摘要:O objetivo central deste artigo é analisar como se desdobra a ironia romântica em Viagem à roda de mim mesmo (1885), conto publicado inicialmente na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, enquadrado na narrativa machadiana que desponta a partir da publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). A análise enfatizará a dialética processada sob o domínio do auto-olhar irônico em que convivem e pressupõem-se mutuamente pares contrários num percurso ininterrupto de afirmação e negação do eu, tanto dentro da trama quanto na superfície da escrita machadiana neste conto. A referência a um “auto-olhar”, como um processo de afirmação e negação, construção e desconstrução não prescinde da noção do eu romântico e dos questionamentos inerentes a esta realidade. Tal reflexão assume importância essencial para os estudos literários, principalmente, a partir das ideias de Friedrich Schlegel (1759-1805) sobre a noção de ironia romântica, o que implicitamente nos leva a reconhecer o legado da crítica romântica alemã na perspectiva da prosa machadiana. A análise deste conto sob tal perspectiva aponta o delineamento de uma escrita irônica em que dialogam visões contrárias que, no conjunto, assumem importância fundamental para a leitura e interpretação da narrativa machadiana de segunda fase.