Neste artigo procura-se estabelecer bases de argumentação para melhor entender as razões que levam um idoso a morar sozinho e como se processam as transferências (fluxo de recursos, ações e informações que se trocam e circulam) quando vive sozinho. Para tanto, são revisados e discutidos fatores determinantes dos arranjos domiciliares dos idosos, incluindo aspectos demográficos, socioeconômicos e de saúde, com ênfase nos domicílios unipessoais. Destacam-se pontos que permeiam as transferências entre idosos e seus familiares, tais como características das transferências intergeracionais, diferenças entre os diversos apoios recebidos, sexo do idoso. O estudo consistiu de uma revisão narrativa, cujos resultados apontaram que melhores condições socioeconômicas e de saúde, idade mais avançada e ausência de filhos parecem contribuir para que o idoso more sozinho. Contudo, houve divergências nos resultados dos estudos analisados quanto aos fatores associados à formação de domicílios unipessoais de idosos. Embora as transferências possam se dar independentemente do arranjo domiciliar do idoso, as que ocorrem entre os membros de um mesmo domicílio parecem ser mais frequentes e, talvez por isso, mais discutidas. Os idosos que moram sozinhos, apesar de participarem das transferências, estão mais propensos a receber cuidado formal, comparativamente àqueles que residem com outras pessoas.
The authors seek to establish bases of argumentation in order to better understand the reasons that lead elderly citizens to live alone and how transfers take place (flow of resources, actions and information that is exchanged and circulated) when such persons do live alone. Determining factors are reviewed and discussed regarding the household arrangements of elderly citizens, including demographic, socioeconomic and health factors, with emphasis on single-person households. Factors that permeate transfers between elderly citizens and their families are underscored, such as the characteristics of intergenerational transfers, differences among the various types of support provided, and the gender of the elderly persons. The study consists of a narrative review and the results indicate that comfortable socioeconomic and health conditions, more advanced age and lack of children seem to contribute to an elderly person's decision to live alone. However, there were differences in the results of the studies analyzed in terms of the factors associated with the formation of single-person households among elderly persons. Although transfers generally take place regardless of the elderly person's household arrangements, those that take place among members of a single household seem to be more frequent and, perhaps for this reason, are discussed at greater length. Even when elderly persons who live alone participate in transfers, they are more likely to receive formal care than those who live with other persons.