摘要:Em setembro de 2015, a fotografia do corpo do menino sírio Aylan Kurdi realizada por Nilüfer Demir causou uma comoção mundial. A criança afogou-se no mar Egeu, durante uma tentativa de fugir da guerra civil na Síria, e seu corpo foi encontrado em uma praia turística na Turquia. O presente estudo de caso procura responder a uma pergunta: por que esta e não outras imagens de crianças em situações muito semelhantes, a mais próxima sendo a de seu irmão Galeb, morto da mesma forma e na mesma praia, tornou-se símbolo da tragédia que se abateu sobre aqueles que, entre 2015 e 2016, deslocaram-se em direção à Europa em busca de sobrevivência ou de uma vida melhor? Para a resposta, será preciso identificar o potencial icônico da imagem, estabelecer as relações entre materialidade fotográfica e seu valor indicial, o poder de agenciamento e os novos caminhos da circulação que hoje as imagens possuem graças às redes sociais digitais. Assim, pretende-se com o presente artigo contribuir para uma discussão metodológica sobre o estudo da imagem na cultura contemporânea. E, para tanto, procurou-se alinhá-lo à perspectiva de análise do estudo de caso realizado em 2003 pelo historiador Ulpiano Bezerra de Meneses sobre a fotografia de Robert Capa, que registra o momento da morte do jovem miliciano Federico Borrell García, em setembro de 1936, atingido por um tiro, ao ser surpreendido pelas forças franquistas nos campos abertos de Cerro Muriano, perto de Córdoba (MENESES, 2002). Não se propõe aqui um estudo comparativo entre as fotografias de Aylan e Borrell Garcia, mas a adoção do roteiro metodológico proposto por Meneses, agora aplicado à imagem fotojornalística feita por Demir, e com isso compreender o que de novo se pode dizer sobre o circuito desse tipo de imagem quando lançada em redes digitais.
关键词:cultura visual;fotografia;Aylan Kurdi;Ulpiano Bezerra de Meneses.;visual culture;Photography;Aylan Kurdi;Ulpiano Bezerra de Meneses.