摘要:No dia 23 de junho de 1828, na cidade de Salvador, sob acusação de abuso da liberdade de imprensa, foi multado em 200$000 e condenado à prisão de três meses o capitão do Corpo de Polícia, José Nunes da Silva. José Nunes, natural do Rio de Janeiro, havia incorporado como miliciano às forças de Cachoeira na época da Independência e depois foi soldado de tropas de 1ª linha e capitão de cavalaria na Bahia. Ficou muito insatisfeito com a sentença do Tribunal do Júri. Repudiou-a. No mesmo dia 23, por volta das cinco e meia da tarde, foi requerer explicações do responsável pelo Júri, o desembargador e ouvidor-geral do crime e juiz de direito Miguel Joaquim Cerqueira e Silva. Recebeu-as. Dado por convencido, indagou sobre a cadeia pública que lhe serviria de cárcere. O juiz de direito, incerto, pediu a Nunes acompanhá-lo até o escritório. O escritório ficava no segundo andar da casa. Antes de chegarem ao topo da escada, o sentenciado desferiu diversas punhaladas contra o dr. Miguel, que entrou em agonia. Ignácio Accioli de Cerqueira e Silva e irmã, Felisberta Joaquina de Cerqueira e Silva, perceberam barulho suspeito vindo do escritório do pai. Vento aziago. Gritos, talvez. De imediato, correram verificar. Encontraram o pai estirado no chão em estado moribundo. Entraram em desespero. Começaram a chorar. Lamuriar. Berrar, também. José Nunes, que ainda estava por ali, começou a agredi-los. Pessoas que passavam pelas adjacências notaram o alvoroço e providenciaram socorro. Percebendo a movimentação, o assassino fugiu às pressas. Mas, em poucas horas, foi capturado e encarcerado. Nos anos seguintes, foi destituído do cargo de capitão, julgado pelo crime e condenado à pena de morte. Em 1831, teve a pena comutada em degredo na Província de Santa Catarina.