摘要:O presente artigo objetiva articular a noção de humor, a partir da psicanálise, e a velhice. A sociedade hodierna, marcada pelo espetáculo e culto à beleza e juventude, reafirma as três fontes de sofrimento psíquico discutidas por Freud. No contexto atual, o sujeito velho encontra-se em um lugar quase de não-existência. O idoso ainda é considerado como uma pessoa que existiu em um passado, realizou seu percurso psicossocial e espera a morte. Destarte, o velho é lançado no passado para revisitá-lo através das lembranças, mas sem possibilidade de articulação com o presente e de se projetar no futuro. Além disso, a associação atual da velhice com decrepitude retira do sujeito idoso a possibilidade de elaboração de um projeto possível de futuro e traz efeitos para o psiquismo. Diante disso, três estilos psíquicos retratam formas do idoso lidar e manejar esse impasse: depressão, paranoia e mania. Entretanto, existem formas alternativas para enfrentar a finitude da vida e resgatar seu lugar na própria existência. Uma dessas formas é o humor irônico que tem como foco um olhar para dentro de si e para fora. Esses olhares irônicos provocam o riso perante os próprios problemas, mas também impulsionam o sujeito a encarar a realidade e seguir em frente. Aproximar o conceito de humor irônico a conceitos já elaborados por psicanalistas pós-freudianos que estudaram o processo de envelhecimento é um desafio. Dentre esses autores, destaca-se Erikson e seu conceito de sabedoria. Essa força psicossocial envolve, também, um duplo olhar e parece poder caminhar junto ao olhar irônico como forma alternativa de experimentar a velhice.