摘要:Criada no interior dos esforços britânicos para o fim do tráfico, a categoria de africanos livres existiu em todo o mundo atlântico. No Brasil, essas pessoas deveriam cumprir um período de serviços de 14 anos antes de alcançarem a emancipação final. Na prática, a maioria deles ultrapassou esse tempo, sendo necessária uma petição para alcançar a desejada liberdade. Munidas de aprendizados e experiências adquiridas nas duas décadas em que serviram como africanas livres, Carolina Conga e Delfina Bié servem como uma janela pela qual podemos observar as relações de gênero, trabalho e solidariedade entre africanos livres e suas redes de sociabilidade no século XIX. O objetivo deste artigo é, então, oferecer perspectivas de análise que contemplem tais categorias, pensadas em conjunto com questões mais abrangentes, como liberdade, acirramento das condições de trabalho não-livre no século XIX e formas de exploração de mão de obra.