摘要:O entre duas línguas da auto-tradução em Nancy Huston subverte as relações hierárquicas entre o original e a tradução, ou a oposição entre língua materna e língua estrangeira, e nos convida assim a nos interrogarmos sobre nossas práticas e representações de escrita e de tradução. Buscamos compreender em que medida a escrita entre o francês e o inglês de Nancy Huston questiona não somente as categorias tradicionais de tradução, mas também o gênero como construção social. A história da tradução é atravessada por metáforas sexistas ou de natureza sexual, como “belas infiéis”, que refletem o papel inferior da tradução, associada ao feminino, em contraste ao original, identificado como masculino. Também a questão da infidelidade, ilustrada pela máxima traduttore traditore , é refutada por Nancy Huston tanto em sua prática de auto-tradução como no texto intitulado Traduttore non è traditore , publicado na coletânea Pour une littérature-monde . Ela retoma, em seus textos, o tema da maternidade e à dicotomia homem-espírito/mulher-corpo. Nota-se tanto uma certa ansiedade relacionada à língua materna e ao corpo em sua ficção, quanto um questionamento relacionado à máscara e às identidades múltiplas. O exílio, esse “sentimento de estar dentro/fora”, para Nancy Huston, abre a questão da identidade pessoal e das identidades múltiplas (linguística, sexual, nacional ou política), de tal maneira que a identidade dos autores e tradutores pode igualmente se embaralhar e se confundir. Em busca de sentido, autores e leitores são engajados em um trabalho infinito de tradução, de tal modo que é toda a experiência humana que se inscreveria nos termos de um paradigma da tradução.