摘要:Este artigo tem como objetivo investigar como os militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vivenciam e enfrentam a violência em seu cotidiano. Trata-se de um recorte de uma pesquisa de doutorado que teve como objetivo investigar as dificuldades enfrentadas pelos militantes no cotidiano da luta pela terra, as tensões e desafios que acompanhavam suas trajetórias no MST. Entre estas dificuldades enfrentadas, destaca-se a violência sob diversas formas: a violência física (as prisões, as torturas e o risco de morte), a violência psicológica (as ameaças, a criminalização dos que lutam pela terra, associando-os a vagabundos e bandidos), bem como a violência “naturalizada” (do acesso negado aos diretos básicos de saúde, educação e moradia). A pesquisa teve como base um trabalho de campo que denominamos de pesquisa-intervenção psicanalítica e que visou atender um duplo objetivo: a criação de um espaço de escuta para os militantes do MST participantes da pesquisa e ao mesmo tempo relatos que pudessem ser tematizados como objetos de estudo. Nos relatos dos militantes a humilhação social se destacou como a principal forma de violência sofrida por eles, fato que nos chamou atenção, pois geralmente passa despercebida aos nossos olhos. No entanto, embora os militantes tenham seus corpos marcados pela humilhação social, eles encontram no MST a possibilidade de elaboração e enfrentamento da experiência sofrida. O entorno social favorável possibilitado pelo MST contribui para formação de “homens informados” conscientes dos seus direitos e a luta coletiva tira o sujeito do lugar de rebaixamento passivamente tolerado e possibilita que a sua dor seja transformada em resistência.