摘要:O 17α-etinilestradiol (EE2) é um estrogênio sintético utilizado como anticoncepcional de via oral, e sua ação farmacológica consiste em mimetizar os efeitos do estrogênio, atuando sobre seus receptores. Atua também como desregulador endócrino, promovendo alterações nos padrões hormonais de seres vivos. O EE2 pode se acumular na água, comprometendo o sistema endócrino de seres marinhos e implicando em um descompasso hormonal. Apesar de seus efeitos adversos serem bem documentados, há falta de estudos sobre a presença e quantidade de EE2 em águas de diversas regiões brasileiras, incluindo o Distrito Federal. Com base nesse contexto, o presente trabalho possui o objetivo de quantificar a presença do EE2 em amostras do Lago Paranoá (DF), de água tratada disponibilizada à população do Distrito Federal, esgoto dessa mesma região e de seu efluente, a fim de observar a presença de EE2 nas mesmas, e análise de uma possível variação sobre diferentes estações do ano. Para isso realizaram-se duas coletas, uma no dia 03/04/18 e outra no dia 14/06/18 (estação chuvosa e seca respectivamente) de 1 L de água de cada local, e as amostras foram armazenadas a 8ºC com metanol 1%. As amostras foram filtradas para remoção de contaminantes e posteriormente concentradas por extração em fase sólida. A quantificação do etinilestradiol foi realizada por ELISA. Constatou-se que os níveis de EE2 para a maioria das amostras ficou abaixo do limite de quantificação da metodologia (0,05 ng/L), bem como não mostraram sofrer alterações em seu perfil de EE2 ao longo do tempo, com exceção das amostras de esgoto e efluente. Para as amostras coletadas em abril de 2018, a faixa de EE2 variou de 1,2 a 1,8 ng/L para o esgoto e 0,2 a 0,8 ng/L para o efluente. As amostras coletadas em junho de 2018 por sua vez variaram de 1,3 a 2 ng/L para o esgoto e 0,8 a 1,4 ng/L para o efluente. A maior quantidade de EE2 detectada para as amostras na segunda coleta poderia ser justificada pelo deslocamento de resíduos para a estação de tratamento pelas chuvas. Além disso, o resultado da água tratada, que ficou abaixo do limite de quantificação, indica que o tratamento ao qual a água é submetida foi capaz de reduzir os níveis de EE2 para valores indetectáveis pela metodologia utilizada. As amostras de efluente e esgoto, por sua vez, mostraram níveis de EE2 capazes de provocar alterações em organismos aquáticos como verificado em literatura.