The development of micro and small technology-based companies: The case of the Technological Incubator of Guarulhos (TIG)/ O desenvolvimento de micro e pequenas empresas: o caso da Incubadora Tecnologica de Guarulhos.
Gomes, Maurici Dias ; Marcondes, Reynaldo Cavalheiro
The development of micro and small technology-based companies: The case of the Technological Incubator of Guarulhos (TIG)/ O desenvolvimento de micro e pequenas empresas: o caso da Incubadora Tecnologica de Guarulhos.
Introducao
O presente artigo trata do desenvolvimento de micro e pequenas
empresas (MPEs) beneficiarias de um programa de apoio a gestao
implantado no ambiente de uma incubadora de empresas de base
tecnologica.
De acordo com Gassman e Becker (2006), apesar de as incubadoras de
empresas terem experimentado um fenomeno recente de crescente relevancia
empirica, pouca pesquisa tem sido feita nessa area, com limitacoes de
estudos no processo de incubacao e nos recursos fornecidos pelas
incubadoras.
No inicio dos anos 1950, na conhecida regiao do Vale do Silicio, na
California, a Universidade de Stanford criou uma incubadora de empresas
com a finalidade de apoiar alunos recem-graduados no desenvolvimento de
projetos de base tecnologica, bem como para neles promover o
desenvolvimento do espirito empreendedor (Damiao et al., 2013).
O modelo atraiu o capital de risco e o seu sucesso fez com que, a
partir dos anos 1960, tenha se difundido para alem da California.
Posteriormente, atingiu a Europa e a Asia. Em meados dos anos 1980, o
Brasil tambem adotou esse modelo para apoiar o desenvolvimento de micro
e pequenas empresas em ambientes locais (ANPROTEC, 2014). Desde entao,
as incubadoras de empresas tem desempenhado um papel relevante no
universo das MPEs e promovido o estimulo, a criacao e o desenvolvimento
de projetos inovadores (INCUBADORA, 2014).
Segundo a Associacao Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores--ANPROTEC (2014), uma das razoes para isso
reside no fato de essas empresas obterem resultados significativos por
meio do suporte recebido pela incubadora durante o periodo de incubacao
e posterior amadurecimento necessario para enfrentar a competicao no
mercado. O suporte recebido da incubadora geralmente se traduz em apoios
especificos para desenvolver os recursos e as capacidades das empresas,
por forca de estarem inseridas em um ambiente voltado para a promocao da
inovacao e o desenvolvimento de produtos e servicos diferenciados.
As incubadoras de empresas oferecem suporte tecnico, gerencial e a
formacao complementar do empreendedor para facilitar e agilizar o
processo de inovacao tecnologica nas micro e pequenas empresas
(INCUBADORA, 2014).
Para Raupp e Beuren (2009), as incubadoras, desde que foram
constituidas, passaram a representar um importante subsidio no
desenvolvimento das MPEs e a oferecer a empresa incubada o auxilio
necessario ao seu crescimento e desenvolvimento nos primeiros anos de
existencia. De acordo com um estudo feito em 2011 pela ANPROTEC em
parceria com o Ministerio de Ciencia, Tecnologia e Inovacao (MCTI), o
Brasil contava com 384 incubadoras em operacao, que abrigavam 2.640
empresas e geravam 16.394 postos de trabalho. Essas incubadoras tinham
graduado 2.509 empreendimentos, que faturavam R$ 4,1 bilhoes e
empregavam 29.205 pessoas. O mesmo estudo revelou outro dado importante:
98% das empresas incubadas inovavam, 28% com foco no ambito local, 55%
no nacional e 15% no mundial (ANPROTEC, 2014).
A Incubadora Tecnologica de Guarulhos (ITG) foi criada em 2005 por
intermedio da Agencia de Desenvolvimento e Inovacao de Guarulhos
(AGENDE), da Prefeitura Municipal de Guarulhos (PREFEITURA, 2014).
Guarulhos e a oitava cidade mais rica do Brasil, com uma producao que
representa mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e ocupa a segunda
posicao entre os municipios paulistas.
Conforme Damiao et al. (2013), a ITG desenvolveu um programa
estruturante denominado Pronto para Viver (PPV), com foco na gestao do
processo de incubacao das empresas participantes. O objetivo do programa
e ajudar as empresas incubadas a desenvolverem de maneira mais eficaz os
seus recursos e as suas capacidades, obterem melhor desempenho de seus
negocios, com a consequente criacao de valor para os seus clientes.
Nesse sentido, Raupp e Beuren (2009) ressaltam a necessidade de as
incubadoras oferecerem programas que possam amenizar as dificuldades
encontradas pelas empresas durante o processo de incubacao e que
favorecam o desenvolvimento das caracteristicas empreendedoras.
Com base nas colocacoes acima, a pesquisa que fundamenta este
artigo questionou a relevancia desse tipo de apoio para o efetivo
desenvolvimento inicial dessas empresas incubadas, particularmente na
ITG.
Para isso, adotou-se a abordagem da Visao Baseada em Recursos
(VBR), que e a mais proficua e destacada dentro da Administracao
Estrategica (Nothnagel, 2008, Kretzer & Menezes, 2006) e que foca os
recursos e as capacidades como fontes de criacao de valor capazes de
gerar vantagem competitiva para as empresas.
Gassman e Becker (2006) sustentam que a VBR pode oferecer um modelo
explicativo de como incubadoras de empresas funcionam como unidades
corporativas especializadas que desenvolvem novos negocios.
Segundo Barney (1991), um dos autores destacados da VBR, a
combinacao de recursos e capacidades especificos de uma determinada
empresa pode proporcionar a criacao de valor superior para os clientes
por meio dos seus produtos. Para esse autor, a vantagem competitiva e
obtida quando os recursos e as capacidades forem heterogeneos e de
dificil imitacao.
Para responder ao questionamento apresentado anteriormente foi
definido como objetivo, identificar a efetiva contribuicao da referida
incubadora para a complementacao e formacao dos recursos e capacidades
para as empresas incubadas enfrentarem os concorrentes nos mercados dos
seus produtos, do ponto de vista dos empresarios gestores. Como
objetivos especificos buscou-se: a) entender como ocorre a geracao de
valor para os clientes das empresas incubadas; e b) identificar que
recursos e capacidades desenvolvidos tem sido estrategicos para essa
geracao de valor, decorrentes do apoio da ITG.
As proximas secoes deste artigo apresentam considerares sucintas
sobre a atuacao das incubadoras, em particular sobre aquela na qual o
estudo foi feito, o referencial teorico com os conceitos sobre a VBR que
fundamentaram o estudo, as justificativas e o detalhamento dos
procedimentos metodologicos de um estudo exploratorio e descritivo, a
opcao pelo metodo qualitativo, as analises e interpretares com o
material obtido no campo e as considerares finais, com possiveis
respostas ao questionamento que norteou o estudo e com os aprendizados
obtidos.
Espera-se com este trabalho mostrar as contribuees de uma
incubadora, no caso a ITG, para o desenvolvimento de micro e pequenas
empresas de base tecnologica, com fundamentacao na VBR, a partir da
criacao de valor para os seus produtos e servicos, tendo em vista
entender que recursos e capacidades se tornaram estrategicos nesse
processo.
Incubadoras de empresas
De acordo com o SEBRAE (2013), as incubadoras de empresas maximizam
o uso dos recursos humanos, financeiros e materiais de que dispoem os
micro e pequenos empresarios. Essa acao aumenta a sobrevivencia das
empresas. No Brasil, estimativas apontam que a taxa de mortalidade das
micro e pequenas empresas que passam pelas incubadoras fica reduzida a
20%, um nivel comparavel aos europeus e americanos. Ja para as nascidas
fora do ambiente de incubadora, a instituicao aponta uma taxa de
mortalidade de 80% antes de completarem o primeiro ano de funcionamento.
Para Somsuk, Wonglimpiyarat e Laosirihongthong (2012), as
incubadoras de empresas de tecnologia sao vistas como um mecanismo que
pode criar ambientes de apoio empresarial de base tecnologica para
start-ups, ajuda-las a aumentar as suas taxas de sobrevivencia.
Storopoli, Binder e Maccari (2013) consideram que as incubadoras
promovem a aceleracao do desenvolvimento de empresas empreendedoras e
auxiliam em sua sobrevivencia e crescimento.
Nessa linha, o estudo de Souza, Sousa e Bonilha (2008) destaca que
os beneficios gerados pelas novas empresas que surgem das incubadoras
sao inumeros, dentre eles a aplicacao de tecnologias desenvolvidas em
centros de ensino e pesquisas no setor produtivo; a criacao de postos de
trabalho; a inclusao de grupos minoritarios ou em condicoes economicas
desfavoraveis; o desenvolvimento de cadeias produtivas; e a difusao de
produtos, processos e servicos, muitas vezes inovadores, melhores, mais
eficientes e mais baratos. Segundo os autores, ao prestar esses servicos
as incubadoras canalizam recursos para novos projetos em universidades.
Existem diversos tipos de incubadoras: as de base tecnologica
(abrigam empreendimentos que usam tecnologia); as tradicionais (dao
suporte a empresas de setores tradicionais da economia); as mistas
(aceitam tanto empreendimentos de base tecnologica quanto de setores
tradicionais) e as sociais (que tem como publico-alvo as cooperativas e
associacoes populares).
No caso das empresas de base tecnologica, os empreendedores tambem
contam com a oportunidade de acesso a universidades e instituees de
pesquisa e desenvolvimento, com as quais muitas incubadoras mantem
vinculo. Isso ajuda a reduzir custos e riscos do processo de inovacao,
pois permite o acesso a laboratorios e equipamentos que exigiriam
investimento elevado.
Segundo a ANPROTEC (2014), a empresa, para ingressar em uma
incubadora, precisa passar por um processo seletivo. As regras de
selecao variam de acordo com cada incubadora, porem o prerrequisito mais
importante e a inovacao. A empresa pode ser incubada residente (quando
ocupa um espaco dentro do predio da incubadora) ou incubada nao
residente (caso em que tem sua propria sede, mas recebe suporte da
incubadora).
O tempo medio de incubacao de uma empresa e de tres anos. Todavia,
esse prazo varia de acordo com as caracteristicas do empreendimento.
Empresas da area de tecnologia da informacao e comunicacao tendem a
ficar menos tempo incubadas, ja que trabalham com tecnologias que tem um
ciclo de desenvolvimento mais curto, diferentemente dos empreendimentos
de biotecnologia, por exemplo. O importante e que, ao se graduar, o
empreendimento esteja preparado para o mercado. Durante o processo de
incubacao, as incubadoras fazem acompanhamentos periodicos para avaliar
o nivel de desenvolvimento das empresas (ANPROTEC, 2014).
Referencial teorico
Para fundamentar o desenvolvimento deste artigo com base na VBR,
dividiu-se o referencial teorico em duas secoes. Na primeira estao
apresentados os conceitos de vantagem competitiva e criacao de valor e
na segunda, os conceitos de recursos e capacidades.
Vantagem competitiva e criacao de valor
Kretzer e Menezes (2006) argumentam que a vantagem competitiva
sustentavel baseia-se na natureza complexa e tacita dos mecanismos de
protecao da empresa. Para os autores, as fontes de vantagem competitiva
sustentavel vao alem dos niveis diferenciais de eficiencia dos recursos
quanto a produzir de forma mais economica e da eficacia desses em
relacao a melhor satisfazer as necessidades dos consumidores. Assim, as
fontes de vantagem competitiva sustentavel relacionam-se fortemente com
os atributos unicos e dificeis de serem reproduzidos ou imitados pelos
rivais.
Para Peteraf e Barney (2003), o valor criado por uma empresa ao
fornecer determinado bem ou servico e a diferenca entre os beneficios
percebidos pelo comprador, refletidos no preco que ele esta disposto a
pagar, e o custo da empresa para produzir esse mesmo bem ou servico.
Esse valor pode ser aumentado com o oferecimento de maiores beneficios
para os compradores ou a minimizacao dos custos para produzi-los, ou
ambos. Para os autores, uma empresa tem uma vantagem competitiva se ela
for capaz de criar mais valor economico do que o concorrente em seu
mercado de produtos.
Nesse sentido, Barney e Jay (2011) defendem a tese de que o valor
economico e a diferenca entre os beneficios percebidos obtidos por um
cliente que compra produtos ou servicos de uma empresa e o custo
economico total desses produtos ou servicos. Assim, o tamanho da
vantagem competitiva de uma empresa e a diferenca entre o valor
economico que ela consegue criar e aquele de suas rivais.
De acordo com Barney e Clark (2007), a vantagem competitiva e
expressa em termos da capacidade da empresa para criar relativamente
mais valor economico do que seus rivais e produzir maiores beneficios
liquidos, por meio da diferenciacao superior e/ou reducao dos custos.
Esses autores sustentam que na logica baseada em recursos a empresa tem
uma vantagem competitiva sustentavel quando os concorrentes sao
incapazes de duplicar os beneficios dessa estrategia.
Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), o valor e medido pelas
caracteristicas de desempenho de um produto e pelos atributos pelos
quais os clientes estao dispostos apagar. As empresas tem de oferecer
valor aos clientes que seja superior ao valor oferecido pelos
concorrentes para criar vantagem competitiva.
Zubac, Hubbard e Johnson (2010) propoem que o valor normalmente e
percebido a partir de uma perspectiva do cliente. Esses autores afirmam
que os clientes irao efetivar a compra quando sua proposta de valor e
afetada por um preco melhor ou um melhor desempenho para um
produto/servico ou um substituto adequado se tornar disponivel.
No trato da relacao entre valor e comportamento do consumidor,
Bowman e Ambrosini (2000) abordam o conceito da teoria da utilidade,
segundo o qual os consumidores gastam seus rendimentos de modo a
maximizar a satisfacao que recebem dos produtos adquiridos. Os autores
afirmam tambem que as decisoes sobre a aquisicao de insumos em um
processo de producao sao baseadas em crencas sobre a utilidade do
recurso no processo de criacao de valor, a captura de valor e
determinada por uma avaliacao subjetiva da relacao entre o poder de
barganha do comprador e do vendedor. Sugerem ainda uma analise acerca
das distincoes entre valor de uso e valor de troca, usadas pelos
economistas classicos. Em outras palavras, o valor de uso e o percebido
pelo cliente, ao passo que o valor de troca refere-se ao preco cobrado.
Para Barney e Clark (2007), o valor e expresso, de um lado, em
termos da diferenca entre os beneficios percebidos, ou seja, o que os
clientes estao dispostos a pagar, e, de outro, os custos economicos.
Refere-se, portanto, ao conceito economico de excedente total, que e
igual a soma das rendas economicas e dos clientes ou excedente do
consumidor.
Recursos e capacidades
Os recursos e as capacidades, do ponto de vista da VBR, sao os
fundamentos basicos para a empresa obter vantagem competitiva, por meio
da criacao de valor economico aos seus produtos e servicos (Barney,
1991, Barney & Jay, 2011, Bowman & Ambrosini, 2000, Peteraf
& Barney, 2003).
As origens da VBR remontam a Penrose (1959), que defende ser uma
empresa mais do que uma unidade administrativa, constituida por um
conjunto de recursos produtivos disponiveis para diversos usos tendo em
vista um longo periodo de tempo. Segundo essa autora, os recursos de uma
empresa influenciam o seu crescimento e esse e limitado quando seus
recursos sao inadequados ou insuficientes.
Wernerfelt (1984) foi um dos primeiros autores a relacionar os
recursos da empresa a vantagem competitiva, e a ele creditada a criacao
do termo "visao baseada em recursos". De acordo com esse
autor, as empresas sao um conjunto de recursos produtivos definidos como
"qualquer coisa" considerada como sua fortaleza ou fraqueza.
Defende ele a tese de que a heterogeneidade entre as empresas esta
baseada em seus recursos, que sao fatores importantes capazes de
desequilibrar a competicao.
O pressuposto da heterogeneidade refletiu no trabalho de Rumelt
(1984), para quem, mesmo que empresas comecem homogeneas, os mecanismos
de isolamento impoem caracteristicas diferenciadas nos recursos,
incapazes de serem imitados.
Esses autores influenciaram no delineamento de duas das mais
importantes bases da VBR: a heterogeneidade e a mobilidade imperfeita de
recursos entre as organizacoes (Barney, 1991; Peteraf, 1993).
Para Kretzer e Menezes (2006), o objetivo principal da VBR e
explicar a criacao, a manutencao e a renovacao da vantagem competitiva
no que se refere aos recursos internos da empresa. Para os autores, sua
contribuicao basica reside na analise minuciosa das condicoes sob as
quais os recursos geram retornos, ou seja, heterogeneidade, imobilidade
e dificuldade de imitacao dos ativos estrategicos geradores de retornos
para a empresa. Acrescentam esses autores que essa abordagem e uma
perspectiva que considera as competencias, as capacidades (capabilities)
e as habilidades como a base de conhecimento produtivo e organizacional
e, por sua vez, a fonte mais importante da vantagem competitiva, da
heterogeneidade e do retorno (lucratividade) das empresas, em longo
prazo ou de vida longa.
Na visao de Barney e Arikan (2001), a VBR e uma explicacao de
diferencas de desempenho entre as empresas, eles presumem que as
empresas de alto desempenho sao feitas de feixes de recursos que
permitem obter a vantagem no mercado.
Barney e Jay (2011) argumentam que os recursos sao os ativos
tangiveis e intangiveis que uma empresa usa para criar e implementar
suas estrategias, enquanto que capacidades sao um subgrupo de recursos
que permitem que uma empresa obtenha vantagem de seus outros recursos.
Os autores sustentam que a heterogeneidade dos recursos ocorre quando
determinadas empresas usam suas capacidades de modo mais eficiente e
eficaz do que outras, conferem a essas a possibilidade de um desempenho
superior, independentemente do setor de atuacao.
Ja para Grant (1991), os recursos sao as entradas para o processo
de producao. Esses sao a unidade basica de analise, exemplificados como
os bens de capital, as habilidades dos funcionarios, as patentes e a
marca, as capacidades sao identificadas pelo uso do conjunto dos
recursos para a execucao de uma tarefa ou atividade.
De acordo com Helfat e Peteraf (2003), as capacidades correspondem
as habilidades da empresa em coordenar tarefas com o uso de recursos com
o proposito de obter um resultado final especifico. As capacidades podem
ser classificadas em operacionais e dinamicas. As primeiras geralmente
envolvem a execucao de uma atividade, como a manufatura, que usa um
conjunto de rotinas para coordenar as tarefas necessarias para a
execucao da atividade. De outro lado, as capacidades dinamicas
constroem, integram ou reconfiguram as capacidades operacionais e os
recursos no nivel da empresa.
Helfat et al. (2007) propoem que a base de recursos inclui os
tangiveis, intangiveis e ativos humanos (ou recursos), bem como as
capacidades que a organizacao tem, controla ou tem acesso a uma base
preferencial.
Para analisar os recursos e as capacidades no ambito interno da
empresa, capazes de gerar vantagem competitiva, Barney e Clark (2007)
apresentam um modelo referido como VRIO (valioso, raro, inimitavel,
organizado). Tal modelo e constituido de quatro atributos que buscam
avaliar as condicoes de um recurso ou capacidade ser considerado
estrategico para a obtencao da vantagem competitiva sustentavel,
conforme descritos a seguir:
a) devem ser valiosos, ou seja, quando os recursos permitem a
empresa explorar oportunidades ou neutralizar ameacas externas por meio
da oferta de produtos com valor superior ao dos concorrentes. Usar
recursos valiosos tem como efeito o aumento das receitas liquidas ou
areducao dos custos liquidos da empresa (Barney & Jay, 2011).
b) devem ser raros, restritos a uma ou a um numero limitado de
empresas concorrentes. Portanto, ainda que valioso, o recurso nao pode
ser comum a maioria das empresas concorrentes. Caso contrario, nao
contribuira para a geracao da vantagem competitiva.
c) deve ser inimitavel ou imperfeitamente imitavel, na medida em
que as empresas que nao possuam determinado recurso se deparem com uma
desvantagem de custo para obte-lo ou para desenvolve-lo (Barney, 1991).
d) deve estar organizado para poder manter produtivo por um tempo
mais longo o recurso, apoiado pela estrutura formal da empresa, pelo
sistema gerencial que o controla e pela sua politica de remuneracao.
Assim, para um recurso ou capacidade ser considerado como
estrategico para a obtencao da vantagem competitiva sustentavel, tera de
atender a todos esses atributos. Caso atenda apenas aos criterios de
valor e de raridade, a vantagem nao e sustentavel e a empresa enfrenta a
paridade competitiva (Barney & Clark, 2007).
Procedimentos metodologicos
Tipo e metodo da pesquisa
Foi adotada a pesquisa do tipo exploratoria, pela ainda pouca
disponibilidade de estudos no tema, conforme destacado no inicio deste
artigo, e descritiva, pela unidade de analise tratar da caracterizacao
de recursos, capacidades, valor e vantagem competitiva, descritos por
gestores das empresas (Collis & Hussey, 2005).
Adotou-se o metodo qualitativo porque, de acordo com Flick (2004),
quando os fenomenos sao estudados em sua complexidade e totalidade, em
um contexto especifico, e quando os campos de estudo nao sao situacoes
artificiais em laboratorio, mas sim praticas na vida cotidiana, a
pesquisa qualitativa se apresenta como a mais adequada. Por essas razoes
foi adotado no estudo junto a micro e pequenas empresas incubadas na
ITG.
Ambiente da pesquisa
Com pouco mais de oito anos de existencia, a ITG se destaca por sua
atuacao no desenvolvimento de melhores praticas, foi premiada como a
melhor incubadora da Regiao Sudeste (Damiao et al., 2013).
Nesse contexto, conforme Damiao et al. (2013), a ITG desenvolveu
uma metodologia de apoio a gestao do processo de incubacao das empresas
que associa os conceitos de ciclo de vida, maturidade e competencias da
organizacao e humanas para aplicar as teorias da gestao a ambientes
inovativos (incubadoras de empresas) com foco em eficacia (resultados),
eficiencia (rendimentos) e efetividade (reconhecimento). O apoio
contempla os aspectos tecnologicos, financeiros, mercadologicos, o
empreendedorismo, a captacao de recursos e outros.
A pesquisa de campo foi feita nas instalacoes da ITG, que abrigava
30 empresas incubadas entre residentes e nao residentes na ocasiao da
pesquisa. Com o objetivo de enriquecer a investigacao, foram
entrevistadas empresas com negocios diferentes, da producao de bens
duraveis a de servicos.
Coleta de dados
Os dados foram coletados por meio de entrevistas presenciais, com
perguntas abertas dentro de um roteiro-padrao (Apendice A). As perguntas
foram elaboradas por meio de uma matriz, em que na primeira coluna foram
colocados os objetivos especificos e na coluna seguinte, a direita, os
conceitos resumidos do referencial teorico referentes a cada objetivo.
Uma terceira coluna foi dedicada as perguntas, resultantes das leituras
e associacoes no sentido horizontal da matriz. Foram formuladas 11
perguntas, s da primeira a segunda estavam conectadas ao primeiro
objetivo especifico e da quarta a decima ao segundo objetivo especifico.
A 11- procurou obter uma confirmacao sobre a contribuicao da ITG ao
desenvolvimento das microempresas, como um fechamento da entrevista.
Para tanto, foram selecionadas seis das empresas incubadas na ITG e
se consideraram: a) o periodo de incubacao, compreendido entre um ano e
meio e tres anos, b) o estagio de desenvolvimento atingido durante o
processo de incubacao e c) as atividades desenvolvidas que tenham
propiciado resultados.
Ja o numero de empresas selecionadas para a entrevista teve a ver
com os seguintes criterios: a) o equilibrio entre os diferentes tipos de
negocios, para o enriquecimento da coleta e posterior tratamento dos
dados e b) a acessibilidade por parte do pesquisador.
A tabela 1 resume o perfil das empresas pertencentes a ITG. Como
foi exigida a garantia de anonimato da empresa, os seus nomes foram
omitidos, substituidos por referencias alfabeticas.
As entrevistas foram feitas com o empresario-gestor de cada
empresa, com duracao mimima de 40 minutos, gravadas em audio com
autorizacao dos entrevistados. Posteriomente, as gravacoes foram objeto
de transcricao e analisados os depoimentos. O numero de entrevistados
mostrou-se apropriado para o estudo, pois surgiram redundancias apos a
quinta entrevista.
Segundo Flick (2004), o metodo qualitativo usa texto como material
empirico com base na observacao do campo.
Tratamento dos depoimentos
Para o tratamento dos depoimentos foi usada a tecnica da analise de
conteudo, que, segundo Bardin (2007), possibilita uma analise objetiva
das informacoes coletadas nas entrevistas, por meio da codificacao e
categorizacao, que sao a sintese do material para se trabalhar com
material literal. Segundo a autora, o processo de analise qualitativa
pressupoe as seguintes fases da analise: pre-analise, exploracao do
material e o tratamento dos dados para a analise e a interpretacao. Como
o conteudo das respostas foi decorrente das perguntas do roteiro de
entrevistas, a sua codificacao foi pre-definida (palavras-chaves de cada
pergunta). Isso fez com que a primeira fase tenha sido de ajustar as
respostas a cada pergunta, ja que aquelas nem sempre surgiram no momento
adequado e de maneira organizada. A fase seguinte foi a da escolha das
unidades semanticas (palavras, locucoes e pequenas sentencas) que
correspondeu a primeira integracao e reducao do material para se obterem
os temas, esses conectados a cada objetivo especifico. Na sequencia foi
feita nova integracao e reducao, agora dos temas, para se obterem as
categorias que corresponderam a sintese final para viabilizar e
facilitar as analises (Flick, 2004).
Para garantir a validade e confiabilidade minimas das analises,
foram considerados os criterios estabelecidos por Bardin (2007) para a
analise de conteudo, quais sejam, homogeneidade, pertinencia,
exaustividade e representatividade, nas integrates e sinteses procedidas
nos depoimentos. Esse processo foi facilitado mediante o emprego de uma
planilha em que foram colocadas, na primeira coluna, as perguntas na
ordem em que foram formuladas e nas demais as unidades semanticas
recortadas das respostas de cada entrevistado. As leituras feitas no
sentido horizontal da planilha resultaram nos temas e depois nas
categorias.
A tabela 2 apresenta as categorias resultantes que serviram de base
para as analises, em conexao com os objetivos especificos.
Analise dos depoimentos
Uma vez feito o tratamento dos depoimentos dos empresarios das
empresas incubadas, passou-se a analise dos resultados com base nas
categorias apresentadas na tabela 2. As analises estao ordenadas segundo
os objetivos especificos definidos e suas respectivas categorias,
considerando-se o objetivo geral do estudo, de identificar a efetiva
contribuicao da ITG para a complementacao e formacao dos recursos e
capacidades para as empresas incubadas enfrentarem os concorrentes nos
mercados dos seus produtos, do ponto de vista dos empresarios gestores.
Dado o compromisso de se manter no anonimato os entrevistados, eles
foram identificados como (E1), (E2), (E3), (E4), (E5) e (E6), obedecida
a ordem cronologica em que ocorreram as entrevistas.
Objetivo especifico no. 1--Entender como se da a geracao de valor
para os clientes das empresas incubadas
A analise das respostas as perguntas associadas ao primeiro
objetivo especifico permitiu elaborar uma unica categoria,
"Inovacao e personalizacao", em razao de essa ter
refletido uma convergencia grande nos depoimentos quanto a criacao de
valor das empresas para os seus clientes, conforme demonstrado a seguir.
Inovacao e personalizacao
A elaboracao dessa categoria teve como essencia a importancia
estrategica de as empresas oferecerem servicos inovadores em relacao aos
dos concorrentes, como forma de geracao de valor e consequente
diferencial competitivo no mercado em que atuam. Associada a isso esta a
necessidade de que esses servicos sejam personalizados, de acordo com as
especificidades dos clientes, por meio de um relacionamento proximo que
leve a efetiva geracao de valor para esses. Esses aspectos estao
evidenciados nos trechos das entrevistas apresentados a seguir.
[...] a gente enfrenta essa concorrencia apresentando algumas
inovacoes, diferenciais, para promover o servico de uma maneira
diferente que a concorrencia... agregando a consultoria para a sua
utilizacao. (E3)
[...] nos buscamos mais uma solucao, uma novidade no mercado que
reduziria o custo do cliente em ate 50%, [...] em um caso o custo caiu
de cerca de R$ 5.000 para R$ 2.300,00. (E6)
Os relatos acima demonstram a iniciativa de ampliacao do valor
criado pelas empresas, por meio da oferta de servicos que proporcionem
maiores beneficios e reducao de custos de producao para os seus
clientes, conforme propoem Peteraf e Barney (2003).
Quanto a personalizacao como fator relevante para a geracao de
valor, estao ilustrados nos seguintes trechos das entrevistas:
[...] o cliente traz uma peca para efetuar um determinado servico,
seja montagem, estamparia [...] e nos oferecemos a solucao integrada,
desde o projeto ate o tryout final da maquina. (E1)
Sao pecas que a gente desenvolve conforme a necessidade do cliente,
pecas personalizadas [...] que acabam sendo uma diferenciacao no
mercado. (E4)
[...] nao entregamos um produto de prateleira [...]. A principal
vantagem e atender as peculiaridades do cliente. (E5)
Os trechos apresentados acima reafirmam a posicao de Barney e Clark
(2007) de que, para criar mais valor do que seus concorrentes, uma
empresa deve produzir maiores beneficios liquidos, por meio da
diferenciacao superior, a exemplo do que ocorreu com as empresas
investigadas.
Os relatos dos entrevistados tambem corroboram a afirmacao de Zubac
et al. (2010) de que o valor normalmente e percebido a partir de uma
perspectiva do cliente. Tambem sao consistentes com as proposicoes de
Peteraf e Barney (2003) e Barney e Clark (2007) de que o valor criado
por uma empresa ao fornecer determinado bem ou servico pode ser ampliado
quando forem ofertados maiores beneficios para os compradores ou
minimizados os custos para produzi-los, ou ambos. Isso porque as
empresas incubadas identificaram oportunidades de mercado para a oferta
de produtos e servicos de valor agregado, diferentemente dos ofertados
por seus concorrentes, com enfase nos atributos de inovacao e
personalizacao.
A oferta de produtos inovadores e personalizados que permitiram a
criacao de valor diferenciado, conforme os relatos dos empresarios, se
deu por meio das consultorias especializadas na elaboracao e execucao
dos planos de negocio, com foco em solucoes tecnologicas inovadoras e
personalizadas, estimulo a participacao de feiras e seminarios
relacionados ao setor das empresas da pesquisa e geracao de negocios por
meio de acoes de networking, recursos oferecidos pela ITG.
Objetivo especifico no. 2--Identificar que recursos e capacidades
desenvolvidos tem sido estrategicos para essa geracao de valor,
consideradas as transformacoes decorrentes do apoio da ITG
As respostas as questoes referentes a esse objetivo possibilitaram
a construcao de duas categorias de analise, quais sejam:
"Infraestrutura e conhecimento tecnico" e "Gestao
empresarial eficiente e networking", com dois componentes
intimamente ligados em cada uma delas.
Infraestrutura e conhecimento tecnico
A infraestrutura oferecida pela ITG e o conhecimento tecnico dos
empresarios gestores das empresas foram destacados nas entrevistas como
recursos tangiveis e intangiveis relevantes para a geracao de valor para
os clientes. Esses recursos foram adquiridos e/ou alavancados durante o
processo de incubacao das empresas, sao vistos como ativos estrategicos
que agregaram valor aos produtos e servicos oferecidos e singulares
quando comparados com os dos concorrentes diretos.
No tocante a infraestrutura, recurso tangivel oferecido pela
incubadora, foi destacado como valioso e raro para os entrevistados, de
acordo com os depoimentos que seguem:
[...] nos temos uma adequada infraestrutura, onde ha salas,
estacionamento, seguranca [...] e perfeita aqui para nos, o espaco
fisico e grande o suficiente. (E1)
[...] foi disponibilizado um espaco onde nos efetuamos todos os
testes para poder fabricar um prototipo aqui dentro [...] um fator
fundamental. (E2)
Quanto ao conhecimento tecnico dos empresarios e gestores, esse e
considerado um ativo intangivel valioso, raro e inimitavel na geracao de
valor perante os clientes das empresas incubadas, conforme evidenciam os
relatos a seguir:
[...] a experiencia do socio que e formado em plastico pela Fatec
[...] e a area de engenharia que tem um engenheiro com mais de 25 anos
de experiencia no ramo [...]. (E4)
[...] conhecimentos ligados a pesquisa e ao marketing. Esses dois
tipos de conhecimento sao os principais recursos da empresa. (E5)
[...] o conhecimento vem, uma parte de mim, outra parte vem do
desenvolvimento dos tecnicos, dos treinamentos que eles recebem aqui,
como tambem de treinamentos especificos fora. (E6)
Os depoimentos destacados acima corroboram os argumentos de Barney
e Clark (2007) quanto aos recursos intangiveis estarem relacionados ao
historico da empresa e serem acumulados ao longo do tempo, a exemplo do
conhecimento tecnico dos empresarios, transformado e ampliado ao longo
do periodo de incubacao.
Gestao empresarial eficiente e networking
A gestao empresarial eficiente e o networking foram as capacidades
que compuseram a terceira categoria, apareceram tambem de maneira
integrada. A primeira e apontada como uma capacidade estrategica que foi
adquirida pelas empresas incubadas, conforme apontam os depoimentos a
seguir:
A capacidade administrativa, isso foi essencial [...]. Desde a
montagem do plano do negocio houve o acompanhamento por parte da
incubadora. (E2)
A gente se estruturou como uma empresa e passou a usar as metricas
indicadas pelos consultores que aqui estao [...] justamente para
entender como administrar uma empresa e nao querer ser uma empresa de um
homem so. (E3)
Os relatos acima corroboram Helfat e Peteraf (2003) quanto ao
conceito de capacidades operacionais, que compreendem a execucao de uma
atividade por meio de um conjunto de rotinas para coordenar as tarefas
necessarias para a execucao da atividade.
O networking, explicitado como a capacidade de estabelecer
relacionamentos com vistas a identificar e aproveitar oportunidades de
negocios, foi adquirida e alavancada pelas empresas durante o processo
de incubacao, notadamente quanto ao uso produtivo da imagem da
incubadora em razao de sua credibilidade, conforme os depoimentos
transcritos a seguir:
O ambiente, fornecedores, relacionamento entre empresas,
networking, foram fundamentais para a geracao de novos negocios. (E2)
[...] a base do nosso servico esta na rede de contatos. [...] no
networking a incubadora me ajudou bastante (E5).
A gestao empresarial eficiente e o networking foram capacidades
consideradas como criadoras de valor para os produtos/servicos ofertados
pelas empresas, alem de terem caracteristicas de raridade e
inimitabilidade em relacao aos concorrentes.
As colocacoes acima evidenciam as afirmacoes de Barney e Clark
(2007) quanto ao fato de determinadas empresas usarem suas capacidades
de modo mais eficiente e eficaz do que outras, o que confere a essas a
possibilidade de um desempenho superior.
Essa categoria e consistente com Kretzer e Menezes (2006), que
defendem como capacidades estrategicas de uma empresa a sua base de
conhecimento produtivo e organizacional, com vistas a obtencao de
vantagem competitiva.
Consideracoes finais
Retomando o questionamento no inicio deste artigo sobre a
relevancia do apoio para o desenvolvimento de empresas incubadas
oferecido pela ITG, e possivel afirmar que se trata de uma contribuicao
efetiva ao desenvolvimento dessas empresas, com foco a criacao de valor,
nos recursos e nas capacidades como unidades de analise, pelas razoes a
seguir apresentadas.
Em primeiro lugar ficou claro que a oferta de produtos inovadores
associada a personalizacao no atendimento aos clientes tem constituido
um diferencial para as empresas incubadas, do ponto de vista dos
empresarios. A contribuicao da ITG tem sido relevante na ajuda para eles
se convencerem sobre uma das questoes cruciais para os seus negocios,
que e criacao de valor dos produtos aos clientes, de maneira
diferenciada dos concorrentes.
Em segundo lugar, a infraestrutura e o conhecimento tecnico foram
os recursos tangiveis e intangiveis que tem permitido as empresas
incubadas criarem valor para os clientes. Isso se deve ao fato de esses
recursos terem se revelado como valiosos, raros e inimitaveis, o que os
tornou estrategicos para o negocio, pela diferenciacao dos seus produtos
em relacao aos dos concorrentes. Nesse ponto, a contribuicao da ITG
ficou clara, dada a oferta da infraestrutura, que alavancou
significativamente os meios de producao das empresas incubadas,
especialmente por representarem valores de investimento fora do seu
alcance. O mesmo se deu com relacao ao aporte do conhecimento tecnico,
individualizado e focado na necessidade de cada uma das empresas, por
meio de consultores experientes.
Em terceiro lugar, a capacidade de gestao empresarial eficiente e a
de efetivacao do networking adquiridas pelos empresarios sao as que
permitiram a exploracao das oportunidades de mercado e a reducao das
ameacas dos concorrentes, na busca pela vantagem competitiva. A atuacao
de consultores especialistas em gestao empresarial e a facilitacao da
participacao dos empresarios em redes de negocios e outra efetiva
contribuicao da ITG.
Por ultimo, mas nao menos importante, foi a observacao de aspectos
da cultura imanente ao processo de desenvolvimento dos empresarios que,
apesar de nao ter feito parte do escopo do estudo, ficou evidente na
pesquisa. Nesse sentido, dois aspectos merecem ser destacados. O
primeiro e a absorcao significativa da visao estrategica e dos conceitos
gerenciais e de negocios, manifestados durante as entrevistas, e o
segundo e o valor dado como reconhecimento ao apoio que tem recebido da
ITG, de maneira explicita.
A fundamentacao teorica, com base na VBR, foi relevante para se
tratar as unidades de analise do estudo, por si so e de maneira
integrada, com envolvimento da criacao de valor, dos recursos e das
capacidades. Essa abordagem foi produtiva tanto na construcao do
instrumento de coleta quanto na analise do material obtido no campo,
tendo em vista o estudo ter sido exploratorio e descritivo.
A pesquisa, contudo, contem duas limitacoes que merecem ser
apontadas. A primeira foi o fato de se ter tratado da criacao de valor
sem que tenham sido ouvidos os clientes, baseou-se apenas na opiniao dos
empresarios. Isso se deveu as restricoes de prazo para a finalizacao da
pesquisa. A outra tem a ver com a predominancia das empresas incubadas
no negocio de servicos tecnologicos e menos no de produtos, o que
poderia ter trazido um possivel vies ao estudo caso esse nao fosse de
natureza exploratoria e qualitativo.
Recomenda-se o aprofundamento do tema desta pesquisa para outras
incubadoras que tenham focos de atuacao diferenciados da ITG e sem as
limitacoes do presente estudo.
O artigo pretende contribuir para a ampliacao do conhecimento sobre
o uso da VBR como fundamento de pesquisas dessa natureza, como tambem
para disseminar o papel relevante desempenhado por incubadoras de
empresas no desenvolvimento e fortalecimento de micro e pequenas
empresas, e prepara-las para se tornarem mais competitivas nos mercados
em que atuam.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2016.06.008
Conflitos de interesse
Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.
Apendice A. Roteiro das entrevistas
1. Que produtos/servicos constituem o "carro-chefe" da
sua empresa?
2. Que concorrencia eles enfrentam no mercado?
3. Que aspectos tornam os seus produtos/servicos superiores aos dos
concorrentes na percepcao dos seus clientes?
4. Esses aspectos diferenciadores, destacados na pergunta anterior,
sao decorrentes de um conjunto de recursos, tangiveis e intangiveis, e
capacidades disponiveis na sua empresa; poderia descreve-los? Considere
recursos tanto tangiveis (de natureza fisica, concreta) como intangiveis
(marca, patente, ambiente de trabalho etc.). Considere capacidades como
a habilidade de se usarem os recursos anteriormente apontados, de
maneira eficiente e eficaz.
5. Quanto ao(s) recurso(s): a) esse(s) ja era(m) possuido(s)
inicialmente pela empresa? b) foi/foram adquirido(s) com apoio da
incubadora? e c) foi/foram transformado(s)/alavancado(s) por ela?
6. Essa(s) capacidade(s): a) ja era(m) possuida(s) inicialmente
pela empresa? b) foi/foram adquirida(s) com apoio da incubadora? e c)
foi/foram transformada(s)/alavancada(s)?
7. Poderia explicar como esses recursos e capacidades agregam valor
aos seus produtos/servicos para serem preferidos pelos clientes em
detrimento dos concorrentes?
8. Esses recursos e capacidades sao raros, ou seja, so a sua
empresa ou alguns poucos concorrentes os possuem?
9. Eles podem ser considerados nao imitaveis, ou seja, os
concorrentes tem dificuldades e/ou desvantagens de custos para obte-los
e/ou desenvolve-los?
10. Como a empresa trata a exploracao desses recursos e capacidades
para nao deixarem de ser eficientes e eficazes, ou seja, perderem o
efeito de contribuir para a geracao diferenciada de valor?
11. Em sintese, qual a relevancia efetiva do apoio oferecido pela
ITG a sua empresa?
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Maurici Dias Gomes (a) e Reynaldo Cavalheiro Marcondes (b), *
(a) Fundacao Getulio Vargas, Guarulhos, SP, Brasil
(b) Universidade Presbiteriana Mackenzie, Programa de Pos-Graduacao
em Administracao de Empresas, Sao Paulo, SP, Brasil
Recebido em 19 de maio de 2015; aceito em 19 de janeiro de 2016
Disponivel na internet em 23 de junho de 2016
* Autor para correspondencia.
E-mail: reynaldo.marcondes@mackenzie.br (R.C. Marcondes).
Tabela 1
Perfil das empresas incubadas
Empresas Periodo Estagio
entrevistadas de incubacao de desenvolvimento (a)
Empresa A Dois anos e seis meses Avanccado
Empresa B Dois anos Avanccado
Empresa C Um ano e seis meses Intermediario
Empresa D Um ano e dez meses Intermediario
Empresa E Dois anos e seis meses Avanccado
Empresa F Dois anos e oito meses Avanccado
Empresas Atividades desenvolvidas
entrevistadas
Empresa A Servicos/fornecimento materiais e equipamentos
Empresa B Produtos
Empresa C Serviccos
Empresa D Serviccos/fornecimento materiais e equipamentos
Empresa E Serviccos
Empresa F Serviccos/fornecimento materiais e equipamentos
Fonte: Elaborada pelos autores.
(a) Indicacao da incubadora com base em criterio do programa PPV.
Tabela 2
Objetivos especificos e categorias
Objetivos especificos Categorias
1. Entender como ocorre a geraccao de * Inovacao e personalizacao.
valor para os clientes das empresas
incubadas.
2. Identificar que recursos e * Infraestrutura e
capacidades desenvolvidos tem conhecimento tecnico.
sido estrategicos para essa * Gestao empresarial
geraccao de valor, decorrentes eficiente e networking.
do apoio da ITG.
Fonte: Elaborada pelos autores.
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