RESUMO Bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas (de maneira insistente e perturbadora) que ocorrem sem motivação evidente e de forma velada, sendo adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s) numa relação desigual de poder, e são consideradas uma forma de violência interpessoal. Este fenômeno se manifesta sutilmente, sob a forma de brincadeiras, apelidos, trotes, gozações e agressões físicas. É possível identificar extensa literatura sobre as consequências do bullying para o desempenho escolar e participação em contextos de vida para crianças e adolescentes, mas ainda são poucos os estudos sobre o fenômeno na universidade. Este estudo buscou a percepção de estudantes e professores de uma universidade pública sobre a presença de violência interpessoal/ bullying no cotidiano acadêmico e suas manifestações. Participaram 137 estudantes e 32 professores, abordados por meio do questionário eletrônico Google Docs. Para 86 estudantes (63%) e 20 professores (63%), a violência interpessoal/ bullying está presente na graduação. A análise de conteúdo permitiu identificar sete categorias empíricas entre estudantes e três entre professores, sendo as mais frequentes violência interpessoal/ bullying na relação veterano-calouro; violência interpessoal/ bullying devido a características pessoais; violência interpessoal/ bullying devido à orientação sexual/gênero e violência na relação professor-aluno. Estudantes e professores são capazes de identificar tal fenômeno como presente no cotidiano da graduação e em diversas esferas, sendo mais recorrente entre os pares. Situações que emergem dos recortes discursivos preocupam pela intolerância presente no cotidiano, fazendo refletir sobre o papel da educação universitária na formação para a cidadania. É imprescindível tomar atitudes em relação à prática do bullying na universidade, a fim de garantir ao estudante sua estabilidade emocional e psicológica e seu bem-estar.