摘要:Este artigo apresenta um estudo qualitativo, de base etnográfica, sobre os casos de violência relatados por pescadores artesanais durante o exercício do seu trabalho na baía de Guanabara, Rio de Janeiro. O objetivo foi investigar como a violência interfere no trabalho do pescador, buscando caracterizar os casos de violência. Entrevistamos 20 pescadores artesanais, das Colônias Z-8, Z-9, Z-10, Z-11 e Z-12. Observações foram registradas em caderno de campo e entrevistas gravadas em áudio e transcritas. A análise dos dados ocorreu por meio de um processo de tematização. Resultados indicam que os casos de violência relatados estão fortemente relacionados ao avanço das atividades econômicas sobre os locais de pesca tradicionalmente utilizados pelos pescadores. Ocorre uma desterritorialização quando esses trabalhadores são forçados a alterar suas práticas cotidianas em virtude dos interesses do Estado e agentes do capital. Notamos a existência de uma multiterritorialidade, de configuração complexa, onde estão inseridos os pescadores e demais organizações e indivíduos que atuam na baía de Guanabara, cujas relações são marcadas por conflitos, que muitas vezes resultam na morte ou grave ferimento do pescador. Argumento que os pescadores artesanais da baía de Guanabara sofrem uma violência bioétnica, cujas consequências vão desde a aniquilação dos ecossistemas até o epistemicídio dos grupos étnicos aos quais pertencem, incluindo diversas formas de aniquilação cultural, laboral e existencial desses trabalhadores. A pesquisa indica que o avanço das atividades capitalistas e a crescente metropolização subjazem a violência bioétnica na baía, que inclui a poluição das águas, desaparecimento do pescado, modificações de hábitos, xingamentos, disparos com bala de borracha e fuzil, assassinatos, invisibilidade social, dentre outros atos contra o pescador e seu território.
关键词:Pescadores Artesanais; Baía de Guanabara; Violência; Conflitos Territoriais; Violência Bioétnica.