摘要:O presente artigo pretende refletir sobre as práticas discursivas que incidiram no processo de escrita em Língua Portuguesa como segunda língua, empreendido por sujeitos surdos, em contextos interacionais de oficinas. Para tanto, realizou-se um trabalho de reescrita coletiva de uma história de aventura, a partir de interações interdiscursivas entre língua de sinais e o português escrito. Investigando a interação entre participantes surdos e educadores ouvintes como elemento que caracterizou o processo de escrita, analisamos os modos pelos quais as diferentes práticas discursivas se constituíram em ambiente de aprendizagem. No início das oficinas, o educador ouvinte organiza e dirige as interações promovendo o desenvolvimento das competências expressivas dos participantes surdos, provocando um ambiente propício à aprendizagem. Enquanto mediadores na construção do conhecimento, os educadores ouvintes assumem menos responsabilidades em relação à escrita, estimulando os sujeitos surdos a ocuparem cada vez mais o espaço discursivo. O caráter dessas interações gera situações favoráveis à autonomia dos participantes surdos. O que se observou nos movimentos registrados foram os deslocamentos instaurados: do educador como suporte total, à confiança depositada nos pares surdos que se apoiam rumo ao protagonismo na produção de linguagem escrita. Ressalta-se que as práticas e as formações discursivas nas oficinas, voltadas ao desenvolvimento dos mecanismos de produção e compreensão dos discursos, concretizaram-se por meio da língua de sinais como a base para o registro escrito.