Strength and weaknesses of the case study method when applied to area of information systems/Forcas e fraquezas na aplicacao do estudo de caso na area de sistemas de informacao/Fuerzas y debilidades en la aplicacion del estudio de caso en el area de sistemas de informacion.
Oliveira, Mirian ; Macada, Antonio Carlos Gastaud ; Goldoni, Vanessa 等
1. INTRODUCAO
A pesquisa empirica e caracterizada por dois aspectos: a finalidade
e o metodo cientifico (TRIPODI; FELLIN; MEYER, 1975). A finalidade esta
relacionada aos objetivos, ou seja, a ter claramente definido o que se
esta buscando obter com a pesquisa, enquanto o metodo cientifico diz
respeito ao modo de obtencao dos resultados.
A finalidade ou os objetivos da pesquisa sao atingidos a partir do
metodo cientifico, que tambem possibilita a aceitacao dos resultados das
investigacoes pela comunidade academica e empresarial, dando
legitimidade ao conhecimento obtido, uma vez que ao se repetirem os
procedimentos sob as mesmas circunstancias o mesmo resultado sera
observado (CAMPOMAR, 1991). Dependendo do objetivo da pesquisa, o metodo
cientifico a ser utilizado pode ser quantitativo ou qualitativo. O
quantitativo "preocupa-se com a medicao objetiva e a quantificacao
dos resultados" (GODOY, 1995:58). Ja o qualitativo "implica
uma enfase nos processos e significados que nao sao examinados ou
medidos em termos de quantidade, intensidade ou frequencia"
(GARCIA; QUEK, 1997:451), e por meio de seu uso "procura-se fazer
analises em profundidade, obtendo-se ate as percepcoes dos elementos
pesquisados sobre os eventos de interesse" (CAMPOMAR, 1991:96). Nos
ultimos anos, nos congressos e revistas cientificas de Administracao,
tem sido frequentes os debates e artigos sobre o metodo qualitativo
versus o metodo quantitativo, como, por exemplo, em Lee (1989) e em
Pratt (2008). Entretanto, essas discussoes focaram a questao sobre qual
seria o melhor metodo, muitas vezes esquecendo-se da funcao e da
adequacao deles ao objetivo da pesquisa. Tanto os metodos qualitativos
quanto os quantitativos possuem vantagens e desvantagens, assim como
limitacoes, as quais devem ser observadas pelos pesquisadores.
Especificamente na area de Sistemas de Informacao, a preocupacao
com o rigor metodologico das pesquisas e evidente desde meados dos anos
80, quando foram publicados artigos internacionais que identificavam os
metodos cientificos mais utilizados no desenvolvimento de pesquisas e
conceitos basicos sobre os metodos qualitativos e quantitativos,
classificacao e posicao epistemologica.
O artigo publicado por Lee (1989) identificou o estudo de caso como
principal metodo de pesquisa utilizado na area de Sistemas de
Informacao; posteriormente, Lai e Mahapatra (1997) confirmaram-no como
um dos mais populares na area. No Brasil, o estudo de caso tambem tem
sido o metodo qualitativo mais adotado nas pesquisas apresentadas na
area de Sistemas de Informacao (HOPPEN; MEIRELLES, 2005). Isso pode
representar que a area de Sistemas de Informacao no Brasil ainda esta
buscando um melhor entendimento dos fenomenos, para posteriormente
passar a construcao de teorias a partir da utilizacao de outros metodos,
como a survey.
O estudo de caso pode ser classificado em positivista,
interpretativista ou critico quanto a abordagem epistemologica (KLEIN;
MYERS, 1999). A pesquisa e considerada positivista se "existir evidencia formal de proposicoes, medidas quantificaveis de variaveis,
teste de hipoteses, e desenho de inferencias sobre o fenomeno a partir
de uma amostra representativa da populacao"; interpretativista, se
"for assumido que o nosso conhecimento da realidade e somente
atraves de construcoes sociais, tais como linguagem, percepcao,
significados compartilhados, documentos, ferramentas e outros
artefatos"; e critica, se "a principal tarefa for vista como
sendo uma critica social, por meio da qual restritivas condicoes do
status quo sao trazidas a tona" (KLEIN; MYERS, 1999:69).
Em publicacoes americanas existe uma predominancia do positivismo
(AVGEROU, 2000). Na visao positivista, considera-se que a realidade pode
ser descrita por meio de propriedades que sao independentes do
pesquisador e de seus instrumentos (MYERS, 1997). Autores como Benbasat,
Goldstein e Mead (1987) e Yin (1993) apresentam o estudo de caso a
partir de uma visao positivista, que sera adotada neste trabalho.
Dessa forma, considerando uma abordagem positivista, este artigo
objetiva analisar como foram tratados os aspectos do metodo estudo de
caso nas pesquisas em Sistemas de Informacao no Brasil publicadas no
periodo de 2003 a 2005 na area de Administracao da Informacao do
Encontro da Associacao Nacional de Pos-Graduacao e Pesquisa em
Administracao (Enanpad), e em periodicos classificados como A na area de
Administracao pelo Qualis da Coordenacao de Aperfeicoamento de Pessoal
de Nivel Superior (CAPES). Este artigo esta estruturado da seguinte
forma: revisao de literatura sobre caracteristicas do estudo de caso
(secao 2); cuidados metodologicos adotados na pesquisa (secao 3);
resultados obtidos na pesquisa de campo (secao 4); consideracoes finais
sobre a aplicacao do metodo de estudo de caso nas pesquisas em Sistemas
de Informacao no Brasil no periodo de 2003 a 2005 (secao 5).
2. ESTUDO DE CASO: CARACTERISTICAS PARA ELABORACAO E ANALISE
Inicialmente, sao apresentados os criterios para escolha do estudo
de caso como metodo de pesquisa. Na sequencia, sao abordados os aspectos
a serem considerados na adocao do estudo de caso.
2.1. Escolha do metodo de estudo de caso
Segundo Benbasat, Goldstein e Mead (1987), o estudo de caso e um
metodo de pesquisa que investiga um fenomeno contemporaneo em seu
ambiente natural, adotando multiplas fontes de evidencia sobre uma ou
poucas entidades e sem o uso de manipulacao ou controle.
A opcao pelo estudo de caso e pertinente quando o conhecimento
existente sobre o fenomeno e pequeno, quando as teorias disponiveis para
explica-lo nao sao adequadas, ou ainda quando ocorrem mudancas nos
processos (HALINEN; TORNROOS, 2005). Por meio do estudo de caso e
possivel ter uma visao detalhada de um fenomeno, incluindo seu contexto.
Alem disso, o estudo de caso pode ser adotado quando existe a
necessidade de explorar uma situacao que nao esta bem definida
(MACNEALY, 1997).
O estudo de caso pode ser utilizado para descrever uma situacao no
seu contexto (YIN, 2005; BONOMA, 1985), gerar hipoteses (YIN, 2005;
MACNEALY, 1997) ou testar teorias (YIN, 2005; EISENHARDT, 1989), e suas
principais caracteristicas sao (BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987):
examinar um fenomeno em seu contexto; coletar dados por multiplas
fontes; examinar um ou poucos elementos; nao se utilizar de controles ou
manipulacao; utilizar questao de pesquisa do tipo "por que?"
ou "como?"; focar um evento contemporaneo; seus resultados
dependem fortemente da capacidade de integracao do pesquisador.
2.2. Cuidados na adocao de um estudo de caso
Os aspectos a serem considerados na conducao de um estudo de caso
podem ser divididos em tres grupos (DUBE; PARE, 2003): planejamento
compreende aspectos relacionados com a concepcao da pesquisa; coleta de
dados--abrange o processo de coleta de dados; analise dos
dados--considera todos os aspectos referentes ao processo de analise de
dados.
A Figura 1 apresenta o framework proposto por esta pesquisa para
analise do estudo de caso. A escolha do tipo de estudo de caso deve ser
adequada a questao de pesquisa; o incremento do conhecimento obtido e
compativel com o tipo de estudo de caso inicialmente escolhido.
[FIGURE 1 OMITTED]
2.2.1. Planejamento de um estudo de caso
Os elementos a serem considerados em relacao ao metodo estudo de
caso associados ao planejamento sao: questao de pesquisa, tipo de estudo
de caso, apresentacao de teoria, especificacao de constructos, caso
unico ou multiplo, numero de casos, selecao do(s) caso(s), replicacao
logica, replicacao teorica, validade externa, unidade de analise, caso
holistico ou incorporado, caso piloto, contexto, equipe de
pesquisadores, protocolo, confiabilidade e desenho de pesquisa.
A questao de pesquisa e fundamental para a identificacao das
contribuicoes praticas e teoricas da pesquisa, assim como e a base para
um adequado desenho de pesquisa (DUBE; PARE, 2003). O estudo de caso e
apropriado quando a questao de pesquisa for "por que?",
"como?" ou "o que?".
A escolha por um determinado tipo de estudo de caso depende
principalmente da questao de pesquisa que se busca responder. Bonoma
(1985) apresenta um modelo de quatro estagios para classificacao do
estudo de caso, considerando o proposito da pesquisa: mapeamento--o
intuito e aprender os conceitos e jargoes relacionados ao fenomeno;
design--o intuito e construir hipoteses, perseguindo uma teoria;
prognostico--o pesquisador ja possui um modelo, que busca confirmar por
meio de replicacoes; rejeicao--o intuito e testar os limites do modelo,
utilizando condicoes extremas. Ja Yin (1993) classifica o estudo de caso
em tres tipos quanto ao objetivo da pesquisa: descritivo descreve o
fenomeno dentro de seu contexto; exploratorio--trata de problemas pouco
conhecidos, objetivando definir hipoteses ou proposicoes para futuras
pesquisas; explanatorio--o intuito e explicar relacoes de causa e efeito
a partir de uma teoria. Segundo Yin (2005), embora os tres tipos possam
ser claramente definidos, existe uma area de sobreposicao entre eles.
A partir da questao de pesquisa, e com o tipo de estudo de caso
definido, busca-se identificar a teoria existente sobre o topico a ser
investigado. A apresentacao da teoria e relevante para qualquer tipo de
estudo de caso, pois auxilia na selecao dos casos, na delimitacao do
foco da pesquisa, na elaboracao de proposicoes e na coleta e analise dos
dados (YIN, 2005). A teoria auxilia na especificacao dos constructos a
priori, que auxilia no desenho de pesquisa de um estudo de caso
(EISENHARDT, 1989; DUBE; PARE, 2003). No entanto, e necessario ter em
mente que esses constructos nao necessariamente farao parte do resultado
da pesquisa, mas contribuem para manter o foco na questao de pesquisa
(EISENHARDT, 1989).
O desenho da pesquisa apresenta a logica da investigacao,
conectando a questao de pesquisa as suas conclusoes (YIN, 1993). A
questao de pesquisa, sua perspectiva e modelo teorico e os recursos sao
considerados antes da elaboracao do desenho de pesquisa (YIN, 1993).
A definicao do numero de casos e a selecao deles sao fundamentais
para o estudo de caso (DUBE; PARE, 2003). O objetivo de estudar um caso
e entende-lo em profundidade e nao compreender outros casos ou realizar
generalizacoes (MACNEALY, 1997). Um dos criterios na escolha do caso a
ser estudado e a possibilidade de aprendizado a partir dele (STAKE,
1995).
A opcao pela escolha de desenvolver um estudo de caso unico
justifica-se quando este for: critico, ao satisfazer as condicoes
necessarias a situacao de pesquisa; extremo, porque o foco do estudo
ocorre eventualmente; tipico, em razao de a situacao representar
condicoes usuais; revelador, por se tratar de uma situacao previamente
inacessivel para investigacao; longitudinal, quando o estudo ocorrer em
mais de um momento no tempo (BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; YIN,
2005). O estudo de caso unico tem como proposito testar os limites da
teoria por meio de casos extremos ou criticos.
No estudo de caso multiplo, a logica a ser adotada na selecao dos
casos e a de replicacao (adotar os mesmos procedimentos definidos no
planejamento em mais de um caso), que pode ser de dois tipos: replicacao
literal, que conduz a resultados semelhantes por motivos previsiveis; e
replicacao teorica, que leva a resultados contrastantes por
caracteristicas do caso conhecidas (EISENHARDT, 1989; DUBE; PARE, 2003;
YIN, 1999, 2005). Segundo Stake (1994), a comparacao dos casos e um
mecanismo relevante, mas, por outro lado, pode prejudicar o completo
entendimento dos casos de forma isolada, uma vez que direciona a atencao
do pesquisador apenas para os aspectos a serem comparados.
Tanto no estudo de caso unico como no estudo de caso multiplo pode
ser considerada a validade externa, que diz respeito a extensao em que
as conclusoes obtidas por meio do estudo de caso podem ser
generalizadas. A tatica para sua obtencao ocorre na fase de planejamento
do estudo de caso (RIEGE, 2003; YIN, 2005). Para aumentar a validade
externa, pode-se utilizar uma teoria como base no estudo de caso unico,
ou uma logica de replicacao em estudos de caso multiplo (RIEGE, 2003).
Segundo Frankfort-Nachmias e Nachmias (1996:53), a unidade de
analise corresponde a "parte mais elementar do fenomeno a ser
estudado". A partir dos objetivos da pesquisa deve-se considerar
cuidadosamente a escolha da unidade de analise. A unidade de analise em
um estudo exploratorio auxilia na definicao dos limites da teoria,
enquanto em um estudo explanatorio confirma a adequacao do caso a teoria
que esta sendo testada (DUBE; PARE, 2003).
Segundo Benbasat, Goldstein e Mead (1987), Eisenhardt (1989) e Yin
(2005), o estudo de caso unico, assim como o multiplo, pode ser
holistico ou incorporado. O tipo holistico possui uma unidade de analise
que e considerada em determinado contexto e que pode ser um caso ou
multiplos casos. Ja o incorporado possui mais de uma unidade de analise
para cada caso, ou seja, existem subunidades de analise. Em um estudo de
caso holistico, por exemplo, o caso que equivale a unidade de analise e
um Programa de Pos-Graduacao, enquanto no estudo de caso incorporado o
caso e o Programa de Pos-Graduacao, mas as unidades incorporadas de
analise sao as areas de concentracao desse programa. Ambas as situacoes
possuem vantagens e desvantagens, como: no estudo de caso holistico o
pesquisador pode nao analisar fenomenos especificos, ja no estudo de
caso incorporado o pesquisador corre o risco de se concentrar nas
subunidades, ignorando os aspectos globais.
Para a identificacao da unidade de analise, o refinamento dos
instrumentos de coleta de dados e a maior familiaridade do pesquisador
com o fenomeno em estudo e recomendavel desenvolver o caso piloto
(BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; YIN, 1999; DUBE; PARE, 2003). Segundo
Yin (2005), os criterios para escolha do caso piloto podem nao ser os
mesmos utilizados para selecionar os demais casos. E possivel, por
exemplo, que esses criterios sejam: acessibilidade dos informantes,
localizacao geografica conveniente e riqueza dos documentos. A escolha
do caso piloto e por conveniencia, e o contexto considerado e o mesmo
dos demais casos. Dependendo da complexidade do tema em estudo, pode-se
realizar mais de um caso piloto (YIN, 2005).
Outro aspecto relevante para o estudo de caso e a descricao do
contexto (BONOMA, 1985; BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; MACNEALY, 1997;
YIN, 2005). A credibilidade dos resultados da pesquisa depende de uma
descricao detalhada do contexto da pesquisa, abordando o local de
conducao da pesquisa, o periodo de tempo em que a pesquisa ocorreu, a
coleta de dados em um ou mais momentos, a obtencao de adequado acesso, o
tempo gasto pelo pesquisador no local, os dados coletados durante os
eventos ou posteriormente (DUBE; PARE, 2003).
As estrategias adotadas em relacao a equipe de pesquisadores devem
ser descritas (MACNEALY, 1997; DUBE; PARE, 2003; YIN, 2005), por
exemplo, quando mais de um pesquisador participa da entrevista com o
intuito de obter diferentes perspectivas (EISENHARDT, 1989) ou quando a
analise for realizada pelos pesquisadores de forma independente, para
depois ser comparada. Isso gera maior riqueza e confianca nos resultados
(BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987). O trabalho em equipe pode propiciar
maior criatividade e credibilidade aos resultados (DUBE; PARE, 2003).
O protocolo relaciona as atividades a serem realizadas durante a
pesquisa, apontando os procedimentos a serem adotados (DUBE; PARE, 2003;
VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002; YIN, 1999, 2005) e auxiliando a
manter os mesmos procedimentos em um estudo de caso multiplo ou quando
mais de um investigador participar da coleta de dados (YIN, 2005). Em um
estudo de caso, o protocolo e relevante para a obtencao da
confiabilidade, pois fornece informacoes para que o estudo, quando
repetido sob as mesmas condicoes, obtenha os mesmos resultados (RIEGE,
2003; YIN, 2005). Embora nao exista um conteudo rigido para o protocolo,
Yin (2005) sugere os seguintes topicos: visao geral da pesquisa
(objetivo, questao de pesquisa, modelo teorico); procedimentos para
coleta de dados (procedimentos para coleta de dados, procedimentos para
lidar com imprevistos, recursos necessarios, agenda das atividades de
coleta de dados); questoes do estudo de caso (instrumentos para coleta
dos dados); guia para o relatorio (esboco, formato para os dados).
2.2.2. Coleta de dados em um estudo de caso
As variaveis a serem consideradas em relacao ao metodo estudo de
caso associadas a coleta de dados sao: tecnica de coleta de dados,
validade do constructo, multiplas fontes de evidencia, dados
qualitativos e quantitativos, triangulacao, base de dados e
confiabilidade.
A descricao do processo de coleta de dados e relevante para a
credibilidade dos resultados (BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; DUBE;
PARE, 2003). A escolha das tecnicas de coleta de dados a serem adotadas
no estudo de caso depende do tipo de dado necessario para responder a
questao de pesquisa. Essas tecnicas podem ser: entrevista, documentacao,
observacao, entre outras.
A validade do constructo refere-se ao estabelecimento de
"medidas operacionais corretas para os conceitos que estao sob
estudo" (YIN, 2005:55). Na etapa de coleta dos dados, o
procedimento para aumentar a validade de constructo e a utilizacao de
multiplas fontes de evidencias (RIEGE, 2003). Multiplas fontes de
evidencia sao uma caracteristica do estudo de caso, cujo intuito e obter
um conjunto de informacoes sobre o foco da pesquisa e seu contexto
(BONOMA, 1985; EISENHARDT, 1989; MACNEALY, 1997; YIN, 1999; DUBE; PARE,
2003). Os dados obtidos podem ser qualitativos ou quantitativos (BONOMA,
1985; EISENHARDT, 1989; YIN, 1999).
Segundo varios autores (MACNEALY, 1997; BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD,
1987; VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002; DUBE; PARE, 2003), a entrevista
e a tecnica de coleta de dados mais utilizada em estudos de caso. Em
relacao a entrevista, os aspectos mais importantes a serem considerados
e descritos na pesquisa sao: criterio para escolha dos entrevistados,
utilizacao ou nao de roteiro de entrevista, pre-teste e validacao de
conteudo do roteiro de entrevista, numero de entrevistados, meio para
registro da entrevista (anotacoes, gravacao, etc.).
A coleta de dados em documentos serve principalmente para
complementar as evidencias obtidas de outras fontes. Os seus pontos
fortes sao estabilidade ao longo do tempo, exatidao e cobertura ampla;
ja os pontos fracos podem ser a seletividade tendenciosa, o acesso
indisponivel, entre outros (YIN, 2005). Em relacao aos documentos, e
necessario considerar os tipos, o criterio de escolha e o periodo
analisado.
A observacao possui, como pontos fortes, as caracteristicas de
tratar do acontecimento em tempo real e captar o contexto do evento; no
entanto, consome muito tempo, e seletiva e existe a possibilidade de o
evento ocorrer de forma diferenciada em razao da presenca do observador
(YIN, 2005). Esta tecnica de coleta de dados e util por fornecer
informacoes adicionais sobre o topico em estudo. O autor recomenda o uso
de mais de um observador sempre que possivel. Em relacao a observacao, e
importante que o pesquisador defina e descreva o periodo, o numero de
observadores, se ela e disfarcada ou nao, se e estruturada ou nao, se e
participante ou nao, se e por instrumentos ou humana.
A triangulacao, ou seja, a adocao de duas ou mais formas de coleta
de dados, e uma das maneiras de tornar o estudo de caso robusto. Patton (1999) apresenta quatro tipos de triangulacao: de fonte de dados
(triangulacao de dados), entre avaliadores diferentes (triangulacao de
pesquisadores), de perspectivas sobre o mesmo conjunto de dados
(triangulacao da teoria) e de metodos (triangulacao metodologica). A
triangulacao usualmente adotada no estudo de caso e a de fonte de dados,
que diz respeito a coleta da mesma informacao de tres ou mais formas.
Ainda em relacao a coleta de dados, e necessario observar o
conjunto de informacoes coletadas, que pode ser denominado de base de
dados e que e relevante para a obtencao da confiabilidade do estudo de
caso (VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002; YIN, 2005; RIEGE, 2003), pois
contem o material coletado e tambem o esquema de codificacao adotado
(DUBE; PARE, 2003). A base de dados auxilia a manter os mesmos
procedimentos em estudos de caso multiplos ou quando mais de um
investigador participa da coleta de dados (YIN, 2005).
2.2.3. Analise de dados em um estudo de caso
As variaveis a serem consideradas em relacao ao metodo de estudo de
caso associadas a analise de dados sao: descricao dos procedimentos,
anotacoes de campo, esquema de codificacao, flexibilidade, validade do
constructo, encadeamento de evidencias, comparacao dos casos, tecnicas
de analise, validade interna, citacoes, revisao do relatorio e
comparacao dos resultados com a literatura.
A analise dos dados e a etapa mais dificil da pesquisa (EISENHARDT,
1989; YIN, 2005). Segundo Yin (2005:137), "a analise dos dados
consiste em examinar, categorizar, classificar em tabelas, testar, ou do
contrario, recombinar as evidencias quantitativas e qualitativas para
tratar as proposicoes iniciais de um estudo". A clara descricao dos
procedimentos de analise dos dados permite um melhor entendimento dos
resultados e o julgamento de que o processo foi sistematico e rigoroso
(DUBE; PARE, 2003).
As anotacoes de campo devem ser completas, incluindo aspectos do
contexto, comunicacoes verbais e nao-verbais (EISENHARDT, 1989; DUBE;
PARE, 2003). A codificacao e uma ferramenta util para reducao das
anotacoes de campo, e o esquema de codificacao deve ser definido de modo
a permitir a replicacao e, ao leitor, identificar a logica adotada.
O procedimento para obter a validade de constructo e o
estabelecimento do encadeamento logico das evidencias (RIEGE, 2003; YIN,
2005). O encadeamento de evidencias tem como "principio permitir ao
revisor ou observador externo seguir as derivacoes de qualquer evidencia
desde a questao inicial da pesquisa ate as ultimas conclusoes do estudo
de caso" (DUBE; PARE, 2003:618). Esse encadeamento consiste em o
relatorio conter citacoes dos aspectos relevantes da base de dados e
apresentar as evidencias reais do topico em estudo e a forma pela qual
elas foram obtidas. Essas evidencias devem ser consistentes com o
descrito no protocolo, que deve estar alinhado com as questoes de
pesquisa (BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; YIN, 2005). O uso de citacoes
(evidencias como, por exemplo, trechos de entrevistas ou textos de
documentos) e uma forma de trazer os participantes da pesquisa para o
texto de um estudo de caso (DUBE; PARE, 2003). Essas citacoes, quando
descritas no estudo de caso, auxiliam o leitor a elaborar e julgar de
forma independente a adequacao da analise realizada pelo pesquisador
(BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; YIN, 2005).
Outro aspecto que colabora para a validade do constructo e a
revisao do relatorio pelo informante chave (YIN, 2005; RIEGE, 2003). O
informante pode discordar das conclusoes do pesquisador, mas e
necessario que ele concorde com as informacoes que foram coletadas e
utilizadas pelo pesquisador para que o constructo tenha validade (DUBE;
PARE, 2003).
A definicao de uma estrategia analitica geral no estudo de caso,
segundo Yin (2005), contribui para as decisoes sobre o que analisar e
por que motivo. As tres estrategias sugeridas por Yin (2005) sao:
proposicoes teoricas--confrontacao de dados coletados com as proposicoes
derivadas da teoria; explanacoes concorrentes--comparacao dos resultados
com proposicoes teoricas concorrentes; nessa comparacao, se uma
explanacao for valida, as outras nao podem ser; descricao do caso
desenvolve uma estrutura descritiva para organizar o estudo do caso.
A partir dessas estrategias analiticas gerais, tecnicas especificas
podem ser utilizadas (YIN, 2005): adequacao ao padrao--comparacao dos
resultados com um padrao baseado em teorias previas; construcao de
explanacao--tipo especial de adequacao ao padrao, corresponde a
construcao de uma explanacao sobre o caso a partir da analise dos dados;
analise de series temporais--"a logica [...] e a paridade entre uma
tendencia dos pontos de dados comparada com (a) uma tendencia
teoricamente importante especificada antes do principio da investigacao,
em contraste com, (b) alguma tendencia concorrente, tambem previamente
determinada, em contraste com, (c) qualquer tendencia baseada em algum artefato ou ameaca a validade interna" (p. 153); modelos logicos
"consistem em comparar eventos empiricamente observados com eventos
teoricamente previstos" (p. 157), seriam uma outra forma de
adequacao ao padrao, diferenciada pelos estagios sequenciais, ou seja,
"a suposta existencia de sequencias repetidas de eventos na ordem
causa-efeito, todas encadeadas" (p. 158); sintese de casos cruzados
comparacao de dados de casos individuais, segundo uma mesma estrutura.
Segundo Dube e Pare (2003), os investigadores precisam ser mais
explicitos sobre como os dados sao analisados em suas pesquisas, o que
aumenta a validade dos resultados.
Os resultados obtidos na analise dos dados devem contemplar tanto o
que e aderente as teorias existentes quanto o que e conflitante com elas
(EISENHARDT, 1989; DUBE; PARE, 2003). O exame dos conflitos com as
teorias existentes, se eles existirem, colabora para a credibilidade dos
resultados ao buscar razoes para as diferencas. Os resultados similares
a teorias existentes contribuem para a credibilidade destas. A
comparacao das evidencias e uma das formas de obter a validade externa
(RIEGE, 2003).
Para a obtencao da validade interna em estudos explanatorios, e
importante fazer a adequacao a um padrao, elaborar a construcao da
explanacao, utilizar explanacoes concorrentes ou utilizar modelos
logicos (YIN, 2005).
Um aspecto importante na pesquisa qualitativa e a flexibilidade
para se fazerem ajustes durante o processo (EISENHARDT, 1989; DUBE;
PARE, 2003). A sobreposicao que ocorre entre a coleta e a analise dos
dados possibilita obter vantagem da flexibilidade na coleta dos dados em
um estudo de caso (DUBE; PARE, 2003). Conforme Eisenhardt (1989), a
flexibilidade em um estudo de caso permite que algumas modificacoes
possam ser realizadas, como por exemplo, a inclusao de outro caso e
novas perguntas incorporadas ao roteiro de entrevista, que
possibilitarao ao pesquisador aproveitar as oportunidades que surgirem
ao longo da pesquisa.
3. METODO DE PESQUISA
O metodo descritivo de pesquisa foi adotado em funcao das
necessidades e objetivos propostos para a pesquisa. O metodo descritivo
tem como objetivo principal mapear as caracteristicas de determinada
populacao ou fenomeno e estabelecer relacoes entre as variaveis
analisadas (BICKMAN; ROG; HEDRICK, 1997).
Os dados foram coletados em artigos sobre pesquisas em Sistemas de
Informacao que utilizaram o metodo de estudo de caso nos anais do
ENANPAD publicados de 2003 a 2005 e em periodicos classificados no
Qualis como Nacional A (Revista de Administracao da USP--RAUSP, Revista
de Administracao Publica--RAP, Revista de Administracao
Contemporanea--RAC, Revista de Administracao de Empresas--RAE,
Organizacao & Sociedade--O&S). A Tabela 1 apresenta o numero de
artigos analisados em relacao ao numero total de artigos na area e em
cada publicacao nos tres anos considerados. A revista Organizacao &
Sociedade (O&S) numero 35 do ano de 2005 e a Revista de
Administracao Publica (RAP) numero 6 do ano de 2005 nao foram publicadas
ate o momento da coleta dos dados, e por essa razao nao estao
consideradas na Tabela 1.
Na analise dos artigos foram consideradas as variaveis apresentadas
na secao 2 deste artigo. Em relacao ao planejamento, coleta e analise de
dados, foram utilizados os elementos discutidos na secao 2 deste artigo,
que sao:
a) planejamento--descritivo, exploratorio ou explanatorio (escolha
de uma das opcoes); existencia de protocolo (sim ou nao); relacionar o
protocolo com a obtencao de confiabilidade (sim ou nao); questao de
pesquisa definida (sim ou nao); tipo de questao de pesquisa (o que, por
que, como); apresentacao da teoria (sim ou nao); especificacao de
constructos (sim ou nao); numero de casos (no); natureza do caso unico
(critico, tipico, revelador, longitudinal); replicacao literal (sim ou
nao); replicacao teorica (sim ou nao); validade externa (relaciona-se
com a teoria para o caso unico ou com a logica da replicacao para o
multiplo--sim ou nao); definicao da unidade de analise (sim ou nao);
definicao da unidade incorporada de analise (sim ou nao); utilizacao de
caso piloto (sim ou nao); numero de casos piloto (no); criterio para
escolha do caso piloto (sim ou nao); local de conducao da pesquisa (sim
ou nao); periodo no tempo (sim ou nao); coleta em diferentes momentos
(sim ou nao); adequado acesso as informacoes (sim ou nao); tempo gasto
no local (sim ou nao); periodo de coleta (durante os eventos ou
posteriormente); uso de equipe (sim ou nao); numero de autores (no);
definicao do papel dos investigadores (sim ou nao); desenho de pesquisa
(sim ou nao);
b) coleta dos dados--descricao dos procedimentos de coleta de dados
(sim ou nao); tipo de dados (qualitativos e quantitativos); multiplas
fontes de evidencia (sim ou nao); entrevista (sim ou nao); documentos
(sim ou nao); observacao (sim ou nao); outra tecnica de coleta (sim ou
nao); triangulacao (sim ou nao); tipo de triangulacao (fonte,
avaliadores, perspectiva, metodo--sim ou nao); base de dados (sim ou
nao); validade do constructo (relaciona multiplas fontes de evidencia
com a validade do constructo--sim ou nao);
c) analise dos dados--descricao dos procedimentos de analise (sim
ou nao); anotacoes de campo (sim ou nao); esquema de codificacao (sim ou
nao); flexibilidade (sim ou nao); encadeamento logico de evidencias (sim
ou nao); comparacao dos casos (sim ou nao); proposicao teorica (sim ou
nao); explanacao concorrente (sim ou nao); descricao do caso (sim ou
nao); adequacao ao padrao (sim ou nao); construcao de explanacao (sim ou
nao); analise de series temporais (sim ou nao); modelos logicos (sim ou
nao); sintese de casos cruzados (sim ou nao); validade interna (sim ou
nao); citacoes (sim ou nao); revisao do projeto (sim ou nao); comparacao
dos resultados com a literatura (sim ou nao); validade do constructo
(relaciona encadeamento logico de evidencias e informantechave com
validade do constructo--sim ou nao).
Inicialmente, com o intuito de refinar o instrumento, os autores
analisaram em conjunto dois artigos; apos os ajustes necessarios, o
instrumento resultante dessas discussoes foi utilizado para classificar
os demais artigos. Os demais artigos foram analisados por dois dos
autores independentemente, e um consenso foi buscado para as diferencas
encontradas, a fim de obter-se confiabilidade da analise de conteudo
(KRIPPENDORFF, 1980).
Na analise dos dados utilizou-se a frequencia, descrevendo-se os
resultados obtidos para os aspectos considerados. Os artigos foram
analisados por meio da tecnica de analise de conteudo, que possibilitou
identificar a presenca explicita ou nao das variaveis previamente
definidas.
Em relacao aos limites desta pesquisa, destacamse tres aspectos. O
primeiro consiste em ter-se analisado um numero de artigos da area de
sistemas de informacao com metodo de estudo de caso disponiveis em
periodicos, embora tenha sido utilizada a populacao. O segundo diz
respeito ao criterio de coleta de dados adotado nesta pesquisa, ou seja,
a verificacao apenas dos elementos citados pelos autores dos artigos.
Isso e um limite por dois motivos: em alguns artigos, embora os autores
citem o elemento metodologico, eles nao explicam como isso foi obtido;
em outros artigos, os autores nao dizem ter utilizado o elemento
metodologico, mas pode-se deduzir sua utilizacao em razao de outros
elementos apresentados no texto. Justifica-se a opcao desta pesquisa de
considerar a presenca do elemento metodologico apenas quando os autores
o mencionam pelo fato de se ter como objetivo identificar a qualidade do
conteudo do metodo e a preocupacao dos autores em explicitar suas
decisoes metodologicas. O terceiro limite esta relacionado as tecnicas
de coleta de dados, pois nao foram analisados os procedimentos
relacionados aos instrumentos, como a validacao de conteudo e de face do
instrumento de coleta de dados.
4. ANALISE DOS ASPECTOS METODOLOGICOS
Os aspectos adotados na conducao dos estudos de caso analisados sao
apresentados segundo os grupos: planejamento (4.1); coleta de dados
(4.2); e analise de dados (4.3).
4.1. Analise dos elementos do planejamento de um estudo de caso
A Tabela 2 apresenta um resumo dos resultados obtidos para os
elementos associados ao planejamento do estudo de caso.
Um numero expressivo de artigos nao apresenta questao de pesquisa,
dificultando o entendimento das contribuicoes da pesquisa. Entre os
artigos que apresentaram questao de pesquisa, apenas um nao utilizou
"como", "o que" ou "por que"; parte deles
(8 artigos) possuia mais de uma questao de pesquisa, o que nos leva a
refletir se sao realmente questoes de pesquisa.
O tipo de estudo de caso mais identificado foi o exploratorio
(Tabela 3). Destaca-se tambem o alto numero de artigos que nao abordaram
este elemento. Essa tendencia e observada tanto nos artigos publicados
no Enanpad quanto nas revistas. No entanto, nas revistas foram
identificados 3 estudos de caso explanatorios, enquanto no Enanpad
constatou-se apenas 1. O estudo de caso e normalmente a opcao
metodologica quando o conhecimento existente sobre o fenomeno e pequeno,
o que naturalmente leva o pesquisador para o tipo exploratorio ou
descritivo, ficando o explanatorio para situacoes mais particulares.
Alguns autores classificaram os seus artigos como exploratorios e
descritivos (6 artigos no total) ou exploratorio e explanatorio (1
artigo no total). Isso e previsto na literatura, quando Yin (2005)
afirma que existe uma sobreposicao entre os tipos. Um aspecto que chama a atencao e que nenhum artigo foi classificado como descritivo, embora 6
deles tenham sido classificados como exploratorios e descritivos. A
partir dessa constatacao, levanta-se a seguinte questao para um estudo
futuro: sera que e claro para os pesquisadores o entendimento sobre a
diferenca entre o estudo de caso exploratorio e o descritivo?
A teoria foi o elemento mais presente nos artigos. Apenas 2 (17%)
artigos publicados nas revistas e 3 (7%) no Enanpad nao apresentaram a
teoria utilizada no estudo de caso, embora apresentassem uma secao de
fundamentacao teorica. No entanto, nao se deu o mesmo com a
especificacao dos constructos--apenas 5 (42%) artigos publicados nas
revistas e 23 (53%) publicados no Enanpad trataram explicitamente deste
elemento. A especificacao dos constructos pode auxiliar no momento da
analise dos resultados obtidos com a pesquisa.
O desenho de pesquisa foi apresentado em apenas 2 artigos
publicados em revistas, o que pode ser explicado pelo limite de tamanho
dos artigos determinado pelas publicacoes. E uma informacao util para a
visualizacao da pesquisa como um todo; no entanto, repete as informacoes
tratadas no texto, sendo um elemento dispensavel para um artigo cujo
numero de paginas e reduzido.
Em relacao ao numero de casos, verifica-se uma predominancia do
estudo de caso unico, sem justificativa do tipo em que ele se
enquadraria. Observa-se, ao ler os artigos, um cuidado em descrever os
criterios para a escolha do caso, mas nao em justificar o fato de ser um
caso unico, coisa que somente 2 artigos fizeram. Ja em relacao aos
estudos de caso multiplo, o numero de casos variou de 2 a 50. No caso do
artigo com 50 casos, fica o questionamento sobre se o enquadramento como
estudo de caso foi adequado, pois o objetivo do estudo de caso e
analisar poucos elementos a partir de multiplas fontes de dados.
A opcao pela replicacao literal ou teorica nao e um aspecto
explorado pelos artigos que apresentam estudo de caso multiplo, pois
apenas 4 (21%) deles mencionam este aspecto, que poderia valorizar o
trabalho metodologicamente por determinar a validade externa. Isso leva
ao questionamento sobre como realmente ocorre a escolha dos casos e se o
acesso ao caso tem sido o principal criterio de selecao.
A definicao explicita da unidade de analise e apresentada por
apenas 13 (24%) artigos, 4 dos quais possuem unidade de analise
incorporada. O estudo de caso piloto pode auxiliar na correta
identificacao da unidade de analise e tambem no refinamento dos
instrumentos de coleta de dados. No entanto, o estudo de caso piloto foi
citado em apenas 4 (7%) artigos, um dos quais apresentava somente o
resultado do estudo piloto. Apenas 1 artigo apresentou criterios para a
escolha do estudo piloto, o que pode ter ocorrido pelo fato de que
normalmente o criterio de escolha do caso piloto e a conveniencia, em
razao de o objetivo dessa escolha ser um aprendizado para o pesquisador
e nao propriamente os resultados obtidos com o caso.
Entre os elementos considerados na analise do contexto, apenas o
local da conducao e o periodo no tempo foram contemplados em cerca de
metade dos artigos. Esses elementos sao importantes para que o leitor
entenda as condicoes em que as informacoes foram obtidas.
A equipe que desenvolveu a pesquisa e um aspecto citado em somente
3 (6%) artigos, sem que o papel de cada investigador tenha sido
descrito. Por outro lado, a maioria dos artigos foi redigida por 2 ou
mais autores, o que significa que esses 47 (85%) artigos deveriam ter
mencionado o papel dos investigadores.
A existencia de um protocolo foi citada em somente 8 (14%) artigos,
mas ele nao foi anexado ao artigo, muito provavelmente por limites de
tamanho do artigo. A associacao do protocolo a obtencao de
confiabilidade foi mencionada em apenas 4 artigos.
Os artigos analisados contemplaram poucos dos elementos
recomendados pela literatura para o planejamento de um estudo de caso;
somente 5 elementos (tipo de estudo de caso, teoria, especificacao dos
constructos, numero de casos e local de conducao da pesquisa) estiveram
presentes em mais de 50% dos artigos considerados nesta pesquisa.
4.2. Analise dos elementos da coleta de dados de um estudo de caso
A Tabela 4 apresenta um resumo dos resultados obtidos para os
elementos associados a coleta de dados do estudo de caso.
Os procedimentos de coleta de dados foram relatados em 58% dos
artigos. No entanto, este e um aspecto que deveria estar presente em
todos os artigos por ser a base para o entendimento e credibilidade dos
resultados obtidos.
A maioria dos artigos utilizou dados qualitativos, o que e
pertinente, pois a principal tecnica de coleta de dados de um estudo de
caso e a entrevista. Cerca de 18% dos artigos combinaram dados
qualitativos e quantitativos, o que tambem e pertinente ao metodo de
pesquisa. O curioso e 2 artigos terem apenas dados quantitativos para
uma pesquisa de carater qualitativo, alem do fato de o numero de casos
utilizados ser 25 e 50.
Aproximadamente 69% (38) dos artigos mencionaram ter utilizado
multiplas fontes de evidencia. A entrevista foi adotada por 48 (87%)
pesquisas, seguida da analise de documentos, presente em 35 (64%)
artigos, e da observacao, adotada por 16 (29%) artigos. Alem dessas, o
questionario, a analise de artefatos e a analise de websites e de
arquivos tambem foram mencionados como tecnicas de coleta de dados.
A triangulacao, que torna o estudo de caso robusto, foi adotada por
apenas 6 (11%) artigos, dos quais 5 (9%) mencionaram que ela se deu em
relacao a fonte dos dados.
A base de dados, elemento que auxilia na obtencao da
confiabilidade, foi mencionada em 4 (7%) artigos. A validade do
constructo foi citada em apenas 3 (5%) artigos. Por estar relacionada a
utilizacao de multiplas fontes de evidencia, certamente poderia ter sido
explicitada nos artigos, pois 69% deles citaram o uso de multiplas
fontes de evidencia.
Os artigos publicados nas revistas e no Enanpad apresentaram a
mesma tendencia em relacao a descricao dos elementos metodologicos. A
descricao dos elementos relacionados a coleta de dados, por exemplo, foi
mais detalhada que a dos elementos do planejamento.
4.3. Analise dos elementos da analise de dados de um estudo de caso
A Tabela 5 apresenta um resumo dos resultados obtidos para os
elementos associados a analise de dados do estudo de caso.
A descricao dos procedimentos de analise dos dados (16
artigos--29%) foi menos citada que a dos procedimentos para coleta dos
dados (32 artigos 58%) nos artigos analisados. Ja o esquema de
codificacao esteve presente em apenas 1 artigo analisado, elemento
importante para a compreensao da forma pela qual os resultados foram
obtidos.
Itens como anotacoes de campo e flexibilidade nao sao adequados
para identificar se o metodo de estudo de caso foi bem desenvolvido, mas
o sao para relatar alteracoes que existiram e as condicoes em que os
resultados foram obtidos, servindo de aprendizado para outros
pesquisadores. Nos artigos analisados, estes elementos foram pouco
evidenciados.
As tecnicas de analise de dados e o encadeamento de evidencias nao
foram mencionados na maioria dos artigos, mas podem ter sido descritos.
Como o criterio de analise neste artigo foi o elemento ter sido citado
ou nao, a conclusao deste artigo pode nao refletir totalmente o conteudo
dos artigos analisados.
As citacoes que auxiliam a corroborar os resultados foram
utilizadas em 6 (11%) artigos. Em parte, o uso de citacoes pode ter sido
tambem prejudicado pelo limite de espaco para redacao dos artigos. Como
este elemento nao acrescenta nova ideia, mas corrobora a ideia do
pesquisador, pode ser suprimido para que outras informacoes sejam
incluidas; no entanto, o seu uso pode contribuir para que o leitor
julgue independentemente a adequacao da analise realizada pelo
pesquisador (YIN, 2005).
A revisao por informante-chave das informacoes coletadas foi
mencionada somente por 3 (5%) artigos. Segundo Yin (2005), Riege (2003)
e Dube e Pare (2003), este elemento auxilia na validade do constructo,
aspecto tambem pouco mencionado nos artigos analisados nesta pesquisa.
Os elementos referentes a analise dos dados no estudo de caso foram
os menos tratados nos artigos analisados. A comparacao dos resultados
com a literatura (50 artigos -91%) foi o elemento mais presente nos
artigos. Considerando-se os 19 artigos que apresentaram estudos de caso
multiplos, a comparacao dos casos foi realizada em 11 artigos (58%). A
validade interna foi citada em 4 artigos, resultado que esta associado
ao numero de estudos de caso explanatorios.
5. CONCLUSOES
O framework desenvolvido nesta pesquisa e util para quem vai
utilizar o estudo de caso como metodo de pesquisa, assim como para quem
vai avaliar artigos para revistas cientificas. De um modo geral, os
artigos analisados nesta pesquisa contemplaram poucos dos elementos
privilegiados no framework proposto. Nao foram observadas evidencias
significativas de que houve diferenca nos elementos metodologicos
abordados nos artigos publicados nas revistas em relacao aos publicados
no Enanpad. Cabe ressaltar que o framework resultante deste estudo foi
elaborado segundo a visao epistemologica positivista, a de maior
aceitacao e utilizacao na area de sistemas de informacao.
Nos artigos analisados, deve-se considerar que o fato de os
elementos nao terem sido citados nao significa que as pesquisas nao os
utilizaram. No entanto, nao basta fazer, e preciso relatar o que foi
realizado, pois esta e a unica forma de o leitor realmente entender os
resultados obtidos com a pesquisa e a sua aplicabilidade, alem de dar
credibilidade aos resultados. A secao do metodo em artigos, assim como o
capitulo em teses e dissertacoes, necessita de um consideravel espaco
para que seja possivel detalhar todas as informacoes pertinentes a ele.
Os editores de revistas e os organizadores de congressos devem refletir
sobre a necessidade de maior espaco para a descricao detalhada do
metodo.
Em relacao ao planejamento, os elementos mais contemplados foram o
tipo de estudo de caso, a teoria, a especificacao dos constructos, o
numero de casos e o local de conducao da pesquisa. Os elementos
relacionados a coleta de dados foram mais detalhados que os do
planejamento e analise dos dados, o que nao significa que importantes
elementos tenham sido mencionados, como a validade do constructo e a
triangulacao. Os elementos referentes a analise dos dados foram os mais
negligenciados nos artigos, o que faz com que exista uma lacuna entre a
coleta e os resultados que precisa ser tratada pelos pesquisadores no
relato de suas pesquisas.
Em relacao ao tipo de estudo de caso, ficam alguns questionamentos
a serem investigados em pesquisas futuras: por que nenhuma pesquisa foi
classificada como descritiva? por que ha um maior numero de estudos
exploratorios? por que um numero tao elevado de artigos nao explicitou o
tipo de estudo de caso adotado? sera que a classificacao apresentada e
adequada aos resultados obtidos com a pesquisa?
Na sequencia desta pesquisa pretende-se discutir nao so a presenca
dos elementos do metodo, mas tambem a qualidade com que esses elementos
foram abordados nos artigos. Isso porque em alguns artigos foi observado
que o pesquisador menciona o elemento, mas nao apresenta subsidios para
o leitor entender como esse elemento foi considerado ou desenvolvido na
pesquisa.
Recebido em: 02/07/2008
Aprovado em: 03/02/2009
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
AVGEROU, C. Information systems: what sort of science is it? Omega,
v. 28, n. 5, p. 567-579, 2000.
BENBASAT, I.; GOLDSTEIN, D. K.; MEAD, M. The case research strategy
in studies of information systems. MIS Quarterly, v. 11, n. 3, p.
369-386, Sept. 1987.
BICKMAN, L.; ROG, D. J.; HEDRICK, T. E. Applied research design: a
practical approach. In: BICKMAN, L.; ROG, D. J. (Eds.) Handbook of
applied social research methods. Thousand Oaks: SAGE Publications, 1997.
p. 5-37.
BONOMA, T. V. Case research in marketing: opportunities problems,
and a process. Journal of Marketing Research, v. 22, n. 2, p. 199-208,
1985.
CAMPOMAR, M. C. Do uso de "estudo de caso" em pesquisas
para dissertacoes e teses em administracao. Revista de Administracao, v.
26, n. 3, p. 95-97, jul.-set. 1991.
DUBE, L.; PARE, G. Rigor in information systems positivist case
research: current practices, trends, and recommendations. MIS Quarterly,
v. 27, n. 4, p. 597-635, Dec. 2003.
EISENHARDT, K. M. Building theories from case study research.
Academy of Management, v. 14, n. 4, p. 532-550, Oct. 1989.
FRANKFORT-NACHMIAS, C.; NACHMIAS, D. Research methods in the social
sciences. 5. ed. New York: St. Martin's Press, 1996.
GARCIA, L.; QUEK, F. Qualitative research in information systems:
time to be subjective? In:
LEE, A. S.; LIEBENAU, J.; DEGROSS, J. I. (Eds.) Information systems
and qualitative research. London, UK: Chapman & Hall, 1997. p.
444-465.
GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de
Administracao de Empresas, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar.-abr. 1995.
HALINEN, A.; TORNROOS, J.-A. Using case methods in the study of
contemporary business networks. Journal of Business Research, v. 58, n.
9, p. 1285-1297, Sept. 2005.
HOPPEN, N.; MEIRELLES, F. S. Sistemas de informacao: um panorama da
pesquisa cientifica entre 1990 e 2003. Revista de Administracao de
Empresas, v. 45, n. 1, p. 24-35, jan.-mar. 2005.
KLEIN, H. K.; MYERS, M. D. A set of principles for conducting and
evaluating interpretive field studies in information systems. MIS
Quarterly, v. 23, n. 1, p. 67-94, March 1999.
KRIPPENDORFF, K. Content analysis: an introduction to its
methodology. Thousand Oaks: SAGE Publications, 1980.
LAI, V. S.; MAHAPATRA, R. K. Exploring the research in information
technology implementation. Information & Management, v. 32, n. 4, p.
187-201, 1997.
LEE, A. A scientific methodology for MIS case studies. MIS
Quarterly, v. 13, n. 1, p. 33-50, Mar. 1989.
MACNEALY, M. S. Toward better case study research. IEEE Transactions on professional Communication, v. 40, n. 3, p. 182-195,
Sept. 1997.
MYERS, M. D. Qualitative research in information systems. MIS
Quarterly, v. 21, n. 2, p. 241-242, June 1997. Disponivel em:
<http://www.qual. auckland.ac.nz>. Acesso em: 8 out. 2006.
PATTON, M. Q. Enhancing the quality and credibility of qualitative
analysis. Health Services Research, v. 34, n. 5, p. 1189-1208, 1999.
PRATT, M. G. Fitting oval pegs into round holes: tensions in
evaluating and publishing qualitative research in top-tier North
American Journal. Organizational Research Methods, v. 11, n. 3, p.
481-509, July 2008.
RIEGE, A. M. Validity and reliability tests in case study research:
a literature review with "hands-on" applications for each
research phase. Qualitative Market Research, v. 6, n. 2, p. 75-86, 2003.
STAKE, R. E. The art of case study research. Thousand Oaks: SAGE
Publications, 1995.
STAKE, R. E. Case studies. In: DENZEN, N. K.; LINCOLN, Y. S.
(Eds.). Handbook of qualitative research. Thousand Oaks: SAGE
Publications, 1994. p. 236-247.
TRIPODI, T.; FELLIN, P.; MEYER, H. J. Analise da pesquisa social.
Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1975.
VOSS, C.; TSIKRIKTSIS, N.; FROHLICH, M. Case research in operations
management. International Journal of Operations & Production
Management, v. 22, n. 2, p. 195-219, 2002.
YIN, R. K. Aplications of case study research. Thousand Oaks: SAGE
Publications, 1993.
YIN, R. K. Enhancing the quality of case studies in health services
research. Health Service Research, v. 34, n. 5, p. 1209-1224, Dec. 1999.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e metodos. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
Mirian Oliveira
Doutora em Administracao. Professora Titular e Pesquisadora da
FACE/PUCRS
E-mail: miriano@pucrs.br
Antonio Carlos Gastaud Macada
Doutor em Administracao. Professor e Pesquisador da EA/UFRGS
E-mail: acgmacada@ea.ufrgs.br
Vanessa Goldoni
Mestre em Administracao pela Pontificia Universidade Catolica do
Rio Grande do Sul
E-mail: vanessa.goldoni@terra.com.br
Tabela 1: Artigos na area de tecnologia da informacao (TI) que
utilizaram estudo de caso (EC)
Enanpad Rausp Rac Ano
625 33 52 No total artigos
32 4 8 No total artigos - TI 2003
16 1 2 No total artigos - TI/EC
790 32 48 No total artigos
38 2 6 No total artigos - TI 2004
13 0 1 No total artigos - TI/EC
778 29 45 No total artigos
25 4 5 No total artigos - TI 2005
14 2 1 No total artigos - TI/EC
2193 94 145 No total artigos
95 10 19 No total artigos - TI Total
43 3 4 No total artigos - TI/EC
Rae Rap O&S Total Ano
37 62 29 838 No total artigos
1 5 1 51 No total artigos - TI 2003
0 2 0 21 No total artigos - TI/EC
36 50 33 989 No total artigos
0 3 3 52 No total artigos - TI 2004
0 1 2 17 No total artigos - TI/EC
33 46 26 957 No total artigos
2 3 0 39 No total artigos - TI 2005
0 0 0 17 No total artigos - TI/EC
106 158 88 2778 No total artigos
3 11 4 140 No total artigos - TI Total
0 3 2 55 No total artigos - TI/EC
Fonte: os Autores.
Tabela 2: Presenca dos elementos do planejamento nos estudos de
caso
Elementos Artigos em Revista
Questao de pesquisa 5
Tipo de questao de pesquisa Como/por que--3
Que/por que--1
Por que--1
Tipo de estudo de caso Exploratorio-4
Explanatorio-3
2 tipos-1
Teoria 10
Especificacao de constructos 5
Desenho de pesquisa 2
Caso unico 7
Natureza do caso unico 0
Caso Multiplo 5
Replicacao literal 0
Replicacao teorica 1
Validade externa 4
Unidade de analise 3
Unidade de analise incorporada 2
Estudo de caso piloto 0
Numero de casos piloto = 1 0
Criterios para selecao do piloto 0
Local de conducao da pesquisa 9
Periodo no tempo 4
Coleta em diferentes momentos 1
Adequado acesso 3
Tempo gasto no local 0
Periodo de coleta 0
Equipe 1
Papel dos investigadores 0
Numero de autores 1 autor = 3
2 autores = 6
3 autores = 2
4 autores = 1
5 autores = 0
Protocolo 2
Confiabilidade 1
Elementos Artigos no
Enanpad
Questao de pesquisa 16
Tipo de questao de pesquisa Como--6
Que--5
Como/que--4
Outra--1
Tipo de estudo de caso Exploratorio-20
Explanatorio-1
2 tipos-6
Teoria 40
Especificacao de constructos 23
Desenho de pesquisa 0
Caso unico 29
Natureza do caso unico 2
Caso Multiplo 14
Replicacao literal 1
Replicacao teorica 2
Validade externa 2
Unidade de analise 10
Unidade de analise incorporada 2
Estudo de caso piloto 4
Numero de casos piloto = 1 4
Criterios para selecao do piloto 1
Local de conducao da pesquisa 23
Periodo no tempo 20
Coleta em diferentes momentos 4
Adequado acesso 1
Tempo gasto no local 6
Periodo de coleta 1
Equipe 2
Papel dos investigadores 0
Numero de autores 1 autor = 5
2 autores = 31
3 autores = 4
4 autores = 2
5 autores = 1
Protocolo 6
Confiabilidade 3
Elementos Total de artigos
Questao de pesquisa 21 (38%)
Tipo de questao de pesquisa Como--6
Que--5
Como/que--4
Outra--1
Como/por que--3
Que/por que--1
Por que--1
Tipo de estudo de caso 35 (64%)
Teoria 50 (91%)
Especificacao de constructos 28 (51%)
Desenho de pesquisa 2 (4%)
Caso unico 36 (65%)
Natureza do caso unico 2 (6%)
Caso Multiplo 19 (34%)
Replicacao literal 1 (5%)
Replicacao teorica 3 (16%)
Validade externa 6 (11%)
Unidade de analise 13 (24%)
Unidade de analise incorporada 4 (7%)
Estudo de caso piloto 4 (7%)
Numero de casos piloto = 1 4 (100%)
Criterios para selecao do piloto 1 (25%)
Local de conducao da pesquisa 32 (58%)
Periodo no tempo 24 (44%)
Coleta em diferentes momentos 5 (9%)
Adequado acesso 4 (7%)
Tempo gasto no local 6 (11%)
Periodo de coleta 1 (2%)
Equipe 3 (5%)
Papel dos investigadores 0 (0%)
Numero de autores 1 autor = 8 (14%)
2 autores = 37 (67%)
3 autores = 6 (11%)
4 autores = 3 (5%)
5 autores = 1 (2%)
Protocolo 8 (14%)
Confiabilidade 4 (7%)
Fonte: os Autores.
Tabela 3: Classificacao dos artigos segundo o tipo de estudo de caso
Ano Exploratorio Explanatorio Explorat. / Descritivo
(Explor.) (Explan.) Rev.--Enanpad
Rev.--Enanpad Rev.--Enanpad
2003 2 - 9 1 - 1 1 - 0
2004 2 - 6 1 - 0 0 - 3
2005 0 - 5 1 - 0 0 - 2
Todos 4 - 20 3 - 1 1 - 5
Ano Explor./ Explan. Nao
cita
Rev. Enanpad Rev. Enanpad
2003 0 - 0 1 - 6
2004 0 - 0 1 - 5
2005 0 - 1 2 - 5
Todos 0 - 1 4 - 16
Fonte: os Autores.
Tabela 4: Presenca dos elementos da coleta de dados nos estudos de caso
Elementos Artigos em Artigos no
Revista Enanpad
Descricao dos procedimentos 6 26
Tipo de dados Qualitativo-6 Qualitativo-26
Quantitativo-1 Quantitativo-1
Ambos-4 Ambos-6
Nenhum-1 Nenhum-10
Multiplas fontes de evidencia 9 29
Entrevista 11 37
Documentos 10 25
Observacao 3 13
Outra tecnica de coleta de dados 2 17
Triangulacao 3 3
Tipo de triangulacao 3 2
Base de dados 2 2
Validade do constructo 1 2
Elementos Total de artigos
Descricao dos procedimentos 32 (58%)
Tipo de dados Qualitativo-32 (58%)
Quantitativo-2 (4%)
Ambos-10 (18%)
Nenhum-11 (20%)
Multiplas fontes de evidencia 38 (69%)
Entrevista 48 (87%)
Documentos 35 (64%)
Observacao 16 (29%)
Outra tecnica de coleta de dados 19 (34%)
Triangulacao 6 (11%)
Tipo de triangulacao 5 (9%)
Base de dados 4 (7%)
Validade do constructo 3 (5%)
Fonte: os Autores.
Tabela 5: Presenca dos elementos da analise de dados nos estudos de caso
Elementos Artigos em Revista Artigos no
Enanpad
Descricao dos procedimentos 4 12
Anotacoes de campo 0 0
Esquema de codificacao 1 0
Flexibilidade 1 3
Encadeamento de evidencias 3 4
Comparacao dos casos 3 8
Proposicao teorica 1 2
Explanacao concorrente 1 0
Descricao do caso 10 0
Adequacao ao padrao 2 1
Construcao de explanacao 1 1
Analise de series temporais 1 1
Modelos logicos 1 0
Sintese de casos cruzados 3 6
Validade interna 2 2
Citacoes 0 6
Revisao do projeto 1 2
Comparacao com a literatura 11 39
Validade do constructo 1 2
Elementos Total de artigos
Descricao dos procedimentos 16 (29%)
Anotacoes de campo 0 (0%)
Esquema de codificacao 1 (2%)
Flexibilidade 4 (7%)
Encadeamento de evidencias 7 (13%)
Comparacao dos casos 11 (58%)
Proposicao teorica 3 (5%)
Explanacao concorrente 1 (2%)
Descricao do caso 10 (18%)
Adequacao ao padrao 2 (4%)
Construcao de explanacao 2 (4%)
Analise de series temporais 2 (4%)
Modelos logicos 1 (2%)
Sintese de casos cruzados 9 (16%)
Validade interna 4 (7%)
Citacoes 6 (11%)
Revisao do projeto 3 (5%)
Comparacao com a literatura 50 (91%)
Validade do constructo 3 (5%)
Fonte: os Autores.