摘要:Moças de cachos de risosQue desdizem o que diz a ciência oniscienteQue de tão mouca ficou incoerenteE de tão besta em sempre ter o que dizer, perdeu-se em seu defenderSempre achando que sabe tudo resolver! LengaLeigaLenga Saber o que fazer é também saber ouvirPor que não?Não venha intervir antes de ouvirConversa de só falar, nada de conversa tem. AborreceEmburreceEnsurdece Ei, meninas de cachos de risosDIGAM SEM MEDO DE DIZERSe a ciência for besta e apartada do povo, não pode permanecerA ciência se é uma coisa, é um espelho olhando para tu, bicho humanoE para o poema mais poeticamente científico ficar, coloquemos nesses versos um: portanto. Para fim dar a problemáticaApelamos! Nos tragam “solucionáticas” como as de Dadá MaravilhaTudo bem se a academia não aceitarCiência é o humano espalhado: imperfeito e sempre aberto a melhorar. Nem rimos, nem choramosEstamos alertasNas janelas agora abertas para de corpos fechados ficarNão somos a ciência do desencanto. Ei, mulheres com cachos e risosO falso Messias é a bobiceQuem dera só isso fosse...Apenas uma tolice Sempre foi a tortura, a perseguição, a desrazãoO corte violador da vidaEram os Messias famintos de morte. Eles gritam que se morrer, está morrido!Matemos somente a enunciação da morteTratemos de exigir, em absoluto, a vida. Precisamos voltar à normalidade?Precisamos de outra normalidade. Escolhamos ficar ao lado das moças de cachos de risosFazedoras de uma ciência que escutaEstão ouvindo?Elas são elas, pronome pessoal de tratamento femininoCéticas demais para não ter féE correm com a fé, se andar não for suficiente. Era página nove, ali, no capítulo doisPerto do lugar de desistência de toda leituraEra João Cabral de Melo NetoDefendamos a vida armados de palavras. ArranhadasMal apresentadasEsperando para serem gritadasEncarnadas que são, não as apresseToda palavra vira gente. Ei, menina dos cachos de risosA simplicidade é saber ouvirNem sempre é preciso dizerA tua ciência também precisa saber o não dizer. Ei, menina sem cachos de risos e de todos os amigosA vida é o desmedidoÉ a ciência que de atrevida virou poesia,A poesia que de invasiva ficou científicaÉ a língua portuguesa da gente gritada em forma de palavra sentida.