摘要:A “comunhão espiritual” volta ao cenário litúrgico eclesial na impossibilidade de participação sacramental, gerada pela pandemia e confinamento, em razão do vírus Sars-cov-2. A expressão, mais conhecida como resposta aos casais de segunda união que desejam participar da eucaristia, passou a ser evocada também como solução para as teletransmissões e missas em streaming. Sua origem, contudo, é mais remota do que essas recentes aplicações fazem crer. Da era apostólica ao pós-concílio, a Igreja evoluiu na compreensão do que vem a ser a comunhão espiritual, passando da valorização do sinal, à sua desvalorização originada em Agostinho pela distinção entre sinal e efeito do sacramento. O presente artigo percorre essas etapas evolutivas, apontando elementos para uma reconsideração da unidade do organismo sacramental e alerta para os riscos de uma má compreensão da expressão, em usos recorrentes, mas igualmente pouco cientes de seu significado.