摘要:Segundo Joana d’Arc, desde que ela tinha treze anos de idade, anjos e santos lhe visitavam revelando uma missão designada por Deus: coroar o Delfim como rei da França e libertar seu reino dos ingleses.Ao procurar uma explicação racional para tal fenômeno, muitos de seus biógrafos, do século XIX, vão recorrer à ideia de que Joana era imbuída de uma espécie de ímpeto, razão pela qual acreditava fortemente na veracidade de suas visões e na validade de sua missão.A discussão em torno da ideia de entusiasmo foi particularmente importante para moldar a imagem de heroína laica, atribuída à Donzela no século XIX.Tal debate, entretanto, está inserido em uma tradição que remonta ao século anterior, estando no âmago das discussões iluministas na Grã-Bretanha, especialmente nos escritos de David Hume.No presente artigo, iremos apresentar esse debate, evidenciando os principais argumentos mostrados por autores que desejaram encontrar uma racionalidade natrajetória da heroína.Além disso, pretendemos posicionar a veemente crítica de Voltaire à Donzela e discutir sua recepção pela historiografia oitocentista que, ao que parece, encontrou na ideia de entusiasmo o eixo argumentativo para uma resposta a Voltaire, como fica evidente, por exemplo, na obra de Michelet.