摘要:Críticas acerbas provindas de intelectuais brasileiros atingiam os brasilianistas no final dos anos 1970: acusados de terem acesso privilegiado a documentos históricos, e até mesmo de serem agentes disfarçados da CIA, a principal censura acadêmica que se fazia aos pesquisadores norte-americanos interessados na história brasileira era a de fragilidade teórica: empiristas, seus trabalhos seriam ingênuos, carentes de sofisticação analítica. No Brasil, era a época do embate entre “velhos” e “novos”, isto é, entre a história tradicional factualista e os enfoques renovadores do marxismo e da fase braudeliana dos Annales. Por isso, soava especialmente retrógrada a opção de alguns brasilianistas pela história narrativa e descritiva que, em alguns casos, focalizavam apenas as elites e os poderosos. Não é o caso de se discutir aqui a justeza dessas críticas, mas acho interessante notar que, em seu mais recente livro, Kenneth P. Serbin optou precisamente pelo que ele chama de “narrativa interpretativa” e pelo estudo das elites, passando ao largo das análises de fenômenos políticos de uma perspectiva cultural ou antropológica — tendência forte inclusive entre norte-americanos, como lembrado por Roberto M. Levine — que buscam, desse modo, renovar a história política tradicional.