摘要:Neste artigo analisamos a construção de estereótipos sobre os imigrantes africanos na Folha de S. Paulo durante a cobertura do surto epidémico de ébola no continente africano, em 2014. Damos especial atenção ao modo como o jornal noticiou o caso de suspeita de contágio do imigrante guineano Soulyname Bah. Observamos que houve, por meio da lógica do medo, um processo de marcação identitária expressa na oposição entre “nós” e “eles”, promovendo a repulsa à diferença pela ressignificação das características da etnia africana enquanto marcador de risco à saúde. Na sociedade do risco, a cobertura jornalística sobre o ébola — e de outras pandemias — revela um paradoxo crucial da nossa época: o apogeu de avanços científicos humanos que, apesar de tudo, não têm necessariamente atenuado os nossos medos e pânicos sobre potenciais perigos. Nesse contexto, a imigração configura-se como uma questão de segurança e é entendida como uma pluralidade de ameaças (terrorismo, crime, doença e desemprego). Dessa forma, como concluímos neste trabalho, a securitização da imigração é um processo que substitui a consideração de problemas sociais estruturais por práticas discursivas, tecnológicas e institucionais que permitem a identificação e a responsabilização de grupos específicos.
其他摘要:This article analyses the construction of stereotypes about African immigrants in the Brazilian newspaper Folha de S. Paulo through its coverage of the Ebola outbreak in Africa in 2014. Special attention is given to the way the newspaper reported the suspected infection of the Guinean immigrant Soulyname Bah. It is observed that, through the logic of fear, there was a labeling process of opposition between "us" and "them". Revulsion was promoted with regard to differences, via the re-signification of African ethnicity characteristics, which started to be seen as indicators of health risk factors. Within the risk society, media coverage of Ebola, as well as of other pandemics, reveals an important and paradoxical truth: we might be living in an era known as the apogee of human scientific advancements but this has not necessarily mitigated our fears and panics about potential dangers (Lerner & Sacramento, 2015). In this context, migration turns out to be a question of security related to a plurality of threats (terrorism, crime, disease, and unemployment, for instance). As we conclude in this article, the securitization of migration might be, therefore, described as a process that substitutes concerns about social and structural problems by institutional, technological and discursive practices that end up allowing the identification and the ascription of responsibility to specific groups.