摘要:O processo de precarização das condições de trabalho que afeta também o funcionalismo público, vem sendo largamente associado ao adoecimento físico e mental da classe trabalhadora. No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais ocupam o terceiro lugar para a concessão de benefícios previdenciários. A partir das discussões sobre a medicalização da saúde, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar o processo de adoecimento mental de servidores públicos municipais afastados do trabalho, em uma cidade de Santa Catarina. O método utilizado foi a pesquisa mista e o estudo se caracterizou por ser de natureza descritiva exploratória. A fase quantitativa se deu pela análise do banco de dados de todos os afastamentos do trabalho relativos aos anos de 2013 e 2014. Já a fase qualitativa se baseou na realização de entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e profissionais da saúde que realizam a assistência aos funcionários públicos municipais. Na análise dos atestados dos anos de 2013 e 2014, observou-se que as doenças mentais e comportamentais ocupam o terceiro lugar como motivo de afastamentos do trabalho, sendo 82% servidores lotados nas secretarias de educação e saúde do município. Entre as ocupações com maior número de atestados encontram-se os professores, os auxiliares de serviços internos e externos e os profissionais da enfermagem, além de agentes de endemias e agentes comunitários de saúde. Todos os diagnósticos em saúde mental geraram um atestado e vieram acompanhados de prescrição de psicofármacos. Ocupar o papel de doente permite aos trabalhadores ficar à margem do tecido social enquanto o medicamento lhes oportuniza condições de trabalho. Desta forma, conclui-se que ocorre a hegemonia do modelo biomédico e a prevalência da medicalização da saúde nos diagnósticos, afastamentos e tratamento das queixas de saúde mental.
关键词:Saúde do trabalhador;Medicalização da saúde;Saúde mental;Funcionalismo público.