期刊名称:Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento humano
印刷版ISSN:0104-1282
电子版ISSN:2175-3598
出版年度:1991
卷号:1
期号:1
DOI:10.7322/jhgd.37411
语种:Portuguese
出版社:Centro de Estudos de Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano
摘要:A confrontação das teorias do desenvolvimento psicológico, propostas por Jean Piaget e Henri Wallon respectivamente, enseja a possibilidade de se discutir o limite e o alcance dessas teorias na apreensão mais global, holística, da criança. Não se trata, neste artigo, de superar, como o faria um ensaio orientado fenomenologicarnente, os limites próprios a toda e qualquer redução teórica, mas, antes, de compreender a articulação teórica passível de garantir uma compreensãomais global da criança e do adolescente em desenvolvimento.O cotejarnento das teorias desses dois autores marcados por semelhanças, amizade, trocas, mas, igualmente, por diferenças instigantes, propicia ocasião para que se pense sobre o modo fundamental como são concebidos e o lugar que ocupam os diferentes registros do desenvolvimentopsicológico humano: o biológico, o mental e o social Apesar dos interesses divergentes que ambos pesquisadores manifestaun no tocante aos próprios sujeitos - Piaget interessando-se, exclusivamente, pelo sujeito epistêmico, estudando as leis subjacentes ao desenrolar do desenvolvimento cognitivo, enquanto Wallon interessava-se pelo sujeito psicológico, interrogando-se sobre o grande embate entre o social e o biológico nos processos de transformação da totalidade da criança -, ambos farão referências às mesmas dimensões do desenvolvimentoEntretanto, se a afetividade, enquanto se revela como uma dessas dimensões, é entendida por Piaget apenas como uma energética da ação sem poder ocupar nem um lugar preponderante no curso do desenvolvimento e nem desempenhar um papel estruturante do mesmo, bem diferenteserá a concepção de Wallon.A emoção, forma larvária da afetividade, ocupará na concepção walloniana do desenvolvimento uma posição central, posto que será dela a função elementar de conectar o bebe, mergulhadoem sua impotência orgânica, ao seu meio humano. A unidade criança-meio humano será uma unidade de partilha emotiva. E a partir dessa relação, anterior com o social, que a criançadirigir-se-á, em seguida, para o mundo dos objetos, instalando-se, só então, no interior de uma lógica sensório-motora. Para Piaget, a indistinção das dimensões sociais e físicas na sua compreensão do mundo objetal, isto é, do meio em relação ao qual a criança tentará se adaptar, Ihepermitirá descrever uma trajetória distinta. Com efeito, o biológico é considerado, por este pesquisados, como o ponto inicial de todo desenvolvimento e o social como o ponto final, sendo o mental o processo mediano entre esses dois estados. Tanto desta posição quanto do inegável privilegiamento dado por Piaget à observação dos reflexos exteroceptivos (que, para ele, são os exercícios reflexos da primeira sub-etapa do nível sensório-motor), decorre o falo dele ter a concepção de uma criança que liga-se, primeira e diretamente, ao mundo dos objetos físicos e que a partir da ampliação deste universo físico descobre o mundo social.Não há grande sentido em repetir as indagações sobre o maior ou menor espaço concedido ao registro do social, do afetivo, do lógico ou do cognitivo em outra teoria. A questão que se pode colocar é a de saber em que dimensão tais registros se articulam, visto que a ordem desta articulação, e não o cômputo dos elementos em jogo, permitiria uma aproximação mais completa e global da criança em desenvolvimento.