摘要:Chris Freeman foi o primeiro professor que tive quando cheguei ao Science Policy Research Unit (SPRU), em agosto de 1981, para cursar o doutorado. Entretanto, a disciplina que eu fazia com ele, intitulada History, Philosophy and Perspectives of Science, não era em nível de pós-graduação, mas sim oferecida aos estudantes de primeiro ano de graduação em ciências – química, física e biologia – da Universidade de Sussex, Inglaterra. Durante duas horas por semana, Chris Freeman falava a um auditório com mais de 200 alunos sobre as relações entre ciência e sociedade ao longo da história e em como pensava que seria possível construir essa relação no futuro, de modo que o mundo se tornasse mais justo e um lugar melhor para se viver. As aulas de graduação de Chris eram famosas na Universidade de Sussex, atraindo todos os estudantes de doutorado que chegavam ao SPRU. Logo entendi a razão para essa fama: a qualidade das suas aulas, a incrível combinação de erudição com total ausência de arrogância e a capacidade de ilustrar argumentos cristalinos com casos do mundo “real” e corrente prendiam a atenção e o interesse de todos. Em meio a silêncio absoluto e sem qualquer tipo de nota ou dispositivo, Chris expunha a narrativa que havia resultado de suas reflexões a respeito da extensa e variada literatura sobre os temas tratados, assim como de suas próprias pesquisas. Nesse processo, ficava clara sua posição antielitista no sentido estrito e amplo do termo, algo que certamente fazia parte de suas convicções políticas.