Language of the elderly in Southeastern Brazil: the prosodic level/A linguagem dos idosos da regiao sudeste do Brasil: o nivel prosodico.
dos Santos, Karoline Pimentel ; Santana, Ana Paula
Language of the elderly in Southeastern Brazil: the prosodic level/A linguagem dos idosos da regiao sudeste do Brasil: o nivel prosodico.
Introducao
Segundo a Organizacao Mundial da Saude [OMS] (2001), o Brasil, em
2025, sera o sexto pais do mundo com o maior numero de idosos. Em 2050,
havera uma media de 15 milhoes de idosos, dos quais 13,5 milhoes
apresentarao idade superior a 80 anos.
Embora tenhamos politicas publicas especificas voltadas para esse
grupo etario, como a Politica Nacional do Idoso, o Estatuto do Idoso
(Lei no. 10.741, 2003) e a Politica Nacional de Saude da Pessoa Idosa
(Portaria no. 2.528, 2006; Lei no. 8.842, 2010), o Brasil ainda se
encontra em um processo de adaptacao para esta nova realidade. Ha,
assim, a necessidade de pesquisas voltadas para a compreensao do
processo de envelhecimento e sua construcao social.
Neste texto, partimos de uma compreensao do envelhecimento como uma
construcao social (Hareven, 1999). Dessa forma, a caracterizacao da
velhice apresenta-se de modo difuso, ja que seu conceito e variavel
segundo cada cultura, podendo ser representada tanto positiva quanto
negativamente.
O envelhecimento pode ser definido conforme a perspectiva
cronologica (por idade) ou psicologica (estado de espirito) (Ramos,
2003). No mundo ocidental, ha uma tendencia a considerar o
envelhecimento a partir da perspectiva cronologica. Paira, contudo,
certa imprecisao metodologica nos trabalhos referentes ao
envelhecimento, em relacao a delimitacao dessa faixa etaria,
prejudicando a comparacao entre seus resultados (Verhaegen &
Poncelet, 2013). E possivel verificar, por exemplo, que alguns trabalhos
incluem sujeitos a partir dos 50 anos na categoria idosos, outros
incluem sujeitos a partir dos 60 anos (Camarano, 2002). De todo modo, em
geral, idosos com idade inferior a 79 anos sao chamadas de 'idosos
jovens' enquanto que idosos com idade superior a 79 anos sao
chamados de 'idosos velhos'. Importa observar, no entanto, que
ambos os fatores, cronologico e psicologico, parecem nao se distinguir
por uma postura metodologica mais ou menos objetiva, mas, antes,
caracterizam-se dentro do ambito sociocultural, por exemplo: podemos
considerar uma pessoa idosa com 39 anos em Serra Leoa, cuja expectativa
de vida da populacao e em torno dos 40 anos? Ou ainda, ser avo aos 45
anos e vivenciar um papel social de idoso, mas essa pessoa seria idosa?
A literatura mais organicista aponta deficits fisiologicos (Fabron,
Sebastiao, & Onofri, 2013) que ocorrem nesse periodo da vida.
Encontramos tambem, na area de neurologia, descricoes pormenorizadas
sobre o cerebro do idoso:
Em sujeitos idosos sadios, a neuroimagem estrutural com TC e RM
mostra reducao do volume total do cerebro, com dilatacao dos sulcos e
sistema ventricular, especialmente dos ventriculos laterais e III
ventriculo (Damasceno, 1999, p. 82).
Ressalta-se, no entanto, que um cerebro com menor volume nao
significa um cerebro com menor capacidade de funcionamento, pois a
relacao entre cerebro e cognicao nao pode ser analisada a despeito das
condicoes de vida em sociedade (Morato, 2002).
Especificamente na area da linguagem, concordamos com Monteiro e
Gamburgo (2007), que alem de serem escassas as investigacoes existentes,
os estudos ja realizados nao refletem as reais habilidades comunicativas
dos idosos. Isto porque a grande maioria desses estudos ou compara o
desempenho linguistico de sujeitos idosos ao de sujeitos nao idosos, ou
compara com o desempenho de sujeitos nao idosos ao de pessoas acometidas
por demencias senis ou lesoes neurologicas em idade idosa.
Neste caminho, Thornton e Light (2006) descrevem uma serie de
dificuldades linguisticas presentes na linguagem dos idosos: dificuldade
de reconhecimento de palavra; pior desempenho de interpretacao de
sentencas nao predicativas; dificuldade de manutencao da informacao,
processamento sintatico afetado pela dificuldade na memoria de trabalho;
fenomeno de ponta-da-lingua; dificuldade de identificar figuras de baixa
frequencia; expressao pior que a compreensao; diferencas entre o
processamento semantico e o fonologico, dificuldades com inferencias e
pressupostos e disfluencia. Os autores ainda ressaltam que ha uma lacuna
na producao de trabalhos sobre a linguagem dos idosos e sobre as
mudancas que tanto os aspectos estruturais quanto discursivos vao
sofrendo ao longo da vida de um individuo ou de uma faixa etaria.
Ha poucos trabalhos que se dedicam a descrever e a explicar as
mudancas na fala dos idosos. Ressaltase que essas mudancas ocorrem,
principalmente, quando o papel social do idoso se altera. Com a perda do
status social em um determinado momento da vida, caracteristicas da
linguagem passam a ser consideradas como 'sintomas' de uma
patologia: "[...] nao fala mais coisa com coisa, fulano repete
sempre a mesma coisa, coisa de velho, fulano so fala do passado
etc." (Novaes-Pinto, 2008, p. 14).
Sobre esse aspecto, Marcuschi (1991) chama a atencao para a chamada
'conversa de velhos', descrita como sendo uma conversa
comprida, sem fio, arrastada, pausada, o que so revela uma atitude
preconceituosa com relacao a linguagem do idoso. Preti (1991) ja afirma
que caracteristicas como pausas, repeticoes, abandono de segmentos,
desorganizacao sintatica, sobreposicoes de vozes, disfluencia, assaltos
e entregas de turno, dentre outras, fazem parte de um quadro
absolutamente normal, dentro do qual a linguagem dos idosos apresenta
marcas especificas que podem ser vislumbradas nos campos prosodico,
sintatico, lexico e, sobretudo, discursivo ou conversacional. A
instabilidade seria um fenomeno absolutamente normal na linguagem oral,
nos falantes de qualquer faixa etaria. O autor chama a atencao para as
alteracoes qualitativas na fluencia dos falantes idosos, que tendem a
preferir repeticoes a parafrases diante da necessidade de enfase ou
falhas de memoria, comuns ao processo sincronico de elaboracao e
producao de enunciado.
Ve-se aqui a carencia de trabalhos mais especificos sobre o tema. E
interessante, portanto, analisarmos a prosodia no processo de
envelhecimento. A prosodia (1) destaca-se como um dos elementos
caracterizadores da fala do idoso, mais especificamente no que se refere
aos aspectos suprassegmentais, como o tempo, que compoe a dinamica da
fala e indica a velocidade da sua producao.
De acordo com Gomes et al. (2013), a diminuicao da velocidade de
desempenho e uma das caracteristicas proprias do processo de
envelhecimento, sendo que, no que se refere a fala, a deterioracao da
qualidade da producao vocal tende a ser socialmente estereotipada,
repercutindo de maneira negativa na atividade comunicativa do sujeito
idoso.
Menezes e Vicente (2007) afirmam que a velocidade de fala torna-se
vulneravel ao envelhecimento na medida em que passa a ser o resultado de
uma reducao da capacidade pulmonar dos sujeitos idosos. A capacidade
pulmonar, segundo as autoras, pode ser reduzida em ate 40% da fase
adulta a idosa, especificamente dos 20 aos 80 anos. Como a respiracao e
um dos componentes que contribuem para a oralidade, segundo as autoras,
a diminuicao da capacidade pulmonar acaba por influenciar diretamente na
producao da fala.
Em um estudo sobre o desenvolvimento da fluencia verbal, Martins e
Andrade (2008) constataram que a velocidade de fala pode revelar tanto
estados patologicos quanto sinais de degeneracao normais. Segundo as
autoras, a velocidade de fala mantem-se progressiva ate a adolescencia,
estabilizando-se na fase adulta e regredindo na idade idosa. Assim, a
partir dos 60 anos, a velocidade tende a diminuir progressivamente, de
maneira que, a partir dos 80 anos, a velocidade de fala de idosos
iguala-se a de criancas e de adolescentes (2), denunciando de forma mais
clara o processo de degeneracao linguistica.
Segundo Andrade e Martins (2010), os idosos normais, com mais de 80
anos, apresentam mais pausas e hesitacoes que adultos e, portanto, uma
menor produtividade articulatoria. As autoras acreditam que a possivel
instabilidade motora, caracteristica da idade idosa, como se refere a
literatura da area, possa ser responsavel pela reducao da velocidade de
fala desses sujeitos. Ja Mefferd e Corder (2014) interpretam a reducao
da velocidade de fala entre idosos como uma estrategia de compensacao
para o decrescimo do controle articulatorio, cujo trato para execucao da
fala e bastante preciso.
Para Bollela (2006), a velocidade de fala pode assumir uma funcao
estrategica dialogica, pragmatica e fonetica. Na situacao de interacao
verbal, o aumento da velocidade indica enfase no conteudo e garantia de
manutencao do turno. Do ponto de vista pragmatico, a desaceleracao
salienta a importancia do que se diz e a aceleracao, ao contrario, como
observa Cagliari (1992), anuncia o momento futuro em que o enunciador
enfatizara a informacao que considera importante. Do ponto de vista
fonetico, a aceleracao indica o inicio do enunciado, ao passo que a
desaceleracao marca o fim do enunciado. No entanto, vale mencionar,
acredita-se aqui que 'fonetico' nao seja o termo mais
apropriado neste caso, pois marcar inicio e fim de conversacao parece
ser mais uma estrategia do tipo discursivo necessaria na interacao
verbal, assim como as outras marcas de descontinuidades da fluencia
verbal, alem dos gestos e das expressoes faciais. Considera-se, assim,
que os aspectos discursivos e pragmaticos fazem parte diretamente da
significacao, ja que contribuem, a partir das condicoes de producao do
enunciado, para a construcao do sentido.
Do ponto de vista da interlocucao, Lessa e Costa (2013) afirmam que
o reconhecimento de sentencas na senescencia e impactado pela velocidade
de fala. Segundo os autores, idosos normais apresentam melhor desempenho
em relacao a interpretacao da fala do outro, quando a producao de
sentencas e lentificada. Os autores observam ainda que a qualidade
sonora do ambiente durante a producao verbal tambem contribui para este
resultado, de maneira que sentencas lentificadas em ambientes
silenciosos sao mais bem compreendidas do que sentencas pronunciadas em
velocidade regular de fala.
De modo geral, a maioria dos trabalhos apresentados anteriormente
apresenta uma visao mais organica das questoes prosodicas relacionadas a
linguagem do idoso, que esta sempre em deterioracao: diminuicao da
capacidade pulmonar, diminuicao da velocidade de fala, instabilidade
motora, dentre outros. Ao que parece, nao se consideram os aspectos
socioculturais quando a fala e analisada. Afinal, sera que a fala de
idosos apresenta-se como um bloco homogeneo? Sera que a velocidade de
fala se modificaria entre falantes que compoem grupos linguisticos
diferentes? Alem das questoes organicas ja apontadas na literatura,
haveria algum vinculo entre os aspectos socioculturais e a velocidade de
fala em idosos?
Para discutirmos essa questao, tomaremos como posto de observacao
uma analise sociolinguistica de variacao prosodica nos idosos. Assim,
este estudo tem como objetivo analisar a velocidade de fala entre
falantes idosos da regiao Sudeste do Brasil.
Metodologia
Foram analisados discursos semiespontaneos de 32 sujeitos, 16
idosos, de 50 a 65 anos, e 16 jovens (3), de 18 a 30 anos, extraidos do
banco de dados do ALIB (Atlas Linguistico do Brasil) (4). Os sujeitos da
pesquisa foram divididos em sexo (M e F), escolaridade (ensino
fundamental e ensino superior) e capital (Sao Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte e Vitoria). Os participantes selecionados sao nascidos e
residentes nas capitais da regiao Sudeste,--nativos e filhos de nativos,
de maneira a garantir a representacao da identidade linguistica local.
Nenhum participante apresentou queixa de dano neurologico ou aparentou
dano articulatorio no momento da coleta de dados.
Os discursos analisados foram selecionados do questionario tematico
do ALIB, 'temas para discursos semidirigidos', 'relato
pessoal', nas tipologias narrativa ('Me conta um acontecimento
marcante da sua vida (casamento, namoro ...)'; 'Me conta um
caso que aconteceu com um amigo ou parente seu, o que voce ouviu falar e
que te chamou a atencao')--e descritiva ('Qual e/era a rotina
do seu trabalho?'). Um turno completo sem interrupcoes e sem
interferencia direta do interlocutor foi selecionado dentre esses tres
discursos semidirigidos, de maneira que inicios e fins do turno, que
apresentam velocidade distinta do desenvolvimento tematico discursivo,
fossem considerados entre todos os participantes.
Para a analise da velocidade de fala dos sujeitos, foi utilizado o
programa Transcriber--disponivel gratuitamente na internet--que permite
a transcricao, analise acustica e medicao temporal do traco selecionado.
A transcricao foi duplamente conferida de maneira a garantir a lealdade
do material transcrito. Considerou-se a producao de palavras--numero de
palavras do discurso por milissegundos. Descontinuidades de fala, como
hesitacao e pausa, nao foram desconsiderados, palavras truncadas e
marcadores conversacionais foram considerados palavras (5).
Resultados e discussao
O resultado das analises de fala demonstrou haver variacao de
velocidade entre os idosos, segundo as variaveis estudadas. A analise
por 'capital', conforme mostra a Figura 1, indicou que, dentre
os sujeitos idosos da regiao Sudeste, os idosos provenientes de Belo
Horizonte sao os que apresentaram uma maior velocidade de fala (com
media de 401.873 ms [palavra.sub.-1]) seguidos por paulistanos (441.154
ms [palavra.sub.-1) e capixabas (466.510 ms [palavra.sub.-1). Idosos do
Rio de Janeiro apresentaram desempenho mais lento da regiao Sudeste,
fazendo uso de, em media, 158.433 ms a mais que mineiros para a producao
de uma palavra. Vejamos abaixo com mais detalhes essa questao.
O tamanho dos turnos diferiu entre os participantes, em
conformidade com o encontrado na literatura sociointeracional, que se
assume que cada falante, sob a perspectiva da fluencia oral, apresenta
um perfil linguistico, constituido na e/ou por meio da sua historia
social (Fillmore, 1979). Segundo Day (1979), a velocidade de fala e a
extensao do enunciado refletem um perfil constituido socioculturalmente.
Para Day (1979), por exemplo, a resposta a uma mesma pergunta
("[...] quantas pessoas trabalham para voce?") pode variar
radicalmente entre os falantes: um locutor de Jockey tende a apresentar
um enunciado longo e explicativo, ao passo que um nativo de Maine
(nordeste dos EUA) tende a ter uma resposta consideravelmente mais
curta.
Schwab e Avanzi (2015) completam, afirmando que o estilo ou jeito
da fala, alem das variaveis tradicionais como regionalidade, idade e
sexo, tambem pode contribuir para a caracterizacao de uma taxa de
articulacao na fala. Assim, no presente estudo, falantes da mesma regiao
apresentaram extensoes de enunciados diferentes, como mostra o exemplo a
seguir, sem que isto, no entanto, tenha interferido no resultado,
calculado pelo numero de segundos por producao de palavras.
Em relacao a escolaridade, foi possivel verificar, conforme mostra
a Figura 2, que idosos mais escolarizados apresentaram menor velocidade
de fala que idosos menos escolarizados. A diferenca entre as medias de
producao foi de 56.144 ms por producao de palavra entre os idosos. A
variavel 'sexo', por sua vez, foi a que apresentou menor
diferenca de desempenho entre os sujeitos. Idosos do sexo masculino
exibiram maior velocidade de fala que idosos do sexo feminino, conforme
mostra a Figura 3.
A analise prosodica dos 16 falantes idosos permitiu delinear um
perfil de velocidade de fala de idosos na regiao Sudeste, com uma media
de desempenho de 467.461 ms por producao de palavra.
Conclusao
O envelhecer nao pode ser discutido como se fosse um processo
homogeneo, isoladamente organico, e independente dos aspectos sociais e
culturais, como os tracos de fala local, a competencia discursiva, o
nivel de escolaridade e as questoes relativas a enunciacao como um todo.
Nesse sentido, a linguagem, que se da no e pelo meio social, reflete as
identidades e as caracteristicas linguisticas especificas dos sujeitos
dessa faixa etaria.
Assim, vemos que a fala do idoso tambem apresenta heterogeneidade
com relacao a velocidade de fala, demostrando variacao de desempenho em
relacao a esse aspecto prosodico. Dessa maneira, acredita-se que fatores
socioculturais possam contribuir para a regulacao da velocidade de fala
desses sujeitos. Esta hipotese e reforcada pela comparacao da velocidade
da fala entre idosos mais e menos escolarizados, ja que os idosos com
escolaridade superior apresentaram uma significativa reducao na
velocidade da fala em comparacao com os idosos de baixa escolaridade. De
acordo com os achados na literatura sobre o efeito da escolaridade na
expansao da reserva cognitiva, o sujeito idoso mais escolarizado, seja
em contexto patologico, seja em contexto de degeneracao normal, mantem
suas caracteristicas linguisticas mais preservadas do que os sujeitos
menos escolarizados (Manly et al., 1999; Ceci, Rosenblum & Debruyn,
1999; Siedlecki et al., 2009; Stern, 2002). Nesse sentido, considerando
os resultados deste estudo, seria um contrassenso assumir que os efeitos
de degeneracao, isoladamente, explicassem o diferente desempenho entre
os idosos mais e menos escolarizados desta pesquisa, principalmente se
se atentar para a diferenca entre os anos de escolaridade--ensino
fundamental (4 anos) e superior (12 anos). Estes resultados sugerem que
a reducao da velocidade de fala no envelhecimento deve ser observada com
cautela, visto que ela pode ser tambem efeito de uma estrategia
discursiva. Assim, pode-se hipotetizar que a alteracao temporal nao seja
(tao somente) o resultado de uma degeneracao neurocognitiva ou motora,
mas antes possa ser tambem a expressao relacional entre as faces do
locutor (idoso) e do interlocutor (jovem ou idoso) no processo
enunciativo de negociacao de sentidos, perpassada pelos aspectos
socioculturais.
Por fim, conclui-se, com esta pesquisa, que a questao prosodica,
especificamente relacionada a velocidade, nao se mostra definida nos
idosos, sofrendo variacoes socioculturais. Logo, os fatores sociais tem
intrinseca relacao com os organicos. Vese tambem que, embora este ainda
seja um tema com poucas producoes cientificas, o seu estudo pode
contribuir para o entendimento da linguagem no envelhecimento, para alem
de uma questao apenas organica. Ressaltamos ainda a importancia da
continuidade da pesquisa em outras regioes do pais, assim como entre
paises, para que se possa entender melhor a relacao entre envelhecimento
organico e aspectos socioculturais.
Doi: 10.4025/actascilangcult.v38i4.27687
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Received on May 6, 2015.
Accepted on July 27, 2015.
Karoline Pimentel dos Santos e Ana Paula Santana *
Centro de Ciencias da Saude, Universidade Federal de Santa
Catarina, Campus Reitor Joao David Ferrreira Lima, 88040-970,
Florianopolis, Santa Catarina, Brasil. * Autor para correspondencia.
E-mail: anaposantana@hotmail.com
(1) De acordo com Bollela (2006), o termo prosodia era utilizado
pelos gregos em referencia a tracos de fala nao representados
ortograficamente--aos poucos, no entanto, alguns deles foram
introduzidos por meio de sinais, como o acento, por exemplo. Apesar da
possibilidade da representacao ortografica de alguns desses tracos, a
autora observa que atualmente o termo refere-se a todos os fenomenos
fonicos suprassegmentais, como velocidade, duracao, tom, altura,
intensidade e ritmo, ou seja, acima da representacao segmental dos
fonemas.
(2) Segundos as autoras, e na idade infantil e adolescente que se
da a maturacao do sistema neurolinguistico para a fluencia, ao passo
que, na idade adulta, a fluencia (e as rupturas que a constituem)
comecam a se estabilizar.
(3) Apesar de o objetivo primordial deste artigo ser a comparacao
da velocidade de fala entre idosos, decidiu-se por analisar a velocidade
de sujeitos jovens do mesmo perfil, apenas para verificar se os achados
na literatura se confirmam nesta pesquisa.
(4) Para maiores informacoes, acessar o site do projeto em:
http://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/Alib/WebHome
(5) Parte-se do pressuposto de que as descontinuidades de fala sao
constituintes da fluencia verbal (Koch & Silva, 2002), de maneira
que desconsiderar essas marcas de planejamento on-line significaria
comparar a linguagem oral com a linguagem escrita, cuja natureza e outra
(Marcuschi, 1997). Assim, optou-se por considerar essas marcas na
analise do discurso da velocidade de fala.
Figura 1. Desempenho por idade e capital.
SP 441.154
RJ 560.306
VT 466.510
BH 401.873
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Note: Table made from bar graph.
Figura 2. Desempenho por escolaridade.
Ensino Fundamental 434.636 (ms [palavra.sup.-1])
Ensino Superior 490.780 (ms [palavra.sup.-1])
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Note: Table made from bar graph.
Figura 3. Desempenho por sexo.
Femmino 470.787 (ms [palavra.sup.-1])
Masculino 454.628 (ms [palavra.sup.-1])
Fonte: Elaborada pelas autoras.
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