摘要:Mobilizamos aqui referenciais que nos permitiram propor a ideia de uma educação
multicosmológica. Com essa ideia, procuramos contribuir para o debate de uma formação
decolonizada de professores indígenas, rompendo com a concepção de que somente os povos
europeus produzem conhecimentos, enquanto os demais produzem fetiches. A questão que se nos
apresenta no processo de pensar essa formação decolonizada é balizada pelo reconhecimento dos
diferentes modos de compreensão do mundo. Por meio de dois exemplos, mostramos a manifestação
dos cosmos em um curso de formação de professores indígenas. Argumentamos que as diferenças
são inerentes às práticas, mas que não definem uma assimetria entre os cosmos. A simetria, com a
qual concordamos, não busca uma unidade generalizada; mas ao contrário, defende a multiplicidade
e o encontro entre mundos compreendidos e aceitos como diferentes. Deste modo, acreditamos estar
assentados sobre um modo promissor de construir uma formação de professores indígenas que
consiga, pelo interstício, abrir espaço para a expressão dos múltiplos cosmos, frequentemente,
silenciados.