摘要:O livro didático (re)produz ideologias linguísticas, assumindo um papel importante, já que ele é utilizado como principal recurso de ensino de Língua Portuguesa. Neste trabalho, objetivamos analisar uma proposta de ensino da variação linguística no livro didático de língua portuguesa Português: Linguagens, dos autores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, atentando para o modo como as variedades linguísticas são trabalhadas. Para isso, dialogamos com estudos de Labov (2008), Tarallo (2005), Hernández Campoy e Almeida (2005), Fernández (1998), Bagno (2008), Lucchesi (2015), Milroy (2011), Faraco (2008) e Moita Lopes (2013). A análise revela que ainda há uma limitação no trato com as variedades linguísticas, focalizando apenas aquelas usadas pelas populações pobres. Ademais, a proposta de ensino parte de polarizações linguístico-sociais: certo e errado, padrão e não padrão, culto e caipira, assumindo a norma padrão da língua para, a partir dela, conceituar as demais como sendo desprestigiadas, vulgares e caipiras. Esse tratamento, (re)produz e fortalece preconceitos sociais e linguísticos, já que reproduz, sem questionamentos, certos paradigmas, naturalizando, assim, a polarização sociolinguística. Fica claro, portanto, que a força da ideologia da língua padrão cria uma imagem de língua da elite, uma língua que garante a aquisição de bens simbólicos.