摘要:O teatro, esta “prodigiosa transfiguração”, conforme Ortega yGasset (2007, p. 39), nasce no corpo. Os outros elementos teatrais,no decorrer de sua história, vão se avolumando em torno do corpo.Trata-se de um presente, uma presença, sobre o palco. O corpo,paradoxalmente espaço de estranhamento e identificação, de culpa eprazer, ganhou ainda mais notoriedade com o advento da modernidadeque o trouxe para o centro das atenções, já não mais como inteireza,unidade, mas como fragmento, pedaço, desestruturação. De acordo com Eliane Robert Moraes (2010, p 19) “às imagens ideais do homem veio contrapor-se um imaginário do dilaceramento, marcado pela obstinada intenção de alterar a forma humana a fim de lançá-la aos limites de sua desfiguração”. Dessa forma, as vanguardas artísticas da primeira metade do século XX3 instituíram um corpo fragmentado, explodido pelas grandes guerras, um corpo desarticulado, em que as partes se compunham como corpos autônomos, em que a mesa de dissecação ganhava força sob o olhar artístico. Assim, o teatro foi além da representação e tratou daquilo que Badiou (2007, p.71) chamou de “elucidação histórica coletiva”. O teatro também atravessou o século XX aprofundando ainda mais a ruptura, a transgressão artística, diversificando os pontos de vista, abrindo espaços para que o corpo em cena não apenas repetisse mimeticamente o texto, mas fosse um atravessamento de todos os elementos que o compõe.