Este artigo discute o problema da verdade, a partir da obra Hamlet e da produção teórica da Psicanálise. Objetiva mostrar a centralidade de tal problema, tanto no teatro quanto no processo analítico, e explorar alguns de seus aspectos tais como a estrutura de ficção e as relações com o desejo e as pulsões. Após ressaltar a dimensão mortífera da verdade, problematiza as suas ligações com o saber e a posição do analista. Para tanto, utiliza-se da clássica interpretação de Freud sobre a peça shakespeariana e de avanços teóricos e interpretativos efetuados por Jacques Lacan. Por fim, o presente estudo reafirma a posição segundo a qual o que se espera de um analista é que ele faça funcionar seu saber em termos de verdade, e não o contrário. Nessa direção, sublinha que é impossível uma apreensão totalizadora da verdade, apontando que sempre algo resta por conceber.
This paper is aimed at discussing the problem of the truth, based on the play Hamlet and on the theoretical production of the Psychoanalysis. It is intended to show the centrality of the matter, in the theater as well as in the analytical process and also to explore some of its aspects such as the fiction structure and the relations with desire and instincts. After emphasizing the lethal dimension of the truth, it argues its connections with knowledge and the analyst's position. To attain this aim, the classical interpretation of Freud about the Shakespeare's play and the theoretical and interpretative advances made by Jacques Lacan were used. Finally, this study corroborates the position that the analyst must express his knowledge in terms of the truth, and not the opposite. In this direction, it highlights that it is impossible to achieve a total apprehension of the truth, pointing out that there is always something to be conceived.