摘要:Desde a década de 1990, tem havido um debate intenso na Ciência Política sobre os fundamentos da inferência causal baseada em estudos de um ou poucos casos, com foco na validade desses métodos frente às análises inferenciais baseadas em técnicas estatísticas. Como resultado, se desenvolveu um pensamento inovador sobre desenhos de pesquisa small-n e a utilização dos set-theoretic methods. Nesse contexto, Charles Ragin e colaboradores elaboraram um protocolo de análise comparativa que ficou conhecido como QCA. Em resumo, esses métodos oferecem um protocolo comparativo para analisar configurações causais de forma sistemática. No Brasil, a aplicação de QCA é recente, o que tem motivado iniciativas para sua introdução. Nesse sentido, três experiências de ensino de QCA foram realizadas em programas de pós-graduação em Ciência Política de universidades federais do país entre 2013 e 2015. O artigo se propõe a verificar os resultados desses esforços, explorar os fatores que mais contribuíram para esses resultados e avaliar propostas para a expansão do ensino e do uso do método comparado no Brasil. A partir da verificação da aprendizagem, por meio da realização de um survey e de grupos focais com os egressos, foi possível identificar quais foram os resultados dos cursos e quais são os maiores desafios na tarefa de introduzir para pesquisadores iniciantes os métodos de QCA. Pôde-se concluir que a iniciativa de oferecer cursos de QCA foi, no geral, bem sucedida. Contudo, há ainda muito por fazer na tarefa de introduzir e difundir o método comparado no Brasil.