摘要:Além da tese de que a gramática das línguas naturais inclui um nível transformacional, o que distingue o programa Chomskyano de investigação em Teoria da Gramática das outras abordagens é a tese de que o conhecimento gramatical internalizado por todo o ser humano é parcialmente inato (i.e.parcialmente dado a priori por um sistema de viéses cognitivos tarefa-específicos da Gramática Universal), e não um subproduto de mecanismos auto-organizáveis de ‘inteligência geral’. Esta tese científica pode, em princípio, estar certa ou errada, e só pode ser questionada levando-se em conta a sua cobertura empírica e a lógica dos seus argumentos. No cerne desta questão está o Argumento de Pobreza de Estímulo (APS), cuja lógica tem sido alvo de inúmeros mal-entendidos por parte dos anti-inatistas, a exemplo de Geurts (2000), que deixa de reconhecer as distinções entre ‘conhecimento’ e ‘crença’, e entre cognição ‘consciente’ e ‘não-consciente’, as quais são cruciais para a compreensão da lógica do APS. O objetivo deste artigo é desfazer esse mal-entendido.