摘要:Esse artigo tem como objetivo colocar em comparação um documento histórico, a Relação (1497) de Álvaro Velho, com uma obra literária, a Peregrinação de Barnabé das Índias (1998) do escritor português contemporâneo Mário Cláudio. O motivo dessa comparação seria que, diante das imagens documentais da primeira viagem à Índia, o que temos na realidade é um grande silêncio, tanto sobre as fraquezas físicas e mentais da tripulação, quanto sobre os pontos de vista das comunidades orientais que receberam tal empresa. Na zona obscura desse episódio histórico é que o excelente romancista mencionado parece ter encontrado o seu campo de trabalho. Dada a escassez de dados concretos acerca dessa viagem de descobrimento, ele recorreu à contextualização, sobretudo, ao que diz respeito aos imaginários historicamente possíveis de tal episódio. Como apontado pelas pesquisas da historiografia cultural, verifica Mário Cláudio que, em diversas circunstâncias, os hábitos mentais e as formas fantásticas reaparecem em quase todos os domínios da vida corrente do Renascimento. Por isso, ele investe em uma representação das viagens gâmicas a partir dos imaginários da época, o que não deixa de ter certa coerência histórica.