出版社:Centro de Estudos Ambientais - UNESP/Rio Claro
摘要:A planície do rio Paraguai ao norte da cidade de Corumbá-MS é um sistema deposicional que vem sendo construído pelo rio Paraguai desde tempos pleistocênicos. Com base em dados de sensores remotos e verificação de campo, mapeamento geomorfológico foi realizado na planície do rio Paraguai, da lagoa Vermelha à confluência do rio Miranda, trecho atualmente denominado de Planície Fluvial Paraguai-Corumbá (PFPC). Feições fluviais deposicionais foram reconhecidas na área estudada, que é composta por cinturões de meandros e rede de paleocanais na planície de inundação. Paleocinturões de meandros foram reconhecidos na PFPC e aparentemente apresentam padrão anabranching, sendo reconhecidos e mapeados três paleocinturões. Contudo, datações dessas paleoformas revelaram a existência de pelo menos duas gerações dessa morfologia. O paleocinturão mais preservado, e por isso mais novo, exibe paleoformas deposicionais que indicam condições hidrossedimentares diferentes das atuais. A origem e evolução dessas associações morfológicas estão condicionadas tanto por fatores climáticos como pela configuração da área em relação à bacia. Com base no mapeamento, interpretação das associações de formas deposicionais reconhecidas na área e datações absolutas das formas, esquema evolutivo da geomorfologia da planície foi proposto. Rede de drenagem abandonada, parcialmente preservada na planície de inundação e composta por formas elevadas de canal-diques evidenciam período mais seco, provavelmente no Pleniglacial. Os paleocinturões de meandros, que truncam as formas de canais-diques, são registro de mudanças paleoambientais significativas na PFPC, associadas ao aumento da precipitação e da descarga fluvial. Com o aquecimento após o UMG, o clima global se torna gradativamente mais úmido. No Pantanal, um clima sazonal produziu canais entrelaçados nas áreas distais do megaleque dos rios São Lourenço e Cuiabá, e essas morfologias são sincrônicas a primeira geração de paleocinturões da PFPC. Com maior aporte sedimentar e descarga fluvial, esses paleocinturões foram sendo preenchidos até culminar no seu abandono, por volta dos 13 ka AP. Esse evento gerou a segunda geração de paleocinturões, onde atualmente flui o rio Paraguai-Mirim. Com a progressiva melhora climática e aumento das vazões, ocorreu nova avulsão no rio Paraguai, na altura da baía do Castelo, construindo o cinturão atual que passou a ter canal único no Holoceno superior. O cinturão de meandros atual do rio Paraguai foi subdivido em cinco trechos de acordo com a direção e a largura, e também com sinuosidade do canal que diminui de norte para sul. As gerações de formas identificadas e mapeadas, que resultaram num padrão de sobreposição de diferentes estilos fluviais, registram significativas mudanças paleoambientais e paleo-hidrológicas que vêm ocorrendo desde o Pleniglacial. Levantamentos hidrossedimentares revelaram que a PFPC é um sistema hidrogeomorfológico complexo e peculiar, com perturbações na descarga do rio Paraguai geradas por pelo menos dois fatores. A configuração geológico-geomorfológica e a hidrologia da área propiciam o aparecimento de fenômeno hidrológico ainda pouco estudado no Pantanal: efeito remanso. Esse fenômeno causa perturbações nas vazões do rio Paraguai, que tem sua morfodinâmica também alterada. Com base nos resultados obtidos, nova subdivisão do rio Paraguai foi proposta e esta mostra a morfodinâmica atual do sistema.