摘要:Este artigo tem como corpus analítico um conjunto de 69 memes contrários a Dilma Rousseff que viralizaram na web brasileira entre junho de 2014 e agosto de 2016 e investiga os conteúdos mobilizados durante a campanha pública em favor do golpe parlamentar ocorrido no Brasil em 2016. A análise dessas produções, enquanto ferramentas nas disputas políticas que culminaram no golpe, é uma forma de interpretar as dinâmicas contemporâneas da política brasileira e o próprio lugar conferido à figura da mulher e do feminino no espaço público. O acervo coletado revela que a comicidade se constrói, em larga medida, sobre as desigualdades de gênero e, ao não problematizar tal enquadramento subjacente, o reforça. Enquanto estratégia analítica, propomos a classificação dos memes em quatro chaves interpretativas inspiradas na teoria política feminista: (1) despersonalização ou invisibilização; (2) humilhação ou ridicularização; (3) objetificação ou sexualização; e (4) agressão ou violência. Ao identificar os dispositivos que sustentam a comicidade a partir de parâmetros discursivos compartilhados, a pesquisa demonstra como a dimensão generificada do humor político mobilizou estereótipos sexistas e misóginos que não apenas atingiram Dilma Rousseff, mas reforçaram o próprio lugar simbólico das mulheres na política nacional.
其他摘要:This article has as an analytical corpus a set of 69 memes opposed to Dilma Rousseff that viralized in the Brazilian web between the period of June 2014 and August 2016 and investigates the contents mobilized during the public campaign in favor of the parliamentary coup occurred in Brazil in 2016. The analysis of these productions, as tools in the political disputes that culminated in the coup, is a way of interpreting the contemporary dynamics of Brazilian politics and the very place given to the figure of women and the feminine in public space. The collected memes show that comedy is built largely on gender inequalities and by not problematizing such an underlying framework we reinforce it. As an analytical strategy, we propose the classification of memes into four interpretive keys inspired by feminist political theory: (1) Depersonalization or invisibility, (2) Humiliation or ridicule, (3) Objectification or sexualization, and (4) Aggression or violence. By identifying the devices that support comedy from shared discursive parameters, the research demonstrates how the generalized dimension of political humor has mobilized sexist and misogynist stereotypes that have not only struck Dilma Rousseff but have reinforced the very symbolic place of women in national politics.