As discussões sobre o desenvolvimento do currículo escolar têm nos remetido à questão da autonomia docente. A abordagem crítica nos estudos curriculares nos mostrou que o currículo representa uma seleção de conteúdos que reflete as relações de poder na sociedade (Apple, 2000). Os sistemas apostilados de ensino condicionam a seleção e a organização dos conteúdos que constituirão o “conhecimento escolar”. Em decorrência deste processo, feito na maioria dos casos, por especialistas ou profissionais, questionamos: a utilização ampla dos sistemas apostilados nas redes de ensino tem reduzido a autonomia docente? Tendo em vista trazer contribuições para o debate desta questão atual, este texto está estruturado em quatro partes. Primeiramente abordamos o contexto atual de muitas redes públicas de ensino que adotam os chamados “sistemas apostilados” e as crenças que mantém a adoção desses sistemas. Na segunda parte temos como foco o ciclo de políticas de Ball e Bowe (Ball, 1997) que consideramos como referencial teórico-metodológico capaz de dar conta do estudo das políticas nos seus diferentes contextos. Na parte seguinte relacionamos o problema da autonomia docente à utilização dos sistemas apostilados de ensino. Ao final defendemos uma visão de formação de professores como profissionais críticos e não apenas como técnicos implementadores de materiais didáticos.