摘要:Tendo como objetivo a construção de uma história nacional que atribuísse ao então independente Estado brasileiro um caráter de nação, cabia ao recém-criado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) a produção de uma memória/história marcada pela busca retroativa das raízes do império, cabendo à ciência histórica fornecer ares de cientificidade para o projeto proposto através de “verdades” históricas alicerçadas em ampla análise de documentação e no conceito “historicista” próprio do século XIX. Com ares de tribunal, aos intelectuais integrantes do instituto, cabia a função de visibilizar fatos e personagens do passado e sentenciar outros ao permanente esquecimento, tendo como objetivo primeiro, forjar um passado que nos identificasse, no presente, a uma grande “nação brasileira”, entendida, em tal projeto, enquanto herdeira da civilização europeia nos trópicos. Através de publicações realizadas pelos integrantes do Instituto em sua Revista trimestral, o presente artigo tem como finalidade realizar levantamento dos discursos etnográficos proferidos por estes, frente a uma sociedade que se pretendia homogênea, branca e europeia, mas que, em sua realidade, se constituía étnica e socialmente heterogênea.