Business models for products and services based on the internet of things: a literature review and future research opportunity/Modelos de negocio para produtos e servicos baseados em internet das coisas: uma revisao da literatura e oportunidades de pesquisas futuras.

Pacheco, Fabiana Beal ; Klein, Amarolinda Zanela ; Righi, Rodrigo da Rosa 等

Introducao

A miniaturizacao do hardware, o aumento crescente do poder dos microprocessadores, a reducao do custo e a confiabilidade das memorias, o avanco das telecomunicacoes e o gerenciamento eficiente de energia tornaram possivel funcionalidades e capacidades digitais em produtos da era industrial, incluindo carros, telefones, televisoes, cameras e ate mesmo livros. Com a capacidade digital embutida, tais produtos oferecem novas funcoes, taxas de desempenho e precos acessiveis, que transformam seu design, producao, distribuicaoeuso (Yoo, Henfridsson e Lyytinen, 2010).

A Internet das Coisas (ou IoT, do termo Internet of Things) e uma evolucao dentro do paradigma de computacao ubiqua, que consiste na presenca pervasiva de objetos e "coisas" inteligentes ao nosso redor--tais como etiquetas RFID, sensores, telefones moveis,--os quais estarao prontos para interagir e cooperar uns com os outros a fim de atingir um proposito especifico (Atzori, Iera e Morabito, 2010). Do ponto de vista economico e de gestao, esse conceito foi primeiramente cunhado por Elgar Fleisch em 2010.0 conceito de IoT nao e novo, mas so recentemente tornou-se relevante do ponto de vista pratico nos negocios, em razao dos avancos no desenvolvimento de hardware, especialmente na ultima decada (Fleisch, 2010).

Dados apontam que os dispositivos de Internet das Coisas deverao ultrapassar o numero de tablets, computadores pessoais e smartphones conectados ate 2018 (Iansiti e Lakhani, 2014). Um estudo do Gartner (2013) apresenta uma previsao de que os fornecedores de produtos e servicos de IoT terao um incremento de receita acima de 300 bilhoes de dolares ate 2020, principalmente em servicos. Esse incremento de faturamento produzira um total estimado de 1,9 trilhao de dolares na economia global, resultado das vendas em diversos segmentos de mercado. Ainda segundo Gartner (2013), os segmentos que liderarao a adocao de IoT serao a manufatura (15%), a saude (15%) e os seguros (11%).

Apesar da relevancia do tema, ha poucos estudos na area de Administracao (1) e pouca producao na literatura de Sistema de Informacao sobre a nova logica de negocio que emerge das tecnologias digitais (Yoo et al., 2010). A IoT inspira um novo modelo de negocios, o qual forca as organizacoes de varios setores a ajustar suas estrategias a fim de obter sucesso no mercado digital que se expandira cada vez mais. Muitas empresas tem dificuldade de entender a complexidade sem precedentes de desenvolver modelos de negocio adequados a evolucao das tecnologias digitais (Turber e Smiela, 2014). Alem das capacidades de inovacao em produtos, as organizacoes precisam adequar seus modelos de negocio a tecnologia digital. No futuro, a competicao nao se dara somente em termos de produtos e tecnologias, mas tambem em termos de modelo de negocio (Gassmann, Frankenberger e Csik, 2013).

Dessa forma, o presente artigo busca revisar a literatura de SI (Sistemas de Informacao) e de Gestao Estrategica e verificar quais sao os componentes de um modelo de negocio para produtos/servicos que envolvem IoT; alem disso, busca identificar as barreiras e os facilitadores que podem ajudar as empresas a redefinir seus modelos de negocio para aproveitar as oportunidades da IoT. Este artigo contribui com o mapeamento da literatura sobre IoT e modelos de negocio, alem de aprofundar a analise sobre o tema "modelos de negocio para IoT" e apontar nove constatacoes identificadas durante a revisao sistematica da literatura e lacunas para pesquisas futuras acerca do tema.

Este trabalho esta estruturado da seguinte forma: a proxima sessao introduz a metodologia usada para o mapeamento da literatura sobre o tema, na secao 3 sao apresentados os principais resultados da analise feita e na secao 4 propoem-se futuras linhas de pesquisa a fim de orientar os esforcos na area e apresentam-se as consideracoes finais.

Metodologia de revisao sistematica da literatura

O proposito da revisao feita foi identificar e analisar artigos relevantes para o entendimento de como a IoT pode ser considerada na geracao de novos modelos de negocio e na inovacao deles. O objetivo foi revisar os artigos mais citados e/ou mais recentes sobre os dois temas (IoT e modelos de negocio) disponiveis nas principais e mais usadas bases de dados cientificas na area de Gestao individualmente e, especificamente, aqueles trabalhos em que ha interseccao entre os dois temas. O escopo da revisao da literatura inclui artigos publicados em periodicos e revistas que tratam de questoes organizacionais, negocios, gestao e uso intensivo de tecnologia digital para a incorporacao da IoT nos modelos de negocio. A estrategia de revisao seguiu a referencia de Webster e Watson (2002). Eles indicam que um bom artigo de revisao da literatura deve motivar a investigacao de um tema, explicar as contributes da literatura atual, abordar seus conceitos-chave e, por fim, produzir um resultado concreto, seja um modelo, proposicoes ou questoes para orientar futuras pesquisas.

O estudo consistiu em tres etapas:

(1) Definir o objetivo e as questoes de pesquisa;

(2) Selecionar as palavras-chave e as bases de dados;

(3) Identificar e analisar artigos relevantes.

Em um nivel mais detalhado, este trabalho tem por objetivo responder as seguintes questoes de pesquisa:

Q1. Quais sao as caracteristicas dos modelos de negocio relacionados a IoT?

Q2. Quais sao os exemplos de aplicacoes baseadas em IoT trazidos na literatura e como foram incorporados nos modelos de negocio?

Q3. Quais sao os facilitadores e as barreiras associados a geracrao de novos modelos de negocio no contexto de uso intensivo de tecnologia digital via IoT?

Apos definir o proposito e as questoes, passamos para a etapa de selecionar as palavras-chave e as bases de dados para fazer a pesquisa. As palavras-chave escolhidas foram: internet of things, business model, digital innovation, technology, barriers and opportunities. As bases de dados selecionadas foram: ScienceDirect, EBSCO, Scopus e Web of knowledge. Essas bases foram escolhidas por serem as mais abrangentes e cobrirem os topicos a serem analisados nesta pesquisa. Para cada artigo resultante da busca foi feita uma verificacao a fim de assegurar sua relevancia para o dominio deste estudo. Quando disponiveis na integra, os artigos foram lidos e suas referencias foram observadas para garantir que outros trabalhos relevantes nao tenham sido detectados na pesquisa original na base de dados e entao foi tomada a decisao de inclui-los ou nao neste estudo. Isso se faz necessario em razao da escolha das palavras-chave e das bases de dados, que, por vezes, limitam o numero de resultados que podem ser considerados importantes.

Por fim, 12 artigos mais citados e/ou mais recentes sobre IoT e modelos de negocio foram selecionados nas quatro bases pesquisadas, seis dos quais relativos a IoT e seis referentes a modelos de negocios, e serao analisados na proxima secrao. Tambem foram identificados 10 artigos em que ha interseccrao entre os dois temas e que, posteriormente, foram analisados a luz das questoes de pesquisa mencionadas. A analise foi feita com auxilio dos softwares Mendeley e NVivo[R].

Analise dos resultados

Esta secrao apresenta a analise dos 22 artigos selecionados e aponta nove constatacroes obtidas na revisao.

O que e IoT?

Apos duas decadas de evolucao significativa de software, hardware e, principalmente, redes de telecomunicacrao, surgiu o conceito de Internet das Coisas--Internet of Things (IoT). A primeira a conceituar IoT, em 2005, foi a International Telecommunication Union (ITU), agencia das Nacroes Unidas para tecnologias da informacrao e comunicacrao. Essa agencia publicou um relatorio sobre tendencia de uma nova geracrao de internet, denominada Internet das Coisas. Nesse relatorio, a internet das coisas foi definida como a conexao de todos os objetos e dispositivos do cotidiano a todos os tipos de redes: intranets, redes peer-to-peer e a internet global que conhecemos (ITU, 2005).

O artigo mais citado sobre IoT define o termo como uma evolucrao dentro do paradigma de computacrao ubiqua, que consiste na presenca pervasiva de objetos e "coisas" inteligentes ao nosso redor--tais como etiquetas RFID, sensores, telefones moveis--, os quais estarao prontos para interagir e cooperar uns com os outros a fim de atingir um proposito especifico (Atzori et al., 2010). O conceito de IoT tambem pode ser visto com uma derivacrao dos conceitos de computacrao ubiqua (Weiser, 1991), computacao pervasiva (Satyanarayanan, 2001), "things that think" (Gershenfeld, 1999), "ambiente intelligence" (Fergunson, 2002) e "silente commerce" (Aarts, Harwig e Schuurmans, 2002). Todos esses conceitos tem em comum a visao de que havera um mundo com objetos fisicos do cotidiano equipados com uma logica digital, sensores e uma capacidade de conexao a Internet (Fleisch, Sarma e Thiesse, 2009).

Do ponto de vista economico e de gestao, esse conceito foi primeiramente cunhado por Elgar Fleisch, em 2010. O conceito de IoT nao e novo, mas somente agora tornou-se relevante do ponto de vista pratico nos negocios em razao dos avancros no desenvolvimento de hardware, especialmente na ultima decada (Fleisch, 2010). A ideia basica da IoT e que, virtualmente, todas as coisas fisicas no mundo podem se tornar computadores que se conectam a Internet, ou seja, as coisas passam a ter algumas caracteristicas de pequenos computadores e tornam-se, entao, objetos inteligentes (Fleisch, 2010).

De acordo com Mattern e Floerkemeier (2010), a IoT nao e resultado de uma unica tecnologia; e a combinacrao de diversas tecnologias complementares de desenvolvimento que fornecem capacidades, as quais auxiliam a preencher a lacuna existente entre o mundo virtual e fisico. Essas capacidades incluem: comunicacrao e cooperacrao, enderecramento, identificacrao, deteccrao do ambiente, acrao, processamento de informacao embarcada, localizacao e interface com o usuario.

O campo de pesquisa sobre IoT perpassa diversas areas de conhecimento, como computacrao, engenharias, telecomunicacroes, design, economia e negocios. Essa variedade de areas que estudam IoT deve-se a abrangencia do tema, que envolve os conceitos de ubiquidade, pervasividade, interpretacao do contexto e inteligencia do ambiente (Fleisch, 2010). O tabela 1 mostra como a IoT esta sendo conceituada nessas diferentes areas de conhecimento.

Constatacao 1. Com base na literatura pesquisada, constatou-se que o campo de pesquisa sobre IoT perpassa diversas areas de conhecimento, como computacao, engenharias, telecomunicacroes, design, economia e negocios. Isso se deve a abrangencia do tema, que envolve os conceitos de ubiquidade, pervasividade, interpretacrao do contexto e inteligencia do ambiente.

Como podem ser definidos os modelos de negocio?

Historicamente, a literatura de modelos de negocio teve sua origem no fim da decada de 1990. Desde entao, houve um aumento no interesse de profissionais e academicos em abordar tal tema em diversas areas de pesquisa (Gassmann et al., 2013). Para melhor entendimento sobre o que e um modelo de negocio e seu papel, Osterwalder (2004) sugere que o modelo de negocio esteja no centro do triangulo formado pela estrategia, organizacao e Tecnologia da Informacao e Comunicacao (TIC). O triangulo e o modelo de negocio estao sujeitos a forcas externas continuas, que incluem competicao, mudancas sociais, legais ou tecnologicas e mudancas nas demandas dos clientes (Osterwalder, 2004). A relacao entre TIC e modelo de negocio pode ser exemplificada por empresas como Amazon.com ou eBay. Essas empresas tem modelos de negocio que dependem fortemente de TIC, especificamente da Internet. Alem da dependencia clara de seus websites, elas tambem podem melhorar seus modelos de negocio por meio de uma serie de aplicacoes relacionadas aos clientes, como a personalizacao e o ranqueamento (Osterwalder, 2004).

Para Zott, Amit eMassa (2011), os modelos de negocio estao sendo empregados para enderecar ou explicar o fenomeno do e-business e o uso da tecnologia da informacao nas organizacoes, bem como a gestao da tecnologia e inovacao. A internet e o principal motivador para o entendimento de modelos de negocio e o consequente surgimento da literatura sobre o tema (Zott et al., 2011).

A literatura nao e consensual sobre os elementos que compoem um modelo de negocio (Amit e Zott, 2010; Gassmann et al., 2013; Shafer, Smith e Linder, 2005). Zott et al. (2011) apontam, a partir de extensa revisao da literatura, que um modelo de negocio e referenciado como uma afirmacao, uma descricao, uma representacao, uma arquitetura, uma ferramenta ou um modelo conceitual (Osterwalder, 2004), um template estrutural (Amit e Zott, 2001, 2010), um metodo (Afuah e Tucci, 2001), um framework, um padrao (pattern) ou um conjunto. Surpreendentemente, os modelos de negocio tem sido estudados sem uma definicao explicita do conceito (Zott et al., 2011). No artigo de Zott et al. (2011) foram identificadas diferentes perspectivas na abordagem de modelo de negocio na literatura, tais como: (1) modelo de negocio como unidade de analise; (2) uma perspectiva holistica de como a empresa faz negocio; (3) uma enfase em atividades; e (4) um reconhecimento da importancia da criacao de valor. A seguir serao discutidas as definicoes de modelo de negocio de acordo com a visao de diferentes autores.

Na definicao de Amit e Zott (2001), o modelo de negocio e a representacao do conteudo, da estrutura e da governanca das transacoes concebidas e seu uso visa a criar valor ao longo da exploracao das oportunidades de negocio. O objetivo geral de um modelo de negocio e explorar oportunidades de negocio por meio da criacao de valor entre as partes envolvidas, ou seja, atender a necessidades dos clientes enquanto gera lucro para as empresas e seus parceiros (Amit e Zott, 2001). Os mesmos autores redefiniram o conceito em 2012, afirmaram que o modelo de negocio pode ser visto como um sistema de atividades interconectadas e interdependentes que determina a forma pela qual a empresa faz negocio com seus clientes, parceiros e fornecedores. Em outras palavras, um modelo de negocio e um conjunto de atividades especificas conduzidas para satisfazer uma necessidade percebida no mercado, com a especificacao de como cada uma das partes conduz suas atividades e como essas atividades estao conectadas umas as outras (Amit e Zott, 2012).

No entendimento de Turber e Smiela (2014), um modelo de negocio pode ser definido como uma figura holistica de um negocio formada pela combinacao entre fatores internos e externos a empresa. Para os autores, um modelo de negocio e representado pelas quatro dimensoes propostas por Gassmann et al. (2013), em que deve ser definido: (1) o cliente-alvo, (2) a proposicao de valor para atender o cliente, (3) a cadeia de valor necessaria para entregar a proposicao de valor e (4) o modelo de receita empregado para capturar o valor.

Para Shafer et al. (2005), um modelo de negocio e uma representacrao da logica-nucleo implicita e de escolhas estrategicas para criar e capturar valor dentro de uma rede de valor. Essa definicao inclui quatro termos principais, comuns a maior parte dos frameworks de modelo de negocio: (1) escolhas estrategicas, que compreendem as escolhas feitas pela organizacrao; (2) criacao de valor, que versa sobre a criacao de um valor substancial por meio da execucrao das atividades de uma maneira diferente; (3) rede de valor, que define a rede de fornecedores e parceiros que fazem com que o modelo de negocio funcione; e (4) captura de valor, que define o processo de recuperar algum ou todo o valor do cliente.

Para Osterwalder e Pigneur (2010), um modelo de negocio descreve a forma pela qual uma organizacrao cria, entrega e captura valor. Um modelo de negocio pode ser descrito por meio de nove componentes principais que demonstram a logica de obtencrao de lucro de uma empresa (Osterwalder e Pigneur, 2010). Esses componentes de um modelo de negocio, segundo os autores, cobrem as quatro principais areas de um negocio: cliente, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira. Os nove componentes basicos de um modelo de negocio, segundo Osterwalder e Pigneur (2010), sao: (1) Atividades-chave: descreve o que uma empresa precisa fazer para que o modelo de negocio funcione; (2) Parcerias-chave: descreve a rede de fornecedores e parceiros que viabilizam o modelo de negocio; (3) Recursos-chave: descreve os ativos mais importantes, necessarios para fazer com que o modelo de negocio funcione; (4) Estrutura de custo: descreve todos os custos incutidos na operacrao de modelo de negocio; (5) Relacionamento com o cliente: descreve os tipos de relacionamento que uma empresa estabelece com determinado segmento de cliente; (6) Segmentos de cliente: define os diferentes grupos de pessoas ou organizacroes que uma empresa visa a atingir e servir; (7) Proposicrao de valor: descreve o conjunto de produtos e servicros que criam valor para um segmento de cliente especifico; (8) Canais: descrevem como uma empresa se comunica com um segmento de cliente para entregar a proposicao de valor; e (9) Fontes de receita: representa o montante que uma empresa gera a partir de cada segmento de cliente. Com base nesses nove componentes, Osterwalder e Pigneur (2010) definem de forma didatica uma ferramenta para descrever, analisar e desenhar modelos de negocio, denominada Business Model Canvas.

No tabela 2 sao apresentadas diferentes definicoes de modelo de negocio de autores que abordam o conceito sob diferentes perspectivas, conforme sugerido por Zott et al. (2011).

Essa revisao da literatura sobre modelos de negocios gerou a segunda constatacrao da pesquisa:

Constatacao 2. A ferramenta Business Model Canvas pode ser usada para definir modelos de negocio para produtos/servicos baseados em IoT. Conforme a revisao da literatura, uma opcao e considerar os nove elementos do Business Model Canvas, que sao os mais completos encontrados. Sugere-se seu uso para geracao de novos modelos de negocio para IoT.

Modelos de negocio para produtos/servicos baseados em IoT

Antes de proceder a analise dos trabalhos relevantes na interseccrao dos dois conceitos abordados--IoT e modelos de negocio--, esta secao relata alguns achados refletidos pelo conteudo encontrado. O numero de dez artigos, sete dos quais de 2014 e 2015, demonstra que e recente e crescente o interesse na pesquisa sobre o tema.

A maior parte dos trabalhos identificados responde as questoes de pesquisa com diferentes niveis de detalhamento e precisao, alguns mais completos do que outros. Os artigos de Fichman, Dos Santos e Zheng (2014), Yoo, Boland Jr., Lyytnen e Majchzak (2012) e Nylen e Holmstrom (2015) oferecem insights limitados para aplicacoes reais de IoT, sem mencionar nada a respeito de facilitadores e barreiras para a geracrao de modelos de negocio. Isso e compreensivel, considerando que o objetivo desses estudos e orientar sobre o campo de pesquisa futura, nao especificamente de IoT, mas sim para a inovacao digital de modo mais abrangente. O ultimo mencionado fornece um framework conceitual para organizar a iniciativas organizacionais para a inovacao digital. Cabe comentar que esses tres trabalhos usam a nomenclatura "inovacao digital" para analisar o fenomeno de transformacao da industria e das relacoes sociais, de que, considera-se, a IoT e parte integrante.

Os demais trabalhos, Fleisch (2010), Xu (2012), Iansiti e Lakhani (2014), Porter e Heppelmann (2014), Turber e Smiela (2014), Prince, Barret e Oborn (2014) e Andersson e Mattsson (2015) apresentam casos de aplicacao de IoT, alguns dos quais destacam caracteristicas dos modelos de negocio e relacionam alguns facilitadores e barreiras. No tabela 3 sao apresentados os artigos analisados, indicam-se para cada um o periodico em que foi publicado, o objetivo, a metodologia de pesquisa aplicada, bem como as palavras-chave.

Terminologias e conceitos usados

Embora a maior parte dos autores use o termo "Internet of Things" em seus trabalhos, alguns se referem ao mesmo conceito de outras formas. No trabalho de Fleisch (2010), o autor apresenta a diferenca entre IoT e web-of-things, haja vista que ate aquele ano percebia-se na literatura certa confusao entre os dois conceitos. Ha uma diferencra clara entre os conceitos de IoT e web-of-things na visao de Fleisch (2010). Segundo Fleisch (2010), alguns autores tem usado o termo web-of-things pois acreditam que IoT seria na verdade somente uma aplicacao da internet, similar aos servicros oferecidos na internet, os web services. Contudo, em uma web-of-things haveria necessidade de componentes de baixo nivel para enderecramento de objetos e conexao deles a internet, para que esses objetos se comunicassem com outros elementos da internet. Como consequencia, a IoT pode ser corretamente conceituada como uma extensao da internet, na qual ha enderecramento de objetos do cotidiano e possibilidade de faze-los agir como se fossem pequenos computadores (Fleisch, 2010).

No artigo de Iansiti e Lakhani (2014), o termo "industrial internet" e usado diversas vezes quando os autores apresentam o caso de transformacao do modelo de negocio da GE. O termo

"industrial internet" pode ser visto como um sinonimo de "internet of things", pois os mesmos principios sao aplicaveis a ambos os termos. Ja no artigo de Porter e Heppelmann (2014), os autores usam o termo "internet ofeverything", que tambem se refere a IoT, assim como "industrial internet". Chega-se entao a mais duas constatacoes da revisao sistematica da literatura:

Constatacao 3. Ha uma diversidade de terminologias usadas para se referir a IoT, como, por exemplo: web-of-things, internet of everything e industrial internet; os dois ultimos, essencialmente, referem-se aos mesmos principios de IoT que apresentamos neste artigo.

Constatacao 4. O principio por tras da Internet das Coisas (IoT) e haver objetos fisicos do cotidiano equipados com uma logica digital, sensores e uma capacidade de conexao a Internet.

Caracteristicas dos modelos de negocio para IoT

Dos dez artigos encontrados (tabela 3), somente cinco abordam explicitamente caracteristicas dos modelos de negocio para produtos/servicos baseados na IoT. Isso demonstra que ha interesse crescente no tema, mas que ainda ha um vasto campo a ser estudado. No artigo de Andersson e Mattsson (2015) e apresentada a modelagem de negocio como parte integrante do framework conceitual para inovaccao de serviccos. Para os autores, uma inovaccao da magnitude e das incertezas representadas pela IoT, com o grande volume de interdependencias na rede, nao permite que um ator individualmente desenvolva e implante um modelo de negocio sustentavel para inovaccao de serviccos. A interacao entre atores, cujos modelos de negocio podem estar em harmonia e/ou conflito, e necessaria (Andersson e Mattsson, 2015). Os autores ainda citam que a cocriaccao de valor e importante nesse contexto.

A inovacao digital esta contribuindo para desmantelar os modelos de negocio estabelecidos na Era Industrial, ou seja, a inovacao digital esta associada a uma nova logica e configuracao de fontes de receita (Iansiti e Lakhani, 2014; Nylen e Holmstrom, 2015; Porter e Heppelmann, 2014). Nylen e Holmstrom (2015) reforccam a importancia de ter proposiccoes de valor concretas que atendam a essa nova logica. A proposiccao de valor deve ser avaliada segundo tres elementos: segmentacao de cliente, empacotamento de produtos e serviccos e comissao para os proprietarios dos canais (e.g. Apple Store, Google Play).

Ja Turber e Smiela (2014) analisam modelos de negocio para produtos baseados em IoT em nivel de ecossistema, e nao de firma. Os autores definem o modelo de negocio com base em quatro dimensoes: quem ("Who") faz parte do ecossistema, como parceiros, fornecedores e colaboradores; o que ("What") faz parte das camadas de uma arquitetura de produtos digitais; por que ("Why") cada colaborador faz parte do ecossistema, espera beneficios monetarios ou nao monetarios; e como ("How") o processo de valor se dara, seguindo as dimensoes 1 e 2. A cocriacao de valor aparece como caracteristica fundamental nesse contexto, em que a diferenciaccao entre parceiros e clientes e redundante (Andersson e Mattsson, 2015; Turber e Smiela, 2014).

A partir dos artigos analisados chega-se a mais duas constatacoes da revisao:

Constatacao 5. Os modelos de negocio para a transformacao digital sao diferentes dos modelos de negocio tradicionais, em termos de novas formas de proposiccao de valor, segmentaccao de clientes e fontes de receita. A cocriaccao e um elemento importante a ser considerado.

Constatacao 6. Alem de haver poucos artigos sobre modelos de negocio para IOT, os que existem sao, em sua maioria, ensaios teoricos, nao analisam casos empiricos de criaccao de modelos de negocio para IOT.

Exemplos de aplicacao de IoT

Nos artigos encontrados, sao mencionadas diversas aplicacoes possiveis para IoT em diferentes segmentos de industria, tais como aeroespacial, automobilistica, bens de

consumo, energetico, eletronico, equipamentos industriais, maquinario agricola, entre outros. Contudo, poucos casos concretos foram encontrados, dos quais somente alguns abordam em profundida a forma com que esta estabelecida a aplicacao. Andersson e Mattsson (2015) trazem o exemplo concreto, abordado em detalhes, da industria automobilistica (Volvo) em parceria com a Ericsson para a producrao do "Carro Conectado". Nos trabalhos de Porter e Heppelmann (2014), diversas aplicacoes sao apresentadas superficialmente, enquanto em Iansiti e Lakhani o caso de investimento forte da GE em software para incorporar produtos inteligentes, como turbinas, equipamentos medicos e geracao de energia, e tratado com um grau maior de informacoes. O trabalho de Prince et al. (2014) trata nao de um caso especifico de aplicacao de IoT, mas sim de como um conjunto de empresas e instituicroes pode se organizar em rede para a inovacrao estrategica e de servicos. Esse tipo de trabalho parece util para que questoes de legitimacrao, dialogo e interesses individuais de cada no da rede fiquem bem estabelecidas.

Quanto as aplicacroes de IoT descritas na literatura, pode-se derivar a seguinte constatacrao:

Constatacao 7. Diversas sao as aplicacoes possiveis para IoT e a literatura esta buscando apresentar casos concretos. Contudo, ainda se nota que ha poucos casos empiricos que aprofundam aplicacroes individuais de produtos e servicros baseados em IoT.

Facilitadores e barreiras para modelos de negocio com tecnologia digital intensiva

Na literatura mais recente, foram encontrados somente quatro artigos que, de alguma forma, abordam facilitadores e barreiras para a geracrao de modelos de negocio com a incorporacrao de tecnologia digital, como, por exemplo, produtos e servicos baseados em IoT. Aqui consideraram-se como facilitadores as oportunidades que gestores de TI podem aproveitar para melhor definir o modelo de negocio a ser implantado. Quanto as barreiras, definiu-se como as dificuldades que podem surgir no momento da geracrao do modelo de negocio para esse novo contexto tecnologico.

A importancia de considerarem esses dois aspectos e bem exemplificada por Chesbrough (2010). Ele diz que uma tecnologia mediocre usada em um excelente modelo de negocio pode ser mais valiosa do que uma otima tecnologia explorada em um modelo de negocio mediocre. Uma das barreiras que o autor aponta e o conflito entre o modelo de negocio estabelecido para uma tecnologia existente e que precisara ser inovado com a exploracrao de uma tecnologia emergente e que causa ruptura. O cliente final pode mudar, assim como os canais de distribuicrao (Chesbrough, 2010). Ainda segundo o autor, uma barreira cognitiva se refere ao processo decisorio na "logica dominante", que permite a empresa avaliar qual informacao e importante, buscar informacroes que se encaixem nessa logica e evitar informacroes que conflitem com ela. Isso ajuda a organizacrao a continuar a operar em um ambiente caotico, no qual o potencial tecnologico e altamente incerto, assim como o mercado potencial. Isso leva os gestores a nao ter clareza de qual e o modelo de negocio certo a ser seguido. Uma das formas de superar essa barreira, quer seja por obstrucao ou por confusao, e pela experimentacao e pelo comprometimento (Chesbrough, 2010). Uma das abordagens citadas pelo autor para a experimentacrao e a construcrao de um mapa do modelo de negocio, para clarificar quais sao os processos subjacentes e tornar-se uma fonte de experimentos considerando combinacroes alternadas dos processos. Uma forma de fazer esse mapeamento e explorar a abordagem de Osterwalder (2004), ou seja, o Business Model Canvas.

Para Porter e Heppelmann (2014), os produtos baseados em IoT permitem uma alteracrao radical nos modelos de negocio existentes e ja estao estabelecidos ha um longo periodo. Como exemplo, um fabricante de determinado produto--por meio do acesso aos dados do produto e pela habilidade de antecipar, reduzir e reparar falhas--tem uma capacidade sem precedentes de melhorar o desempenho do produto e aprimorar os servicros prestados aos clientes (Porter e Heppelmann, 2014:84). Nesse novo modelo de negocio, os clientes pagam conforme usam o produto/servicro, diferentemente do modelo atual, no qual os clientes pagam previamente pelo produto/servicro.

No artigo de Iansiti e Lakhani (2014), os autores analisam varios casos de inovacrao dos modelos de negocio em empresas que ja estao se adaptando a tecnologia digital e a IoT, como a GE, a Microsoft, a IBM, SAP e o Google. Os autores listam licoes aprendidas dos casos reais estudados por eles, que podem ser consideradas como facilitadores para as empresas que desejam modelar seus negocios a produtos/servicos baseados em IoT (Iansiti e Lakhani, 2014:98-99):

* Aplicar as lentes digitais aos produtos e servicos existentes: determinar quais sao os processos atuais na empresa mais suscetiveis a conectividade digital;

* Conectar os ativos existentes de uma empresa com outras empresas: as conexoes dos clientes e o conhecimento das necessidades dos clientes sao extremamente valiosos. Por exemplo, conectar-se com empresas que tem dados valiosos dos clientes pode aumentar o valor para a empresa;

* Examinar novos modos de criacao de valor para os clientes: verificar quais novos dados e possivel acumular e como esses dados podem gerar valor para os clientes;

* Considerar novos modos de captura de valor: e possivel que as tecnologias digitais esvaziem alguns modelos antigos, mas tambem criarao novas oportunidades. Como exemplo, e necessario reavaliar como a empresa esta tangibilizando o retorno, mediante modelos de precificacrao value-based pricing ou outcomes-based;

* Explorar o uso de softwares para estender os limites da empresa: investir em novas capacidades relacionadas com o desenvolvimento e a analise de software.

No estudo feito por De Reuver, Bouwman, Haaker, et al. (2009) ha uma analise de fatores de sucesso para modelos de negocio moveis (mobile business models). Desses fatores de sucesso podem ser derivados alguns facilitadores para a modelagem de negocios para IoT. Um deles e contar com multiplos atores que trabalham no dominio de negocios moveis para gerar um modelo de negocio implementavel e viavel para as atividades compartilhadas na rede de negocios, bem como nos negocios individuais. Esse facilitador envolve uma divisao clara de papeis entre os atores que desempenham atividades-chave nos negocios moveis. Outro facilitador e a avaliaccao de riscos aceitaveis, inerentes ao processo de iniciativas moveis em razao do alto grau de incerteza em relaccao a aceitaccao do mercado e as escolhas tecnologicas (De Reuver, Bouwman, Haaker et al., 2009).

Contudo, ha uma serie de barreiras (tambem denominadas na literatura como riscos) para gerar novos modelos de negocio para produtos/servicos baseadas em IoT. Na visao de Porter e Heppelmann (2014), as seguintes barreiras podem ser citadas:

* Adicionar funcionalidades que os clientes nao estejam dispostos a pagar, ou seja, falta de uma clara proposicao de valor para o cliente;

* Subestimar os riscos de privacidade e seguranca da informacao sobre os clientes;

* Falhar na predicao de novas ameacas competitivas, ou seja, e necessario lidar com o rapido surgimento de novos modelos de negocio e com a redefiniccao de competidores e limites da industria;

* Subestimar as capacidades internas, ou seja, falta uma avaliaccao realista de capacidades (por exemplo, engenharia de sistemas, desenvolvimento de sistemas, analise de grande volume de dados) que precisam ser desenvolvidas seja internamente, seja por parceiros-chave.

Analisando os facilitadores e barreiras mencionados na literatura, pode-se perceber que alguns deles estao descritos de forma generica, sao aplicaveis a qualquer produto ou servicco, e nao a produtos com intensiva tecnologia digital, como aqueles baseados em IoT. A barreira "falhar na predicao de novas ameacas competitivas", por exemplo, nao parece ser relevante no contexto de IoT, dado que, para esse cenario, os competidores podem se tornar parceiros, formar ecossistemas, e os limites da industria nao estao claramente definidos, como se percebia no cenario de competiccao tradicional. Outro exemplo de dificil identificaccao e o facilitador "avaliar os riscos aceitaveis", pois para a IoT nao se tem ainda a validaccao do que sera aceito pelo mercado, nem quais as escolhas tecnologicas mais acertadas. Com isso, deriva-se o seguinte:

Constatacao 8. Ha uma escassez de pesquisa empiricas, sobre barreiras enfrentadas na elaboracao de modelos de negocios para produtos e serviccos baseados em IoT e os facilitadores e as barreiras encontrados na literatura sao bastante genericos, de forma que valem para qualquer contexto, mas nao para modelos de negocio para produtos com tecnologia digital intensiva.

Inovacao em servicos e a IoT

Dentre os artigos encontrados, mais da metade refere-se explicitamente a inovaccao em serviccos resultante da incorporaccao de intensiva tecnologia digital em produtos e, consequentemente, na geraccao de novos serviccos, alem de na inovaccao de modelos de negocio. Xu (2012), em uma analise do ponto de vista economico, aponta que a informaccao advinda de aplicaccoes de IoT pode ser vista como uma commodity e que a IoT muda a forma pela qual produzimos, armazenamos, transmitimos e consumimos a informacao. Por meio da conexao de objetos em diferentes contextos, trocando informaccoes entre eles, novos servicos podem ser criados. O autor cita alguns servicos possiveis, como mineracao de dados, consultoria de negocios, serviccos financeiros e informaccao publica para gestao de cidades.

Nesse mesmo sentido, Nylen e Holmstrom (2015) apontam que o conteudo digital esta sendo distribuido e gerado em formas inovadoras de servico por algumas organizacoes, como a Netflix e a Spotify. Os autores Fleisch (2010), Yoo, Boland, Lyytnen, & Majchzak (2012), Iansiti e Lakhani (2014), Porter e Heppelmann (2014) e Andersson e Mattsson (2015) tambem estudam como a inovacao em servicos pode ocorrer com a IoT e citam exemplos ocasionais de como essas inovaccoes estao acontecendo. De fato, a inovacao em servicos parece ser de extrema relevancia quanto se aborda o tema de IoT, haja vista que Barrett, Davidson, Prabhu e Vargo (2015) produziram um artigo especial somente para alavancar os estudos nessa direcao. A servitizacao, ou seja, a conversao de produtos em servicos, tambem e apontada como uma das implicates da digitalizacao, que precisa ser incluida no curriculo de Sistemas de Informaccao por sua importancia (Fichman et al., 2014). Com isso, chega-se a constatacao de que:

Constatacao 9. A inovacao em servicos e a servitizacao sao dois temas de pesquisa emergentes quando se aborda a inovacao digital, que inclui a IoT.

A tabela 4 sintetiza cada constatacao encontrada a partir da revisao sistematica da literatura, detalhadas nas subsecoes anteriores, e aponta quais foram os autores que serviram de base para sua fundamentaccao.

Consideracoes finais e pesquisas futuras

Este artigo buscou revisar a literatura de Sistemas de Informaccao e de Gestao Estrategica, a fim de verificar quais sao os componentes de um modelo de negocio para produtos/servicos baseados em IoT; alem disso, buscou identificar as barreiras e os facilitadores que podem ajudar as empresas a redefinir seus modelos de negocio para aproveitar as oportunidades da IoT. Foram analisados 22 artigos, que estao publicados em periodicos internacionais, principalmente da area de administraccao: MIS Quarterly, Harvard Business Review, Business Horizons, Organization Science e Information and Organization.

Nota-se que houve um crescente aumento nas publicaccoes a partir de 2010 e que 2014 foi o ano em que mais artigos foram publicados sobre o tema. No entanto, boa parte da literatura analisada traz ensaios teoricos ou comentarios, mas ainda sao poucas as pesquisas empiricas sobre modelos de negocios para produtos e serviccos que envolvem IoT.

A partir da revisao da literatura e da analise dos artigos encontrados, as oportunidades de pesquisa no campo de negocios identificadas sao as seguintes:

1. Desenvolver pesquisas empiricas e analisar casos reais de criaccao de modelos de negocios para serviccos e produtos baseados em IoT.

2. Desenvolver estudos empiricos que apontem as implicaccoes e oportunidades (facilitadores) de geracao de modelos de

negocios para produtos e servicros baseados em IoT e tambem estudos empiricos sobre as barreiras que as organizacoes enfrentam na introducao da inovacao digital em seus processos de negocio e como se pode supera-las. Como exemplos de barreiras, podem-se citar:

Falta de segurancra e privacidade--que envolve questoes ja conhecidas de confidencialidade da comunicacrao, integridade da mensagem, autenticidade, alem de selecrao de acesso dos objetos a somente alguns servicros ou restricrao de comunicacrao de um objeto com outro em determinados momentos.

Grande volume de dados (Big Data)--que contempla cenarios de aplicacao de redes de sensores, logistica ou alta escala de dominio global que envolvem elevado volume de dados em nodos da rede ou em servidores. Envolve, por exemplo, uso de nuvem publica ou privada para armazenamento dos dados.

Escalabilidade--a IoT tem um escopo potencialmente mais alto do que a internet dos computadores que conhecemos hoje, razao pela qual necessita ter funcionalidades basicas para operar tanto em ambientes de baixa escala como em ambientes de alta escala.

3. Iniciar estudos que verifiquem quais capacidades de tecnologia da informacao necessitam ser desenvolvidas pelas organizacoes para o estabelecimento de modelos de negocio e obtencao dos beneficios esperados da IoT.

4. Fazer pesquisas que analisem com mais profundidade aspectos relacionados a gestao da infraestrutura de informacao no contexto da IoT e verifiquem necessidades de gestao de hardware, software e servicros, para que as organizacroes implantem novos modelos de negocio com uso de IoT.

5. Aprofundar os estudos que abordem a inovacrao em servicros e a servitizacao trazida pelo uso intensivo de tecnologias digitais, em especial pela IoT.

Como contribuicroes, pode-se citar que este artigo buscou o aprofundamento do tema "modelos de negocio para IoT", apontar nove constatacoes identificadas durante a revisao sistematica da literatura, as quais auxiliam na compreensao do assunto, e indicar lacunas que poderao motivar pesquisas futuras.

As constatacroes demonstradas sumarizam o estado da arte na pesquisa em IoT, do ponto de vista da estrategia e dos modelos de negocios, e contribuem tanto no plano da teoria, para o entendimento do estado da arte desse tema, quanto no da visualizaccao das lacunas para pesquisa apontadas acima, o que pode ser util para pesquisadores e academicos interessados em investigar esse tema.

O artigo tambem contribui para a pratica, pois profissionais e empresas interessadas em IoT encontram neste trabalho referencias especificas que consideram os aspectos estrategicos e relacionados a modelos de negocios, uma vez que a literatura disponivel, em sua maioria, foca aspectos tecnicos e computacionais relacionados a IoT.

Como limitacao deste estudo, e possivel dizer que, como o tema e recente, nao ha uma quantidade significativa de artigos que se enquadram nos criterios da pesquisa. Assim, analisaram-se somente as principais referencias localizadas. Contudo, a analise foi focada e critica e contribuiu, na medida do possivel, para a expansao dos conhecimentos sobre o tema, dada a sua atualidade e relevancia.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2015.12.001

Conflitos de interesse

Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.

Agradecimentos

Pelo suporte a execucao dessa pesquisa, os autores gostariam de agradecer aos seguintes orgaos de fomento brasileiros: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnologico), CAPES (Coordenaccao de Aperfeiccoamento de Pessoal de Nivel Superior) e FAPERGS (Fundacao de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul).

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Fabiana Beal Pacheco (a)*, Amarolinda Zanela Klein (a) e Rodrigo da Rosa Righi (b)

(a) Programa de Pos-Graduacao em Administracao, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Sao Leopoldo, RS, Brasil

(b) Programa de pos-graduacao em Computacao Aplicada, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Sao Leopoldo, RS, Brasil

Recebido em 28 de julho de 2015; aceito em 2 de dezembro de 2015

Disponivel na internet em 14 de maio de 2016

* Autor para correspondencia.

E-mail: fabianapacheco@yahoo.com.br (F.B. Pacheco).

(1) Dos 946 artigos encontrados com a palavra-chave "internet of things" no topico, somente 20 enquadravam-se na area de pesquisa de economia e negocios (Business Economics), 473 sao na area de computacao, 343 na area de telecomunicacoes e 320 artigos na area de engenharia. A busca foi feita em 20/05/2015, na base WoS (Web of Science). Tabela 1 Definicoes de Internet das Coisas pelas areas de conhecimento Autores Conceito Area de conhecimento ITU (2005) Internet das Coisas Telecomunicacoes engloba a conexao de objetos e dispositivos do cotidiano em todos os tipos de redes, por exemplo: intranets, redes peer-to-peer e a internet global. Fleisch (2010) Todas as coisas Administracao e fisicas no mundo Economia podem se tornar computadores que se conectam a Internet, ou seja, as coisas passam a ter algumas caracteristicas de pequenos computadores, tornam-se, entao, objetos inteligentes. Mattern e Internet das Coisas Computacao pervasiva Floerkemeier (2010) representa uma visao segundo a qual a internet se estende ao mundo real por meio de objetos do cotidiano. Tan e Wang (2010) Internet das Coisas Computacao ubiqua sera a proxima geracao da internet, em que todos os objetos estarao conectados. Representa uma nova era da computacao ubiqua. Atzori et al. (2010) Internet das Coisas Computacao--Rede de e um novo paradigma computadores que consiste na presenca pervasiva dos objetos e "coisas" inteligentes ao nosso redor--tais como RFID tags, sensores, actuators, telefones moveis --, os quais estarao prontos para interagir e cooperar uns com os outros a fim de atingir um objetivo especifico. Koreshoff, Robertson Internet das Coisas Interacao e Leong (2013) se refere a uma Homem-Computador visao mais ampla, na qual "coisas" sao objetos, lugares, ambientes do cotidiano. Todas essas "coisas" estao interconectadas umas as outras pela internet. Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 2 Definicoes de modelo de negocio Autores Definicao Perspectiva Osterwalder (2004) E uma ferramenta Enfase em atividades conceitual que contem um conjunto de elementos e seus relacionamentos, e permite expressar a logica com que uma empresa "ganha dinheiro" Shafer et al. (2005) E uma representacao Importancia da das escolhas criacao de valor estrategicas para criar e capturar valor dentro de uma rede de valor Amit e Zott (2001) E a representacao do Unidade de analise conteudo, estrutura e governanca das transacoes concebidas, para criar valor ao longo da exploracao das oportunidades de negocio Osterwalder e Descreve a forma Importancia da Pigneur (2010) como uma criacao de valor organizacao cria, entrega e captura valor. Um modelo de negocio pode ser descrito por meio de componentes relacionados a cliente, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira Amit e Zott (2012) E um conjunto de Enfase nas atividades atividades especificas conduzidas para satisfazer uma necessidade percebida no mercado, com a especificacao de como cada uma das partes conduz suas atividades e como essas atividades estao conectadas umas as outras Turber e Smiela E uma figura Perspectiva (2014) holistica de um holistica negocio formada pela combinacao de fatores internos e externos a empresa Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 3 Artigos identificados na revisao da literatura com interseccao dos conceitos (IoT e modelos de negocios) Artigo Periodico/ Congresso Objetivo Fleisch (2010) Economics, Analisar como a IoT management, and pode impactar os financial markets negocios e a economia e descrever como as empresas fazem uso da IoT. Xu (2012) Amfiteatru Economic Entender como a adocao de IoT afeta a ramificacao espacial (spatial ramification) dos negocios e a oferta de servicos. Yoo et al. (2012) Organization Science Explorar as implicacoes para as organizacoes das inovacoes digitais, fornecer um guia para os estudantes de ciencia das organizacoes (organization science). Fichman et al. MIS Quarterly Apresentar uma visao (2014) para redesenhar as aulas de Sistemas de Informacao de forma a atender a crescente demanda por inovacao digital. Iansiti e Lakhani Harvard Business Analisar como a (2014) Review transformacao digital esta impactando empresas tradicionais, seus modelos de negocio e como as empresas podem ser recriadas nesse novo contexto tecnologico. Porter e Heppelmann Harvard Business Analisar a nova (2014) Review forma de competicao trazida com a Internet das Coisas, na qual os limites de industria estao alterados e o posicionamento estrategico precisa ser repensado. Turber e Smiela European Conference Analisar um tipo de (2014) on Information modelo de negocio Systems para IoT, o que reconhece as affordances e os impactos da digitalizacao. Para isso os autores descrevem como se da o desenho e a avaliacao de um tipo de modelo de negocio. Prince et al. (2014) Information and Explorar como as Organization redes de inovacao sao orquestradas no desenvolvimento de iniciativas de inovacao estrategica em torno da IoT. Andersson e Mattsson IMP Journal Desenvolver um novo (2015) framework conceitual que reflita a dinamica de redes no processo de inovacao baseado em IoT. Nylen e Holmstrom Business Horizons Fornecer um (2015) framework que suporte a inovacao de produtos e servicos a partir da tecnologia digital, sugerir melhorias na gestao da inovacao digital e cobrir cinco areas principais: experiencia do usuario, proposicao de valor, mapeamento da evolucao digital, habilidades e improvisacao. Artigo Metodologia aplicada Palavras-chave Fleisch (2010) Trabalho conceitual IoT; economic; construido a partir management de varios estudos de casos Xu (2012) Estudo de caso service innovation, internet of things, economic geography, digital economy Yoo et al. (2012) Abordagem teorica digital innovation; technology and innovation management; Fichman et al. Abordagem teorica Digital innovation; (2014) IS core course; fundamental and powerful concept Iansiti e Lakhani Trabalho conceitual Internet of things; (2014) construido a partir Digital de varios estudos de technological casos transformation; digital ubiquity; Porter e Heppelmann Trabalho conceitual Connectivity; (2014) construido a partir internet of things; de varios estudos de smart/connected caso products Turber e Smiela Design Science Internet of things; (2014) Research business model; product-service system; digital ecosystem Prince et al. (2014) Estudo de caso strategic longitudinal innovation; IoT; innovation networks; RFID Andersson e Mattsson Estudo de caso Internet of things; (2015) multiplo business modelling; service innovation; network processes Nylen e Holmstrom Nova teoria Digital innovation; (2015) strategy; value proposition Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 4 Sintese das constatacroes da pesquisa Tema Constatacrao Autores Campo de pesquisa de O campo de pesquisa ITU (2005); Fleisch IoT sobre IoT perpassa (2010); Atzori et diversas areas de al. (2010) conhecimento, como computacrao, engenharias, telecomunicacroes, design, economia e negocios. Modelos de negocio A ferramenta Osterwalder e para Business Model Pigneur (2010) produtos/servicos Canvas pode ser baseados em IoT usada para definir modelos de negocio para produtos/servicros baseados em IoT. Terminologias e Ha diversidade de Fleisch (2010); conceitos utilizados terminologias usadas Porter e Heppelmann para se referirem a (2014); Iansiti e IoT, como, por Lakhani (2014) exemplo: web-of-things, internet of everything e industrial internet; os dois ultimos se referem essencialmente aos mesmos principios de IoT apresentados neste artigo. Definicao de IoT O principio por tras Atzori et al. da Internet das (2010); Fleisch Coisas (IoT) e haver (2010) objetos fisicos do cotidiano equipados com uma logica digital, sensores e uma capacidade de conexao a Internet. Caracteristicas dos Os modelos de Andersson e Mattsson modelos de negocio negocio para a (2015); Nylen e para IoT transformacao Holmstrom (2015); digital sao Porter e Heppelmann diferentes dos (2014); Iansiti e modelos de negocio Lakhani (2014); tradicionais, em Turber e Smiela termos de novas (2014) formas de proposicrao de valor, segmentacrao de clientes e fontes de receita. A cocriacao e um elemento importante a ser considerado. Escassez de casos Alem de haver poucos Yoo et al. (2012); empiricos artigos sobre Nylen e Holmstrom modelos de negocio (2015); Porter e para IoT, os que Heppelmann (2014); existem sao, em sua Iansiti e Lakhani maioria, ensaios (2014) teoricos, que nao analisam casos empiricos de criacrao de modelos de negocio para IoT. Exemplos de Diversas sao as Andersson e Mattsson aplicacao de IoT aplicacroes (2015); Prince et possiveis para IoT e al. (2014); Iansiti a literatura esta e Lakhani (2014) buscando apresentar casos concretos. Contudo, ainda se nota que ha poucos casos empiricos que aprofundam aplicacroes individuais de produtos e servicros baseados em IoT. Barreiras na geracao Ha uma escassez de Porter e Heppelmann de modelos de pesquisa empirica (2014) negocio sobre barreiras enfrentadas na elaboracrao de modelos de negocios para produtos e servicros baseados em IoT. Os facilitadores e as barreiras encontrados na literatura sao bastante genericos. Inovacao em servicos A inovacao em Fleisch (2010); Yoo e a IoT servicos e a et al. (2012); servitizacao sao Iansiti e Lakhani dois temas de (2014); Porter e pesquisa emergentes Heppelmann (2014); quando se aborda a Andersson e Mattsson inovacrao digital, (2015); Nylen e que inclui a IoT. Holmstrom (2015); Fichman et al. (2014). Fonte: Elaborada pelos autores.