摘要:Este artigo pretende discutir como as atividades de leitura podem contribuir com a construção dos sentidos dos textos, criticando, de acordo com os pressupostos teóricos da Análise de Discurso de 'linha francesa', a concepção de leitura única. Entendemos interpretação como a possibilidade de o sujeito compreender que o sentido pode ser outro, mas não qualquer um, pois para nós interpretar é compreender que a ideologia faz parecer naturais determinados sentidos e não outros e, quando o leitor chega à interpretação ele assume o que denominamos função-leitor. Ao assumir a função-leitor, o sujeito não repete os sentidos instituídos como dominantes e, sim, procura investigar como se dá, num dado momento sócio-histórico, o funcionamento discursivo, que é novo e único em cada texto. Por outro lado, a fôrma-leitor está relacionada à interdição do sujeito ao interdiscurso, o que equivale a dizer que o leitor não consegue se inserir no processo sócio-histórico de construção de sentidos e, por isso, ele tem a ilusão de que cada palavra tem um sentido único. A partir de análises de redações de alunos do curso de Psicologia de uma universidade particular de Ribeirão Preto-SP, consideramos que as atividades de leitura realizadas na escola, principalmente aquelas pautadas na repetição do sentido legitimado pelo livro didático, levam o sujeito a assumir a fôrma-leitor e, diante disso, julgamos fundamental que o trabalho escolar aconteça não pela imposição de um sentido, mas sim, possibilitando ao sujeito estar em contato e em confronto com as várias possibilidades de leitura dos textos.