摘要:Este ensaio tem como base inicial o conflito estabelecido a partir da visão mecanicista da natureza na ciência moderna, contraposto ao finalismo metafísico anterior. Nesse viés, interessa-nos seus desdobramentos com o surgimento daquilo que Adorno e Horkheimer chamaram de razão instrumental e os comprometimentos que parecem estar subjacentes nas bases do processo educativo contemporâneo. Pautado mais pelo pragmatismo econômico e cientificista do que na percepção da Educação como um processo humanizador e emancipador, encontramos um mundo cada vez mais avançado tecnologicamente, interconectado e pretensamente socializado virtualmente, mas, em paradoxo, vivencia retrocessos no campo das conquistas políticas e sociais. A partir da Revolução Científica na Modernidade e de suas bases mecanicistas, o mundo interpretado na perspectiva da razão subjetiva – entenda-se instrumental, como nos esclarece Horkheimer (2015) – passa a ser compreendido mecanicamente, desconsiderando-se sua finalidade ou o finalismo das coisas. O controle da natureza, daquilo que nos assustava e do homem, em sua condição de racionalidade, tomado pelo processo civilizatório e esclarecedor, transformou-se, ao longo dos anos, numa racionalidade não emancipatória, mas instrumentalizadora da nossa própria existência, condição que permitiu o surgimento do fascismo e que continua a alimentar e manifestar os sinais da barbárie que ainda paira no horizonte, como já nos alertava Adorno em Educação após Auschwitz (1995). Entendido como um fenômeno projetivo pelo filósofo, a partir de uma patologia narcísica, o discurso fascista traz, em sua base, o conceito de “estranho e familiar”, em que o outro é o diferente que lembra ao agressor as próprias mazelas, aquelas com as quais ele não lida e que espelham a si mesmo. Catalisado pelo discurso de ódio disseminado de forma repetida pelo líder, o in-group dos fascistas encontra, no out-group, os grandes inimigos. Implantar seu projeto, sua ideologia, é o que está em jogo. Na contramão, talvez pensar a Educação como elemento de ruptura e desnudamento das contradições que são ocultadas numa sociedade pautada pelo mecanicismo moderno e regulada por uma racionalidade instrumental que coisifica as consciências e manifesta, em seu uso cotidiano, a administração do existente e não suas possibilidades emancipatórias.