摘要:Para Hayden White, o método histórico tradicional proíbe a imaginação, a criação poética, quer conhecer o passado diretamente, estabelecendo uma distinção rígida entre história e filosofia da história. Os historiadores empiristas não admitem que o discurso histórico possa conter uma filosofia da história subentendida. A principal diferença entre a história e a filosofia da história é que esta traz para a superfície do texto o aparato conceitual com que os fatos são ordenados no discurso, ao passo que a história o oculta, deixando-o implícito. O historiador-filósofo não é um ingênuo empirista. Não aceitamos a tese de que o historiador não deve dialogar com a filosofia, primeiro, porque a recusa de dialogar com quem não é seu inimigo é uma atitude antipática, autoritária, e, segundo, uma atitude injusta, porque já dialoga intensamente: o que os historiadores mais fizeram até hoje foi se apropriarem da filosofia, mesmo recusando-a. A história é impensável sem as contribuições de Santo Agostinho, Descartes, Hegel, Kant, Nietzsche, Marx, Benjamin, Foucault, Derrida, Ricoeur e muitos outros filósofos. Os historiadores sempre tiveram necessidade da filosofia porque é ela que formula esta questão ao mesmo tempo singela e capital: “o que é a história?”. O historiador que nunca formulou esta questão antes, durante e depois da sua pesquisa nunca refletiu sobre a sua atividade e não a compreendeu. Como todo historiador competente fez, faz e fará permanentemente esta questão, estará sempre dialogando com a filosofia. Contudo, para Jenkins, “a história tem evitado a elaboração das suas questões teóricas e está atrasada em relação à literatura e às ciências humanas”. O nosso esforço neste capítulo é, desde o início, próximo do que seria uma “filosofia da história”: queremos desocultar, “fazer aparecer”, as estruturas do pensamento histórico contemporâneo2