摘要:A segunda metade do século XIX trouxe grandes mudanças aos espaços mais ocidentais do Estado brasileiro: territórios não apropriados pelo paradigma moderno e capitalista tornaram-se alvos de projetos nacionais, comerciais, industriais. Na perspectiva de governantes, políticos e estadistas que formulavam remotamente as diretrizes para ocupação dos sertões, a natureza era vista sobretudo como recurso para o desenvolvimento econômico da “nação”. Vastas áreas de pantanais seriam, então, incorporadas ao território mato-grossense e brasileiro, através do mapeamento, da implementação de redes de transporte e comunicação e da instituição da propriedade moderna. Não obstante, as populações nativas, orientadas por lógicas diversas, rejeitariam as imposições desse novo paradigma, tentando manter o domínio sobre suas terras e suas comunidades. O presente artigo busca analisar transformações e conflitos ocorridos nesse desencontro entre povos locais, capitais e Estado nacional. Em campos e pantanais do Alto Paraguai, os Bororo Ocidentais enfrentariam, na transição entre o século XIX e XX, a ânsia colonialista da corporação Cibils que se associaria a órgãos e instituições estatais para impor violentamente formas específicas de interação com a natureza.