首页    期刊浏览 2024年09月20日 星期五
登录注册

文章基本信息

  • 标题:Theories institutional applied to agro industrial systems studies in the context of coffee agribusiness: a conceptual analysis/Teorias institucionais aplicadas aos estudos de sistemas agroindustriais no contexto do agronegocio cafe: uma analise conceitual.
  • 作者:Barra, Geraldo Magela Jardim ; Ladeira, Marcelo Bronzo
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2016
  • 期号:April
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP

Theories institutional applied to agro industrial systems studies in the context of coffee agribusiness: a conceptual analysis/Teorias institucionais aplicadas aos estudos de sistemas agroindustriais no contexto do agronegocio cafe: uma analise conceitual.


Barra, Geraldo Magela Jardim ; Ladeira, Marcelo Bronzo


Introducao

No contexto do agronegocio, a expansao do mercado de cafes diferenciados e a demanda por cafes certificados nos mercados internacionais exigiram dos empresarios brasileiros desse setor atividades de coordenacao dos sistemas agroindustriais (SAGs) nao so em nivel horizontal, por meio de parcerias e dinamizacao de praticas colaborativas entre organizacoes, mas tambem em nivel vertical, considerando-se movimentos de desverticalizacao e praticas de terceirizacao no setor.

De fato, as vendas de cafes certificados no mundo cresceram muito desde 2000 (Potts et al., 2014). Estima-se que mais de oito milhoes de sacas de cafes certificados sejam exportadas por ano pelo Brasil (Cecafe, 2014). Assim sendo, e importante compreender a dinamica desse SAG, na medida em que o Brasil e considerado o maior produtor de cafe, com 45,3 milhoes de sacas vendidas, e o maior exportador, com 36,7 milhoes de sacas em 2014 (Informe Estatistico do Cafe, 2015).

No Brasil, os estudos sobre SAGs tem sido feitos com base na fundamentacao teorica da economia dos custos de transacao--ECT (Zylbersztajn, 1995; Machado, 2000; Nassar, 2001; Neves, 2000; Machado, 2002; Barra, 2006; Leme, 2007; Caleman, 2009; Caleman, 2010; Winkler, 2013; Watanabe e Zylbersztajn, 2014; Nobuiuki, 2015). Esse mainstream teorico mostra-se relevante para o SAG do cafe, pois esse sistema produtivo e marcado por altos custos de transacao, resultantes da alta especificidade de ativos, da grande assimetria de informacao e da possibilidade de oportunismo.

Entre outras questoes relevantes a realidade do agronegocio no Brasil e outras economias nas quais esse setor esta desenvolvido, tem-se uma, relacionada ao problema dos SAGs: como as teorias institucionais sao aplicaveis para prover apoio as dificuldades de se estabelecer negocios em SAGs de produtos diferenciados como o cafe? A questao aqui e relevante, uma vez que ha fatores limitantes que sao aclarados pela ECT.

O objetivo deste artigo, de natureza conceitual e teorica, e revisitar alguns classicos nos estudos de SAGs focalizados na ECT e avaliar as contribuicao e limitacoes de outras teorias de cunho sociologico. O objeto de analise escolhido e a Federacao dos Cafeicultores do Cerrado (FCC). Trata-se de um conjunto de associacoes e cooperativas com aproximadamente 4.500 associados que produzem cafes de origem controlada.

A primeira e a segunda parte deste artigo reunem as contribuicoes das perspectivas da nova economia institucional (NEI) e do novo institucionalismo sociologico (NIS). Pretendese mostrar que a primeira abordagem produz uma analise das estrategias focadas na perspectiva economica e que a segunda pode ser uma opcao para ampliar perspectivas de estudos focados na perspectiva sociologica. Na terceira parte, a conjugacao da nova sociologia economica (NSE) com a teoria do capital social e apresentada para o enriquecimento teorico da discussao. Em seguida, faz-se uma contextualizacao historica do ambiente institucional do SAG do cafe no Brasil, enfatizam-se as acoes da FCC. Depois, faz-se uma discussao das teorias institucionais aplicadas aos estudos de SAGs. Por fim, sao apresentados pontos para reflexoes e questoes que poderao ser exploradas em futuros estudos sobre o tema.

Referencial teorico

Abordagem neoinstitucionalista economica (NEI)

Para revisitar as teorias institucionais e necessario compreender os niveis de analise que Williamson (2000) propoe para estudo das organizacoes economicas. O primeiro nivel e composto por instituicoes informais, costumes e tradicoes, cujo objeto de analise concentra-se na formacao de uma estrutura social enraizada, em que a evolucao ocorre entre seculos e milenios. E nesse nivel que se encontra o conceito de embeddedness e no qual estao posicionadas as contribuicoes de Grannovetter e DiMaggio. O segundo nivel e composto pelo ambiente institucional, no qual se encontram as regras formais do jogo (politica, judiciario, burocracia). Nesse nivel, o objeto de analise sao as instituicoes formais que sao tratadas como regras do jogo, como abordado por North, cuja evolucao ocorre entre decadas e um seculo. O terceiro nivel e composto pela governanca, na qual as caracteristicas das transacoes entre os agentes economicos sao analisadas. Nesse nivel, o objeto de analise concentra-se na estrutura de governanca, cuja evolucao ocorre entre um e 10 anos, Merece destaque o estudo de Williamson sobre a ECT. Por fim, ha o quarto nivel, composto pela teoria economica neoclassica/teoria da agencia, em que a evolucao e continua.

A convergencia da teoria economica com o institucionalismo foi sedimentada pelos autores ligados a NEI, embora a percepcao da importancia das instituicoes ja existisse entre alguns economistas que ficaram a margem da teoria neoclassica. Nessa vertente da teoria economica, destacam-se os estudos de Coase, iniciados na decada de 1930, que serviram de base para a solidificacao dessa teoria. Posteriormente, merecem destaque tambem os estudos que deram continuacao as proposicoes coasianas, em especial, os feitos por Williamson e Douglas a partir da decada de 1970. As premissas dessa corrente teorica foram estabelecidas pelo artigo classico de Coase (1937), a partir do qual a firma passou a ser compreendida como um "nexo de contratos", expande-se a visao neoclassica dos custos de producao. Ao propor o rompimento com a visao restrita da firma e ao demonstrar que alem dos custos de producao existe outro onus associado ao emprego dos mecanismos de mercado, os custos de transacao, (1) foi possivel compreender as organizacoes como arranjos institucionais que conduzem as transacoes por meio de contratos formais ou de acordos informais (Zylbersztajn, 1995).

Ha duas vertentes analiticas da NEI aplicaveis ao estudo das organizacoes. A vertente desenvolvida por North apresenta natureza macrodesenvolvimentista, focaliza a genese, a estruturacao e as mudancas das instituicoes. Alem de North, merece destaque o trabalho de Mattheus. A vertente desenvolvida por Williamson e de natureza microinstitucional e estuda a natureza explicativa dos diferentes arranjos institucionais. Alem de Williamson, merece destaque os trabalhos de Densets, Barzel e Menard (Zylbersztajn, 2005).

North (1993) aborda as institutes como fundamentais para organizar a vida na sociedade. Tal concepcao e ilustrada ao afirmar que a principal funcao das institutes em uma sociedade e a reducao da incerteza por meio do estabelecimento de uma estrutura estavel para a interacao humana. Conforme Zylbersztajn (1995), as organizaccoes dependem do aparato institucional para se estabelecer e, desse modo, as organizaccoes nao podem ser compreendidas sem o ambiente institucional que as cerca.

Para North (1993), a matriz institucional de uma determinada sociedade que abriga as institutes formais e informais sera responsavel por definir o vetor de estimulos para os diversos agentes economicos, enquanto as instituiccoes formais (constituiccoes, leis etc.) sao constituidas por normas formalizadas por agentes publicos. As instituicoes informais (sancoes, tradicoes, costumes) sao normas ou codigos de conduta que sao construidas no seio da sociedade pelas proprias pessoas.

As instituicoes definirao a dinamica nos SAGs, pois o ambiente institucional afeta o comportamento dos agentes e, por conseguinte, impacta os custos de transacao. Assume-se pela NEI que o aparato institucional definido pelos agentes do SAG afetara os custos de transacao, influenciara na eficiencia desse sistema produtivo. Assim, pode-se afirmar que o ambiente institucional e relevante para o desenho das organizaccoes do SAG, principalmente no que diz respeito a capacidade de adaptacao. As associaccoes de interesse privado (AIPs) e as cooperativas representam mecanismos de coordenaccao construidos externos as firmas Zylbersztajn (1995).

Pela concepcao de North (1994) de tratar as instituicoes como as "regras do jogo" e as organizacoes como os seus "jogadores", e possivel compreender o papel das AIPs no ambiente institucional. Nesse sentido, pela NEI e possivel compreender como os gestores buscam, por meio das estrategias organizacionais, se adaptar ao ambiente institucional, ou muda-lo em virtude de accoes individuais ou coletivas.

As variaveis relacionadas aos niveis institucionais (sistema legal, aspectos culturais, tradicoes e costumes, organizacoes politicas, aspectos internacionais) e organizacionais (bureaus publicos e privados, associaccoes, organizaccoes politicas, informacoes, tecnologia) representarao o vetor de parametros que influenciarao o padrao minimizador dos custos de transacao. As variaveis relacionadas as caracteristicas das transaccoes (especificidade de ativos, frequencia e incerteza) definirao as formas de governancc Zylbersztajn (1995).

Castro (2004) argumenta que a abordagem da NEI aplicada ao estudo no contexto do agronegocio produz uma analise particular das estrategias, pois a NEI focada nos custos de transacao nao aborda de forma aprofundada os aspectos culturais, que sao fundamentais para a compreensao das organizaccoes. Para a autora, a organizacao pode ser compreendida de uma forma mais expandida a luz de outras abordagens teoricas, nas quais os elementos do contexto em que os individuos atuam podem sofrer influencias mais amplas, vinculados a aspectos sociais que legitimam as acoes dos sujeitos.

Economia dos custos de transacao (ECT)

A partir dos estudos de Coase (1937), que lhe proporcionaram o Premio Nobel em 1991, e dos estudos posteriores de Williamson sobre governanca, que seguiram a direcao apontada por Coase e lhe renderam o Premio Nobel em 2009, a ECT se fortaleceu como teoria aplicada aos estudos dos sistemas produtivos.

Na visao de Williamson, a forma de governanca e uma resposta minimizadora dos custos de transaccao e de produccao. Nessa linha de pensamento, a estrutura das organizaccoes na qual a produccao se faz nao e somente uma resposta aos custos associados as transaccoes internas. Esses modos opcionais de organizaccao da produccao sao tambem um resultado da comparacao entre os custos hierarquicos e burocraticos internos e os custos de efetuacao dessa mesma operacao fora da firma (Zylbersztajn, 1995).

A ECT permite o estabelecimento de uma relaccao entre os atributos das transaccoes com as formas de organizaccao mais eficientes em termos de economia dos custos de transaccao e de produccao. Mediante a otica dessa corrente teorica, assume-se que a definicao da forma de governanca mais eficiente sera uma decorrencia dos atributos das transacoes e dos parametros estabelecidos pelo ambiente institucional em que a firma esta inserida (Zylbersztajn, 1995).

Williamson (1991), ao tratar das dimensoes das transacoes como parametros, propoe a comparaccao da eficiencia relativa das estruturas de governanca para cada tipo de transacao por meio de um modelo analitico, define o nivel da especificidade de ativos como variavel principal. A forma de governanca sera selecionada, com base em um nivel de especificidade de ativos, de acordo com a comparaccao dos custos de se estabelecer a transacao no mercado por meio da hierarquia ou por formas hibridas. Por essa perspectiva, existe um continuo entre as duas extremidades mercado e hierarquia que posiciona as formas hibridas dentro dessa intercalacao.

Em sintese, com base nas condicoes de operacao da firma, e possivel definir a forma de governanca mais eficiente em termos de economia dos custos de transacao e de producao: seja via mercado, por integracao vertical ou por meio de formas hibridas. Em detalhes, por essa otica, ha tres grupos de fatores condicionantes das formas eficientes de governancca: os pressupostos comportamentais, as caracteristicas da transaccao e o ambiente institucional (Zylbersztajn, 1995).

Para se compreender a ECT e essencial entender o impacto dos pressupostos comportamentais da racionalidade limitada e do oportunismo nas transacoes (Zylbersztajn, 1995). A racionalidade limitada e definida pelas limitaccoes dos individuos de receber, guardar e processar informacoes (Machado, 2000). O oportunismo e definido por Williamson (1996) como a busca do autointeresse com avidez.

Williamson (1985) baseia-se em tres dimensoes fundamentais da transaccao para estabelecer a sua caracterizaccao: especificidades de ativos, frequencia e incerteza. Os ativos especificos sao aqueles caracterizados por ser especializados para determinada transacao e ter o seu valor estabelecido em funcao da continuaccao dessa transaccao. O investimento nesses ativos esta sujeito a problemas de adaptacao e riscos no futuro, gera custos de transaccao. O aumento nos custos de transaccao esta relacionado a maiores niveis de especificidades de ativos. A frequencia esta relacionada a quantidade de repeticoes de um mesmo tipo de transacao. Essa caracteristica e importante, pois quando as transacoes sao repetitivas e possivel reduzir a incerteza, aumentar a reputacao e desenvolver a confianca. Por fim, a incerteza e tratada na economia de custos de transacao como disturbios exogenos que afetam as transacoes (Farina, Azevedo e Saes, 1997).

[FIGURE 1 OMITTED]

A NEI pela vertente da ECT permite formular hipoteses a respeito da organizacao de sistemas produtivos no contexto do agronegocio, com possibilidades de aplicacao em coordenacao de SAGs Zylbersztajn (1995). Neste trabalho percussor, por exemplo, e proposto um modelo analitico para sistemas produtivos no contexto do agronegocio, aplicado aos diferentes arranjos de governanca, como o SAG de cafe. Esse modelo foi fundamentado na teoria da ECT e usa a metodologia da analise institucional discreta comparada proposta por Williamson (1985).

A coordenacao de SAGs pode ser compreendida como um conjunto de relacoes verticais estabelecidas por contratos, que representam estruturas de governanca entre segmentos e formam uma ordenacao que oscila do mercado a hierarquia (Farina et al., 1997). Para Zylbersztajn (1995), os SAGs podem ser compreendidos como conjuntos de transacoes nas quais as estruturas de governanca prevalecentes sao um resultado maximizado do alinhamento das caracteristicas das transacoes e do ambiente institucional. A coordenacao desses sistemas pode ser definida como o resultado da acao de diferentes mecanismos que permitem suprir as necessidades dos clientes, pode englobar a coordenacao via mecanismo de precos, bem como possibilita a insercao de mecanismos contratuais e aspectos institucionais.

[FIGURE 2 OMITTED]

Segundo Zylbersztajn (1996), a perspectiva de SAGs suplanta o conceito de cadeia produtiva por incluir o ambiente institucional e as transacoes tipicas entre segmentos, uma vez que nessa perspectiva esse sistema e visto como uma sequencia de transacoes especializadas entre segmentos componentes da cadeia produtiva (fig. 1).

Novo institucionalismo sociologico (NIS)

A abordagem do NIS e uma possibilidade teorica opcional para o estudo das organizacoes que atuam nos SAGs. O inicio das discussoes acerca dessa vertente foi marcado quando existiu o interesse de autores na sociologia em explicar os papeis simbolicos das estruturas formais. Merecem destaque os seguintes autores: Meyer e Rowan (1991), Zucker (1987), Dimaggio e Powell (1991), Meyer e Scott (1992). Essa vertente teorica busca explicar por que as organizacoes surgem, tornam-se estaveis ou sao transformadas, bem como as formas como a acao e a cultura sao estruturadas nas organizacoes (Dimaggio e Powell, 1991) (fig. 2).

Scott (1995) faz uma sintese das diversas perspectivas das teorias institucionais e demonstra as relacoes entre os velhos e os novos institucionalistas. DiMaggio e Powell (1991) apud Misoczky (2003), ao fazerem a apresentacao do novo institucionalismo em contraposicao ao velho institucionalismo na perspectiva sociologica, descrevem o velho institucionalismo como vinculado a perspectiva da acao, com foco em dinamicas, mudanca, construcao social e valores. Por outro lado, esses autores descrevem o novo institucionalismo como vinculados a perspectiva da escola estruturalista, com foco na estabilidade, em resultados, na dominacao e na continuidade do ambiente.

Pereira et al. (2006) discutem essa corrente teorica e propoem analisar os sistemas produtivos pela perspectiva da nova sociologia institucional. Segundo esses autores, o nao privilegio da dicotomia sujeito-estrutura e a importancia de se considerar o compartilhamento das crencas e dos valores no processo de institucionalizacao dos sistemas produtivos pode ser uma importante contribuicao dessa corrente teorica.

Para os autores da abordagem neoinstitucionalista sociologica, o sujeito esta inserido em um contexto que o estimula a entender os processos organizacionais conforme modelos de compreensao da realidade. O estimulo do ambiente deve ser cognitivamente processado pelos atores, interpretado pelos individuos, que empregam sistemas simbolicos socialmente construidos antes que possam agir (Pereira et al., 2006).

DiMaggio e Powell (1991), por exemplo, ressaltam as crencas e os valores como elementos que sao socialmente construidos e influenciam no processo de institucionalizacao. Uma das grandes contribuicoes do NIS esta no entendimento de como se configura o isomorfismo entre as organizacoes. O isomorfismo ocorre quando as organizacoes se tornam cada vez mais similares dentro de seus campos organizacionais em virtude das incertezas e por estar inseridas em campos formados por outras organizacoes similares (Pereira et al., 2006).

No NIS, ao contrario de fixar a atencao apenas na competicao entre firmas, a atencao se volta para a totalidade dos atores relevantes, suas conexoes e estruturas no campo organizacional. Para Zucker (1987), o contexto do campo organizacional tem como fonte primaria de institucionalizacao as redes entre organizacoes e outras organizacoes.

Porem, no desenvolvimento teorico da nova sociologia institucional, a logica original com enfase em uma abordagem interpretativa conforme trabalho classico de Berger e Luckmann (1995) foi desvirtuada por alguns autores dessa corrente teorica. Alem do mais, a nova sociologia institucional nao aborda a dinamica da institucionalizacao nem o motivo pelo quais determinadas praticas sao institucionalizas. Nessa teoria, questiona-se, principalmente, que nao ha o reconhecimento do papel do poder nas instituicoes (Misoczky, 2003).

Para superar as limitacoes do velho e do novo institucionalismo, alguns autores, como Hirsch e Lounsbury (1997), recomendam a reconciliacao do velho institucionalismo com o novo. Misoczky (2003) argumenta, no entanto, que essa reconciliacao nao promoveria grandes avancos na teoria organizacional, uma vez que e preciso ir alem dessas perspectivas teoricas e introduzir referenciais de analise que introduzam a diferenca no olhar. Para Misoczky (2003), uma possibilidade seria trabalhar com os classicos de Bourdieu por meio do rompimento com o estruturalismo. A analise seria feita pelas posicoes dos agentes em campos construidos por disputas entre detentores de recursos de poder. Por essa perspectiva, o poder seria o elemento principal de analise.

Nova sociologia economica (NSE)

Apresenta-se como uma teoria interessante para analise dos sistemas agroindustriais no contexto do agronegocio. A NSE e identificada com os classicos de Grannoveter (1985), surge como resposta a expulsao da vida social na analise economica, tanto na visao neoclassica quanto nas formulacoes da NEI (Wilkinson, 2002). Alem de Granovetter, merecem destaque White, Fligstein e Zelizer.

Grannoveter (1985), ao expandir o conceito de embeddedness de Karl Polaniy, demonstra que as transacoes feitas entre os agentes precisam ser compreendidas dentro das redes sociais nas quais elas foram estabelecidas. Pela NSE, entende-se que as relacoes sociais entre os agentes interferem na construcao de confianca.

De fato, a reputacao dos participantes de uma rede influencia os compradores no que tange a seguranca no estabelecimento de seus negocios, pois se um fornecedor usar uma pratica oportunista, ha uma tendencia de desaprovacao por parte dos membros da rede. Esse mecanismo e uma salvaguarda informal que reduz a possibilidade de acoes condenaveis e diminui os custos de transacao (Barra, 2006).

A conjugacao dos classicos da NSE com os classicos sociologicos da teoria do capital social apresenta uma complementaridade teorica interessante para o campo de estudos de SAGs no contexto do agronegocio cafe. Em parte, isso ocorre porque esse setor caracteriza-se por apresentar o agrupamento dos agentes em redes organizacionais, tais como as associacoes, as cooperativas, os consorcios, entre outros.

Ha duas vertentes de concepcoes de capital social. Na primeira vertente, o definem como atributos ligados a estruturas sociais: conjunto de recursos que sao frutos de relacoes e redes de ajuda mutua acessiveis a um individuo pelo fato de esse pertencer de modo mais ou menos institucionalizado a redes de conhecimento e reconhecimento (Bourdieu, 1980); conjunto de elementos oriundos da estrutura social que facilitam certas acoes de atores individuais ou corporativos, considerado produtivo e capaz de viabilizar determinados propositos (Coleman, 1988); lacos de confianca e reciprocidade que facilitam a producao de capital fisico e humano e possibilitam a superacao de dilemas da acao coletiva (Putnam, 2002); as acoes economicas dos agentes estao inseridas em embeddedness (redes sociais), que sao criadoras de capital social capaz de reduzir oportunismos e criar confianca (Grannoveter, 1985).

Na segunda vertente, o definem como atributos ligados a individuos: fonte de controle social, de apoio familiar e de beneficios acessiveis por meio de redes extrafamiliares (Portes, 1998); conteudo de relacoes sociais que combinam atitudes de confianca com condutas de reciprocidade e cooperacao, capazes de prover beneficios aos possuidores (Durston, 2003); sentimentos de solidariedade de uma pessoa ou grupo em relacao a outra pessoa ou grupo (Robison, Siles e Schmid (2003).

Pela teoria do capital social, assume-se que a conduta e as expectativas dos agentes sao condicionadas pelo grau de insercao de suas relacoes na estrutura da rede (Omta, Trienekens e Beers, 2001). Para Putnam (2002), a especificidade do capital social faz com que ele se fortalecca com o uso. O capital social pode representar uma salvaguarda informal, pois sanccoes nao contratuais de natureza social podem refrear o oportunismo. E possivel compreender que a participacao em redes e uma condiccao importante para o fortalecimento do capital social. Podem-se conceber as redes como organizacoes importantes geradoras de confiancca, que complementam as concepccoes de incertezas que sao aclaradas pela ECT nos SAGs (Barra, Oliveira e Machado, 2007).

No Brasil, os estudos sobre agronegocios tem abordado a teoria do capital social (Abramovay, 2000; Barra, 2006; Barra et al., 2007; Sanabio, 2008). Ao se considerar capital social por Grannoveter (1985) como redes sociais compostas de capital social com capacidade de reduzir o oportunismo e criar confiancca, percebe-se a possibilidade de aplicaccao dessa teoria nos estudos dos SAGs.

As AIPs, por exemplo, sao redes que servem como uma salvaguarda informal, complementam e substituem as garantias formais. A conduta dos empresarios ligados a essa rede organizacional e construida com base em normas formais e informais. A certificacao estabelece rotinas e padroes a serem seguidos no processo, ja os valores instituidos na rede influenciam na etica e no comportamento dos membros. Assim, a conduta dos empresarios e institucionalizada nas relacoes estabelecidas na estrutura da rede, tem o capital social como fruto dessas relacoes. Alem de envolver-se em atividades de colaboraccao fundamentadas em capital social, as redes sao fontes de apoio institucional quereduzem os custos de transaccao, pois a reputaccao das organizaccoes associadas aumenta a confiancca do agente que transaciona com algum membro dessa rede (Barra et al., 2007).

Em sintese, acredita-se que a NSE conjugada com a perspectiva de capital social proporciona uma complementaridade teorica capaz de gerar uma visao mais abrangente acerca das relaccoes em redes estabelecidas em SAGs de produtos diferenciados, como o cafe.

Metodologia

Este artigo apresenta uma natureza qualitativa e foi desenvolvido a partir de revisao de literatura sobre teorias institucionais e de analise documental, tem como objetivo a construcao de um quadro historico sobre o mercado de cafe e a atuacao da Federaccao dos Cafeicultores do Cerrado (FCC). Foram analisadas pesquisas feitas sobre a FCC (Mafra, 2008, Ortega e Jesus, 2011, Relatorio de Administracao, 2013; Expocaccer, 2015). Ademais, foi analisado o site dessa organizacao.

A FCC foi abordada neste trabalho por meio do conceito de AIP, analisou-se o papel do SAG de cafe e verificou-se a aplicabilidade das teorias institucionais para o estudo dos SAGs.

Com o intuito de melhorar a visualizaccao dos elementos das instituicoes e organizacoes do SAG analisado ao longo da historia, foram elaborados diagramas, orientados pelo principio das arvores hiperbolicas, conforme Silva (2010). Esse diagrama e formado por uma rede de nos que se desdobram em suas componentes hierarquicamente dependentes. O no inicial representa o ambiente institucional do SAG de cafe.

Neste trabalho, os nos sao desenvolvidos a medida que as accoes governamentais e estrategias da FCC se diversificam no periodo historico analisado. As primeiras derivaccoes do no central representam os elementos-foco. O conjunto de elementos surgidos em cada periodo analisado diferencia-se do periodo anterior por estar destacado na cor amarelo.

Ha dois desdobramentos nos diagramas: acoes do governo e accoes das associaccoes. O papel do governo e retratado pelas accoes governamentais no periodo de regulamentaccao e de desregulamentacao do mercado. O papel das associacoes e focalizado especificamente nas accoes estrategias da FCC.

Para revisitar classicos das teorias institucionais, inicialmente foi feita uma pesquisa dos principais autores da NEI, NIS e NSE. Em seguida, com base na analise da FCC, foi sistematizada uma analise conceitual a ser aplicada aos estudos do SAG do cafe. Com base na discussao teorica, foi proposto um quadro comparativo para a aplicabilidade das teorias institucionais para o estudo dos SAGs.

Resultados

Este capitulo tem como objetivo fazer uma contextualizaccao historica do ambiente institucional do sistema agroindustrial de cafe no Brasil face a expansao do mercado de cafes diferenciados e enfatizar as accoes da FCC na conduccao de estrategias orientadas para esse mercado.

Analise do SAG de cafe--Periodo ate a decada de 1960

Ate o inicio da decada de 1960, o governo brasileiro desenvolvia politicas unilaterais que tinham como objetivo a valorizacao de precos por meio de restricoes de oferta de cafe. A partir dessa decada, o governo brasileiro procurou os demais paises produtores mundiais para elaborar politicas de valorizaccao de precco em funcao da entrada de novos concorrentes no mercado mundial de cafe (Saes et al., 1995).

Como resultado, ja a partir de 1962, foi instituido o primeiro Acordo Internacional do Cafe com o objetivo de desenvolver uma politica de sustentaccao de preccos em nivel mundial pelos produtores que vigorou ate 1989 e nao gerou bons resultados. Em virtude do fim das clausulas economicas do Acordo Internacional do Cafe em 1989, alguns paises produtores buscaram compensar a reducao dos precos por meio da promocao na venda de seus estoques. Por conseguinte, ocorreu uma reducao drastica nos preccos, o que incentivou a acumulaccao de estoques em clientes de paises compradores e aumentou o poder de barganha desses agentes nas negociacoes, que por consequencia gerou anos de prejuizos para cafeicultores (Saes, 2001).

Desde o inicio da regulamentacao do SAG de cafe no Brasil, varios organismos foram criados pelo governo para controlar a oferta, como, por exemplo, IBC (Instituto Brasileiro de Cafe), que entre a decada de 1950 e o inicio da decada de 1990 regulou o mercado, principalmente por meio de subsidios aos processadores para a aquisicao de cafe verde em momento de excesso de oferta. Alem desse fator, ha que se destacar a politica de tabelamento de precos ocorrida nesse periodo, que contribuiu negativamente para valorizacao de cafes de qualidade.

[FIGURE 3 OMITTED]

Ate a decada de 1990, diversas politicas internas e externas foram implantadas no intuito de valorizacao do preco. A politica intervencionista brasileira no setor cafeeiro contribuiu em grande parte para o nao desenvolvimento de produtos diferenciados, criou dificuldades para o posicionamento das marcas brasileiras no mercado mundial, bem como no mercado domestico. A regulamentacao do mercado trouxe como consequencia uma forma de negociacao que ficou arraigada na cafeicultura favoravel a producao de cafes focados em quantidade baseada na estrategia de lideranca de custos, muito desfavoravel para a producao de cafes diferenciados (Saes, 2004).

O mercado protegido significou o acumulo de ineficiencia e o despreparo gerencial desse SIG. A conjuncao da implantacao de politicas de restricao de oferta pelo governo brasileiro com estrategias que enfocavam custos de producao pelos cafeicultores foi determinante para dificultar o desenvolvimento da producao de cafes diferenciados (Saes, 2005).

A heranca de meio seculo de politica de restricao de oferta no Brasil foi a sedimentacao de uma imagem negativa do cafe brasileiro no mercado mundial com relacao a qualidade ate o fim do seculo XX (Saes e Nakazone, 2002).

O mercado protegido influenciou na geracao de uma cultura produtiva de priorizar os investimentos em quantidade produzida. Essa concepcao ainda esta arraigada na forma de administrar de muitos produtores no Brasil. Contudo, com a desregulamentacao, muitos, dentre esses, tem mudado as suas estrategias por meio de investimentos em qualidade e diferenciacao, que envolvem esforcos coletivos de associacoes e cooperativas, por meio de marcas coletivas, marketing conjunto, certificates, entre outras praticas de coordenacao dos SIGs (Barra, 2006).

O fim do Acordo Internacional de Cafe e a desregulamentacao interna, que ocorreu por meio da extincao do IBC e o fim do tabelamento de precos, contribuiram para um novo contexto ambiente empresarial, em que se abre espaco para novas formas de competicao, como as estrategias de diferenciacao (Saes etal., 1995).

Vale ressaltar que nesse periodo as organizacoes coletivas de produtores que representavam a cafeicultura funcionavam apenas como agente de interface com o governo (Barra, 2006). A figura 3 sintetiza o ambiente institucional do SIG de cafe anterior a decada de 190.

Analise do SAG de cafe--Periodo da decada de 1990

Nos anos 1990, uma nova dinamica foi estabelecida pelos agentes do SIG de cafe no Brasil, destacaram-se o investimento em qualidade e a diferenciacao (Spers et al., 2003). Todavia, e importante destacar que no mercado brasileiro existe uma serie de fatores que dificulta mo crescimento do consumo de cafes diferenciados. Entre esses fatores, a imagem instituida entre os consumidores de que e um produto padrao tem dificultado o aumento do consumo de cafes diferenciados. Tal fato e decorrente do periodo de tabelamento de precos. No entanto, o processo de desregulamentacao do mercado e o fim do tabelamento de precos influenciaram de forma gradual num processo de mudanca de concepcao de alguns consumidores (Saes et al., 2001).

Para Souza, Saes e Otani (2002), determinados atributos de qualidade que sao passiveis de certificacao sao incorporados como instrumento de concorrencia. A crescente demanda por produtos saudaveis e sustentaveis contribui para o fortalecimento da diferenciacao do cafe, influencia no aumento do consumo dos cafes especiais, que trazem tambem o conceito de sustentabilidade.

A desregulamentacao do mercado cafeeiro e o crescimento da demanda por cafes diferenciados e o esforco individual e coletivo de cafeicultores brasileiros influenciaram na criacao de uma nova conjuntura nesse sistema agroindustrial. Nesse novo cenario, houve uma busca por investimentos em estrategias de diferenciacao e a criacao de associacoes, cooperativas e federacoes orientadas para essas estrategias (Barra, 2006).

Dentre as acoes coletivas merece destaque a criacao da FCC, na decada de 1990, pela implantacao da certificacao de origem. Trata-se de uma federacao de cafeicultores localizados no cerrado do Estado de Minas Gerais composta por, aproximadamente, 4.500 produtores que produzem cafes com origem controlada. Essa federacao e composta por associacoes e cooperativas, que por sua vez representam os cafeicultores de cada localidade.

Essa organizacao decorre de acoes coletivas que dao suporte aos negocios dos seus associados. Alem disso, suas acoes geram externalidades positivas para o SIG cafeeiro brasileiro, uma vez que essa rede foi responsavel por influenciar cafeicultores na busca pela melhoria da qualidade do cafe produzido no Brasil.

A FCC e uma federacao de amplitude nacional constituida de cafeicultores que enfocam a producao de cafes diferenciados dentro de uma concepcao de gestao baseada nos conceitos de qualidade, responsabilidade social e preocupacao ambiental. O amadurecimento dessa rede coincidiu com o periodo de desregulamentacao do mercado de cafe e com o inicio do movimento em direcao a producao de cafes diferenciados no Brasil.

A FCC tem um papel destacado no setor de cafes com origem controlada no Brasil por ter implantado um sistema de denominacao de origem controlada. Alem de incentivar a producao de cafes com origem no Brasil, tem atuado na mudanca de imagem do cafe brasileiro em ambito internacional, por meio da criacao de reputacao da marca Cafe do Cerrado.

A FCC foi criada em 1992 com a marca Caccer (Conselho das Associacoes de Cafeicultores do Cerrado) com o objetivo de valorizar a marca coletiva pela qualidade do cafe produzido pela regiao. Ja em 1993 foi registrada a marca Cafe do Cerrado. Em seguida, foi iniciado o desenvolvimento de um sistema oficial de denominacao de origem para evitar os free riders (caronas) e as acoes oportunistas. Em 1997, por meio do Certicafe, foram delimitadas quatro regioes em Minas Gerais, coube ao IMA (Instituto Mineiro de Agropecuaria) emitir o certificado de origem para os cafes dessas regioes.

A Expocaccer (Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado), braco exportador da FCC foi criada em 1995 com objetivo de ser um braco de exportacao para os produtores do cerrado. E considerada a segunda cooperativa exportadora do Brasil, embarcou em 2013 mais de 500 mil sacas, cujos principais destinos foram Estados Unidos, Japao, Belgica, Alemanha, Canada e Reino Unido (Expocaccer, 2013).

Com relacao a pesquisa, foi criada a Fundaccer (Fundacao de Desenvolvimento do Cafe do Cerrado), em 1997, com objetivo de desenvolver projetos para produtores na area de capacitacao tecnologica para a producao.

O inicio de atuacao dessa federacao, entre o fim do seculo XX e o inicio do XXI, caracteriza o momento em que o setor cafeeiro brasileiro demandava acoes para a promocao de qualidade e para o desenvolvimento de produtos diferenciados. Ate esse momento historico, o SIG de cafe no Brasil era caracterizado por grande intervencao do Estado e era composto por agentes economicos (cafeicultores, processadores, exportadores) que enfocavam a estrategia de custo.

Havia, portanto, uma demanda de acoes institucionais de representacao dos cafeicultores e demais agentes desse SIG. Naquela epoca, embora o Brasil fosse o maior produtor e o maior exportador de cafe, nao era conhecido internacionalmente como um produtor de cafes de alta qualidade. Havia um ambiente de incerteza que influenciava no aumento dos custos de transacao.

A figura 3 sintetiza o ambiente institucional do SIG de cafe na decada de 1990.

Analise do SAG de cafe--Periodo da decada de 2000

A partir de 2005, a FCC iniciou o processo de indicacao geografica no cerrado mineiro que permitiu valorizar a origem dos produtores de cafe do cerrado.

A FCC promoveu um ambiente de maior reputacao e coordenacao do sistema agroindustrial. Pode-se citar como exemplo disso a conducao do programa de certificacao das fazendas, o qual reflete a busca por praticas de gestao baseadas nos conceitos de qualidade, de responsabilidade social e de preocupacao ambiental. A figura 4 sintetiza o ambiente institucional do SIG de cafe na decada de 2000.

O projeto estruturadopelaAgrominas foi criado em 2004 com foco no aprimoramento da infraestrutura da cadeia do cafe. Ja o Certifica Minas foi criado em 2008 com o objetivo da certificacao de "boas praticas de producao" e incorporou a sustentabilidade. Com o passar dos anos, pela politica desse governo o atributo de origem foi substituido pelo de sustentabilidade (Dutra, 2009).

Analise do SAG de cafe--Periodo de 2011 ate 2015

Em 2012, foi criado o Departamento de Certificacao na Expocaccer para dar apoio a adequacao das certificares como Rainforest Alliance (Relatorio de Administracao, 2013). Em 2014, foi instituida a primeira certificacao de origem controlada do cafe do cerrado (Expocaccer, 2015).

Vale ressaltar que muitos produtores pertencentes a FCC ja tem conseguido obter certificates internacionais e nacionais, tais como UTZ Certified, Rainforest Alliance, AAA Nespresso, Global GAP, Certifica Minas.

Dentre essas certificates, merece destaque o UTZ Certified, um programa de certificacao para a producao de cafe responsavel que envolve o conceito de cadeia de custodia (UTZ Certified, 2015a). Os produtores brasileiros respondem por 35% a 40% dos quatro milhoes de sacas de cafe UTZ vendidos no mundo (UTZ Certified, 2015b).

Para Leme (2015), o UTZ Certified demonstra uma vocacao para oferecer um sistema de coordenacao do SIG do cafe. A figura 5 sintetiza o ambiente institucional do SIG de cafe no periodo de 2010-2014.

[FIGURE 4 OMITTED]

Discussao teorica

Aplicabilidade da NEI para estudo dos SAGs

Sob a otica de North (1994), de ver as instituicoes como "regras do jogo" e organizacoes como "jogadores", Barra (2006) argumenta que e possivel visualizar as organizaccoes como instrumentos de mudanca institucional, uma vez que muitas delas buscam influenciar as instituiccoes em favor de seus interesses. Ao atuar de maneira isolada, o poder de influencia da firma e pequeno, porem quando atua de forma coletiva o poder e maior, como, por exemplo, o lobby feito pelas AIPs no ambiente institucional.

[FIGURE 5 OMITTED]

Nesse sentido, e possivel visualizar as organizaccoes como instrumentos de mudanca institucional. As AIPs exercem o papel de agente de interface com o governo de forma coletiva (Barra et al., 2007). Vale ressaltar que o papel de agente de interface da FCC junto aos orgaos governamentais foi fundamental para a definicao de regras para a denominacao de origem no SAG de cafe no Brasil.

[FIGURE 6 OMITTED]

A obtencao do certificado de origem pela FCC foi importante, pois as AIPs tem as suas acoes sujeitas ao dilema da acao coletiva (OLSON, 1999). O cafeicultor com comportamento free rider, por saber que nao sera excluido das benesses da acao coletiva, usufrui desses beneficios sem participar da acao coletiva, como, por exemplo, o desenvolvimento da marca Cafe do Cerrado. Por meio do certificado de origem, evita esse tipo de comportamento, pois somente sera considerado Cafe do Cerrado aquele que tiver a certificacao de origem. No entanto, vale ressaltar que as instituicoes precisam ser solidas para que o SAG esteja organizado e funcione adequadamente.

A NEI pela ECT e uma possibilidade teorica consistente para o estudo dos SIGs, como abordado no caso da FCC. A ECT tem sido muito usada em trabalhos nessa tematica, em parte porque a transacao e um elemento fundamental na coordenacao entre os agentes economicos. As AIPs exercem o papel de agente de coordenacao de SAG quando atuam na facilitacao das transacoes entre o agentes que transacionam nos SAGs. A FCC, por meio das associacoes e cooperativas, colabora para a coordenacao do SAG para garantir a origem do cafe, por meio de certificacao, rastreabilidade e venda.

As AIPs podem contribuir para desenvolver estabilidade institucional, condicao vital para a coordenacao na perspectiva da NEI, pois num sistema que nao esta coordenado as organizacoes encontram dificuldades de se manter competitivas por longo prazo, uma vez que o predominio do conflito e de acoes oportunistas dificulta o desenvolvimento de estrategias competitivas duradouras. Isso ocorre porque os custos de transacao aumentam muito num sistema que se apresenta de tal forma. Essas acoes coletivas podem contribuir para a coordenacao de SAGs, a medida que essas associacoes tem um impacto estabilizador no ambiente institucional (Zylbersztajn e Machado Filho, 1998).

A certificacao de origem de cafe da FCC possibilita a obtencao de preco-premio na venda. Para Leme (2015), as benesses da certificacao extrapolam os ganhos relacionados ao agio no preco, pois a certificacao incentiva o cafeicultor a organizar seus metodos, melhorar o controle sobre seu sistema produtivo e trazer maturidade para seus processos dentro de um circulo virtuoso. Por conseguinte, melhora sua gestao, reduz seus custos, melhora a qualidade de seu processo e dos produtos.

A certificacao de origem provida pela FCC apresenta um duplo efeito nos custos de transacao e de producao e influencia na definicao da forma de governanca. A certificacao e um mecanismo de sinalizacao da qualidade que, por meio da reputacao da empresas certificadas ligadas as associacoes, consegue reduzir os custos de transacao. Assim, quanto maior for a reputacao da marca da FCC e do certificado, maior sera o nivel de reducao dos custos da transacao, pois a reputacao traz consigo a reducao da incerteza e da assimetria de informacao na relacao comprador-fornecedor. A maturidade dos processos certificados contribui para a reducao dos custos de producao. Quanto maior for o nivel de maturidade dos processos certificados, maior sera o nivel de reducao nos custos de producao. Nesse caso, a maturidade dos processos certificados contribui para a reducao dos custos de producao, por prover maior controle, entre outros ganhos. De fato, o produtor num estagio de maior maturidade apresenta ganhos de gestao, traduzidos em reducao dos custos e maior controle.

A certificacao na FCC foi definida com o conceito de origem. Em 2014 foi instituida a primeira certificacao brasileira de origem controlada do cafe (Expocaccer, 2015). Por meio do atributo da rastreabilidade no processo na FCC e possivel identificar em que estagio os produtos sao rastreaveis ao longo da cadeia, por meio de procedimentos que identifiquem a localizacao e a movimentacao fisica do produto. A estrategia da FCC e sistemica, uma vez que e orientada numa perspectiva de SAG (fig. 6). A diferenca da FCC esta na coordenacao do SAG, na qual ha uma federacao composta por oito associacoes e oito cooperativas que, de forma integrada, como num arranjo horizontal, coordenam a cadeia produtiva de forma vertical.

Aplicabilidade do NIS e da NSE para estudo dos SAGs

Quando o objeto de estudo for uma rede organizacional atuante em SAGs, acredita-se que teorias de cunho sociologico podem apresentar-se bem adequadas. O NIS, por exemplo, pode ser uma opcao adequada para estudos de redes organizacionais que tenham o agronegocio como foco analitico e as empresas do setor de cafe como objeto de investigacao. Uma das contribuicoes do NIS esta na configuracao do isomorfismo, na qual as organizacoes se imitam e se modelam umas nas outras em virtude das incertezas.

Nas AIPs de cafeicultores, como no caso da FCC, ha os tres tipos de isomorfismo definidos por Dimaggio e Powell (1991): coercitivo (resultante de pressoes formais e informais por organizaccoes "matrizes" em organizaccoes dependentes, como, por exemplo, os codigos de conduta das certificaccoes); mimetico (resultante da incerteza quando os produtores se ajustam aqueles que "parecem" estar dando certo); normativo (resultante de profissionalizaccao para definir condiccoes e metodos de trabalhos).

A AIP, ao contribuir para adequaccao dos processos via treinamento dos seus associados para adequacao a algum tipo de certificacao ou codigo de conduta, pode funcionar como agentes de aprendizagem (Barra et al., 2007). Esse papel na FCC pode ser visualizado no projeto Educampo, que visa a melhorar os processos dos associados da FCC.

Noutra perspectiva, a conjugaccao dos classicos da NSE com os classicos sociologicos da teoria do capital social para estudos de SAG no contexto do agronegocio cafe apresenta-se como uma proposta consistente. As caracteristicas das relaccoes entre os agentes economicos que definem o nivel de governanca, quando analisadas pela NSE sob a otica da teoria do capital social, pode sofrer influencia do efeito de redes, como no caso da FCC.

Barra et al. (2007) afirmam que as AIPs podem atuar como agente de confianca. De fato, alem de estabelecer garantias formais, como os contratos, tanto os fornecedores quanto os compradores buscam reduzir as incertezas mediante salvaguardas informais, como a confiancca vinda das redes organizacionais, fruto do capital social. Como as transacoes sao estabelecidas dentro de redes, mecanismos sociais podem colaborar no processo de coordenar e salvaguardar as trocas entre os agentes economicos. Logo, compreender as redes como uma opccao para as organizaccoes fazerem accoes coletivas e poderem gerar um nivel maior de confiancca entre os agentes economicos perpassa a discussao teorica do capital social.

A inovacao da sociologia economica e a sua ideacao de aclarar o processo de funcionamento dos SAGs a partir de uma abordagem das redes sociais (Wilkinson, 2002). No contexto do agronegocio, essa abordagem teorica pode ser muito valiosa, uma vez que o papel de coordenaccao dos SAGs e exercido em grande parte por redes organizacionais, como no caso das cooperativas e das associaccoes da FCC. Essa especificidade demanda novos modelos teoricos bem diferentes dos sistemas produtivos em que a coordenaccao e feita pela empresa focal, como no caso do setor automobilistico. O aprofundamento dessa questao e uma importante agenda de pesquisa no campo de SAGs.

A analise do papel de coordenacao dessas redes organizacionais pela nova sociologia economica significa uma perspectiva ampliada sobre redes em relaccao a teoria da ECT. Por sua vez, a conjugacao da nova sociologia economica com a teoria do capital social possibilita um novo olhar ao pesquisador para a compreensao da accao coletiva, bem mais amplo do que a visao de Olson (1999) sobre a acao coletiva.

Ha aqui, nesse sentido, uma interessante questao que podera ser objeto de futuros estudos: as redes organizacionais podem ser compreendidas como uma salvaguarda informal, complementar e substituir as salvaguardas formais, contribuir para o processo da gestao de SAGs? A conjugacao das teorias economicas e sociologicas pode ser uma forca convergente e proporcionar uma complementaridade teorica necessaria para responder tal questao. Podera essa convergencia ser capaz de gerar uma visao mais abrangente e impulsionar o desenvolvimento de novas teorias e modelos conceituais necessarios a compreensao das praticas e estrategias emergentes de diferentes organizacoes que, hoje, participam dos SAGs. O quadro 1 apresenta a aplicabilidade das teorias institucionais para o estudo dos SAGs.

Consideracoes finais

Este paper reuniu as contribuiccoes das perspectivas institucionais para estudo dos SAGs. A ECT produz uma analise consistente das estrategias para estudos dos SAGs. A NIS pode ser uma opcao interessante para ampliar perspectivas e estudos investigativos sobre o tema. Foi demonstrado que o uso dos classicos da NSE com os classicos da teoria do capital social pode ser capaz de gerar uma visao mais abrangente sobre o tema e impulsionar o desenvolvimento de novas teorias e modelos conceituais para SAGs.

Foi percebido que as transacoes com cafes diferenciados tendem a ser feitas dentro de um ambiente de incerteza com altos custos de transacao, demandar salvaguardas formais, como os contratos, e informais, valorizar o papel das cooperativas e das associaccoes. Enquanto a ECT e uma base teorica consistente para o estudo das formas de governancca e coordenaccao de SAGs, as abordagens sociologicas apresentam-se como uma fundamentacao teorica interessante para o estudo das redes organizacionais.

Embora se ressalte a relevancia da aplicabilidade das teorias institucionais para o estudo dos SAGs tanto em relacao as praticas empresariais contemporaneas como com relacao a perspectiva teorica conceitual sobre o tema, ha que se destacarem as limitacoes caracteristicas de um estudo teorico. Convem salientar a necessidade de complementacao deste trabalho por meio de estudos mais abrangentes que permitam comprovar as proposicoes apresentadas.

Considerando as mudancas ocorridas no ambiente institucional do SAG de cafe e no papel significativo das organizacoes coletivas que atuam nesse sistema produtivo, criam-se espacos para a feitura de estudos institucionais nas perspectivas economica e sociologica, que busquem prover novas concepcoes que poderao ser norteadoras para a gestao dessas entidades.

Por fim, a partir da evolucao das atividades da FCC e em virtude das caracteristicas do mercado de cafes no Brasil, foi possivel verificar que o apoio institucional dessa organizacao pode exercer um papel importante nesse mercado. Na discussao estabelecida ao longo deste trabalho, verifica-se que e necessario contextualizar as organizacoes no ambiente institucional, pois um ponto comum nas teorias institucionais e a concepcao de que "as instituicoes importam".

http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2015.12.005

Conflitos de interesse

Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.

Referencias

Abramovay, R. (2000). O capital social dos territorios: repensando o desenvolvimento rural. Economia Aplicada, 4(2), 379-397, abr./jun.

Barra, G. M. J. (2006). O suporte das associacoes de interesse privado em canais de distribuicao de produtos diferenciados: um estudo de caso no mercado de cafes especiais. pp. 132. Lavras: Dissertacao (Mestrado em Administracao) --Departamento de Administracao e Economia, Universidade Federal de Lavras.

Barra, G. M. J., Oliveira, V. C. S., & Machado, R. T. M. (2007). O papel das associacoes de interesse privado no mercado cafeeiro brasileiro. Revista de Gestao da USP, 12(3), abr/jun.

Berger, P., & Luckmann, T. (1995). A construcao social da realidade (12a ed.). Petropolis: Vozes.

Bourdieu, P. (1980). Le capital social: notes provisoires. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 31, 2-3.

Caleman, S. M. Q. (2010). Falhas de coordenacao em sistemas agroindustriais complexos: uma aplicacao na agroindustria da carne bovina. Sao Paulo: Universidade de Sao Paulo. Tese de doutorado.

Castro, A. C. (julho/dezembro 2004). Construindo pontes: inovacoes. Organizacoes e estrategias como abordagens complementares. Revista Brasileira de Inovacao, 3(2), 449-474.

Coase, R. H. The nature of the firm. Chicago: University of Chicago, 1988. Chap. 2. Trabalho original: The firm, the market and the law, 1937.

Coleman, J. S. (1988). Social capital in the creation of human capital. American Journal of Sociology, 94, 95-120.

Dimaggio, P.J., Powell, W.W. The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality. In:--The New Institutionalism in Organizational Analysis. Chicago: University of Chicago Press, 1991.

Durston, J. Capital social: parte del problema, parte de la solucion, su papel en la persistencia y en la superacion de la pobreza en America Latina y el Caribe. In: Atria, R., Siles, M. (Orgs.). Capital social y reduccion de la pobreza en America Latina y el Caribe: en busca de un nuevo paradigma. Santiago do Chile: Comissao Economica para America Latina e o Caribe. University of Michigan Press, 2003. p. 147-202.

Dutra, D. M. R. (2009). Acoes publicas e privadas na implantacao e desenvolvimento da indicacao geografica do cafe em Minas Gerais: evolucao e perspectivas na visao de seus gestores. Lavras: Universidade Federal de Lavras. Dissertacao de mestrado em administracao.

Farina, E. M. M. Q., Azevedo, P. F., & Saes, M. S. M. (1997). Competitividade: mercado, Estado e organizacoes. Sao Paulo: Singular.

Grannoveter, M. (1985). Economic action and social structure: the problem of embeddedness. The American Journal of Sociology, 91(3), 481-510.

Hirsch, P., & Lounsbury, M. (Fev 1997). Ending the family quarrel: toward a reconciliation of "old" and "new" institutionalism. The American Behavioral Scientist, 4(40), 406-418.

Informe Estatistico do Cafe Estatisticas. Disponivel em: <http://www. agricultura.gov.br/vegetal/estatisticas>. Acessado em 01 de setembro de 2015.

Leme, P. H. M. V. (2007). Os pilares da qualidade: o processo de implantacao do Programa de Qualidade do Cafe (PQC) no mercado de cafe torrado e moido do Brasil. Lavras: Universidade Federal de Lavras. Dissertacca de mestrado em administracao)

Leme, P. H. M. V. (2015). A construcao do mercado de cafes certificados e sustentaveis da UTZ Certified no Brasil: as praticas e os arranjos de mercado. pp. 274. Lavras: Universidade Federal de Lavras. Tese de doutorado em administracao.

Mafra, L. A. S. (2008). Indicacao geografica e construcao do mercado: a valorizacao da origem no Cerrado Mineiro. Rio de Janeiro: UFRRJ. Tese de doutorado em ciencias sociais.

Machado, R. T. M. (2000). Rastreabilidade, tecnologia da informacao e coordenacao de sistemas agroindustriais. Sao Paulo: Universidade de Sao Paulo. Tese de doutorado em administracao).

Machado, E. L. (2002). O papel da reputacao na coordenacao vertical da cadeia produtiva de frutas, legumes e verduras frescos. Sao Paulo: Universidade de Sao Paulo. Tese de doutorado em administracao.

Meyer, J. W., & Rowan. (1991). Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony. In W. W. Powell, & P.J. Dimaggio (Eds.), The new institutionalism in organizational analysis. Chicago: University of Chicago Press.

Meyer, J. W., & Scott, W. R. (1992). Organizational environments: ritual and rationality. Newbury Park, London, New Delhi: Sage Publications.

Misoczky, Maria Ceci. Implicaccoes do uso das formulaccoes sobre campo de poder e accao de Bourdieu nos estudos organizacionais. Revista de Administracao Contemporanea, v. 7, 2003. Edicao Especial.

Nassar, A. M. Eficiencia das associacoes de interesse privado: uma analise do agronegocio brasileiro. 2001. Dissertaccao (Mestrado em Administracao)- Universidade de Sao Paulo. Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade, Sao Paulo.

Neves, M.F. Um modelo para planejamento de canais de distribuicao no setor de alimentos. 2000. Tese (Doutorado em Administracao)-Universidade de Sao Paulo. Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade, Sao Paulo.

Nobuiuki, C. I. Poder na formaccao do arranjo institucional do sitema agroindusrialcitricolapaulista. 2015. Tese (Doutorado em Administracao)-Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo.

North, D. C. (1993). Instituciones, cambio institucional y desempeno economico. Mexico: Fondo de Cultura Economica.

North, D. C. (June 1994). Economic performance through time. American Economic Review, 84(3), 359-368.

Olson, M. A logica da accao coletiva: beneficios publicos e uma teoria dos grupos sociais. Traducao de Fabio Fernandez. Sao Paulo: USP, 1999. 201 p.

Omta, S.W. F., Trienekens, J. H., & Beers, G. (2001). Chain and network science: a research framework. Journal of Chain and Network Science, 1(1), 1-12.

Ortega, A. C., & Jesus, C. M. (2011). Territorio cafe do cerrado: transformares na estrutura produtiva e seus impactos sobre o pessoal ocupado. Revista Economia Sociologia Rural, Brasilia, DF, 49(3), 771-800.

Pereira, M. C., Barra, G. M. J., Santos, A.C. dos, Silva, P. J. da. Contribuicoes e limitaccoes do novo institucionalismo sociologico para a analise das redes organizacionais. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS DA ANPAD, 2006, Porto Alegre, RS. Anais.: ENEO, 2006.

Potts, J., et al. (2014). The State of sustainability initiatives review 2014: standards and the green economy. pp. 254. London: International Institute for Sustainable Development.

Putnam, R. (2002). Comunidade e democracia: a experiencia da Italia moderna. Rio de Janeiro: FGV.

Robison, L. J., Siles, M. E., Schmid, A. A. El capital social y la reduccion de la pobreza: hacia un paradigma maduro. In: Atria, R., Siles, M. (Orgs.). Capital social y reduccion de la pobreza en America Latina y el Caribe: en busca de un nuevo paradigma. Santiago do Chile: Comissao Economica para America Latina e o Caribe. University of Michigan Press, 2003. p. 51-113.

Sanabio, M. T. (2008). Redes organizacionais como estrategia para insercao dos negocios na cadeia produtiva do leite: o caso da Associacao de Produtores Rurais de Pires. pp. 275. Lavras: Universidade Federal de Lavras. Tese de doutorado em administracao.

Saes, M. S. M., & Coffee business. Anuario estatistico do cafe. (2000/2001). Mercado de cafe: conjuntura propicia para investir em qualidade e controlar custos (6a. ed., pp. 18-26). Rio de Janeiro., 2001.

Saes, M.S.M. Evitando a queda da rentabilidade na producao agricola: basta diferenciar? In: ENCONTRO DA ASSOCIACAO NACIONAL DE POS-GRADUACAO EM ADMINISTRACAO, 28., 2004, Curitiba, PR. Anais. Curitiba: ANPAD, 2004.

Saes, M.S.M. Percepcao do consumidor sobre as estrategias dos produtores em diferenciaccao: o cafe no mercado interno. In: ENCONTRO DA ASSOCIACcAO NACIONAL DE POS-GRADUACcAO EM ADMINISTRACAO, 29., 2005, Brasilia. Anais. Brasilia: ANPAD, 2005.

Saes, M.S.M., Nakazone, D. Estudo da competitividade de cadeias integradas no Brasil: impactos das zonas de livre comercio. Cadeia: cafe. Sao Paulo: FECAMP/FIPE, 2002. 133p. Documento resultado do contrato entre a Fundaccao de Economia de Campinas e Fundaccao Instituto de Pesquisa Economicas.

Saes M.S.M., Santos A.C. dos, Pinto. E.M. Cooxupe: um projeto de diversificacao Regional. 1995. Disponivel em: <http://www.fia.com.br/ PENSA/>. Acesso em: 22 dez. 2015.

Saes M.S.M., Souza, M.C.M., Spers, E.E. Diagnostico sobre o sistema agroindustrial de cafes especiais e qualidade superior do estado de Minas Gerais: estudo encomendado pelo Servico Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas do Estado de Minas Gerais. 152p. Sao Paulo, 2001. Disponivel em: < http://www.fia.com.br/PENSA/>. Acesso em: 22 dez. 2015.

Silva, C. E. G. (Dez 2010). Gestao, legislacca e fontes de recursos no terceiro setor brasileiro: uma perspectiva historica. Revista de Administracao Publica, 44(6), 1301-1325.

Scott, W. R. (1995). Institutions and organization. London: Sage Publications.

Souza, M. C. M., Saes, M. S. M., & Otani, M. N. (2002). . Pequenos produtores familiares e a sua insercao no mercado de cafes especiais: uma abordagem preliminar (32(11)) Sao Paulo: Informacoes Economicas.

Spers, E.E., Saes, M. S. M., Souza, M.C.M. de. Analise das preferencias do consumidor brasileiro de cafe: um estudo exploratorio dos mercados de Sao Paulo e Belo Horizonte. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTAO DE REDES ALIMENTARES, 4., 2003, Sao Paulo. Anais. Sao Paulo: FEA/USP, 2003.

UTZ certified. Codigo de conduta nucleo. Versao 1.1. Amsterdam. 2015a. Disponivel em <https://utzcertified.org/attachments/article/26584877/PT%20%20Core%20Code %20for%20Individual%20 Certification%20v1.1.pdf>. Acessado em 01 de setembro de 2015.

UTZ certified Effects of UTZ certification acoording to coffee farmers in Brazil. Sao Paulo.2015b. Disponivel em <https://utzcertified.org/ images/stories/site/pdf/downloads/impact /brazil2015/Effects_of_UTZ_Certification_according_to_Brazilian_farmers_20 15.pdf>. Acessado em 01 de setembro de 2015.

Watanabe, K., & Zylbersztajn, D. (2014). Agro-System (AGS) as atoolforanalysis, taking into account. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas (Unicamp), 5, 57-74.

Wilkinson, J. (2002). Sociologia economica, a teoria das convenccoes e o fortalecimento dos mercados. Ensaios FEE, Porto Alegre, 23(2).

Williamson, O. E. (1985). The economic institutions of capitalism: firms, markets, and relational contracting. New York: Free.

Williamson, O. E. (June 1991). Comparative economic organization. The analysis of discrete structural alternatives. Administrative Science Quarterly, (36), 269-296.

Williamson, O. E. The mechanisms of governance. New York: Oxford University, 1996. p. 426. The New Institutional Economics: Taking Stock, Looking Ahead Oliver E. Williamson Journal of Economic Literature. Vol. 38, No. 3, p. 595-613, Set 2000.

Winkler, C. A. G. Estruturas de governancca e apropriaccao de renda no sistema agroindustrial do cafe. 2013. Dissertacao, Mestrado em ADMINISTRACAO. Universidade Estadual de Maringa. 2013.

Zucker, L. (1987). Institutional theories of organization. Annual Review ofSociology, 13, 443-464.

Zylbersztajn, D. Estruturas de governancca e coordenaccao do agribusiness: uma aplicaccao da nova economia das instituiccoes. 1995. Tese (Livre Docencia em Administracao)--Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo.

Zylbersztajn, D. Governance structures and agribusiness coordination: A transaction cost economics based approach. In Research in Domestic and International Agribusiness Management. Vol. 12, p. 245-310. Ray Goldberg Editor. Harvard University. 1996.

Zylbersztajn, D. Papel dos contratos na coordenaccao agro-industrial: um olhar alem dos mercados. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 18., 2005, Ribeirao Preto. Anais. Ribeirao Preto: SOBER, 2005.

Zylbersztajn, D., Machado Filho, C.A.P. Acoes coletivas--o papel das associacoes de interesse privado no agribusiness. In: SEMINARIO BRASILEIRO DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL--FEA--USP, 1., 1998, Sao Paulo. Anais. Sao Paulo: USP/FEA, 1998. Disponivel em: <http://www.fia.com.br/PENSA/>. Acesso em: 27 dez. 2015.

Geraldo Magela Jardim Barra, e Marcelo Bronzo Ladeira

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Recebido em 5 de setembro de 2015; aceito em 29 de dezembro de 2015

Disponivel na internet em 20 de maio de 2016

* Autor para correspondencia.

E-mail: gmjbar@yahoo.com.br (G.M.J. Barra).

(1) North (1994) conceitua como sendo os custos relacionados a determinar as especificacoes do que esta sendo transacionado e os custos relacionados a garantia de que os acordos sejam cumpridos. Quadro 1 Aplicabilidade das teorias institucionais para o estudo dos SAGs Teoria/ Objeto de Aplicabilidade para Papel da AIP Nivel de analise analise o estudo do SAG NIS Embeddedness Analisar o SAG Agente de 1 considerando o aprendizagem compartilhamento das crencas e valores no seu processo de institucionalizacao (Pereira et al., 2006) NSE Embeddedness Analisar o processo Agente de 1 de funcionamento do confianca SAG a partir de uma abordagem das redes sociais (Wilkinson, 2002). NEI Instituicoes Analisar o SAG Agente de 2 formais considerando que o interface ambiente institucional e relevante para o desenho das organizaccoes do SAG, principalmente no que diz respeito a capacidade de adaptaccao (Zylbersztajn, 1995). NEI Governanca Permite formular Agente de (ECT) 3. hipoteses a coordenaccao respeito da organizacao do SAG, com possibilidades de aplicacao em sua coordenacao (Zylbersztajn, 1995). Fonte: Elaborada pelos autores.
联系我们|关于我们|网站声明
国家哲学社会科学文献中心版权所有