desde que calculados,
administracao participativa e, principalmente, disponibilidade para
aprender. Segundo Filion (1999), o empreendedor e aquele individuo que
busca constantemente compreender nao somente o que esta acontecendo no
seu ambiente, para detectar oportunidades, mas tambem o que os
individuos fazem, para que possa agir e ajustar-se de acordo com a
situacao. Logo, colher informacoes constantemente sobre os clientes,
fornecedores, concorrentes e sobre o proprio negocio--no intuito de
manter a empresa atualizada e capaz de incorporar novas tecnologias -,
aprender e aperfeicoar-se continuamente parecem ser a marca forte dessas
empreendedoras.
Para finalizar a pesquisa, foi formulada uma serie de alternativas
que classificavam o comportamento estrategico das mulheres
empreendedoras de acordo com a tipologia de Miles e Snow (1978). A
estrategia prospectora foi o modelo de comportamento predominante em 11
empresarias (73%), isto e, estas revelaram por meio da pesquisa que,
normalmente, suas organizacoes estao procurando oportunidades de
negocios e estao atentas as tendencias mercadologicas, sem medo de
mudancas. Duas empresarias (13%) foram classificadas como tendo um
comportamento estrategico analitico. Neste caso, elas operam em dois
tipos de dominio produto-mercado: um altamente estavel e outro instavel.
A partir da compreensao de que o comportamento defensivo possui foco
restrito, no qual ha um dominio estreito sobre as relacoes
produto-mercado, apenas uma empresaria (7%) foi classificada na
estrategia defensiva (exatamente a empreendedora que nao pretende se
manter no mercado). Nenhuma empresaria enquadrou-se no comportamento
reativo (nessas organizacoes, os gerentes sao inabeis para lidar com
situacoes novas e com mudancas, pois estao presos aos antigos padroes).
A Figura 6 permite a visualizacao da ditribuicao das estrategias entre
as pesquisadas.
[FIGURE 6 OMITTED]
De acordo com Miles e Snow (1978), o comportamento estrategico
prospectivo e caracteristico das empresas que saem na frente em seus
mercados, ampliando e diversificando continuamente seus produtos e
servicos e melhorando os ja existentes. Estas focalizam a importancia de
serem as primeiras, buscando a lideranca no setor. Seu comportamento
esta diretamente relacionado com as principais caracteristicas dos
empreendedores, como a coragem de assumir riscos, a visao de futuro e a
busca por novas oportunidades de negocios. A maioria das empreendedoras
que participaram da pesquisa adota um comportamento tipicamente
prospector, o que, de certa forma, explica o bNoma o desempenho de suas
empresas no mercado.
6. CONSIDERACOES FINAIS
Ante um contexto que exige posturas proativas dos gestores, esta
pesquisa intentou conhecer as estrategias adotadas por mulheres
empreendedoras na cidade de Vitoria da Conquista, regiao sudoeste da
Bahia. Ao longo do estudo, buscou-se conhecer o seu comportamento
estrategico, pois se entende que a sobrevivencia dos empreendimentos,
principalmente de pequenos negocios, esta relacionada a visao
estrategica de seus empreendedores. A escolha de uma amostra feminina
deve-se, essencialmente, ao fato de que a insercao da mulher no sistema
produtivo constitui um dado privilegiado para analisar as transformacoes
que vem ocorrendo com o feminino na modernidade. Alem disso, o tema
empreendedorismo feminino emerge como um assunto muito pouco estudado e
carente de pesquisas nao so teoricas, mas tambem e principalmente
empiricas.
Ha muito a ser explorado sobre o assunto. Varias questoes
permanecem em aberto e merecem ser amadurecidas, tais como: 1) a
tipologia de avaliacao do comportamento estrategico de Miles e Snow e um
referencial apropriado para investigar a atuacao de mulheres
empreendedoras em mercados perifericos de cidades de porte medio,
formados predominantemente por micro e pequenas empresas vinculadas ao
setor de servicos? 2) o estudo do empreendedorismo feminino e do
comportamento estrategico em micro e pequenas empresas pode melhorar o
patamar competitivo de uma regiao? 3) e pertinente falar de genero ao
investigar o comportamento estrategico e o empreendedorismo? 4) seria
possivel a construcao de uma metodologia de avaliacao propria (nacional)
que desse conta da analise deste novo momento das organizacoes locais?
Diante do exposto, observa-se que o trabalho ainda esta em processo
de construcao, necessitando de maior amadurecimento. Portanto, a
presente pesquisa, em funcao de suas peculiaridades proprias e
limitacoes, deixa varias questoes em aberto. Consequentemente, pode ser
continuada em varias frentes, de maneira a preencher e enriquecer as
lacunas existentes a respeito do comportamento estrategico de mulheres
empreendedoras.
Recebido em: 06/05/2008
Aprovado em: 24/03/2009
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1995.
(1) Na Franca, ha iniciativas para promover o ensino do
empreendedorismo nas universidades, particularmente para engajar os
estudantes. A Alemanha tem implementado um numero crescente de programas
que destinam recursos financeiros e apoio a criacao de novas empresas.
No final de 1998, o Reino Unido publicou um relatorio a respeito do seu
futuro competitivo, o qual enfatizava a necessidade de desenvolver uma
serie de iniciativas para intensificar o empreendedorismo na regiao
(DORNELAS, 2001:22-23).
(2) Segundo o Estudo Especial sobre a Mulher, do IBGE (2008), as
mulheres representaram cerca de 44,4% da populacao economicamente ativa
no Brasil.
(3) Koen (1984 apud CALAS; SMIRCICH, 1998) sugere que a chave para
o feminismo e encontrar uma estrutura organizacional que promova maior
participacao e empowerment para as mulheres.
(4) Segundo pesquisa desenvolvida pelo Sebrae (1999), a taxa de
mortalidade empresarial varia de cerca de 30 a 61% no primeiro ano de
existencia da empresa, de 40 a 68% no segundo ano, e de 55 a 73% no
terceiro ano do empreendimento.
Almiralva Ferraz Gomes
Doutoranda em Administracao pela UFLA. Mestre em Administracao pela
UFBA
Professora Assistente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
E-mail: almiralva@gmail.com
Weslei Gusmao Piau Santana
Doutorando em Administracao pela UFBA. Mestre em Administracao pela
UFBA
Professor Assistente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
E-mail: wpiau@hotmail.com
Luiz Marcelo Antonialli
Doutor em Administracao pela FEA-USP
Professor Adjunto do DAE-UFLA e Professor colaborador da FEAD-Minas
E-mail: lmantonialli@uol.com.br
Elizabeth Lilian Flores Correia
Mestre em Administracao pela UFBA
Professora Assistente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
E-mail: lilianbeth@uesb.br
Quadro 1: Tipologia de estrategias empresariais e suas repercussoes
nos tres niveis da empresa
Nivel
Institucional
Estrategias Problema
Empresariais Empreendedorial
Escolha do dominio
produto/mercado
Defensiva Garantir e conservar o
Manutencao dos dominio atual de produtos/
atuais dominios mercados
de produto/
mercados
Prospectiva Explorar e localizar novas
Ampliacao e oportunidades de produtos/
busca de novos mercados
dominios de
produtos/
mercados
Busca de novos dominios,
ainda que transitorios
Analitica Garantir um dominio atual
Manutencao de e, ao mesmo tempo,
dominios buscar, localizar e explorar
estaveis e busca novas oportunidades de
e conquista de produtos/mercados
novos dominios
de produtos/
mercados Busca de estabilidade de
um dominio e,
simultaneamente, de novos
dominios
Reativa Resposta empresarial
despreparada, improvisada
e pouco eficaz face a
adesao de estrategias
inadequadas e envelhecidas
Nivel
Intermediario
Estrategias Problema
Empresariais Administrativo
Estruturacao de
atividades e
estabelecimento de
normas e processos
Defensiva Planejamento e controle
Manutencao dos das operacoes da empresa
atuais dominios para assegurar ou aumentar
de produto/ a eficiencia atual
mercados
Enfase na conservacao
Prospectiva Facilitar e coordenar as
Ampliacao e frequentes e diversas
busca de novos mudancas nas atividades e
dominios de operacoes da empresa
produtos/
mercados
Enfase na mudanca
organizacional
Analitica Diferenciar a estrutura e
Manutencao de processos organizacionais
dominios para acomodar e equilibrar
estaveis e busca areas de operacao estavel
e conquista de com areas dinamicas e
novos dominios instaveis
de produtos/
mercados
Enfase tanto na
conservacao como na
mudanca organizacional
Reativa Falta de relacionamento
coerente entre estrategias e
estrutura e processos
organizacionais, o que
provoca dificuldades de
integracao e coordenacao
organizacional
Nivel
Operacional
Estrategias Problema de
Empresariais Engenharia
Escolha e utilizacao de
producao e de
distribuicao
Defensiva Producao e distribuicao de
Manutencao dos bens ou servicos de
atuais dominios maneira mais eficiente, por
de produto/ meio de intensificacao da
mercados tecnologia atual
Enfase na tecnologia
utilizada
Prospectiva Manter flexibilidade nas
Ampliacao e tecnologias para
busca de novos acompanhar as mudancas
dominios de nos dominios e modificar
produtos/ continuamente as
mercados operacoes.
Enfase na flexibilidade
tecnologica
Analitica Adotar tecnologia dual
Manutencao de para servir a um dominio
dominios hibrido: estavel e mutavel.
estaveis e busca
e conquista de
novos dominios
de produtos/
mercados
Complexidade tecnologica
Reativa Pouca eficiencia nas
operacoes
Fonte: Adaptado de MILES; SNOW, 1978.
Quadro 2. Tendencias do comportamento gerencial por parte de mulheres
empreendedoras
Objetivos Estrutura
* Culturais e sociais * Enfase na cooperacao
* Seguranca e satisfacao * Baixo grau de
no trabalho formalismo
* Satisfacao dos clientes * Busca de integracao e de
* Responsabilidade social boa comunicacao
* Descentralizacao
Estrategia Estilo de Lideranca
* Tipo inovativa * Poder compartilhado
* Busca de qualidade * Motivar os outros
* Busca de * Valorizar o trabalho de
sobrevivencia e de todos
satisfacao geral * Atencao as diferencas
* Conciliacao entre individuais
trabalho e familia
Fonte: MACHADO, 2002.