Core competencies as a determinant in highly competitive environments: the mobile telephone sector in Minas Gerais/Competencias essenciais como fator determinante de competitividade em ambientes hipercompetitivos: um estudo do setor de telefonia celular de Minas Gerais.
Ribeiro, Juliane de Almeida ; Goncalves, Carlos Alberto ; de Souza, Gustavo Ferreira Mendes 等
1. INTRODUCAO
Os avancos tecnologicos que vem ocorrendo nos ultimos anos tem
impactado a vida das pessoas que vivem nos centros urbanos, as
estruturas e os comportamentos organizacionais. O fortalecimento da
globalizacao, igualmente, obrigou as empresas a se repensar, com vistas
no aumento de eficiencia e na conquista de novos mercados. Setores
economicos, como o da telefonia celular, sao caracterizados por uma
intensa disputa por novos clientes e segmentos de mercado, fato que
denota a hipercompeticao. Tal contexto exige que os players competitivos
estejam revendo constantemente suas acoes e estrategias, e que tenham
uma cultura organizacional pro-ativa ou capaz de adaptar-se rapidamente
as mudancas.
A organizacao que busca manter-se competitiva em setores com esse
perfil precisa ter internamente um conjunto de recursos tangiveis e
intangiveis que se integrem de modo a possibilitar o desenvolvimento e a
melhoria continua de suas competencias. Alem disso, externamente, e
importante, entre outras acoes, monitorar constantemente o ambiente e
buscar alternativas estrategicas para aumentar seu tamanho e forca no
mercado.
No Brasil, no periodo de 1965 a 1998, as telecomunicacoes
(macrossetor no qual se insere a telefonia celular) estiveram sob o
controle estatal. Wohlers (2007) lembra que, quando o setor era estatal,
os investimentos praticamente nao eram feitos, mesmo havendo mercado,
rentabilidade e financiamento, em razao dos severos controles de varios
ministerios e do Congresso, e mesmo os decorrentes da contabilidade do
endividamento publico. Somada a isso, a falta de concorrencia nao
estimulava as empresas a melhorar a qualidade do servico. Dessa forma,
restricoes orcamentarias, excesso de burocracia da administracao publica
e monopolio tornavam os servicos brasileiros de telecomunicacoes caros e
de ma qualidade (SANT'ANDRE, 1998). Foi somente com a privatizacao,
a partir de 1998, que esse paradigma nacional pode ser modificado.
A privatizacao foi a solucao encontrada para injetar capital
privado nas telecomunicacoes e construir a almejada qualidade e
universalizacao na prestacao dos servicos. A venda do sistema Telebras
gerou 22 milhoes de reais em 1998 e a das bandas C, D e E da telefonia
celular, em 2002, mais de 6 milhoes de reais. Um sinal das mudancas que
estariam por vir foi a criacao da Agencia Nacional de Telecomunicacoes
(ANATEL), orgao cuja funcao seria fiscalizar e regular o novo sistema
que entraria em vigor.
Desde entao, o aumento do volume de investimentos, a entrada de
empresas estrangeiras mais experientes e de alta qualidade no setor e a
disputa de mercado advinda da concorrencia conferiram novo vigor a
telefonia brasileira. O desempenho superior do setor pode ser comprovado
com a melhoria da prestacao de servicos, o aumento da tecnologia e a
superacao de metas em relacao ao numero de telefones fixos, publicos e
celulares no Brasil.
Por outro lado, a configuracao pos-privatizacao do setor de
telefonia celular intensificou sua complexidade e a competitividade
entre as empresas participantes. O aumento do numero de grupos de
interesse, conhecidos como stakeholders (operadoras de telefonia
celular, fornecedores das operadoras, dealers--compradores de natureza
juridica--, clientes, ANATEL, entre outros), trouxe novas exigencias,
expectativas e necessidades a serem atendidas. Alem disso, o fato de
esse ser um ramo baseado em tecnologia implica inumeras demandas por
competencias empresariais que se traduzam em agilidade e modernidade.
Dessa forma, se para os clientes da telefonia os beneficios foram
variados e significativos, para as empresas que atuam nesse setor
criou-se um ambiente de grande competicao, em que se torna cada vez mais
dificil conceber diferenciais estrategicos que gerem vantagens
competitivas duradouras. Todavia, alguns autores (HAMEL; PRAHALAD, 1995;
HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001) defendem que uma empresa pode
desenvolver certas capacidades estrategicas ou competencias essenciais
(core competences) que tenham o poder de agregar um valor superior aos
bens e servicos destinados aos clientes e gerar maiores ganhos para a
empresa enquanto a concorrencia nao as imita ou supera.
Assim, diante da alta paridade competitiva existente entre os
players competitivos do Grupo Estrategico da telefonia celular em Minas
Gerais, esta pesquisa propos-se responder aos seguintes problemas de
pesquisa: quais sao os fatores envolvidos na competicao das principais
empresas desse setor que influenciam a conquista de vantagens
competitivas e de lideranca de mercado? existem competencias essenciais
que proporcionam resultados superiores as empresas? se existem, como se
da o seu desenvolvimento? Para tanto, foi realizado um estudo multicasos
com entrevistas semiestruturadas com gerentes de cada empresa e
aplicadas tecnicas qualitativas de analise de conteudo e analise
tematica para a obtencao de conclusoes.
2. DO ESTUDO E OBJETIVOS DA PESQUISA
O setor escolhido para a realizacao da pesquisa foi o de telefonia
celular de Minas Gerais, posto que, reconhecidamente, e um ambiente de
alta competitividade. Operam atualmente nesse Estado cinco empresas, a
saber: Telemig Celular (que, adquirida pela empresa Vivo, passou tambem
a ser chamada como tal a partir de abril de 2008), TIM, Claro, Oi e
CTBC. A CTBC atua exclusivamente no Triangulo Mineiro e nao foi incluida
no presente estudo.
As empresas que compoem o setor de telefonia celular mineiro podem
ser consideradas como players competitivos de um Grupo Estrategico.
Segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), Grupo Estrategico e um
conjunto de firmas em um setor que segue estrategias iguais ou
semelhantes ao longo das mesmas dimensoes estrategicas. Exemplos de
dimensoes estrategicas podem ser: graus de lideranca tecnologica,
qualidade do produto e do tipo de servico que a empresa oferece ao
cliente, politicas de preco, escolha dos canais de distribuicao, entre
outros.
Greve (1999 apud HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001) comenta que as
evidencias sugerem que as organizacoes em um Grupo Estrategico ocupam
posicoes semelhantes no mercado, oferecem artigos similares a clientes e
tambem podem tomar decisoes semelhantes sobre a tecnologia de producao e
outras caracteristicas organizacionais.
O Estado de Minas Gerais, segundo sua Secretaria do Desenvolvimento
Economico, e referencia nacional em qualidade nos servicos de
telecomunicacoes e possui uma moderna rede de fibra optica que une suas
principais cidades. De acordo com dados de marco de 2007, calcula-se que
existam 11,22 milhoes de celulares em funcionamento no Estado, para uma
populacao de aproximadamente 19,5 milhoes de habitantes.
Ainda que esse Estado seja considerado desenvolvido em
telecomunicacoes, dos 853 municipios mineiros, 411 nao possuem cobertura
de telefonia celular. Nesse grande numero de municipios, cujas
caracteristicas socioeconomicas inviabilizam investimentos realizados
exclusivamente pela iniciativa privada, totalizam-se mais de 2,5 milhoes
de pessoas, pouco mais de 10% dos 19,5 milhoes de habitantes do Estado.
Para minimizar esse problema, o governo mineiro criou o Programa de
Universalizacao do Acesso a Servicos de Telecomunicacao de Minas Gerais
(Programa Minas Comunica). Com uma verba prevista de 200 milhoes de
reais, essa parceria entre o Estado e a iniciativa privada pretende
garantir que o acesso aos servicos de telefonia celular e de transmissao
de dados esteja disponivel em todas as cidades mineiras em ate 18 meses
apos a assinatura dos contratos com as concessionarias (ate 2008).
A Vivo (antiga Telemig Celular) e a operadora que ocupa atualmente
o segundo lugar em participacao de mercado em Minas Gerais, com 30,4%. E
a empresa com maior tempo de mercado, pois e a continuacao da estatal
existente antes da privatizacao. Tem a melhor cobertura no Estado, atua
em 393 municipios e possui mais de 3,5 milhoes de clientes. No Brasil,
ocupa o quinto lugar em participacao de mercado. Recentemente, a empresa
ganhou concessao para atender mais 134 municipios das regioes sul,
norte, noroeste e Triangulo Mineiro, pelo programa Minas Comunica.
A TIM (Telecom Italia Mobile) e uma empresa de origem italiana, que
passou a ocupar a partir de agosto de 2007 o primeiro lugar em
participacao de mercado em Minas Gerais. Opera a Banda B da telefonia
celular no Estado de Minas Gerais, na Bahia e em Sergipe desde abril de
1998. E a unica operadora presente em todos os Estados brasileiros e,
desde marco de 2005, e a segunda do mercado nacional em numero de
clientes, aproximando-se da lider.
A Oi foi criada em junho de 2002 e faz parte das empresas Telemar.
Foi a terceira a entrar no mercado brasileiro de telecomunicacoes e atua
em 16 estados. E a quarta operadora em extensao de cobertura no Brasil e
a terceira no caso especifico do Estado de Minas Gerais. Atende 270
municipios, o que corresponde a aproximadamente 76% da populacao do
Estado. Assim como a Telemig Celular e a Claro, a Oi tambem participara
do programa Minas Comunica, uma vez que adquiriu o direito de explorar o
servico de telefonia celular em 151 municipios das regioes do Vale do
Mucuri, do Jequitinhonha, do Rio Doce e da regiao centro-oeste de Minas.
A Claro atua em 21 Estados e no Distrito Federal, atendendo mais de
2.300 cidades e 22,2 milhoes de clientes. E controlada pelo grupo
America Movil, o maior do setor de telefonia celular da America Latina,
com cerca de 116 milhoes de clientes em linhas fixas e moveis. Foi a
quarta entrante no mercado mineiro e comecou a operar no final de 2005,
apos ter comprado concessao para atuar no Estado (exceto na regiao do
Triangulo Mineiro) em 2004. Demonstrando crescente interesse em aumentar
sua participacao em Minas Gerais, a empresa ganhou licitacao para atuar
em 127 municipios das regioes Central e Zona da Mata pelo programa Minas
Comunica.
Tendo em vista o contexto apresentado, o objetivo geral desta
pesquisa foi entender como as quatro maiores empresas de telefonia
celular atuantes em Minas Gerais lidam com seus ambientes interno e
externo na busca de vantagens competitivas e de lideranca de mercado.
Por sua vez, os objetivos especificos que nortearam esta investigacao
foram: (1) analisar quais fatores determinam a lideranca no setor de
telefonia celular; (2) identificar as semelhancas e diferencas nas
estrategias de atuacao de cada empresa no mercado; (3) analisar as
competencias mais importantes de cada empresa, assim como as que mais
contribuem para a lucratividade e a participacao de mercado; (4)
entender como se estabelecem ou em que sao baseadas as vantagens
competitivas nesse setor; (5) entender a estrutura empresarial e a forma
pela qual as organizacoes criam valor para o cliente.
3. REVISAO DA LITERATURA
3.1. Ambientes hipercompetitivos
Segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), o ambiente competitivo
do seculo XXI distingue-se dos anteriores pelo surgimento da revolucao
tecnologica (especialmente aquela gerada pelo comercio eletronico) e de
uma crescente globalizacao. A revolucao tecnologica da maior importancia
a inovacao de produto e a habilidade de introduzir novos bens e servicos
no mercado. A economia globalizada, aquela na qual bens e servicos fluem
com relativa liberdade entre as nacoes, pressiona constantemente as
empresas a se tornar mais competitivas.
As fontes convencionais de vantagem competitiva, como as economias
de escala e orcamentos de publicidade vultosos, nao tem a mesma eficacia
no cenario competitivo do seculo
XXI (HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001).
Alem disso, a mentalidade administrativa tradicional nao e capaz de
conduzir uma empresa a competitividade estrategica nesse cenario
competitivo. Em seu lugar, os gestores devem adotar uma nova
mentalidade, que valorize a flexibilidade, velocidade, inovacao,
integracao e os desafios que surgem a partir de condicoes em constante
fase de mudanca.
O atual panorama competitivo requer capacidades especificas, como a
habilidade de utilizar sabiamente recursos escassos, a fim de manter os
custos no nivel mais baixo possivel; antecipar-se constantemente as
frequentes mudancas nas preferencias do cliente; adaptar-se a mudancas
tecnologicas rapidas; identificar, enfatizar e gerenciar de forma eficaz
tudo aquilo que a firma possa fazer melhor do que os seus concorrentes;
estruturar continuamente as operacoes da empresa para que os objetivos
possam ser alcancados com maior eficiencia; ser bem-sucedido em
administrar e obter o empenho de uma forca de trabalho culturalmente
diversificada (HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001).
Esse panorama competitivo que emergiu nos anos 90 do seculo passado foi denominado por D'Aveni (1995) hipercompeticao. Para o autor,
hipercompeticao e um ambiente caracterizado por movimentos competitivos
intensos e rapidos, no qual os concorrentes tem de agir rapidamente para
construir vantagens e erodir as vantagens de seus adversarios. Isso
acelera as interacoes estrategicas dinamicas entre os players
competitivos. As interacoes estrategicas dinamicas referidas por
D'Aveni (1995) significam movimentos e contramovimentos
competitivos nas quatro principais arenas da competicao segundo sua
abordagem, a saber: Arena de Custo e Qualidade; Arena de Timing e
know-how; Arena de Criacao e Destruicao de Fortalezas de
Produto/Mercado; Arena de Acumulo e Neutralizacao de Reservas
Financeiras.
Segundo D'Aveni (1995), a primeira arena da competicao e a
baseada em custo e qualidade. Normalmente, as empresas competem
oferecendo diferentes niveis de qualidade a diferentes precos.
Entretanto, quando a qualidade nao e um fator de diferenciacao, as
empresas sao forcadas a engajar-se em guerras de preco, porque esta e a
unica dimensao na qual conseguem competir. Algumas empresas tentam
abranger toda a extensao entre ser um diferenciador de alto preco e alta
qualidade e um lider em baixo preco e baixa qualidade, para se tornarem
produtoras de linhas completas de produtos.
Para o autor, a partir do momento em que se esgotam as
possibilidades de criacao de vantagens competitivas na arena de
competicao em preco e qualidade, a empresa passa a considerar as
possibilidades estrategicas de entrar em um novo mercado e/ou lancar um
novo produto. O tempo de entrada no mercado (timing) e o know how que
permite essa entrada formam a segunda arena de interacao competitiva.
Conforme o movimento em direcao ao valor otimo e a tendencia a
rapida imitacao tendem a nivelar os concorrentes em determinado setor,
os players competitivos buscam obter vantagens competitivas na terceira
arena de competicao, isto e, criando barreiras em torno de uma fortaleza
em certa regiao geografica, segmento industrial ou segmento de mercado
de um produto. D'Aveni (1995) ressalta que, embora as empresas
construam barreiras a entrada para manter concorrentes fora de seus
mercados, esta tatica e raramente sustentavel a longo prazo, pois os
entrantes eventualmente se unem ou encontram maneiras de transpor essas
barreiras.
Por fim, depois de se exaurirem as vantagens baseadas em
custo/qualidade e timing/know how, e de serem destruidas as fortalezas
em produtos/mercados, as empresas frequentemente se fiam em suas
reservas financeiras (D'AVENI, 1995). As grandes empresas
nitidamente tem maior resistencia num ambiente hipercompetitivo, pois
utilizam seus recursos para desgastar ou minar seus concorrentes.
Contudo, os pequenos competidores podem se unir, desenvolvendo aliancas
formais ou informais, ou apelar para leis governamentais. Dessa forma,
eventualmente conseguem destruir a vantagem de reserva financeira de uma
grande empresa.
Assim, a principal consequencia do ambiente hipercompetitivo para
as empresas que se encontram nele inseridas e o fato de que equilibrios
estaveis sao impossiveis, em razao da tecnologia sempre mutante, da
competicao global e do posicionamento estrategico corporativo, que estao
em constante transformacao. Tal contexto competitivo resulta em
desequilibrio frequente ou quase constante, uma vez que, nele, os
entrantes e os concorrentes estabelecidos rompem o equilibrio de forcas
e ganham superioridade temporaria.
3.2. Analise do ambiente externo e do Modelo Industrial
Organization (I/O)
O ambiente externo e composto de todas as variaveis que influenciam
direta e indiretamente as atividades da empresa, exercendo pressoes
sobre elas. Segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), o ambiente
externo subdivide-se em tres dimensoes principais: o ambiente geral, o
ambiente do setor e o ambiente da concorrencia.
O ambiente geral, o de maior alcance na sociedade, influencia o
setor e as empresas correlatas. Ele e constituido pelos segmentos
demografico, economico, politico-legal, sociocultural, tecnologico e
global, e representa as caracteristicas de determinado publico
consumidor, as regulamentacoes economicas e os contextos sociais,
politicos e culturais nos quais a empresa esta inserida.
O ambiente do setor de que faz parte certa industria contempla os
fatores definidos no modelo das cinco forcas que determinam a
atratividade estrutural dos segmentos (PORTER, 1989), a saber: a ameaca
de novos entrantes, o poder de barganha de fornecedores, o poder de
barganha de compradores, a existencia de produtos substitutos e o grau
de intensidade da rivalidade entre concorrentes. Tais forcas exercem
influencia direta sobre a empresa, suas acoes e suas reacoes
competitivas.
O ambiente da concorrencia, por sua vez, e tomado como base quando
a organizacao analisa cada uma das empresas com as quais concorre
diretamente. Segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), ao engajar-se em
uma analise da concorrencia, a empresa busca entender o que impulsiona o
concorrente, conforme demonstrado por seus objetivos futuros; o que o
concorrente esta fazendo e o que pode fazer, conforme demonstrado por
sua estrategia atual; aquilo em que o concorrente acredita a respeito de
si proprio e do setor, conforme demonstrado por suas suposicoes; qual a
capacidade do concorrente, conforme demonstrado por sua capacidade.
Alem disso, vale mencionar que na analise da concorrencia a empresa
nao deve colher informacoes apenas sobre seus competidores, mas tambem
sobre as politicas publicas nos paises em todo o mundo (HITT; IRELAND;
HOSKINSSON, 2001). A inteligencia competitiva e o conhecimento de
politicas publicas permitem que a empresa adquira conhecimentos
suplementares para tentar construir vantagem competitiva e melhorar a
qualidade das decisoes estrategicas que sao tomadas quando escolhe como
ira concorrer contra os seus principais rivais (YOUNG, 1999 apud HITT;
IRELAND; HOSKINSSON, 2001).
O ambiente externo foi considerado, entre as decadas de 1960 e
1980, o principal determinante das estrategias a serem selecionadas pela
empresa (HOSKINSSON et al, 1999). Acreditava-se que o setor no qual uma
empresa decidia atuar exercia maior influencia no seu desempenho do que
as decisoes tomadas por seus gestores.
A abordagem cujo enfoque estrategico era o ambiente do setor ficou
conhecida como modelo de Organizacao Industrial (I/O, do ingles Industrial Organization) (BAIN, 1959). Segundo o modelo I/O, os retornos
das empresas sao determinados pela estrutura do setor no qual atuam. As
caracteristicas do setor que influenciam sua atratividade foram
descritas no modelo das cinco forcas de PORTER (1979), a saber:
rivalidade entre concorrentes; ameaca de novos entrantes; ameaca de
produtos substitutos; poder de barganha dos clientes; e poder de
barganha dos fornecedores.
Assim, a abordagem baseada no modelo I/O considera que a existencia
e a intensidade de barreiras a entrada em um setor, a quantidade e o
tamanho relativo das empresas que o compoem, o nivel de diferenciacao de
produtos ofertados e a elasticidade da demanda do setor sao os
principais determinantes de sua atratividade. Os autores Hitt, Ireland e
Hoskinsson (2001) acrescentam ainda, como fatores de influencia na
atratividade do setor, a capacidade de obter economias de escala.
Dessa forma, segundo o modelo I/O, a capacidade de uma empresa de
obter lucros depende muito mais das caracteristicas externas a ela do
que de sua capacidade de influenciar seu proprio destino.
Para Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), o modelo I/O, fortemente
baseado na economia, faz as seguintes suposicoes: o ambiente externo
impoe pressoes e limitacoes que determinam as estrategias capazes de
gerar retornos superiores a media; quase todas as empresas que atuam em
um determinado setor ou segmento deste controlam recursos semelhantes e
estrategicamente pertinentes, e adotam estrategias semelhantes em vista
desses recursos; os recursos empregados na implementacao de estrategias
sao altamente moveis de empresa para empresa; em vista da mobilidade de
recursos, as eventuais diferencas em recursos que possam se desenvolver
entre empresas nao terao vida longa; os individuos que detem o poder
decisorio organizacional sao racionais e tem o compromisso de atuar nos
melhores interesses da empresa, como demonstra o seu comportamento de
maximizacao de lucros.
O modelo I/O propoe que a empresa deve escolher um setor atraente
para atuar e que sua insercao nele seguiria certos padroes previsiveis
em razao de sua incapacidade de modificar o ambiente em que opera.
Pressupondo um determinismo externo, a eficiencia administrativa estaria
associada a determinacao da estrategia que melhor se adaptasse as forcas
ambientais, tecnicas e humanas em uma determinada epoca e, depois, ao
trabalho de implementa-la (BOURGEOIS, 1984; HREBINIAK; JOYCE, 1985 apud
HARRISON, 2005).
Esse modelo foi criticado por criar a ideia de um determinismo
ambiental, uma vez que defendia que a organizacao mais bem-sucedida
seria aquela que melhor se adaptasse as forcas existentes; em outras
palavras, o ambiente determinaria a melhor estrategia. Assim,
pressupunha que as decisoes estrategicas tomadas pelos gerentes eram
previstas e predestinadas, e descartava o fato de que a natureza
especifica do conceito de estrategia supoe um agente humano capaz de
executar acoes que tentem distinguir uma empresa de seus concorrentes
(BOURGEOIS, 1984 apud HARRISON, 2005).
Portanto, deve-se considerar que a empresa tem a alternativa de
tentar influenciar o ambiente para torna-lo menos hostil e mais propicio
ao seu desempenho estrategico superior. Esse processo e chamado, segundo
HARRISON (2005), de determinacao do que se quer, que significa que uma
empresa pode influenciar seu ambiente. Para tanto, ela pode construir
aliancas estrategicas com seus publicos interessados (stakeholders) e
fazer investimentos em tecnologia de ponta, em propaganda, em lobby
politico, em fusoes e aquisicoes e em diversas outras atividades
(SMIRCHICH; STUBBART, 1985 apud HARRISON, 2005). Evidentemente, isso e
mais viavel em grandes organizacoes, uma vez que empresas pequenas sao
limitadas em sua capacidade de influenciar sozinhas algumas variaveis de
seu ambiente.
3.3. Analise do ambiente interno e das implicacoes das competencias
essenciais: a Teoria da Visao Baseada em Recursos (Resource Based
View--RBV)
Segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), o ambiente interno e
composto por recursos, capacidades e competencias essenciais. Os
recursos sao as entradas do processo produtivo e podem ser classificados
em recursos tangiveis (equipamentos, instalacoes, capital da empresa,
entre outros) e intangiveis (gestores talentosos, cultura
organizacional, capital intelectual, entre outros).
As capacidades resultam da combinacao de recursos e sao
representadas pela habilidade que a empresa tem de organizar os recursos
e integra-los propositadamente para alcancar uma condicao final desejada
(HITT et al., 1999 apud HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001). As capacidades
sao fatores criticos na busca da competitividade estrategica e
baseiam-se no desenvolvimento, transporte e intercambio de informacoes e
conhecimentos por meio do capital humano da empresa.
As capacidades sao frequentemente desenvolvidas em areas
funcionais, como fabricacao, distribuicao, recursos humanos, marketing,
entre outras, e em partes dessas areas, como qualidade de produto e
projeto, tecnicas de administracao logistica, motivacao e retencao de
funcionarios, propaganda, entre outras.
Nao obstante isso, nos ultimos anos tem-se observado que uma das
capacidades de maior destaque no ambiente de negocios,
"provavelmente a raiz de todas as vantagens competitivas",
segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), e o conhecimento em poder do
capital humano da empresa. Um importante desafio nos dias atuais e criar
um ambiente que permita que diferentes individuos encaixem as diferentes
pecas de seus conhecimentos, para que todos os empregados dominem a
maior quantidade de conhecimento possivel (STAUFFER, 1999 apud HITT;
IRELAND; HOSKINSSON, 2001). Esse conhecimento elevado e disseminado em
toda a organizacao e extremamente importante para que sejam criados e
sustentados seus diferenciais competitivos.
As capacidades consideradas ao mesmo tempo valiosas, raras,
dificeis de imitar e sem equivalentes estrategicos foram denominadas
pela literatura de capacidades estrategicas ou competencias essenciais
(core competences).
Segundo Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001), as competencias
essenciais emergem com o tempo por meio de um processo organizacional
que objetiva acumular e aprender a dispor os diferentes recursos e
capacidades. Nesse sentido, cabe analisar os recursos, ajusta-los e
renova-los para manter seu valor e posicao competitiva. As capacidades
tambem vao sendo fortalecidas por meio de seu uso continuado,
tornando-se mais dificeis de serem imitadas pela concorrencia (HITT;
IRELAND; HOSKINSSON, 2001). Seu uso adequado envolve um complexo modelo
de coordenacao entre pessoas e entre pessoas e outros recursos (GRANT,
1991).
Para Hamel e Prahalad (1995), os recursos e as capacidades, quando
bem explorados e aliados as oportunidades do mercado, tornam-se
competencias essenciais (core competences) que proporcionarao o
diferencial competitivo da empresa. A Figura 1 representa os componentes
da analise interna que conduzem a vantagem competitiva e a
competitividade estrategica.
Assim, dentre todos os recursos e capacidades, apenas alguns
formarao base para a vantagem competitiva. Segundo Barney (1991) e Hitt,
Ireland e Hoskinsson (2001), para que um recurso ou capacidade se torne
uma competencia essencial, ele deve apresentar quatro atributos: ser
valioso, para que possa explorar oportunidades e neutralizar ameacas;
ser raro, no sentido de representar um diferencial entre a empresa e
seus concorrentes; ser imperfeitamente imitavel; e nao ter equivalentes
estrategicos.
[FIGURE 1 OMITTED]
Dessa forma, pode-se dizer que toda competencia essencial e uma
capacidade, mas nem toda capacidade e uma competencia essencial. Segundo
John e Harrison (1999 apud HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001), do ponto de
vista operacional, para ser considerada como competencia essencial, uma
capacidade devera ser valiosa e insubstituivel aos olhos do consumidor e
unica e inimitavel na opiniao da concorrencia.
Nesse sentido, as diferentes combinacoes das qualificacoes das
capacidades determinarao as consequencias competitivas e suas
implicacoes no desempenho da empresa. A conquista de uma vantagem
competitiva sustentavel somente ocorrera quando a concorrencia realizar
varias tentativas infrutiferas de reproduzir os beneficios da estrategia
de uma empresa ou quando faltar aos concorrentes a confianca em
conseguir chegar a uma imitacao. O periodo durante o qual a empresa
aproveita a prevalencia de sua vantagem competitiva sera uma funcao do
tempo de que a concorrencia necessita para poder imitar adequadamente o
bem, servico ou processo.
O quadro a seguir mostra os resultados das combinacoes dos
criterios de vantagem competitiva das capacidades e suas implicacoes no
retorno e no desempenho da empresa.
Hitt, Ireland e Hoskinsson (2001) reforcam a ideia de que grandes
empresas concorrentes podem ter capacidades que lhes possibilitem apenas
gerar paridade competitiva. Nesses casos, as empresas fomentam essas
capacidades, enquanto, simultaneamente, enfatizam aquelas que podem
gerar uma vantagem competitiva temporaria ou sustentavel.
Para Hamel e Prahalad (1995), autores que tambem sao referencia
quando o objeto de estudo sao as competencias essenciais, uma
determinada capacidade deve satisfazer tres criterios para ser
denominada competencia essencial. Esses criterios sao: o valor percebido
pelo cliente, a diferenciacao entre concorrentes e a capacidade de
expansao.
Para esses autores, os clientes sao os juizes finais do que e ou
nao e uma competencia essencial, ainda que atividades que gerem
beneficios substanciais em termos de custos para o fabricante tambem
possam ser consideradas como tal. Assim, e muito importante saber quais
sao os elementos de valor de um produto ou servico, ou seja, quais sao
as caracteristicas que realmente fazem a diferenca para o cliente.
Outro aspecto relevante nessa abordagem e o discernimento de que
uma competencia essencial e uma capacidade que precisa ser
competitivamente unica. Entretanto, como na pratica isso e muito raro,
pode-se dizer que uma capacidade e uma competencia essencial se ela for
conhecida pelo menor numero de empresas possivel ou se estiver em um
nivel de desenvolvimento acima da media do dos concorrentes.
Por fim, segundo a otica de Hamel e Prahalad (1995), e importante
que uma competencia essencial seja capaz de proporcionar a elaboracao de
uma serie de novos produtos e servicos a partir dela, garantindo assim a
lucratividade da empresa a longo prazo.
Vale mencionar que esses autores tambem defendem que as
competencias essenciais sao habilidades e nao um ativo no sentido
contabil da palavra. Por isso, necessitam ser gerenciadas de maneira
especial, monitoradas constantemente, pois podem perder seu valor com o
tempo. A maquina fotografica e o telefone celular sao produtos que
exemplificam como as competencias essenciais se transformaram
rapidamente para acompanhar a evolucao da tecnologia.
Tendo em mente os componentes da analise interna e as
caracteristicas distintivas, alem das implicacoes competitivas, das
competencias essenciais, torna-se mais facil entender a Teoria da Visao
Baseada em Recursos (Theory of the Resourced Based View of the
Firm--RBV). Nas decadas de 1980 e 1990, diversos estudos foram
desenvolvidos para a elaboracao de estrategias que focalizassem os
recursos internos das organizacoes em detrimento do foco nos produtos
por elas oferecidos. Essa perspectiva ficou conhecida como Teoria dos
Recursos.
De acordo com Leask (2004), as empresas elaboram suas estrategias
baseadas primordialmente em sua combinacao de recursos e nas
oportunidades de mercado que elas identificam. Assim, a RBV surgiu com o
objetivo de desenvolver ferramentas que possibilitassem a empresa
analisar a sua posicao em relacao aos recursos por ela utilizados e, com
base nessa analise, propor opcoes de estrategias a serem seguidas
(WERNEFELT, 1984). As discrepancias existentes entre as performances das
empresas de um mesmo setor podem ser explicadas a partir das diferencas
entre os conjuntos de recursos que cada empresa possui. De acordo com
WERNERFELT (1984), uma grande firma deve possuir gerentes capazes de
criar uma estrategia que possibilite um equilibrio entre a exploracao
dos recursos existentes e o desenvolvimento de novos recursos.
E importante que esses novos recursos adquiridos ou desenvolvidos
pela empresa sejam complementares aos ja existentes na organizacao e
coerentes com eles, a fim de se alcancar maior eficiencia e utilidade.
Se os gerentes forem displicentes nesse aspecto, recursos internos
disponiveis serao subutilizados e a empresa perdera competitividade em
seu setor. Assim, os gestores sao elementos de fundamental importancia
para a captacao e o desenvolvimento de recursos internos, em especial de
recursos nao negociaveis. Pode-se dizer que recursos nao negociaveis sao
desenvolvidos e acumulados pela empresa, sao socialmente complexos,
surgem dos conhecimentos e da aprendizagem da organizacao e,
consequentemente, mostram-se mais protegidos das imitacoes (HITT;
IRELAND; HOSKINSSON, 2001).
Um terceiro modelo, desenvolvido por Peng (2008) e denominado
Modelo Abrangente de Dinamica Competitiva Global, pareceu-nos muito
adequado para expor os principais fatores envolvidos na interacao
competitiva entre empresas. Esse modelo proporciona ao gestor uma
oportunidade de visualizar sinergicamente as forcas que envolvem a
empresa dentro de determinado contexto competitivo. PENG (2008) elaborou
uma proposta criativa ao ligar as Forcas da Industria, as Capacidades
Baseadas em Recursos e as Capacidades Baseadas em Instituicoes, todas
mediadas pela Interacao Competitiva, num modelo integrativo dos
ambientes externo e interno. Com isso, sugere a introducao de uma nova
perspectiva de analise--a das consideracoes baseadas em instituicoes.
Em suma, as consideracoes baseadas em instituicoes sugerem que as
condicoes institucionais, como a disponibilidade de protecao
antidumping, as regulamentacoes antitrustes e as normas e crencas
informais, nao constituem apenas o pano de fundo. Elas determinam de
forma direta "quais armas" uma empresa possui em seu arsenal
para travar batalhas competitivas. A Figura 2 sintetiza as variaveis de
cada ambiente.
[FIGURE 2 OMITTED]
4. METODOLOGIA
Definiu-se como metodo de pesquisa uma abordagem comparativa
multicasos por analise qualitativa, em razao do numero pequeno de
objetos de analise (empresas), de a pergunta de pesquisa remeter a
identificacao de competencias essenciais em nivel estrategico, de o
numero de respondentes ser pequeno e do desejo de explorar respostas
derivativas a partir de perguntas abertas. A pesquisa pode ser
classificada como exploratoria, uma vez que buscou descobrir fatores nao
estruturados formalmente pelos dirigentes em processos, ideias e dados,
e tambem proporcionar melhor visao e compreensao da natureza do problema
(MALHOTRA, 2001).
Foram escolhidas por conveniencia e recursos as quatro maiores
empresas operadoras do setor de telefonia celular em Minas Gerais. A
escolha se justifica pelo alto grau de inovacao tecnologica a que estao
submetidas, pela grande velocidade das mudancas estruturais, pelas
aquisicoes, fusoes e aliancas--amplamente divulgadas em jornais diarios,
revistas e dados secundarios.
Segundo YIN (2005), o estudo de caso se aplica como uma
investigacao empirica de um fenomeno contemporaneo dentro de seu
contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenomeno
e o contexto nao estao claramente definidos. Esse autor afirma tambem
que a investigacao de estudo de caso enfrenta uma situacao tecnicamente
unica, em que havera muito mais variaveis de interesse do que pontos de
dados, e, como resultado, baseia-se em varias fontes de evidencias e os
dados obtidos precisam convergir em um formato de triangulo. Alem disso,
o estudo de caso beneficia-se do desenvolvimento previo de proposicoes
teoricas para conduzir a coleta e a analise de dados.
A coleta de dados consistiu, inicialmente, num levantamento
bibliografico e, posteriormente, na realizacao de entrevistas
semiestruturadas com os gerentes das empresas pesquisadas. Na etapa de
analise de dados utilizaram-se as tecnicas de analise de conteudo e
analise tematica. Esta ultima consistiu na criacao de cinco categorias
de analise relativas a determinadas perguntas que obtinham informacoes
afins. Realizaram-se entrevistas com dirigentes das empresas; na Claro,
foram entrevistados dois gerentes, um em Belo Horizonte e outro na
cidade do Rio de Janeiro.
Foram elaboradas categorias gerais de analise para facilitar o
entendimento e adocao de competencias essenciais, como molduras iniciais
para a coleta de informacoes. As categorias receberam os seguintes
nomes: (1) Como ser first mover?--A Lideranca no Setor de Telefonia; (2)
O Fator Inovacao e a Capacidade de Adaptacao Rapida as Mudancas; (3)
Vantagens Competitivas das Empresas; (4) Procedimentos e Enfase na
Analise do Ambiente Interno e Externo, e, por ultimo, (5) As
Competencias Essenciais. Nessas categorias, buscou-se analisar os
processos de identificacao e adocao de competencias essenciais dentro
das empresas, as caracteristicas da competicao no setor e a construcao
de vantagens competitivas que influem na obtencao de lideranca nesse
ambiente hipercompetitivo.
5. RESULTADOS
O setor de telefonia celular, nao somente no que diz respeito ao
mercado nacional, mas tambem especificamente ao contexto mineiro,
mostra-se hipercompetitivo. Dessa maneira, torna-se importante refletir
sobre os fatores que possibilitam a uma determinada empresa atingir a
lideranca no setor, e tambem investigar o quanto e possivel sustentar
uma determinada vantagem competitiva dentro de um ambiente como esse.
Para preservar a identidade das empresas na parte das analises, elas
foram denominadas Operadoras A, B, C e D, aleatoriamente.
5.1. Como ser first mover--a lideranca no setor
As respostas obtidas nesta categoria mostraram a existencia de
varios fatores que influenciam na condicao da empresa de ser a lider do
setor. Tracos culturais fortes de valorizacao do funcionario, a
qualidade na prestacao de servicos, a origem da empresa, o nivel de
atratividade de preco, a oferta de novos recursos tecnologicos, entre
outros fatores, foram citados como pre-requisitos para uma empresa obter
a lideranca de mercado.
Contudo, uma sutileza que nos chamou a atencao foi a existencia de
varios indicadores de lideranca, ou seja, uma empresa pode nao ser a
lider em promover mudancas no setor em termos absolutos, mas se-lo em
termos relativos. Na pratica, elas buscam a lideranca em indicadores
multiplos simultaneamente, como conquista de novos clientes, ataque a
segmentos focados, aumento do nivel de tecnologia, melhoria do
desempenho em indices financeiros, entre outros. Assim, uma empresa pode
ser a melhor em determinado indicador, mesmo nao sendo a lider em
participacao de mercado.
Por outro lado, a analise das respostas obtidas nesta categoria
tambem tornou nitidas certas dificuldades vivenciadas pelas empresas e
limitacoes que o setor vem enfrentando, tais como desaceleracao na venda
de aparelhos celulares, dificuldade de criar diferenciais competitivos e
reducao da margem de lucro, em razao da alta concorrencia do setor.
5.2. Fator inovacao e capacidade de adaptacao rapida as mudancas
Com relacao aos quesitos inovacao e capacidade de adaptacao rapida
as mudancas, observa-se que ambos estao muito presentes no contexto
competitivo das empresas de telefonia celular. A disputa por mercado que
se estabeleceu desde a privatizacao desse setor obrigou suas
organizacoes a serem dinamicas e a buscarem diferenciais em produtos e,
mais atualmente, em qualidade de servicos.
Alem disso, por se tratar de um setor intensamente ligado a
tecnologia, a qual esta em constante aprimoramento em qualquer area, e
hipercompetitivo, o fator inovacao pode alterar o cenario do mercado
rapidamente quando um novo produto ou servico figurar como primordial na
escolha do consumidor. Por isso, as empresas estao sempre atentas aos
novos produtos e servicos implantados pelas concorrentes, e, ao
perceberem que o cliente identificou no servico de alguma operadora uma
necessidade dele, investem para conseguir oferecer no menor tempo
possivel o mesmo produto ou servico a precos e condicoes ainda mais
atrativas.
5.3. Vantagens competitivas das empresas do setor
Nesta categoria, em primeiro lugar e importante ressaltar que a
qualidade do servico foi um fator mencionado pelas quatro operadoras
como uma vantagem competitiva dentro do setor de telefonia celular.
Entretanto, se for considerado o conceito de vantagem competitiva
adotado nesta pesquisa, sera possivel perceber que uma de suas
caracteristicas e a de possibilitar que uma empresa sobressaia no
mercado entre as demais. Entao, caso todas as empresas tenham qualidade
de servico, esse fator deixa de ser uma vantagem competitiva e passa a
ser um pre-requisito para a atuacao no setor.
Na analise especifica da Operadora A, observouse que a empresa
acredita que a oferta de uma grande variedade de aparelhos e precos mais
acessiveis constituem suas vantagens competitivas. Ja a Operadora B
pensa que seus diferenciais competitivos sao a convergencia de servicos
em um so plano (neste tipo de plano ocorre a integracao de midias
tecnologicas--voz, dados e imagem, ou seja, sao oferecidos em um so
plano servicos de telefonia fixa, movel, internet e TV a cabo).
As Operadoras C e D concordam em que possuir uma marca forte e
valorizada constitui uma vantagem competitiva para as empresas, embora
esse ativo seja intangivel. E importante ressaltar tambem que essa
vantagem, diferentemente de outras, e mais duravel no longo prazo, pois
e dificil de ser copiada, ja que e construida ao longo do tempo por meio
da satisfacao do cliente.
No que diz respeito especificamente a Operadora C, as vantagens
competitivas salientadas pela entrevistada advem fundamentalmente de
ativos intangiveis, dos quais os dois principais sao o fato de ser uma
empresa regional e o seu tempo de experiencia no mercado mineiro. O
primeiro diz respeito a ser a unica empresa atuando somente dentro de
Minas Gerais e, em razao disso, possuir maior conhecimento das
necessidades de seus clientes e tambem manter um relacionamento mais
estreito com seus consumidores. Ja o segundo refere-se ao fato de ser a
empresa com mais tempo de atuacao no mercado mineiro e que traz consigo
uma tradicao, o que, de acordo com a entrevistada, e um fator muito
positivo para os clientes.
Ja a Operadora D apoia suas vantagens competitivas em ativos
tangiveis, tais como facilidade de acesso a recursos financeiros (uma
vez que seu dono e um dos homens mais ricos do mundo), tarifa baixa,
pioneirismo na criacao de produtos e servicos e oferta de servicos de
convergencia. Cabe destacar que a area de engenharia dentro da Operadora
D recebe grande atencao e e tida como um dos motivos da geracao
constante de inovacoes; alem disso, uma cultura inovadora permeia a
empresa. Outro ponto relevante e que, embora a empresa acredite que as
tarifas baixas sejam um atrativo para a conquista de clientes, reconhece
que esse diferencial esta cada vez mais reduzido.
5.4. Procedimentos e enfase na analise do ambiente interno e
externo
Nesta categoria identificaram-se poucas relacoes entre as quatro
operadoras atuantes no setor de telefonia celular de Minas Gerais.
Embora todas utilizem a politica de terceirizacao, por exemplo, esse uso
ocorre em areas diferentes. Entretanto, um ponto comum nas quatro
operadoras e o foco no cliente, que e mais forte ou mais fraco em cada
uma, mas sempre esteve presente nas falas dos entrevistados.
A Operadora A e uma empresa mais voltada para o ambiente interno,
uma vez que ressalta o desenvolvimento e a prestacao de servicos. Nao
obstante o seu foco em qualidade de servicos, ela terceiriza o
call-center, fato que pode se tornar uma ameaca a esse objetivo. Por
outro lado, a operadora A terceiriza a construcao de antenas de
transmissao, apesar de reconhecer que os investimentos em infraestrutura
sao importantes, ainda que nao sejam uma competencia essencial
desenvolvida na propria empresa. Na parte comercial, trabalha apenas com
tres lojas proprias em Belo Horizonte e licencia franquias.
Assim como a Operadora A, o foco da Operadora B e a prestacao de
servicos, mas esta empresa demonstra grande preocupacao com os servicos
de pos-venda, ou seja, o suporte a eventuais problemas e o investimento
em futuras recompras. Por isso, a Operadora B opta por uma politica de
lojas proprias e nao terceiriza os servicos de atendimento ao cliente.
Toda essa estrutura se explica pelo fato de a empresa visualizar que o
atendimento ao cliente e uma forma de fideliza-lo e que, portanto, deve
possuir um grande controle sobre a qualidade da prestacao de servicos, o
que e dificil em areas que adotam politicas de terceirizacao.
A Operadora C, no que tange a sua estrutura empresarial, possui uma
forte preocupacao com os dois ambientes, mas destaca o externo em razao
de seu foco nos clientes. Numa perspectiva interna, demonstra estar
bastante atenta a qualidade da comunicacao dentro da empresa, pois
enfatiza a divulgacao e a atualizacao constantes de informacoes para
todos os seus colaboradores. Alem disso, por prezar muito a qualidade de
seus servicos, a empresa nao terceiriza seu call-center, fato que, de
acordo com a entrevistada, traz beneficios como maior agilidade em
mudancas, em treinamentos e no controle da qualidade.
No que diz respeito ao ambiente externo, a Operadora C preocupa-se
principalmente com a ANATEL, que e o orgao regulador do setor e que pode
influenciar nas variaveis legais as quais a empresa deve se ajustar.
Exemplo disso foi, a epoca desta pesquisa, a aprovacao da portabilidade
numerica, que permitiu aos clientes serem donos de seus proprios numeros
de telefone celular, independentemente do fato de trocarem de operadora.
Outros stakeholders externos importantes citados pela gerente foram os
fornecedores de distribuicao e producao de contas, os dealers, que sao
agentes terceirizados que vendem os produtos da empresa, os concorrentes
e a midia.
A Operadora D, assim como a Operadora C, mostra uma grande
preocupacao com seus concorrentes no ambiente externo, manifestada pelo
monitoramento constante dos resultados de suas acoes e dos competidores.
No que tange ao ambiente interno, a Operadora D, como ainda esta se
consolidando em Minas Gerais, procura manter a maioria de suas
atividades internamente, mas terceirizou a area de logistica. Alem
disso, observase o incentivo a formacao academica de seus funcionarios,
para que possam crescer juntamente com a empresa.
5.5. Competencias essenciais
Com relacao as competencias essenciais, foi possivel constatar uma
confusao nas empresas no que se refere ao termo, uma vez que ele nao e
desvinculado do que seriam capacidades ou mesmo vantagens competitivas.
Exemplifica isso o fato de que todas as empresas respondentes declararam
que uma competencia essencial que detem e o atendimento ao cliente.
Entretanto, de acordo com o conceito de competencia essencial abordado
neste artigo, percebe-se que o atendimento ao cliente nao pode ser
considerado uma competencia essencial de nenhuma das empresas.
Alem disso, tambem foi possivel inferir que e muito dificil possuir
uma competencia essencial sob a otica de raridade ou diferenciacao entre
concorrentes, ou mesmo sob o ponto de vista de nivel de desenvolvimento
superior a media das empresas, num mercado hipercompetitivo como o de
telefonia celular. Isso porque todas as empresas estao constantemente
investindo nao so para se diferenciar dos concorrentes, mas tambem para
nao os deixar diferenciar-se. Tal evidencia comprova a paridade
competitiva existente entre os players desse grupo estrategico.
Nao obstante essa paridade competitiva, as empresas acreditam
possuir certas capacidades superiores as das outras, como: estruturacao
de canal, divulgacao da marca e qualidade do atendimento (Operadora C);
criacao e prestacao de servicos (Operadora A); qualidade de atendimento
ao cliente e convergencia de servicos (Operadora B); e qualidade das
areas de engenharia de telecomunicacoes, marketing e vendas (Operadora
D). Ademais, entre os fatores que mais influenciam o desenvolvimento de
competencias essenciais, foram citados o know how e a infraestrutura que
a organizacao construiu ao longo de seus anos de atuacao no mercado
(Operadora C) e a busca de resposta as necessidades dos consumidores
(Operadora D). E interessante notar que essas caracteristicas comentadas
pelos gerentes nas entrevistas--know how, infraestrutura e busca de
resposta as necessidades dos consumidores--foram destacadas na
literatura por sua relevancia como fatores internos e externos a empresa
que mais influenciam a formacao de competencias essenciais.
6. CONCLUSOES
Em primeiro lugar, vale salientar o alto dinamismo do
setor--considerado de ciclo rapido e "torpedeado", a todo o
momento, com inovacoes incrementais e de ruptura pelas empresas
fornecedoras no ramo de tecnologia de telefonia. A telefonia celular,
especificamente no produto e nos servicos que representa, transformou-se
no que se pode chamar de mobile computer, com todas as facilidades,
complexidades e capacidades de oferta de servicos que um computador
oferece, so que, agora, transportavel para qualquer local. Alguns
autores defendem que essas facilidades criam um novo espaco de relacoes
denominado cultura cibrida. Disso decorre que as mudancas constantes
exigem das empresas grande flexibilidade para sua adaptacao as novas
demandas, o que mostra a natureza hipercompetitiva do setor. Portanto, e
um ambiente de mercado no qual planejamentos de longo prazo tornam-se
arriscados e em que as empresas trabalham principalmente com metas que
devem ser atingidas no curto prazo. Em razao do dinamismo e da grande
competicao entre as empresas do setor, a construcao de vantagens
competitivas duradouras e uma atividade de alto risco e incerteza.
Ao se analisar o setor pela otica do Modelo das Cinco Forcas, de
Porter (1979), observa-se que ha uma grande rivalidade entre os
concorrentes, que disputam segmento a segmento, cliente a cliente;
existe a ameaca constante de migracao para tecnologias emergentes e o
poder de barganha dos consumidores e grande. Por outro lado, a ameaca de
novos entrantes e pequena e o poder de barganha dos fornecedores nao e
muito significativo.
Em relacao as competencias essenciais, nao foi notado nenhum metodo
formal nas empresas para desenvolve-las ou fomenta-las. Contudo, apesar
de as operadoras declararem desconhece-las como conceito, notou-se que
elas sabem empiricamente de sua importancia e buscam continuamente
desenvolver suas capacidades a fim de torna-las estrategicas, para assim
obter vantagens competitivas mais duradouras.
Em decorrencia do cenario exposto, as empresas do setor de
telefonia celular vem adotando estrategias nao so para conseguir
manter-se no mercado, mas principalmente para elevar seu desempenho
estrategico, ou seja, conquistar melhores indicadores financeiros, de
crescimento, de satisfacao de stakeholders, entre outros.
Com base nas entrevistas realizadas, inferiram-se tres estrategias
de atuacao comuns as empresas nesse ambiente hipercompetitivo, a saber:
(1) a busca constante pela inovacao das estrategias e das competencias
essenciais; (2) a criacao de planos de servico cada vez mais
diversificados e completos (chamados planos de convergencia de servicos,
que consistem na integracao de midias tecnologicas voz, dados e imagem)
e (3) a fidelizacao dos clientes.
A primeira linha de acao comum as empresas e a busca por inovacao
das estrategias e das competencias essenciais. Como se percebe
cotidianamente, o setor de telefonia celular e um reduto principalmente
de inovacoes tecnologicas. Nesse sentido, embora todas as empresas
tenham dito que investem em inovacao, a Operadora C e a que menos se
dedica a essa atividade, por enfatizar mais a qualidade do servico e o
relacionamento com os clientes. Ja as demais operadoras parecem disputar
a lideranca nesse fator competitivo.
A segunda estrategia de diferenciacao adotada pelas empresas, que
diz respeito a criacao de planos de servicos cada vez mais
diversificados e completos, reflete-se na oferta de planos que agregam
em uma mesma conta servicos tais como internet, telefonia movel,
telefonia fixa e outros aplicativos. Neste quesito, observa-se que a
Operadora B vem se destacando como first mover dentre as demais.
A terceira estrategia de diferenciacao, a fidelizacao dos clientes,
vem se tornando de suma importancia na telefonia celular, assim como em
outros setores, pois possibilita que a empresa consiga manter seus
clientes mesmo diante da guerra existente entre as operadoras. Para
tanto, e extremamente relevante estabelecer um relacionamento estreito e
compreensivo com os consumidores.
7. RECOMENDACOES DO ESTUDO E LIMITACOES
A principal limitacao desta pesquisa foi nao ter tido condicoes de
acesso, em algumas das empresas, a dirigentes que lidam com aspectos
estrategicos. Nesse sentido, a maioria das entrevistas foi realizada com
gerentes de lojas, que embora conhecessem bem as empresas em que
trabalhavam e tivessem uma visao coerente do setor, nao puderam nos
proporcionar informacoes mais detalhadas e complexas. Contudo, vale
salientar que, na operadora sediada em Belo Horizonte, conseguimos
entrevistar uma gerente com grande experiencia no setor e vivencia na
empresa, o que fez com que a qualidade do dialogo e das analises fosse
bastante superior a das demais empresas.
Como recomendacoes para futuros estudos, seria interessante
conduzir semelhante pesquisa em outros setores hipercompetitivos, tais
como de informatica e construcao civil, tomando-se o cuidado de
entrevistar funcionarios estrategicos das empresas, a fim de analisar
como as mesmas questoes discutidas neste estudo sao gerenciadas em
outras organizacoes que vivenciam ambientes altamente dinamicos e
competitivos.
Recebido em: 01/07/2008
Aprovado em: 08/06/2009
8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAIN, S. J. Industrial Organization. London: John Wiley & Sons,
1959.
BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage.
Journal of Management, [S.I.], v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.
BARNEY, J. B.; MUHANNA, W. A. Capabilities, business processes and
competitive advantage: choosing the dependent variable in empirical
tests of the resourced based view. Strategic Management Journal, Wiley
Interscience, v. 25, p. 23-37, 2004.
D'AVENI, R. Hipercompeticao: estrategias para dominar a
dinamica do mercado. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1995.
GRANT, R. The Resource-Based Theory of Competitive Advantage:
Implications of Strategic Formulation. California Management Review,
[S.I.], v. 33, n. 3, p. 114-134, 1991.
HAMEL, G.; PRAHALAD, C. Competindo pelo Futuro. Sao Paulo: Editora
Campus, 1995.
HARRISON, J. Administracao Estrategica de Recursos e
Relacionamentos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
HITT, M.; IRELAND, R.; HOSKINSSON, R. Administracao Estrategica.
Sao Paulo: Thomson, 2001.
HOSKISSON, R. E.; HITT, M. A.; WAN, W. P.; YIU, D. Theory and
research in strategic management: swings of a pendulum. Journal of
Management, v. 25, n. 3, p. 417-56, 1999.
LEASK, G. Strategic Groups and The Resource Based View: Natural
Complements Enhancing Our Understanding of Competitive Process.
Birmingham: Aston Business School, 2004. Working Paper.
MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing: uma orientacao aplicada. 3. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2001.
PENG, M. Estrategia Global. Sao Paulo: Thomson Learning, 2008.
PORTER, M. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um
desempenho superior. 22. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
PORTER, M. E. How competitive forces shape strategy: awareness of
these forces can help a company stake out a posicion in its industry
that is less vulnerable to attack. Harvard Business Review, Mar.-Apr.
1979.
SANT'ANDRE, R. Qualidade percebida dos servicos publicos de
telecomunicacoes na regiao metropolitana de Belo Horizonte, as vesperas
da privatizacao. Dissertacao (Mestrado em Administracao)--Centro de Pos
Graduacao e Pesquisas em Administracao. Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 1998.
WERNEFELT, B. A resource-based view of the firm. Strategic
Management Journal, [S.I.], v. 5, p. 171-180, 1984.
WOHLERS, M. Reestruturacao e competitividade na telefonia:
entrevista com Marcio Wohlers. Revista de Economia Politica de las
Tecnologias de laInformacion, [S.I.], v. IX, n. 2, mayo-ago. 2007.
YIN, R. Estudo de caso: planejamento e metodos. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
Juliane de Almeida Ribeiro
Mestranda em Administracao no CEPEAD-UFMG
Bolsista de Iniciacao Cientifica na Faculdade de Ciencias
Economicas da UFMG
E-mail: jar@cepead.face.ufmg.br
Carlos Alberto Goncalves
Doutor em Administracao pela UFMG
Professor Associado da Faculdade de Ciencias Economicas da UFMG
E-mail: carlos@face.ufmg.br
Gustavo Ferreira Mendes de Souza
Graduando em Administracao na UFMG
Bolsista de Iniciacao Cientifica na Faculdade de Ciencias
Economicas da UFMG
E-mail: xferreira@cepead.face.ufmg.br
Fabio Roberto Ferreira Borges
Graduando em Administracao na UFMG
Bolsista de Iniciacao Cientifica na Faculdade de Ciencias
Economicas da UFMG
E-mail: xfrfb@cepead.face.ufmg.br
Livia Lopes Barakat
Mestranda em Administracao no CEPEAD-UFMG
Bolsista de Iniciacao Cientifica na Faculdade de Ciencias
Economicas da UFMG
E-mail: liviabarakat_ufmg@yahoo.com.br
Ricardo Teixeira Veiga
Doutor em Administracao pela UFMG
Professor Adjunto da Faculdade de Ciencias Economicas da UFMG
E-mail: rveiga@face.ufmg.br
Quadro 1: Os quatro criterios utilizados na identificacao das
capacidades estrategicas
Capacidades Valiosas * Ajudam a empresa a neutralizar
ameacas ou a explorar oportunidades.
Capacidades Raras * Nao existem em um grande numero
de empresas.
Capacidades Dificeis de Imitar * Historia: uma cultura organizacional
ou marca singular e valiosa;
* Ambiguidade causal: as causas e os
usos de uma aptidao nao estao
claramente definidos;
* Complexidade social: relacoes
interpessoais, confianca e camaradagem
entre os administradores, fornecedores
e clientes.
Capacidades Insubstituiveis * Nao existe equivalente estrategico.
Fonte: HITT; IRELAND; HOSKINSSON, 2001:114.
Quadro 2: Resultados das CombinacOes dos Criterios de Vantagem
Competitiva
O recurso O recurso O recurso e
e valioso? e raro? dificil de imitar?
Nao Nao Nao
Sim Nao Nao
Sim Sim Nao
Sim Sim Sim
Orecurso e Consequencias Implicacoes no
insubstituivel? Competitivas desempenho
Nao Desvantagem Retornos abaixo da
Competitiva media
Sim/Nao Paridade Competitiva Retornos
equivalentes a media
Sim/Nao Vantagem Competitiva Retornos
Temporaria equivalentes e
superiores a media
Sim Vantagem Competitiva Retornos acima da
Sustentavel media
Fonte: HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2001:120.