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文章基本信息

  • 标题:The importance of the human being in the context of institutionalization and validation of the sustainable paradigm/A relevancia do ser humano no contexto de institucionalizacao e legitimacao do paradigma da sustentabilidade/La relevancia del ser humano en el contexto de la institucionalizacion y legitimacion del paradigma de la sustentabilidad.
  • 作者:Munck, Luciano ; de Souza, Rafael Borim
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2009
  • 期号:July
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
  • 摘要:Organizacoes, instituicoes e diferentes redes de relacionamento humanas sao reflexos da realidade socialmente construida. Esta representa um modelo de compreensao de mundo compartilhado pelos diferentes atores sociais inseridos nas mais diversas sociedades. A relacao entre esses personagens e o meio ambiente se intensifica gradativamente pelo reconhecimento de uma influencia reciproca, do qual emerge um questionamento institucional sobre atuacoes empresariais que podem prejudicar a continuidade dos recursos naturais ainda existentes.

The importance of the human being in the context of institutionalization and validation of the sustainable paradigm/A relevancia do ser humano no contexto de institucionalizacao e legitimacao do paradigma da sustentabilidade/La relevancia del ser humano en el contexto de la institucionalizacion y legitimacion del paradigma de la sustentabilidad.


Munck, Luciano ; de Souza, Rafael Borim


1. INTRODUCAO

Organizacoes, instituicoes e diferentes redes de relacionamento humanas sao reflexos da realidade socialmente construida. Esta representa um modelo de compreensao de mundo compartilhado pelos diferentes atores sociais inseridos nas mais diversas sociedades. A relacao entre esses personagens e o meio ambiente se intensifica gradativamente pelo reconhecimento de uma influencia reciproca, do qual emerge um questionamento institucional sobre atuacoes empresariais que podem prejudicar a continuidade dos recursos naturais ainda existentes.

Como resposta a essas discussoes, ascende um paradigma pautado em valores de sustentabilidade social e ambiental, interessado em prover as geracoes presentes em suas necessidades por meio do uso consciente e responsavel dos recursos oferecidos pela natureza, de maneira que, no futuro, as sociedades existentes tambem possam ter sua sobrevivencia assegurada neste mesmo territorio.

A institucionalizacao dessa concepcao sustentavel ainda esta em desenvolvimento, visto que nao ha um orgao, um tratado ou uma representacao global com poder de regulacao comprovado e capaz de promover o desenvolvimento economico por vias responsaveis. Como fator auxiliar a institucionalizacao deste paradigma apresenta-se o capital social, pois ele influi na qualidade das politicas governamentais, economicas e sociais.

Ainda que responsavel pela grande disseminacao da sustentabilidade, o capital social, com suas redes de relacionamento, promocao de engajamento civico e identificacao das qualidades institucionais nacionais e internacionais, e insuficiente. A legitimacao de um paradigma sustentavel apenas acontecera quando os seres humanos, representados como agentes sociais, economicos e organizacionais, validarem todo esse cenario.

O homem passa a reconhecer a sua importancia na dinamica dos processos sociais, e deixa de ceder a qualquer fonte de pressao, ao exigir, como reciprocidade do meio, fatores como continuidade social, seguranca, melhores condicoes de saude, maior qualificacao educacional e, por conseguinte, o devido reconhecimento de representatividade junto as organizacoes.

E essa discussao que se desenvolve no presente artigo, cujo objetivo e evidenciar a relevancia do ser humano no contexto de institucionalizacao e legitimacao do paradigma da sustentabilidade. Para um aprofundamento do tema, o texto divide-se em seis secoes: introducao; metodologia; o contexto de ascensao de um paradigma pautado em valores de sustentabilidade social e ambiental; o capital social e a institucionalizacao do paradigma sustentavel; sustentabilidade socioambiental e a institucionalizacao de suas praticas: o papel do ser humano; e as consideracoes finais.

2. METODOLOGIA

A abordagem do problema deu-se de maneira qualitativa, por ser esta uma forma adequada de entender a natureza de um fenomeno social. O objetivo do estudo foi analisado do ponto de vista exploratorio, uma vez que se busca conhecer as caracteristicas de um fenomeno, para procurar, em um momento posterior, explicacoes de suas causas e consequencias. Em relacao as estrategias de pesquisas abordadas, o estudo classifica-se como bibliografico, uma vez que pretende conhecer, analisar e explicar contribuicoes ao tema abordado. Foi realizado um levantamento teorico-metodologico de temas que suportam a problematica apresentada pelo presente artigo (RICHARDSON, 2008; MARTINS; THEOPHILO, 2007).

3. O CONTEXTO DE ASCENSAO DE UM PARADIGMA PAUTADO EM VALORES DE SUSTENTABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

Em um momento de questionamento das estruturas mundiais, as relacoes de poder estao ameacadas e, nelas, as elites dominantes veem diminuir seu espaco privilegiado na tomada de decisoes. Logo, uma aceitacao social mediante as extremas mais-valias adquiridas por tais sujeitos sociais faz-se necessaria, para que, assim, um consenso comunitario nao destitua o poder ate entao imperante.

A acao de tais agentes sociais, no entanto, tem consequencias ambientais nem sempre responsaveis. A analise da problematica ambiental se da por uma diversidade de abordagens, as quais se mostram distintas em alguns pontos e convergentes em outros. Nesse sentido, para uma melhor compreensao do tema, sera adotada a via interpretativa das Ciencias Sociais.

Segundo Zioni (2005:39), "para discutir a relacao entre as ciencias sociais e o meio ambiente, e fundamental uma reflexao sobre o cenario em que essas questoes emergiram: a modernidade". De acordo com o discurso da autora, o ambiente sofreu uma serie de alteracoes, em seculos passados, promotoras de uma sociedade fadada aos dizeres capitalistas. Alguns exemplos sao as reformas religiosa e social, bem como as revolucoes industriais.

A modernidade trouxe gradativamente uma exigencia de sociabilidade do homem com o meio e vice-versa. Os mecanismos de producao desenvolvidos, se analisados de maneira isolada, pouco emancipam a sociedade atual das comunidades antigas; se forem analisados juntamente com os acontecimentos ambientais, porem, constatar-se-a a emergencia de novas representacoes concebidas por ineditas relacoes de poder.

Por meio das ocorrencias historicas, acontecimentos sociais e desenvolvimentos economicos vislumbra-se, na modernidade, a construcao de um novo significado para a vida social. Ainda que por formas hegemonicas de conhecimento, a elucidacao sobre o movimentar do mundo se da pela alianca das vertentes sociais e naturais, que envolve em uma dialetica reciproca o conhecimento cientifico e a razao.

Fica nitido que o cenario constituido ao longo do tempo se ampara em uma sequencia de movimentacoes economicas caracterizadas como o proprio desenvolvimento. Este, para Coimbra (2002:51):
 [...] e um progresso continuo e progressivo, gerado na
 comunidade e por ela assumido, que leva as populacoes a
 um crescimento global e harmonizado de todos os setores da
 sociedade, atraves do aproveitamento dos seus diferentes
 valores e potencialidades, em modo a produzir e distribuir os
 bens e servicos necessarios a satisfacao das necessidades
 individuais e coletivas do ser humano por meio de um
 aprimoramento tecnico e cultural, e com menor impacto
 ambiental possivel.


E pertinente comentar, porem, que ao longo da historicidade economica nao foram promovidas acoes de desenvolvimento que beneficiassem todas as sociedades e o meio ambiente. Surgiram inumeras tentativas de explicar algumas atitudes governamentais e ate mesmo organizacionais. Todas elas, a sua maneira, contribuiram com algo novo a academia. E concedido um destaque a teoria do desenvolvimento, por seu aprofundamento sociopolitico.

Montibeller-Filho (2007:57) considera as teorias do desenvolvimento como "o conjunto de formulacoes que visa compreender e modificar a realidade pelo exame dos mecanismos segundo os quais os fenomenos sociais inter-relacionam-se, dos elementos principais que respondem pela evolucao da economia e das tendencias seculares".

Representantes e auxiliares fundamentais do desenvolvimento sao as instituicoes. O desenvolvimento economico ocorre em ambientes institucionais, por meio de atividades produtivas, negociacoes virtuais, redes de relacionamento, cadeias de suprimento, alem de uma serie de estruturas que sao tanto mais possiveis quanto maior for a tecnologia empregada. Percebe-se a inerencia da atividade inovadora em todos os processos envolvidos.

A instituicao se apresenta como protetora da propriedade privada ao incentivar investimentos que priorizem decisoes democraticas capazes de disponibilizar socialmente os beneficios oriundos de tais negociacoes. Montibeller-Filho (2007) defende que a qualificacao institucional e condicao necessaria para um desenvolvimento adequado, mas insuficiente para sanar os problemas sociais e ambientais em toda sua amplitude.

Existem muitos fatores implicitos em possiveis solucoes de inumeras patologias sociais e ambientais ocasionadas pelos mecanismos de desenvolvimento economico. Em razao da concepcao capitalista da economia, a sociedade e o meio ambiente estao imersos em uma rede entrelacada de custos estatais, industriais, economicos, sociais e ambientais. Todavia, a importancia destes ultimos, na grande maioria dos estudos, e relegada a oscilacao descontinua da engenharia economica.

A insuficiencia estatal e a ineficiencia do setor privado impedem que as questoes ambientais e sociais sejam plenamente respondidas. Entretanto, nao e correta a critica unilateral ao sistema, bem como e insatisfatoria a plena aceitacao deste. Observa-se a necessidade de reinstitucionalizar modelos, normas, valores e mitos que ja nao atendam a sociedade em seus anseios por melhor qualidade de vida.

Tem-se observado um alto nivel de inovacao e desempenho tecnologico; entretanto, os indices de desenvolvimento humano e de qualidade de vida nao acompanham o fator economico. Montibeller-Filho (2007) admite que a economia, quando em crescimento, gera degradacao, poluicao e esgotamento de bens ambientais, e, quando em retracao, despreza as questoes ambientais por implicarem custos adicionais.

De acordo com Brunacci e Philip Jr. (2005), a era de conquistar o desenvolvimento economico sem qualquer restricao e as custas de prejuizos ambientais ja se encerrou, mas persiste em algumas culturas organizacionais. Para esses autores, e preciso compreender a insuficiencia dos fatores naturais, dos quais depende a sobrevivencia social do planeta. Ainda mais importante e reconhecer que, apos a geracao presente, outras virao e tambem habitarao este mesmo territorio.

Diaz (2002) discorre sobre a urgencia de romper com a filosofia do crescimento ilimitado, uma vez que o desenvolvimento nao sustentavel apresentara limites e esgotamento em breve, caso as tendencias sociais e economicas nao sejam transformadas em prol do bemestar da populacao mundial.

Exige-se uma nova interpretacao do funcionamento economico e social no mundo. Ainda que algumas acoes voluntarias sejam empreendidas por empresas e governantes, elas sao insatisfatorias, uma vez que, conforme Montibeller-Filho (2007), a capacidade economica das nacoes e organizacoes de apresentar um comportamento menos agressivo para com a natureza somente se mostra quando ha pressao de externalidades com poder de regulacao comprovado.

Entretanto, sociedade, meio ambiente e economia ja se entrelacam, ainda que teoricamente, sob uma serie de denominacoes, tais como economia ambiental, economia ecologica, economia humana, cada uma representando uma abordagem explicativa do problema. O que mais interessa e a dimensao economica estar associada a questao ambiental, por esta ser fundamental na formulacao de diretrizes de atuacao do governo, das empresas e dos cidadaos e para a propria compreensao dos fatos e das relacoes sociais, culturais e politicas (CALDERONI, 2004).

Emerge, entao, um novo paradigma, o da sustentabilidade, entendido como aquele que: [... ] expressa hoje o desejo de quase todas as sociedades, em qualquer parte do mundo, por uma situacao em que o economico, o social e o ambiental sejam tomados de maneira equanime. Entao, nao basta apenas haver crescimento economico, avanco tecnologico e as instituicoes; e, sim, pensar na revolucao tecnologica e no arcabouco institucional objetivando o bem-estar social com a amplitude a este inerente. (MONTIBELLER-FILHO, 2007:59).

Torna-se imprescindivel a ocorrencia de um crescimento economico pautado em caracteristicas da sustentabilidade; logo, o vocabulo "sustentavel", nas palavras de Brunacci e Philip Jr. (2005:274), ao qualificarem o tipo de desenvolvimento que se deseja, "deve ser aplicado a realidade ambiental do presente".

De acordo com esse aparato interpretativo, mudancas institucionais sao necessarias, uma vez que as instituicoes precisam ser eficientes no atendimento pleno dos anseios originados em diferentes tempos. Tais transformacoes confirmam a insustentabilidade do antigo paradigma desenvolvimentista. Por essa evolucao da importancia da associacao entre a questao ambiental e a economia, vislumbra-se que as decisoes politicas e economicas estao sendo alinhadas a preceitos sustentaveis.

Os interesses economicos nao podem diferir dos ecologicos, uma vez que o bom desempenho da economia e uma consequencia da exploracao dos recursos naturais. No entanto, a essencia da sustentabilidade precisa ser compreendida, para evitar acoes nao condizentes com valores eticos, ambientais e representativos de uma responsabilidade social corporativa.

Principios e atitudes organizacionais que resultem em acoes socialmente responsaveis sao compreendidos como comportamentos promotores de um desenvolvimento sustentavel. Por meio de politicas consistentes de responsabilidade social, as empresas tomam para si preocupacoes referentes aos stakeholders e as comunidades atingidas por suas atividades operacionais. Clapp (2005) argumenta que, mediante uma conscientizacao socialmente responsavel, os empresarios atuam com bom senso nos negocios, situacao que os encoraja a agir de forma sustentavel para com a sociedade e o meio ambiente.

Em razao de tantos discursos existentes, ha "a possibilidade de um entendimento pragmatico e imediatista que conduz ao risco de se implantar um programa de sustentabilidade do desenvolvimento como sutil desdobramento de uma politica moldada por um sistema capitalista ainda conservador e predatorio" (BRUNACCI; PHILIP JR., 2005:268).

Sistemas politicos, instituicoes, tratados ou acordos internacionais que vislumbrem problematicas ambientais e sociais pela abordagem sustentavel devem ser capazes de transpor as barreiras fisicas para uma maior eficacia na resolucao de calamidades. Torna-se cada vez mais necessaria uma resposta institucional que implique, em seu agir, uma racionalidade que contemple a responsabilidade social e economica como fenomeno de interesse, aliado a continuidade desenvolvimentista do capitalismo.

Essa resposta tem de partir de uma otica capaz de abranger as diferencas entre as nacoes, organizacoes e sociedades, e as suas especificidades, de maneira que sua intervencao em favor da humanidade e do meio ambiente seja aceita como verdade e, consequentemente, como um apoio ao desenvolvimento sustentavel. Os vieses ambientais nao sao de responsabilidade exclusiva das nacoes, das empresas e da humanidade, mas de todos os que habitam e agem intensivamente no planeta Terra.

Como afirmaram MacNeill, Winsemius e Yakushiji (1992:16): "o mundo avancou agora da interdependencia economica para a interdependencia ecologica--e ate, para alem desta, para um entrelacamento entre ambas".

Portanto, de acordo com Zioni (2005), para a solucao dos problemas e desequilibrios evidenciados propoe-se um novo paradigma de sustentabilidade, que parta da critica do conhecimento existente e evolua do monoculturalismo ao multiculturalismo, de forma que o dominio global da ciencia moderna nao possa silenciar os outros saberes e, assim, emancipe-se um conhecimento que consiga discernir a objetividade da neutralidade.

Com base nesse contexto, discorre-se, a seguir, sobre o capital social como fenomeno auxiliar a institucionalizacao e legitimacao do paradigma sustentavel, o qual alcancara sua validacao social pela participacao ativa e consensual dos seres humanos imersos nas diferentes sociedades, organizacoes e instituicoes.

4. O CAPITAL SOCIAL E A INSTITUCIONALIZACAO DO PARADIGMA SUSTENTAVEL

Conforme a World Comission on Environment and Development (WCED), o desenvolvimento sustentavel consiste em nao comprometer a sobrevivencia de geracoes futuras por meio da exploracao responsavel de recursos naturais no presente (BRUNDTLAND, 1987). Essa concepcao agrega em si consideracoes sobre os objetivos economicos e sociais da humanidade, a serem tratados por uma abordagem de longo prazo, ao considerar questoes ambientais em suas premissas.

Asadi et al. (2008) enumeram quatro fatores determinantes do desenvolvimento sustentavel, a saber: o capital natural, o capital fisico e produzido, o capital humano e o capital social. A sustentabilidade, ou a capacidade de futuras geracoes suprirem suas necessidades, e assegurada quando a disponibilidade de recursos naturais e eficientemente utilizada pelos processos produtivos atuais.

Esses recursos sao explorados dentro de um contexto social cujos valores e regras, transmitidos pelas instituicoes existentes, determinam a sua distribuicao as sociedades presentes com consequencias para as futuras. Por essa razao, ressalta-se a importancia ambiental do capital social como fenomeno auxiliador da legitimacao do paradigma sustentavel.

Inumeros autores (COLEMAN, 1988; PUTNAM, 1993; KNACK; KEEFER, 1997; TEMPLE; JOHNSON, 1998; WOOLCOCK, 1998) associam esse tema a efetividade das cadeias de relacionamento humanas promoventes de consensos e coesoes sociais, representadas pela legitimacao de valores provenientes de inumeras fontes de pressoes organizacionais e sociais.

Coleman (1990) observa o capital social como um fenomeno que possibilita a obtencao de recursos de financiamento e manutencao do meio, advindos das organizacoes sociais com fins lucrativos, situacao que impede as empresas de realizar feitos economicos comunais por facilitar processos de inovacao a custos menores.

Ja Putnam (1993) associa esse tema aos fatores de confiabilidade economica e social, normas e redes sociais, os quais se associam para promover o desenvolvimento das organizacoes sociais. O capital social, assim, esta diretamente vinculado a capacidade de promover eficiencia social por meio da interacao dos mecanismos institucionais.

Nesse contexto, Grootaert e Van Bastelaer (2002) admitem que esse fenomeno e definido pela conexao entre instituicoes, relacoes sociais, atitudes empreendedoras e valores que regem a comunicacao entre os diversos atores comunitarios, que, em conjunto, potencializam o desenvolvimento economico e social de uma nacao.

Woolcock (1998) propoe a analise do capital social sob quatro aspectos: a extensao das associacoes horizontais; a natureza dos mecanismos de desenvolvimento social dentro das comunidades; a natureza da relacao entre sociedade civil e Estado; e a qualidade institucional das instituicoes governamentais.

O capital social, aliado a qualidade institucional, pode propiciar um melhor desenvolvimento economico. Segundo Turner (2000), as instituicoes abrangem o ambiente composto de atores sociais tomadores de decisoes e representantes de suas acoes individuais e coletivas. Os seres humanos organizam-se e coordenamse via mecanismos de institucionalizacao, no intuito de que as atividades organizacionais e economicas sejam aprimoradas.

Dollar e Kraay (2003) constataram em seus estudos que as nacoes constituidas de instituicoes mais qualificadas estabelecem maiores niveis de comercializacao e tendem a crescer rapidamente. E funcao critica das instituicoes, conforme DiMaggio e Powell (1983), reduzir consistentemente as incertezas oferecidas pelo meio ambiente mediante a legitimacao de normas sociais racionais que validem acoes empreendedoras, tradutoras de um desenvolvimento economico sustentavel.

Rodrick (2000) considera a qualidade institucional como responsavel por significantes resultados para a integracao social; todavia, segundo esse autor, sua contribuicao para o desenvolvimento economico e indireta, por depender das alocacoes de capitais praticadas pela engenharia economica do sistema.

Tal consideracao e validada por Campos e Nugent (1998), que consideram as consequencias do desenvolvimento economico e social geradas pelas instituicoes como indiretas ao credenciarem como fator efetivo para este quadro a constituicao formativa do capital humano social.

Enquanto Stewart (1998) define o capital humano como um ativo de propriedade compartilhada no ambiente organizacional, Glaeser, Laibson e Sacerdote (2002) esclarecem que o capital humano social constitui um ativo social presente em individuos com uma personalidade social provida de regras e qualidades sociais, interessados em promover ganhos sociais coletivos.

Pretty e Ward (2001) identificaram que as sociedades mais desenvolvidas, em razao da consequente representatividade do capital social, apresentam melhores indices de desenvolvimento humano, uma vez que os grupos locais nelas inseridos formulam regras e sancoes regionais interessadas na utilizacao responsavel dos recursos naturais existentes. Uma comunidade assim estruturada torna-se institucionalmente capaz de propor acoes cooperativas para a solucao de patologias sociais e ambientais.

Um aspecto inerente ao capital social e sua relacao intensiva com as redes sociais. Estas sao constituidas de membros defensores de praticas organizacionais sustentaveis. Por meio desses personagens alcanca-se o engajamento civil da sociedade. Putnam (1993) defende que a legitimacao de normas civicas afeta o desempenho governamental e, consequentemente, a qualidade das politicas economicas. Knack e Keefer (1997) reforcam a afirmativa ao considerarem que as normas civicas propiciam um melhor desempenho economico.

Para tanto, a confiabilidade e a cooperacao entre os atores sociais e as instituicoes que validam a existencia das respectivas sociedades sao fundamentais, pois somente assim, conforme Granovetter (1985), alcancarse-a um desenvolvimento sustentavel harmonico. Essa interacao pacifica e imprescindivel, pois, enquanto governos, sociedade e organizacoes sem fins lucrativos disputam seus papeis em relacao ao meio ambiente, entidades mistas tem surgido no intuito de alinhar elementos lucrativos a uma melhor eficiencia no uso de recursos naturais, tendo em vista uma perspectiva nao lucrativa de criacao de valores sociais (AUSTIN; STEVENSON; WEI-SKILLERN, 2006).

Baum e Oliver (1991), ao discorrerem sobre organizacoes que optaram por se relacionar com seus respectivos e diversos ambientes institucionais, afirmam que estas sao responsaveis por um desenvolvimento empresarial caracterizado por um envolvimento com diferentes comunidades e stakeholders influentes. Esse modelo de gestao participativo potencializa socialmente o fornecimento de recursos sustentaveis, alem de permitir que a organizacao angarie sua legitimacao critica e endossamento social.

A presenca desses personagens no contexto da discussao e importante. Haveman e Rao (1997) afirmam que organizacoes e instituicoes precisam envolver atores sociais influentes nos seus processos de negociacoes, a fim de que a permanencia delas no mercado seja assegurada por regras normativas institucionalizadas e legitimadas pela sociedade. Se os stakeholders participarem de um consenso sobre a criacao social de um modelo economico sustentavel, isso se tornara critico para as firmas atuais e futuras, uma vez que a sociedade passara a compreender que influencia e e influenciada pelas operacoes industriais (TOWNSEND; HARD, 2008).

O capital social, com seus fatores de confiabilidade, normas reguladoras de reciprocidade e redes de engajamento civico, tem ressaltado o carater essencial do desenvolvimento sustentavel. Como resultado, Asadi et al. (2008) consideram que a sustentabilidade social tem adquirido novo significado nas comunidades, uma vez que estas vislumbram a necessidade de atencoes previas em razao de possiveis consequencias negativas de praticas promotoras do desenvolvimento economico. O paradigma sustentavel necessita, alem da conservacao do meio ambiente, de um engajamento comunitario para legitimar suas propostas institucionais.

Todavia, a mensurabilidade dos indices de confiabilidade organizacionais e governamentais, a relacao entre os diversos atores sociais, e as redes comunitarias sao apenas consequencias do capital social, e nao as causas. Este tem de ser qualificado como um recurso intangivel da sociedade, conquistado pela credibilidade, integridade e reputacao institucionais. O capital social e a ferramenta conectora dos elementos economicos que tornam possiveis atividades produtivas, distributivas e de consumo. Os elementos fundamentais do capital social sao o comprometimento social e a responsabilidade social corporativa, os quais, em conjunto, respaldam a confianca e a disposicao institucionais em construir redes sociais facilitadoras de maiores participacoes comunitarias (CHENG; MITTELHAMMER, 2008).

Assim, o capital social expressa em vias formais os focos juridico, democratico e governamental de comunidades locais, regionais, nacionais e internacionais, por meio de mecanismos institucionais responsaveis por reiterar a disseminacao de valores e expectativas sociais. Consequentemente, de acordo com Asadi et al. (2008), a destruicao parcial ou completa de redes sociais, com suas respectivas normas, provocaria a alienacao dos seres humanos de suas necessidades simples e complexas, bem como a perda significativa de valores culturais, alem da assuncao de uma identidade incapaz de discernir as necessidades inerentes a realidade da sociedade constituida de tais individuos. O capital social, por conseguinte, e componente central do desenvolvimento sustentavel.

Grootaert e van Bastelaer (2002) admoestam que o capital social gera profundo impacto em diferentes areas da convivencia humana, tanto urbanas quanto rurais: afeta a provisao de servicos, transforma a prospeccao de cenarios de desenvolvimento industriais e agricolas, influencia a expansao de empresas privadas, incrementa o gerenciamento de recursos comuns, ajuda na qualificacao educacional e contribui na reformulacao de acoes estatais insuficientes para praticas de compensacoes sociais.

Em todo esse contexto esta a figura humana, representada pelos diferentes atores sociais inseridos nas redes de relacionamento socioeconomicas. Por eles, o paradigma da sustentabilidade, ainda que em parte institucionalizado pelo capital social, alcanca sua plena legitimidade. O proximo topico discorrera sobre o papel do ser humano na sustentabilidade socioambiental e na institucionalizacao de suas respectivas praticas, com o auxilio das contribuicoes oriundas da teoria neoinstitucional.

5. SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A INSTITUCIONALIZACAO DE SUAS PRATICAS: O PAPEL DO SER HUMANO

A teoria neoinstitucional, de acordo com FernandezAlles e Valle-Cabrera (2006), tem parte de suas origens na Sociologia e baseia-se no principio de que as organizacoes alcancam recompensa social por caracteristicas que as legitimam na angariacao de recursos, de maneira que sobrevivam em alicerces estruturados por pressoes institucionais coercitivas, normativas e mimeticas. Logo, os valores contextuais, cerimoniais e simbolicos precisam ser transferidos as estrategias e praticas organizacionais, algumas vezes reconhecidas por seu carater isomorfico.

Trata-se de uma teoria oriunda de algumas alteracoes conceituais propostas, especificamente, pela discussao de cinco paradoxos principais, por meio dos quais propoe-se um arcabouco de conhecimentos interessado em discutir fenomenos como mudancas, vantagens competitivas e inovacoes organizacionais. No quadro abaixo esses paradoxos sao abordados com maior profundidade.

Compreende-se a institucionalizacao de um paradigma pautado em premissas de sustentabilidade social e ambiental pela contribuicao de cada paradoxo supramencionado. Por meio das discussoes sobre esses paradoxos a teoria neoinstitucional possibilita que as organizacoes sejam analisadas em um ambiente que ultrapasse seus limites fisicos.

Com a argumentacao do quinto paradoxo intensificase essa relacao explicativa estabelecida. Uma vez que movimentos organizacionais interessados em promover efetivos comportamentos socialmente responsaveis integram acoes em prol de um desenvolvimento sustentavel, considera-se que essa teorizacao alia proposicoes que evidenciarao a relevancia do ser humano no contexto de institucionalizacao e legitimacao do paradigma da sustentabilidade.

A institucionalizacao de uma gestao socialmente responsavel somente acontecera se for inteiramente validada pelos stakeholders envolvidos em todos os passos e aplicabilidades dos projetos a serem apresentados a sociedade e implementados. Vislumbrase, entao, a emergencia do homem, proprietario de seu capital humano social, como uma das figuras de maior importancia para a legitimacao desta nova metodologia de atuacao empresarial.

A sociedade esta imersa em modelos de compreensao interessados em explicar os ritos, mitos, valores e normas que movem os padroes de comportamento humano e, consequentemente, as instituicoes responsaveis pela regencia do sistema vigente. Todavia, o advento de inovacoes tecnologicas, economicas e sociais, em uma realidade explicada pela ascensao de um paradigma sustentavel, insere o ser humano em um novo patamar de atuacao dentro das organizacoes.

Essa concepcao sofre algumas deturpacoes se observada em organizacoes ainda amparadas por paradigmas valorizadores dos modelos fordista e taylorista (PEAUCELLE, 2000). Nota-se, segundo Ng e Tseng (2008), que nestes casos impera a visao do "homem economico" organizacional, guiado por um contexto neoclassico e interessado em maximizar suas riquezas e recompensas pela utilizacao extrema dos recursos naturais disponiveis.

Esse sujeito, valorizador dos beneficios pessoais, adere as normas legais para aumentar a utilidade dos processos sociais nos quais esta inserido. Percebe-se a inexistencia de interesse por um compromisso coletivo, bem como a ausencia de uma preocupacao com as prerrogativas e consequencias sociais relacionadas a manutencao do meio ambiente.

Szanto (1998) observa que a fundamentacao e a operacionalizacao do meio ambiente ocorrem por si sos, uma vez que nele os sistemas funcionais surgem, estabelecem-se e evoluem. O autor afirma que o meio ambiente sera tanto mais evolucionario quanto maior o ciclo evolutivo de seus sistemas funcionais, os quais, por meio dessa movimentacao, conferem ao meio maior diversidade de fatores.

A sociedade e tanto uma consequencia do paradigma sustentavel quanto representante da era da informacao. A explosao do conhecimento cientifico e tecnico, a rapida difusao e o poder crescente da tecnologia da informacao, a participacao cada vez maior do conhecimento no valor agregado da empresa e a ascensao do trabalhador do conhecimento apresentam-se como fatores que trabalham em conjunto, a fim de propor novos modelos organizacionais e ineditos metodos gerenciais (STEWART, 1998).

O meio renova-se atraves de contradicoes inusitadas, compondo-se de uma serie de fatores de risco, aos quais todos os individuos estao propensos. Constata-se assim, de acordo com Szanto (1998), que os atores sociais estao cientes das proeminentes mudancas promotoras de desenvolvimento, compreensao esta intimamente relacionada a uma gama de riscos e patologias sociais.

Emerge entao o conceito de "homem social organizacional", definido por Ng e Tseng (2008) como um ator interessado em cumprir as normas legais por meio de uma interdependencia comunitaria, explicada nao completamente pela fundamentacao racional, mas principalmente pelo engajamento em promover uma maior participacao social.

Todavia, a concepcao desse sujeito no ambiente organizacional e algo que instiga os mais diversos gestores. Toda empresa desenvolve uma cultura, apreendida como representacao maior do entendimento da organizacao sobre ela mesma, seus colaboradores e a sociedade como um todo. Essa cultura representa, assim, por vias formais, a essencia empresarial para o meio, e, por vias informais, o conteudo pragmatico de um ser juridico para aqueles que se relacionam com a empresa. Portanto, muitas sao as maneiras de analisar uma cultura organizacional, porem e necessario admitir que consequentes a ela existem seres humanos e processos em andamento.

A complexidade da questao se acentua quando se verifica a eminencia do paradigma de criacao na sociedade. Este representa uma ameaca a estabilidade e a integridade estrutural de toda uma hierarquia social, pois a evolucao social, neste caso, pode sinalizar que um sistema funcional esta em processo de progressao (autoperfeicao) ou rumo a um retrocesso (desintegracao) (SZANTO, 1998).

Ha uma dificuldade, por parte das empresas, em reter talentos que contribuam para o alcance de uma melhor realidade organizacional relacionada a melhores quesitos sociais. De acordo com Stewart (1998:78), o trabalho rotineiro, que exige pouca habilidade, mesmo quando feito manualmente nao gera capital humano para a organizacao. Este cresce de duas formas: "quando a empresa utiliza mais o que as pessoas sabem e quando um numero maior de pessoas sabe mais coisas uteis para a organizacao".

O ambiente organizacional, por conseguinte, nao pode promover quaisquer impedimentos psicologicos aos diversos stakeholders. Bouyer (2004) caracteriza esses constrangimentos e restricoes como as maiores fontes de sofrimento no trabalho. Essa pratica se torna tao restritiva ao trabalhador, que este se ve na situacao conflituosa de ter de escolher entre os objetivos de atender bem o cliente, cumprir as normas da empresa ou defender sua propria identidade, esta representativa de um sujeito singular com caracteristicas particulares.

Szanto (1998) ressalta que, em termos socioorganizacionais, a falha em reconhecer o trabalho intelectual de um individuo interfere nos processos de autorrealizacao deste, o que promove alteracoes em seus niveis motivacionais e o direciona para um caminho negativo, situacao que provoca um quadro conflituoso entre individuo, sociedade e organizacao.

As organizacoes, no intuito de responder institucionalmente ao paradigma sustentavel, por meio da responsabilidade social, por exemplo, precisam tornar-se competentes, cada vez mais, em contratar e reter talentos que retratem a definicao de um trabalhador intelectual, o qual representa fundamentalmente a evolucao do "homem economico" para o "homem social organizacional". Isso porque, enquanto o homem economico tem como proposito prever o seu comportamento e observar as escolhas interativas, o homem social anseia identificar quem ele e e como ele interage com outras pessoas na sociedade, alem de contemplar e investigar os antecedentes desses comportamentos (NG; TSENG, 2008).

Constata-se a lapidacao do relacionamento entre homem, sociedade e organizacao, situacao impossivel de ser explicada pela abordagem positivista e muito menos pela otica que rejeita qualquer explicacao. Essa compreensao do agir organizacional apenas se da pela terceira via de Weber (apud MAGGI, 2006:18), para o qual:
 [...] as ciencias historicas e sociais sao caracterizadas por
 uma orientacao em direcao da singularidade, elas devem
 antes de mais nada compreender o sentido dos eventos
 humanos, mas essa compreensao nao e mais um ato de
 intuicao imediato, uma simples participacao empatica; ela
 exige uma validacao racional e intersubjetiva, a reconstrucao
 dos elementos do agir em seu contexto de significacao.


Por toda a complexidade apresentada, e valido afirmar que as organizacoes interessadas em seus respectivos desenvolvimentos economicos precisam de colaboradores dotados de uma expertise potencialmente capaz de conferir a elas a legitimacao social de seus ganhos e lucros. Assim, a cristalizacao de um paradigma pautado em valores sustentaveis acontece por inumeras vias, dentre elas o modelo de gestao socialmente responsavel adotado pelas empresas contemporaneas, fator admitido como um dos componentes principais do capital social.

Nesse contexto, encontra-se na escola neoinstitucional a fundamentacao teorica que vislumbra em seu arcabouco a validacao de um paradigma sustentavel, as institucionalizacoes organizacionais, o anseio por um status social empresarial, o capital social e a relevancia da figura humana em todos estes procedimentos. Esta, portanto, assume uma perspectiva dinamica para explicar as diversidades das mudancas adaptativas, uma vez que rompe com a previa analise deterministica.

Sua visao estrategica tambem e ressaltada, pois seu carater social propicia a criacao de vantagens competitivas, evidenciadas pela legitimidade e reducao dos custos de transacoes. Tal cenario gera duas vias de interpretacao institucional: a social (focada no capital social e na gestao simbolica) e a estrategica (focada na heterogeneidade e nas imperfeicoes do mercado). Nessa contextualizacao, a escassez de recursos e a propria legitimidade se revelam como fontes de inovacao (FERNANDEZALLES; VALLE-CABRERA, 2006).

Assim, as vantagens competitivas sao alcancadas nao apenas por meio de diferenciacoes, heterogeneidade e mudancas, mas tambem pela contribuicao do capital social e pela tolerancia para com as pressoes institucionais, as quais, em conjunto, legitimam os agentes e processos e permitem os devidos suprimentos de recursos e incremento de posicoes competitivas.

Legitimidade e eficiencia, portanto, nao podem ser interpretadas como fatores contraditorios em uma pratica gerencial. Elas devem trabalhar em prol de equalizar os interesses dos atores, para sanar os conflitos em potencial, com base na compreensao da essencia do paradigma sustentavel de satisfazer as necessidades das comunidades atuais sem comprometer a existencia das futuras.

6. CONSIDERACOES FINAIS

O artigo objetivou evidenciar a relevancia do ser humano no contexto de institucionalizacao e legitimacao do paradigma da sustentabilidade. Para um melhor esclarecimento do tema, foram abordadas discussoes sobre a ascensao do paradigma sustentavel, o capital social como auxiliador na institucionalizacao dessa concepcao ambiental e social, e o papel do ser humano na legitimacao desses valores nos procedimentos organizacionais, institucionais e sociais.

E possivel afirmar que esse paradigma sustentavel advem de uma modificacao estrutural da sociedade, ocorrida pela exigencia de transformacoes institucionais em toda a hierarquia social existente. As instituicoes passam a responsabilizar-se pelo atendimento pleno das questoes sociais e ambientais, para que as geracoes presentes e futuras tenham sua sobrevivencia assegurada pela manutencao responsavel dos recursos naturais existentes.

O capital social estabelece-se como auxiliador nos processos de institucionalizacao desse paradigma, uma vez que a alianca entre ele e as qualidades institucionais concebe um conjunto de componentes essenciais para um modelo de desenvolvimento economico sustentavel. Entretanto, a legitimacao dessa nova maneira de compreender a realidade ocorre somente pela validacao consensual comunitaria dos novos valores defendidos.

O ser humano passa a ser observado como figura central de aceitacao do paradigma sustentavel, pois apenas pela inter-relacao dos atores inseridos em redes sociais de relacionamento imersas em ambientes sociais, institucionais e organizacionais tal sistema de entendimento do mundo alcancara sua plena cristalizacao.

E imprescindivel a constatacao da relevancia humana no questionamento sobre praticas economicas nao sustentaveis, deficiencias educacionais nao supridas pelo sistema, calamidades nos setores de saude publica e, ainda, o nao reconhecimento de sua importancia para as atividades organizacionais.

Logo, o ser humano, como personagem ciente de seus deveres civicos e ordenado por uma responsabilidade social e etica, passa a nao aceitar o ambiente real e inicia um movimento legitimador de um paradigma respaldado em fatores sociais e ambientais que venha a garantir a continuidade existencial do homem em termos fisiologicos, sociais e intelectuais.

O paradigma sustentavel, em parte institucionalizado pelo capital social, alcanca sua fundamental legitimacao por meio de atores sociais identificados como os "homens sociais organizacionais", que priorizam o bemestar coletivo e valorizam a boa relacao comunitaria para o desenvolvimento responsavel dos ambientes sociais, organizacionais e institucionais.

Recebido em: 27/6/2009

Aprovado em:12/8/2009

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Luciano Munck

Graduacao em Administracao de Empresas pela Universidade Federal de Vicosa Mestrado em Engenharia de Producao pela Universidade Federal de Santa Catarina Doutorado em Administracao pela Universidade de Sao Paulo Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Pontificia Universidade Catolica do Parana

E-mail: munck@uel.br

Rafael Borim de Souza

Graduacao em Administracao e Especializacao em Controladoria e Financas pela Pontificia Universidade Catolica do Parana. M.B.A. em Gestao Empresarial pela Fundacao Getulio Vargas. Mestrando em Administracao na Universidade Estadual de Londrina E-mail:

rafaborim@yahoo.com
Quadro 1: Os cinco paradoxos da teoria neoinstitucional

 Paradoxo Explicacao do Paradoxo

1. Conformidade A diferenciacao suporta vantagem competitiva,
 x mas a conformidade as pressoes sociais gera
 Diferenciacao legitimacao, recursos e vantagem competitiva.
 A diferenciacao possibilita um espaco maior
 de alavancagem sobre a concorrencia;
 entretanto, quando a inovacao e copiada pelo
 mercado, cai-se em um mimetismo. A
 conformidade reduz consideravelmente o
 diferencial inovador, mas garante em maior
 nivel o status legitimador, o que redunda em
 facilidades na aquisicao de recursos e melhor
 relacionamento com os stakeholders,
 caracteristicas traduzidas em vantagens
 competitivas.

2. Isomorfismo As vantagens competitivas sao suportadas pela
 x heterogeneidade dos recursos, mas, mediante o
 Heterogeneidade isomorfismo institucional, adquire-se mais
 acessibilidade aos mesmos recursos, elevado
 grau de legitimacao e vantagens competitivas.
 Assume-se o isomorfismo pela otica
 neoinstitucional como um conjunto de
 processos oriundo de inter-relacionamentos
 dos contextos organizacionais com os
 institucionais. Logo, a emancipacao de uma
 vantagem competitiva e explicada em duas vias
 pela institucionalizacao: isomorfismo e
 homogeneidade; estes sao avessos a
 heterogeneidade predominante na visao baseada
 em recursos. O isomorfismo admite que o
 suprimento de recursos se da de forma
 equivalente (igualitaria), logo, a competicao
 e a diferenciacao sao reduzidas, enquanto a
 visao baseada em recursos apenas aceita a
 variacao nos recursos. Embora exista tal
 contradicao, ressalta-se que a teoria
 institucional viabiliza a explicacao da
 homogeneidade, isomorfismo e heterogeneidade,
 fatores diretamente relacionados ao fator de
 mais-valia organizacional.

3. Legitimacao A constante busca de maiores qualificacoes em
 x eficiencia permite que alguns dos interesses
 Eficiencia dos stakeholders nao sejam direcionados para
 a reducao de legitimacao; a legitimacao,
 porem, prescinde de eficiencia nos
 procedimentos de difusao, e esta, por sua
 vez, necessita de legitimacoes resultantes do
 sucesso do relacionamento entre os diversos
 stakeholders. A contextualizacao de pressoes
 tecnicas e institucionais permite as empresas
 procurarem por mais eficiencia e, tambem,
 legitimacao, por assim promoverem a
 identificacao e satisfacao das necessidades
 de tais colaboradores. e imprescindivel
 elucidar a importancia da responsabilidade
 social corporativa, que deve ser gerenciada e
 exercitada pelas empresas.

4. Mudanca O gerenciamento da mudanca e representativo
 x fundamental da teoria neoinstitucional. O
 Inercia velho institucionalismo nao vislumbrava a
 possibilidade de mudancas adaptativas, uma
 vez que enaltecia a inercia e persistencias,
 e negligenciava a atuacao gerencial ao
 assumir uma passividade organizacional
 ressaltada pelo determinismo do contexto
 institucional. Admoesta-se, entao, que o
 ambiente institucional e fator limitante do
 agir organizacional, porque exige
 conformidade e aceitacao, caracteristicas que
 enclausuram a organizacao em um isomorfismo
 institucional, o qual retraira suas
 habilidades mercadologicas. Ja o
 neoinstitucionalismo preocupa-se com a
 constante interacao entre instituicoes e
 organizacoes, ou seja, com os processos de
 adaptacao, por meio dos quais as pressoes
 institucionais alternam-se continuamente.
 Pela otica da nova teoria, a mudanca
 institucional e um reflexo de acoes
 organizacionais e dinamicas no contexto do
 tempo.

5. Instituicoes A preocupacao crescente em conferir validacao
 x ao status social empresarial bem como a busca
 Organizacoes por satisfazer exigencias socioeconomicas
 caracterizam a imprescindibilidade de
 analises institucionais nos diversos tipos de
 organizacao. Tal conjecturacao cede espaco a
 afirmativa de que a teoria neoinstitucional
 possui um carater extremamente contributivo,
 em face do desafio de analisar, com a devida
 enfase, os comportamentos dos atores
 considerados como classicos. Emerge entao o
 conceito de gerenciamento simbolico, inerente
 aos preceitos de responsabilidade social,
 confianca, desempenho e etica. Logo, quanto
 mais a linha do tempo de desenvolve, maior a
 conscientizacao organizacional sobre a
 importancia de reter o apoio social de suas
 principais fontes de recursos vitais.

Fonte: Adaptado de FERNaNDEZ-ALLES e VALLE-CABRERA, 2006.
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