摘要:Em seu último livro Tudo é política, Nelson Werneck Sodré sintetiza, numa breve passagem, o compromisso de uma vida intelectual associada a uma intervenção militante. E chama atenção para o fato de que “combatera o bom combate”, ressaltando, em seguida: “já disse alguém e disse bem: quem não tem posição política não tem alma”.1 É igualmente uma resposta isenta de lamentos a seus críticos e, talvez, por esta razão, o diálogo que ora iniciamos tenha o desafio de sinalizar para uma reavaliação do autor e sua obra, pautada em duas vocações – a do intelectual e a do militar, paralelas e confluentes –, bem como nas várias mediações de sua longa trajetória política. Algo, contemporaneamente, ainda objeto de vivas polêmicas e reflexões. Passados apenas dez anos de seu falecimento, em 1999, e às vésperas do centenário de seu nascimento, em 2010, percebe-se que alguns avanços na interlocução do autor com setores acadêmicos estão em curso; mas há razões para supor que a polêmica ainda permanece, especialmente no diálogo com os militares. Vamos por partes.