出版社:Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária
摘要:O texto aborda o Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF), uma iniciativa de duas organizações não governamentais brasileiras: Ação Educativa e Instituto Paulo Montenegro. Apresenta um panorama histórico dos instrumentos de mensuração e dos conceitos de analfabetismo, analfabetismo funcional e alfabetismo. O INAF realiza pesquisas anuais, considerando uma amostra de duas mil pessoas com idades entre 15 e 64 anos, de todas as regiões do país. Em entrevistas domiciliares, são aplicados testes e questionários sobre leitura e escrita, nos anos ímpares, e sobre matemática, nos anos pares. O texto detalha a construção metodológica e analisa os resultados do INAF ao longo de seus primeiros cinco anos (2001 a 2005), assim como as contribuições desse indicador para uma visão geral das conquistas e desafios na área. Destaca que, um país onde a cultura letrada está amplamente disseminada, mas de forma muito desigual, a escolaridade é fator decisivo na promoção do alfabetismo da população, tanto no que se refere às habilidades quanto às práticas de leitura, escrita e cálculo matemático. Afirma que, para dimensionar o analfabetismo funcional da população, um indicador seria considerar oito anos como o período mínimo de escolarização. Aponta que, diferente do que é divulgado na mídia, os brasileiros não são avessos à leitura, pois dois terços dos entrevistados afirmaram que gostam de ler para se distrair. O artigo conclui que a alfabetização, como fenômeno cultural complexo, não pode se restringir a campanhas de combate ao analfabetismo, em sua visão mais restrita. Deve-se reconhecer a importância da escolarização básica, do acesso a livros e outros impressos, assim como às novas tecnologias da comunicação. Os estudos sobre cultura escrita – tanto no viés quantitativo quanto qualitativo –, principalmente as avaliações independentes e criteriosas dos programas de alfabetização e educação de adultos, são essenciais para que possamos estabelecer planos mais realistas e eficazes para nivelar os níveis educacionais da população.