摘要:Os jardins e os parques urbanos são espaços públicos construídos socialmente pela ação humana, nas suas múltiplas dimensões e na diversidade dos grupos sociais, culturais e geracionais que os frequentam.No entanto, o espaço urbano não tem sido compatível com a inclusão social plena de todas as crianças.Estes espaços são geralmente concebidos sem a sua participação, com base numa série de assunções e imaginários culturais e sociotécnicos sobre a infância e as crianças.Estas assunções, ao serem efetivadas no espaço público, contribuem para a estandardização e normalização das crianças nesses espaços, com implicações nos modos de administração simbólica da infância contemporânea, nomeadamente pela restrição da sua agência e práticas socioespaciais.Este artigo analisa o(s) modo(s) como crianças e adultos percebem e experienciam dois espaços públicos diferenciados da cidade de Lisboa (Portugal): o Jardim Vasco da Gama, em Belém e o Parque urbano da Quinta das Conchas, na Alta de Lisboa.Partindo de uma análise etnográfica assente na observação participante e em entrevistas qualitativas a frequentadores destes espaços e recorrendo a perspectivas da Sociologia Urbana e da Sociologia da Infância, pretende-se dar visibilidade às crianças como produtoras de conhecimento diferenciados dos adultos.Estes estudos de caso possibilitam discutir a situação da infância na cidade como revelador social, com especial incidência nos jardins/parques urbanos, enquanto espaços sociais estruturados, onde as crianças são particularmente tornadas visíveis nas interdições formais e simbólicas feitas às mesmas, mas também no modo como se apropriam do espaço público e efetivam o seu direito à cidade.