摘要:O conceito iluminista de progresso encerrou, no decorrer dos últimos séculos, um otimismo quanto ao futuro da espécie humana: a crença de que os avanços da ciência, da técnica e da razão propiciariam não apenas uma melhoria nas condições objetivas de vida do homem, mas também atenderiam aos anseios por bem estar subjetivo, felicidade e emancipação. Atualmente vive-se um tempo em que o mundo digital alcançou níveis exponenciais de crescimento, produzindo uma compressão do espaço e do tempo, que possibilita a automação do trabalho e a realização de tarefas humanas de forma simultânea e sem fronteiras. Entretanto, o “progresso tecnológico” não redundou em “progresso humanitário” (Marcuse, 1980). Neste contexto, este trabalho propõe realizar uma reflexão, na perspectiva da Teoria Crítica, sobre as novas temporalidades no contexto da cultura digital, problematizando a atual experiência de aceleração temporal no ritmo de vida dos indivíduos e suas implicações para a emancipação. Privilegia uma reflexão sobre as repercussões psicossociais da atual regulação do tempo livre como forma de dominação social, a partir de duas perspectivas: a cultura do consumo, que ao transformar o tempo livre em objeto de consumo fetichizado integra-o à lógica produtivista do trabalho e o desenvolvimento e miniaturização das tecnologias digitais, que convertidas em próteses humanas, transformam o homem num receptáculo, sem mediações, de todas as demandas sociais, econômicas e culturais. Considerando-se que as facilidades auferidas pelos recursos tecnológicos deveriam dar subsídios para a emancipação do indivíduo e sua libertação do trabalho/labuta, interroga-se acerca do atual paradoxo entre a incessante inovação tecnológica e a frequente escassez de tempo, sob a égide da cultura do consumo.