摘要:A sociedade brasileira é atravessada por violências, preconceitos e autoritarismos, materializados em índices de morte e desigualdades sociais que se assemelham a um país em guerra. Os componentes capitais desses índices, invariavelmente, são as populações LGBTI (particularmente transexuais), pobres, indígenas, negros, mulheres, entre outros, que configuram as denominadas minorias sociais. Contemporaneamente, notamos que o autoritarismo, a violência e os preconceitos vêm assumindo materialidade explícita como política do Estado (em seus diferentes níveis de governo), e sendo apoiados por ampla parcela da população. Neste artigo, a partir de uma reflexão teórica, arguimos que tais ocorrências não se iniciam recentemente, mas têm matrizes históricas não devidamente elaboradas pela sociedade brasileira, atuando, dessa maneira, nas suas intersubjetividades. Para sustentar o argumento, o artigo está organizado em três blocos de análise inter-relacionados. Inicialmente, discorremos sobre a colonialidade moderna, que ainda persiste nas relações entre países periféricos e centrais. Em seguida, tendo como referência Hanna Arendt, problematizamos a potencialidade do mal banal a enredar e circunscrever o sistema colonial mediante a invisibilização da alteridade nas relações humanas. Finalizamos com o debate sobre os efeitos da violência colonial no Brasil, escamoteados mediante a circulação dos mitos da cordialidade e pacifismo da população brasileira e o da democracia racial, impondo esquecimentos de nossa história.