摘要:Vive-se em uma sociedade heteronormativa que discrimina aqueles que rompem com a heterossexualidade e com o binarismo de gênero. A escola, que deveria colaborar na promoção do respeito às diversidades, frequentemente reproduz e produz relação de exclusão daqueles que não coadunam à norma. O presente trabalho tem por objetivo construir compreensões acerca das trajetórias escolares de um grupo de pessoas transexuais do Interior do Estado de São Paulo. Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativa a partir dos pressupostos da História Oral Temática. Foram realizadas entrevistas abertas, com cinco pessoas transexuais, analisadas a partir do método de Análise Textual Discursiva. Constatou-se que a percepção de anormalidade já experimentada com os cuidadores na família, confirma-se e se fortalece através das vivências escolares. Identificam-se vivências intensas de preconceito e discriminações nas relações com a equipe educativa e colegas, configurando essas pessoas na condição de abjetos. Há, nos relatos, negações de direitos fundamentais, ao longo da vivência escolar, que comprometem a permanência com sucesso e trazem intenso sofrimento psíquico. Por fim, identificam-se várias estratégias e esforços que essas pessoas se utilizaram e empreenderam na busca por aceitação e reconhecimento por parte de educadores e colegas.